30 abril 2021

Opinião de leitora sobre o Cem Ideias

 

Comentário de uma amiga e ex-colega sobre o Cem Ideias

Sempre amo muito o que escreves. Acho que deverias ser escritor. Minha ansiedade de ler cada episódio de ler seu diário é bem grande.

E outras reportagens também foram de extrema importância. Você deixa o texto sempre com aquela vontade de ler mais.

Profª Rosalina Morango

Mas será que é só pra gremista?

 




O esporte mais antigo, alergia a gatos e outras curiosidades



Numa gota d'água no mar existem 1 milhão de bactérias.

A expressão bíblica "dar pérolas aos porcos" tem uma versão em chinês: "duì niú tán qín": "tocar piano para uma vaca".

Você tem alergia a gatos? Coitado! Pois isso é causado por uma proteína chamada Fel d1 (isso é nome que se dê a uma proteína?). Ela está presente na saliva do Félix, que se espalha pelo seu pelo quando se lambe. A Purina criou uma nova ração, que elimina parcialmente o alérgeno, o suficiente para acabar com a alergia dos humanos.

Segundo dizem, está provado que os cavalos se reconhecem no espelho. Traduzindo: têm autoconsciência.

Existe 1,01 linha telefônica para cada habitante do planeta.

O lançamento de dardos é considerado o primeiro esporte a ter surgido no mundo. Conhecido até mesmo pelos neandertais, o dardo era usado para a caça. Evidências arqueológicas atestam que havia treinamentos com ele antes de os homens das cavernas saírem para caçar. Provavelmente da prática resultou em competições entre eles.


Fonte | Superinteressante


Neandertais, os primeiros artistas

29 abril 2021

A vida de Francisco Valdomiro Lorenz

O mundo em 2121 | Minhas conjecturas pessoais a respeito

 





Como será o mundo daqui a exatos 100 anos? Naturalmente que cada um faria suas conjecturas, que certamente se diferenciaram ou não umas das outras. Apresento as minhas, baseadas em minha visão de mundo. É interessante lembrar que nos últimos cem anos a humanidade deu um grande salto para melhor, apesar dos pesares. O mesmo ocorrerá nos próximos cem anos, creio eu, em proporção geométrica, apesar de tudo. Mas vejamos:


Em 2121, o mundo será bastante diferente daquilo que é hoje. Para começar, não haverá mais as guerras fratricidas com o qual os terráqueos se empenham basicamente em nome de conquistas econômicas de caráter egoístico. Até porque a humanidade estará muito mais ocupada com o enfrentamento das mudanças de caráter geológico e climático que terão continuidade no séc. 22, com os mares invadindo determinadas regiões costeiras ao mesmo tempo em que surgirão novas terras, até em função do degelo dos polos. A Antártida será novamente habitada, integrada ao novo contexto civilizatório que se avizinha, liderado pelo hemisfério sul. Nesse sentido, a América do Sul, África do Sul e Nova Zelândia terão um papel de destaque, segundo informações de caráter espiritual.


As Nações Unidas, ou a designação que tiver, será uma organização mundial muito melhor estruturada e aparelhada para servir inclusive como uma espécie de governo planetário. É interessante frisar, pelo menos levando-se em conta minhas convicções pessoais, que nessa projeção do que poderá vir a ser 2121, somente (re)nascerão na Terra espíritos mais voltados para o bem do que para o mal, em geral naturalmente inclinados ao progresso moral e intelectual. Haverá ainda crimes e violências de toda espécie? Sim. Mas numa escala muitíssimo menor do que nesta civilização de 7 mil anos.


Em 2121, o senso de solidariedade entre os povos será muito mais visível, assim como a percepção de que é necessário respeitar a Natureza, principalmente no que toca à exploração econômica. Uma economia baseada no consumismo e no lucro acima de tudo será coisa do passado. Ela terá um caráter mais solidário em relação às necessidades da população como um todo, embora haverá ainda muitas questões a serem resolvidas. Experiências socializantes sem os erros do passado, cooperativismo e escambo estarão na ordem do dia, creio eu.


A cultura em geral terá um caráter mais universal, sem mais os efeitos danosos do imperialismo cultural vigente nos dias de hoje. Uma verdadeira revolução nas artes estará em curso, uma espécie de nova Renascença cujos primeiros passos terão começado na segunda metade do século 21. A música popular se voltará cada vez mais para uma temática de caráter espiritualizante.


A educação, livre das amarras que a prendem aos interesses de caráter político-econômico, como atualmente, já terá passado por grandes modificações, capacitando de fato os educandos com vistas ao seu desenvolvimento integral. É interessante destacar o importante papel que as artes em geral terão na formação de crianças e adolescentes, sem falar nas práticas desportivas. Os educandários terão finalidades muito mais abrangentes, incluindo o atendimento em termos de saúde física e psicológica do aluno em suas diferentes etapas de formação educacional. 


O contato mais direto com seres de outras civilizações planetárias (1), moral e intelectualmente superiores, modificarão visivelmente a percepção de nosso lugar na comunidade interplanetária, principalmente aquela relacionada com este braço da Galáxia. Socorrerão, orientarão, proporão novas frentes de pesquisas de caráter científico, sem nenhuma forma de imposição ou dominação, tal como um professor frente a seus alunos. Civilizações moralmente involuídas não terão mais acesso à Terra.


Os avanços da Ciência no campo da comprovação da realidade do espírito, bem como o intercâmbio com seres espirituais de outras dimensões do planeta, sem falar no contato com outras civilizações extraplanetárias, determinarão uma nova visão de caráter espiritual. Muitas religiões deixarão de existir, outras necessariamente terão que adaptar-se a esse novo contexto, já que conhecer de fato a realidade do espírito implicará necessariamente ter que admitir a reencarnação e a Lei de Ação e Reação (Karma). Em geral, serão muito parecidas, diferenciando-se mais no aspecto ritualístico. As velhas disputas dogmáticas deixarão de existir. De qualquer forma, em geral as pessoas se posicionarão apenas como espiritualistas, sem preocupar-se com rótulos.

É isso ai. Terei viajado na maionese? O tempo dirá.


E vi um novo céu e uma nova terra. (João, Apocalipse, 21:1)


(1) Físico, quando possível, mas principalmente via canalização (prática já existente) e mediunidade; através do sono, comunicação instrumental e projeção holográfica.

Imagem: <a href="https://www.freepik.com/vectors/background">Background vector created by brgfx - www.freepik.com</a>

28 abril 2021

Ditados gauchescos (2)

 



Firme que nem prego em polenta.

Mais amontoado que uva em cacho.

Mais perdido que cachorro em dia de mudança.

Mais perdido que cusco em procissão.

Mais faceiro que guri de bombacha nova.

Mais assustado que veia em canoa.

Mais sofrido que joelho de freira em Semana Santa.

Feliz que nem lambari de sanga.

Mais apressado que cavalo de carteiro.

Mais bonita que laranja de amostra.

27 abril 2021

1941 | A maior enchente de Porto Alegre deixou 1/4 da população desabrigada

 



O cenário era inimaginável: as ruas do centro de Porto Alegre haviam se transformado em rios navegáveis. Tudo em função da maior enchente que a cidade vivenciou, entre abril e maio de 1941, totalizando 21 dias marcados por fortes temporais. Na foto acima, pode-se observar como estava a situação nas vizinhanças do Mercado Público Municipal (aos fundos) bem como o início da Borges de Medeiros, a mais tradicional avenida da cidade. Além do hoje denominado Centro Histórico, as águas castigaram duramente bairros como Navegantes, Passo d'Areia (onde moro), Menino Deus e Azenha. Disso resultou em 70 mil desabrigados, praticamente a quarta parte de um município que na época contava com 272 mil habitantes.

Porto Alegre é banhada pelo Lago Guaíba, recebendo água de quatro rios diferentes: Caí, Jacuí, Sinos e Gravataí, que simplesmente transbordaram, já que as fortes chuvas atingiram o Estado inteiro, sem falar no fato que ventos vindos do sul do Estado pela Lagoa dos Patos represaram as águas no lago. Deu no que deu.

No então Aeroporto Municipal, no bairro São João, as águas atingiram a altura de um metro. Os Correios e Telégrafos deixaram de funcionar. Os telefones pararam. A Usina do Gasômetro foi invadida pelas águas, o que inviabilizou o uso de  seus equipamentos, e em função disso faltou luz na cidade. Cerca de 200 indústrias, dentre elas Renner e Gerdau, foram paralisadas. No final, calculou-se um prejuízo econômico avaliado em US$ 50 milhões. A estimativa é de que cerca de 600 estabelecimentos comerciais foram fechados, sendo que muitos acabaram não reabrindo. 

Uma força-tarefa foi criada para socorrer os desabrigados. Tabelaram-se os preços de produtos alimentícios básicos, com a prisão de 117 comerciantes por cobrarem preços exorbitantes em desrespeito à tabela. A Cruz Vermelha norte-americana destinou US$ 10 mil aos flagelados do RS.

O Muro da Mauá (anos 70), que separa a região portuária do resto da zona central da cidade, tem  como objetivo evitarem-se tragédias do tipo, já que enchentes periódicas atingem a cidade, embora não deixem de causar danos materiais e humanos principalmente às ilhas habitadas do lago. Para o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, a probabilidade de acontecer uma nova enchente nas dimensões daquela de 1941 é de 1.500 anos, o que significa uma probabilidade mínima de ocorrer em algum ano qualquer.


Referências:

ENCHENTE EM PORTO ALEGRE EM 1941. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Enchente_em_Porto_Alegre_em_1941. Acesso: 27 abr. 2021.

WEBER, Jéssica Rebeca. 80 anos de um trauma. Zero Hora, Porto Alegre, 24-25 abr. 2021. Doc.


26 abril 2021

(4) Do latim ao português | Acréscimos de um fonema (som) à palavra

 



Metaplasmos por aumento consiste no acréscimo de fonema à palavra:


stare> estar

schola> escola

spiritu> espírito

scribere> escrever

creo> creio

frenu> freo> freio

una> ua> uma (*)

arena> area> areia


(*) -u- nasalizado, normalmente grafado com um til sobre ele quando possível.

Referência:

UBIALI, Nelson Attílio. Do latim ao português sem dicionário. Londrina: Ed. da UEL, 1998.



(08) Os romanos | Penicos de ouro e prata/ Perfumes: um "luxo inútil"

 




"Perfume é o mais inútil dos luxos. As pérolas e outras pedras preciosas pelo menos se tornam itens de herança, ao passo que as roupas duram algum tempo, mas os perfumes acabam rapidamente assim que usados. (...) Um perfume custa mais de 400 denarii cada meio quilo; é o que se paga para agradar outras pessoas, pois quem usa o perfume não o aprecia." (Plínio, História Natural)


"Acho que penicos de prata não são incluídos como itens de herança, pois não fazem parte da coleção de pratas." (Justiniano, Digesto) Segundo alguns, havia até mesmo penicos de ouro, mais raros, como o de Marco Aurélio.


Deve-se a um monge chamado Dionísio Exíguo (525 E.C.) a ideia de contar-se os anos a partir do nascimento de Jesus. Conta-se que Dionísio foi o primeiro a usar o zero, que já era usado pelos árabes, mas de origem indiana. Aliás, o uso do símbolo "0, de acordo com o que se presume, estaria relacionado à palavra grega oudén, que significa "nada", "nem mesmo um". A primeira letra do vocábulo acabou virando símbolo do zero.


Referência:

MCKEOWN, J.C.. O livro das curiosidades romanas: histórias inusitadas e fatos surpreendentes do maior império do mundo. Belo Horizonte: Gutenberg, 2011.

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/04/os-romanos-7-de-como-evitar-queda-de.html

24 abril 2021

Encantado, RS | Vem aí a maior estátua de Cristo do país

 



Encantado é uma cidade gaúcha do Vale do Taquari, ao norte de Porto Alegre, a 173km da capital gaúcha, em região de colonização italiana. Conta com cerca de 25 mil habitantes e sua economia desenvolve produtos para as áreas frigorífica, moveleira, de erva-mate, coureiro-calçadista dentre outras. Nela constrói-se atualmente aquela que será a maior estátua de Cristo do país - o Cristo Protetor, com 43m de altura, mais alta que a do Cristo Redentor, no Rio, com 38m, incluídos os pedestais.

O fato gerou uma repercussão até mesmo de caráter internacional, com informações a respeito em jornais da Itália, Portugal, Holanda, Japão, Reino Unido e Israel. 

A estátua está sendo construída no morro das Antenas, com 418m. Em 2016, o prefeito Adroaldo Conzatti, falecido neste ano, deu o ponta-pé inicial para a concretização sua de uma ideia nesse sentido, que teria como objetivo maior desenvolver o turismo na região, beneficiando economicamente o município. A estátua deveria ser construída pela iniciativa privada, sem o recebimento de verbas públicas.

Para isso, foi criada a Associação Amigos de Cristo, sem fins lucrativos, e o projeto ganhou saiu do papel. Os recursos financeiros provêm de um empréstimo de R$1,5 milhão, tendo como avalistas um grupo de empresários da cidade e doações espontâneas por parte da população. Uma empresa chegou a doar R$ 100 mil. Há ainda uma rifa que corre para o sorteio de uma caminhonete.

O escultor Markus Moura, 40 anos, nascido em Fortaleza, é o responsável pela construção da estátua, tendo aprendido o ofício com seu pai, igualmente escultor, responsável por outros Cristos construídos no país, como o Cristo-Luz, em Balneário Camboriú, SC.

O monumento contará com um elevador interno, que dará acesso a uma abertura envidraçada, uma espécie de mirante, à altura do peito do Cristo, que proporcionará uma visão panorâmica da cidade, do rio Taquari, de vales e morros da região. A infraestrutura contará ainda com estacionamento, escadas rolantes e banheiros.


Referência:

BUBLITZ, Juliana. Encantador. Zero Hora, Porto Alegre, 17-18 abr. 2021.

Foto: página do jornal Zero Hora, de 17-18/abr/2021


23 abril 2021

Lançamento | "Enciclopédia Negra - Biografias Afro-Brasileiras"

 



Lançada a Enciclopédia Negra - Biografias Afro-Brasileiras (Cia. das Letras), obra escrita pelo historiador Flávio dos Santos Gomes, em parceria com o artista plástico Jaime Laureano e a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, com 550 verbetes sobre personalidades negras da história do Brasil, incluindo figuras mais recentes como Marielle Franco, assassinada por milicianos no Rio de Janeiro em 2018 (crime em investigação) e Mestre Moa do Katendê, no mesmo ano, na Bahia, por um extremista bolsonarista. 

A obra escora-se (...) na evidência de que, enquanto os registros de atos empreendidos pela população branca estão por toda a parte, as referências acerca da imensa população negra são escassas - e há um especial vácuo em relação à população escravizada por quase quatro séculos, afirma o jornalista Jotabê Medeiros (vide referência abaixo).

De uma maneira geral, os verbetes nos dão a conhecer a vida de centenas de pessoas que lutaram pelo direito à liberdade, contra o racismo, curandeiros, líderes religiosos, artistas que deram sua contribuição à criação de uma arte autenticamente brasileira e por aí vai. Mencionaria, a título de exemplo, a figura, desconhecida do grande público, do Professor Pretextato, carioca, que criou uma escola em que alfabetizava ex-escravizados.

Além do mais, há referências ao processo de "branqueamento" que tiveram por exemplo personalidades conhecidas como Machado de Assis, Mário de Andrade e Chiquinha Gonzaga, que nada mais são do que exemplificações de uma sociedade racista por natureza, embora cultive ainda o mito de ser uma democracia racial.


Referência:

MEDEIROS, Jotabê. A história invisível. CartaCapital, São Paulo, 14 abr. 2021. Plural.

Fotos: Painel sobre Cruz e Souza em Florianópolis. (C.D. - 2020)

Postagens relacionadas:

https://cesardorneles4.blogspot.com/2020/07/firmina-maria-dos-reis-primeira.html

https://cesardorneles4.blogspot.com/2020/07/por-que-nao-temos-mulheres-e-herois.html

Educação: algo além da escola "online"

 


A interação física é fundamental, ainda mais em se tratando dos estudantes mais jovens, das crianças. Indo à escola a gente aprende a socializar, a entender o outro e a nós mesmos, a nossa identidade e a dos outros. Isso é fundamental. Não concordo, portanto, que um sistema de ensino 100% a distância seja adequado a longo prazo. Prefiro pensar em aulas online incorporados a um sistema misto que inclua também a presença física e tudo o que ela agrega ao processo de aprendizagem.

> Salman Kahn, educador norte-americano, quando perguntado em entrevista sobre escolas 100%.


Referência:

O impacto da pandemia será muito forte.  Zero Hora, Porto Alegre, 17-18 abr. 2021. Doc p. 13.


22 abril 2021

Gandhi e a política

 




Certa vez perguntaram ao Gandhi por que uma grande alma se metia com política? E ele respondeu:
- Não sou um ser espiritualizado que se mete com política. Sou um político que se espiritualizou.

10 ditados gauchescos :-)

 



Calmo que nem água de poço.

Mais conhecido que parteira de campanha.

Mais difícil que nadar de poncho.

Mais feio que briga de foice no escuro.

Mais grosso que rolha de poço.

Mais nervoso que cascudo atravessando galinheiro.

Bobagem é espirrar na farofa.

Mais gordurento que telefone de açougueiro.

Mais sujo que pau de galinheiro.

Quente que nem frigideira sem cabo.


Mais em postagens esperanto/português:

https://gajahaveno1.blogspot.com/2019/11/gaucaj-dirajoj-ditados-gauchescos.html

https://gajahaveno1.blogspot.com/2020/05/gaucaj-dirajoj-2-ditados-gauchescos-2.html

https://gajahaveno1.blogspot.com/2020/06/gaucaj-dirajoj-3-ditados-gauchescos-3.html


21 abril 2021

De meu diário íntimo... (14) | "Não serei mais um engenheiro arquiteto, mas escritor, escritor."

 



1º de janeiro de 1966

"Ontem teve na escola (1) uma festa de funcionários em comemoração ao "Ano Nôvo". (...) Teve churrasco e danças. (...) Pensamento: A entrada do ano nôvo não foi como os outros anos."

2 de janeiro de 1966

"Hoje é um dia calmo e insolarado. Ouve-se mais o barúlio da pedreira. (2) Não serei mais um engenheiro arquiteto, mas escritor, escritor. (3) Não acredito em papais-noéis. Descobrimento: Natal 1964. (10 anos). Eu mesmo comprei meus presentes. São:

Contos de Fadas: Cr$ 4.800

Gente e Bichos: Cr$ 2220

Viajem ao Mundo Desconhecido: Cr$ 1600. Total: Cr$ 8.600. (4)

Passajem Agronomia: Cr$ 100

O "papai-noel" trouxe para o bob uma bola "Guardiã". (25/12/65)

Acho que vamos na tia Licinha (Floresta) (5) O bob vai buscar areia na escola para a Rita (caturrita)." 

3 de janeiro de 1966

"Hoje fui no centro comprar uma revista "O Cruzeiro". Cr$ 400. Todos vão bem de saúde."

4 de janeiro de 1966

"De tarde o dia é ventoso e pouço sol. São: 2,49 h." O filme "A Noviça Rebelde" já tem 27 semanas!

Pensamento:

Diário Novo é quando entro para o ginásio.


5 de janeiro de 1966

"A cocota sempre que a gente diz "cocota", cocota fica braba. O pai ainda não tirou férias. Acho que não vou escrever de tarde. Estamos criando dois canários. Um canta e outro um pouco. A Cocota não sabe falar ainda. Ela é da mãe."

6 de janeiro de 1966

"Hoje é feriado. Dia dos trêz reis magos.

7 de janeiro de 1966

"Hoje choveu um pouco. O bob pisou o dedo." (6)


(1) Escola em que meu pai trabalhava.

(2) Pedreira do Morro Santana, no outro lado de onde morávamos.

(3) Escritor sublinhado duas vezes no original... Meu pai, sem querer, havia me desestimulado instantaneamente a fazer arquitetura quando comentou que para isso teria que estudar matemática... Tinha tanto interesse por arquitetura que desenhava plantas de casas, razão pela qual cheguei a ganhar de presente um pequeno manual só com elas, editado pela antiga Ebal. De qualquer forma, vista como arte, é uma de minhas favoritas até hoje.

(4) Em outro ano comprei O Gato de Botas, entre outros livros de cujos títulos não me recordo... Recomendo!

(5) Prima de minha mãe, também proveniente de Alegrete. Outra prima, a Chatinha (assim era chamada...), morava no bairro Petrópolis. Gostava de visitá-la: íamos de bonde, para meu divertimento.

(6) Como podem ver, nessa época eu era fã de aspas...


Fotos: 1. Ceci, Édison (Bob) - à frente, eu, meu pai Edmar e minha mãe Zélia. 2. O diário anunciando a chegada do grande ano de 1966...


Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/04/de-meu-diario-intimo-13-o-cruzeiro-novo.html


Um dia na vida de Dmitry Merezhkovsky

 





Dmitry Merezhkovsky, um dos mais importantes romancistas e críticos literários russos do séc. 19, contava que quando adolescente começou a escrever poemas. O pai, por ocasião de uma ceia em que estava presente Destoiévski, sem nenhum constrangimento, aproveitou a oportunidade para solicitar ao afamado escritor que ele emitisse uma opinião a respeito dos versos do filho. Posteriormente, Merezhkovsky, acompanhado do pai, visitou o ilustre autor de Crime e Castigo, entre outros livros, em seu pequeno apartamento.
 
O garoto, um tanto embaraçado, começou a ler o que escrevia. Finalizada a leitura, Dostoiévski, sem rodeios, acabou dizendo que seus versos não valiam nada. "Para escrever bem, é preciso sofrer, sofrer!" disse ao pobre poeta novato, no que o pai replicou: "Então que ele não escreva melhor, porque não quero que sofra!"


;Referência: Paulo Nogueira Batista Jr. em As crianças de Fossoli, artigo publicado em CartaCapital de 28/ago/2019.


19 abril 2021

Que lindo!

 




Porto Alegre | Praça XV de Novembro já foi o Largo do Paraíso e suas "moças cantadeiras"...

 


A atual praça XV de Novembro, tradicional logradouro público bem no centro da capital gaúcha, foi inicialmente conhecido como o Largo do Paraíso, no início dos 1800s. Antônio Álvares Pereira Coruja (1806-1889), mais conhecido como Coruja, como não poderia deixar de ser, foi o primeiro cronista da cidade e sobre o tal largo escreveu o seguinte: Ao lado do Porto dos Ferreiros [atual Praça Montevidéu], que assim se chamava toda a praia entre a esquina do Caminho Novo [hoje rua Voluntários da Pátria] até o Beco da Ópera [atual Rua Uruguai], e quando não havia doca, nem praça do Mercado, alia existia uma pequena casa habitada por umas moças cantadeiras, e que dizem que cantavam muito bem, aonde aos domingos iam os moços passear, denominando-a Casa do Paraíso. Enfim, pudicos eufemismos como caracterizou o jornalista Ricardo Chaves, em sua última coluna Almanaque Gaúcho, no jornal Zero Hora, que Coruja usou para referir-se um prostíbulo que havia no local. 

Com o tempo, o Largo do Paraíso transformou-se em local de atuação de quitandeiros e negociantes, tendo ganho um mercado em 1844. Na segunda metade do século, começa a ser urbanizado, com o nome de Praça Conde D'Eu (1882), designação devidamente trocada, por ocasião do advento da República, para Praça XV de Novembro...


Referência:

CHAVES, Ricardo. O Largo do Paraíso. Zero Hora, Porto Alegre, 17-18 abr. 2021. Almanaque Gaúcho, p. 42.

Imagem: Praça XV de Novembro e seu Chalé da Praça XV (1885). Foto de C.D.

Martha Medeiros | "Estamos encurralados"

 


Estamos encurralados num presente perpétuo, que nos roubou a mobilidade - não só de entrar em outros países, mas de entrar na vida de novas pessoas, de conhecê-las profundamente, de evoluir através delas. Está difícil de renovar o estoque de emoções e descobertas. 

> Da crônica O que será de nós?, publicada no caderno Donna, de Zero Hora de 17-18 abr. 2021

A influência de Roberto Carlos na música brasileira

 


Roberto Carlos comemora 80 anos hoje, 19 de abril. O jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em sua edição de fim de semana, em seu caderno DOC, dedicou quatro páginas a respeito do cantor e compositor, de cuja matéria vou extrair alguma coisa para repassar para o leitor do blogue.

Posicionamentos políticos à parte, ou falta de, o fato é que Roberto Carlos teve uma enorme influência em termos de novas configurações da música popular brasileira (não confundir com MPB, que tinha um sentido excludente). Vejamos alguma coisa:

Para o músico Roberto Frejat, "Roberto e Erasmo fizeram o roque existir em português". Antes deles, havia apenas versões de roques estrangeiros, como Estúpido Cupido (1959), grande sucesso de Celly Campello, percursora do roque no Brasil, versão em português de Stupid Cupid (1958), de Howard Greenfield e Neil Sedaka. Segundo o jornalista Jotabê Medeiros, entrevistado pela matéria, "a dupla [Roberto e Erasmo] encontrou uma linguagem própria para o rock do país, incorporando as influências estrangeiras, mas também misturando a elas ritmos nacionais e imprimindo uma dose brasileira de picardia e anarquia."

Mesmo involuntariamente, RC foi o responsável pelo surgimento da sigla MPB (Música Popular Brasileira), que nada mais era do que aquilo que antes se chamava de "nova bossa nova", segundo o historiador Paulo Cesar de Araújo, num embate entre aqueles que faziam a "autêntica" música popular brasileira e a música "alienada", "alienígena" dos roqueiros, com direito até mesmo a uma Marcha contra a Guitarra Elétrica, realizada em São Paulo, em 17 de julho de 1967, liderada por Elis Regina e que contou com Geraldo Vandré Gilberto Gil entre outros. Dizem até que na verdade o tal evento tinha por objetivo promover o programa O Fino da Bossa, apresentado pela cantora gaúcha. 

Para Araújo, RC popularizou a guitarra no país, algo que já acontecia no Exterior e derrubou o estigma que sofria o violão, que era associado à malandragem e boemia.

De acordo com Marcos Napolitano, Roberto Carlos "consolidou a relação orgânica entre música, moda e comportamento, que marcou a cultura jovem a partir do final dos anos 1950". 

Por fim, é interessante lembrar que o repertório musical de Roberto Carlos não só atingiu as camadas mais simples da população, bem como as mais sofisticadas e elitizadas. "Nem mesmo Sinatra ou Elvis conseguiram tamanha mobilidade social", no dizer de Jotabê.

18 abril 2021

Minhas ideias regadas a vinho (5)

 



No Brasil, o óbvio morreu.


Não sou ateu. Mas pelo menos o ateísmo imune as pessoas de certas crenças tolas e infantis.


A Ciência é a filha dileta de Deus. As religiões passarão (dando lugar à espiritualidade pura e simples). A Ciência não.


Na Idade Média (ou na semana passada), quando alguém exclamava "Em nome de Deus!", muitas vezes a passarinhada fugia em revoada.


Quer dizer então que homo sapiens sapiens significa homem sábio sábio? Os terráqueos são muito presunçosos, dirá um ET...


Sinto que minhas ideias estão cada vez mais claras. Deve ser a cocada de forno.


Roma teve um cavalo como senador. Mas nunca um jumento como imperador.


Não acredito no fim do mundo. Só no fim da picada.


Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/04/minhas-ideias-regadas-vinho-4.html


De meu diário íntimo... (13) | O Cruzeiro Novo/ Os relógios brasileiros de verão

 



7 de dezembro de 1965

Dia 9 dêste, vou fazer o 1º exame de admissão no Ginásio São Judas Tadeu, no Cristo Redentor. (1) (Exame de Português.) (...) O bob vai matricular-se no D. Diogo de Souza. (2) Acho que se mudaremos nêsse fim de ano. (...) Passei nos exames do 5ºano ou 6ºRM. Em 3 de junho de 1964 morreu o ex-prefeito da capital.


C A S A

A S A S

S A P A

A S A S

(Inventei)

Em junho de 66 NOVO SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO. Reduzirá 1000 vêzes o dinheiro. Ex. Cr$ 1000 (1965) = Cr$ 1 (1966 - Um cruzeiro nôvo)

Cruzeiro = Cruzeiro Nôvo

Ex:

"Um operário ganha Cr$ 180.000" ganhará Cr$ 180.

Terá o mesmo valor.

Cr$1000000 (um milhão) = Cr$ 1000.

Maria da Graça pareçe que vai casar-se em 15 de janeiro/66. Faz pouco dias que fiz uma redação sobre o descobrimento do Brasil. (3)

Farei o presépio dia 20 dêste mêz.

HORÁRIO DE VERÃO COMEÇOU EM 1º DE DEZEMBRO. Adiantou-se uma hora nos relógios brasileiros de verão.

14 de dezembro de 1965

Hoje terminei meus exames. Os resultados seram dia 21 (9,30 m). (4) Recebi hoje o meu diploma. Terminei o curso-primário. Amanhã irei no centro comprar o mapa de Pôrto Alegre.

SE EU PASSAR, ESTAREI NA 1ª série GINASIAL (5)

15 de dezembro de 1965

Ganhei uma bússola do G.E. Desidério Finamor. Não irei mais no centro comprar o mapa. (...) O Natal está próximo. Dia 17/12 irei no zoológico com a diretora, professôra e colegas. Ontem estivemos na vila Santa Izabel, no chalé. (6) Édison ganhou um "altinho" de sua professôra. Acho que não comprarei novas coisas para o presépio. Faz tempo que não faço composição. A última era histórica: História da História. Falta 5 dias para fazer o presépio. As músicas que mais aprecio são: twist (tuiste) como: História de um homem mal; Festa do Bolinha (trio esperança), Festa do Arromba; etc... etc...* etc...

* etc... etc... etc... Muitas e muitas outras. (7)


(1) Bairro na zona norte de Porto Alegre. Ganhou esse nome porque foi criado no mesmo ano da inauguração da estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. Diga-se de passagem, também temos na cidade bairros com os nomes Ipanema, Petrópolis e Teresópolis...

(2) O hoje Instituto Estadual Dom Diogo de Souza acabou sendo mais tarde a escola em que trabalhei por 24 anos, como professor de português, e na qual me aposentei. Lembro-me que certo dia passamos de carro pelo estabelecimento e meu pai perguntou-me se eu gostaria de estudar no São Judas ou no Dom Diogo. Respondi que no Dom Diogo, talvez em função de suas belas árvores na parte frontal. Então meu pai respondeu que na escola "só ensinavam para ser professor"... (alusão ao Curso Normal existente). "Mas é isso que eu quero!" - falei. Minha mãe achou graça. Na verdade a ideia de querer ser professor não era ainda muito firme, como veremos...

(3) A reforma monetária acabou sendo implantada em fev/1967 e durou até mai/1970. A inflação comia o valor. Foram ao todo 9 moedas desde o Período Colonial.

(4) Referência aos exames de admissão ao Ginásio.

(5) A expectativa era grande...

(6) Meu pai havia comprado um terreno na Vila Santa Isabel, Viamão, e construído um pequeno chalé para alugá-lo.

(7) Que fique bem claro...


Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/04/12-de-meu-diario-intimo-ba-be-bi-bo-bu.html

16 abril 2021

Leonardo da Vinci


era pintor, 

escultor, cientista, 

engenheiro, anatomista, 

matemático, escritor 

e arquiteto.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci

Lixo tóxico chega ao Brasil, proveniente dos EUA e outros países

 


Mais um perigo ronda o Brasil, como se não bastassem seus inúmeros problemas desde sempre: o país entrou na lista daqueles que recebem lixo tóxico de outras partes do mundo, tal como acontece com países pobres da África, como Gana. "Os materiais chegam em contêineres e incluem de aparas de papel a material hospitalar usado, dejetos humanos, luvas cirúrgicas, descarte de material para coleta em laboratórios, restos de alimentos, pneus, brinquedos... Um mix assustador." (CartaCapital) O problema já foi detectado em pelo menos três portos: o de Rio Grande (RS), Suape (PE) e Itajaí (SC), levando a crer que inclui outros portos.

Em Rio Grande, entre dezembro/2019 e fevereiro/2020,o que parecia apenas ser uma carga de papelões encomendados para reúso, com 65 contêineres, provenientes da Flórida, veio acompanhado de lixo recolhido em shoppings, escolas, supermercados e hospitais da Costa Leste norte-americana. A empresa importadora teve que dedetizar a carga já que os contêineres "insetos e organismos vivos em razão dos detritos orgânicos", conforme chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal. 

Em 2011, em no porto de Suape, 46 toneladas de tecidos de algodão com defeito nada mais eram do que lençóis descartados de hospitais norte-americanos.

Em 2012, o fato ocorreu no porto de Itajaí: 20 toneladas de lixo hospitalar provenientes da Espanha, o que foi repetido em 2013, desta vez com cargas vindas não só da Espanha, como do Canadá, com o mesmo conteúdo.

Diniz Júnior, jornalista e escritor gaúcho, pesquisou o assunto durante oito anos, posteriormente transformado em livro em 2016: Toma lá que o lixo é teu. Segundo ele, o Ministério Público e a Receita Federal têm atuado satisfatoriamente em relação ao crime, que envolve também importadores nacionais, como foi apurado.


Referência:

RUSCHEL, René. O lixo é nosso. CartaCapital, São Paulo, n. 1151, p. 32-33, 7 abr. 2021.

Esther Solano | A fome não recebe manchetes

 


Transcrevo pequenos fragmentos do artigo de Esther Solano publicado em CartaCapital da semana passado, a respeito dos 400 mil mortos no Brasil, vítimas em grande parte da irresponsabilidade e descaso com a vida humana e que nos alerta igualmente sobre a fome que se agiganta, companheira invisível da pandemia.

Há os que não morreram de Coronavírus, mas estão perto de morrer de fome. Só que a fome é mais dissimulada ainda do que a doença. A fome não recebe manchetes, a fome não é procurada por fotógrafos e holofotes. Há tantas vítimas sem rosto, sem credenciais, das quais nunca saberemos sobre sua dor.

400 mil, mas, para alguns, a única coisa que importa é garantir seu lugar em 2022.

14 abril 2021

Bobby Fischer: o enxadrista que quebrou a hegemonia da URSS no jogo

 



O jogo de xadrez, surgido na Índia (com um pequeno elefante em vez do bispo), chegou à Rússia no século 9 através da Sibéria. Acabou tornando-se uma das coqueluches da aristocracia russa. A imperatriz Catarina 2ª chegou a disputar uma partida com o rei sueco Gustavo 4º em 1796. Um mero detalhe: jogaram com um tabuleiro gigante, onde as peças eram representadas por seres humanos. Lênin, em seu exílio siberiano de três anos, jogou partidas de xadrez por correspondência. O regime soviético popularizou o jogo por suas qualidades lógicas e racionais para que servisse como demonstração de superioridade intelectual frente a outros povos. Em 1948, o russo Mikhail Botvinnik venceu o 1º Campeonato Mundial promovido pela FIDE-Federação Internacional de Xadrez. Iniciava um longo período hegemonia de títulos mundiais somente interrompida em 1972 quando o desafiante norte-americano Bobby Fischer, 28 anos, venceu Boris Spassky, campeão mundial desde 1969 pela URSS, numa série de partidas realizadas em Reykjavik, Islândia, em que o placar final foi 12,5x8,5 em favor do estadunidense.

Robert James Fischer, conhecido como Bobby Fischer, nasceu em Chicago em 1943 e tinha como mãe uma suíça de família de judeus-poloneses que fugiu para os EUA durante a Guerra e o criou sozinha, junto com a irmã mais velha. O pai era um biofísico alemão de que Bobby veio a tomar conhecimento dele somente aos 9 anos de idade. Já morando em Nova York, aos 15 anos de idade, tornou-se o mais jovem Grão-Mestre até então, tipo faixa preta do xadrez. Aos 21 anos, venceu uma simultânea contra 50 oponentes e venceu 47. Um gênio! Para ter direito a desafiar o campeão mundial, numa série de partidas, Fischer teve que vencer o Torneio de Candidatos, uma espécie de Copa do Mundo do xadrez, que é disputado por de 8 a 16 enxadristas, na base do mata-mata com direito a quartas, semifinais e final.

"Em 1992, Fischer e Spassky jogaram uma edição comemorativa da final de 1972. O confronto aconteceu na Iugoslávia - que, na época, estava no meio de uma guerra que desmembrou o país. Um problema: a presença de Fischer violaria um embargue das Nações Unidas, gerando um quiprocó diplomático com os EUA." (Superinteressante) O campeão mundial de 1972 desobedeceu às determinações de seu país em respeitar o embargo, venceu a disputa ganhando alguns milhões de dólares e nunca mais retornou aos Estados Unidos  em função de uma ordem de prisão contra ele. Foi preso no Japão e depois de um ano contra a extradição para os EUA, conseguiu asilo diplomático na própria Islândia que o consagrou mundialmente, vindo a falecer em 2008, aos 64 anos.


Referências:

BATTAGLIA,  Rafael. O gambito do rei. Superinteressante, São Paulo, fev. 2021.

BOBBY FISCHER. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bobby_Fischer. Acesso: 14 abr. 2021.

LISTA DOS CAMPEÕES MUNDIAIS DE XADREZ. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_Campeonatos_Mundiais_de_Xadrez. Acesso: 14 abr. 2021.


Foto:

Bundesarchiv_Bild_183-76052-0335,_Schacholympiade,_Tal_(UdSSR)_gegen_Fischer_(USA).jpg: Kohls, Ulrichderivative work: Karpouzi, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons

Ainda sobre o jogo de xadrez:

https://cesardorneles4.blogspot.com/2020/10/machado-de-assis-gostava-de-jogar-xadrez.html

https://cesardorneles4.blogspot.com/2020/12/minha-maior-vitoria-no-jogo-de-xadrez.html


13 abril 2021

Mulher querendo alguém...

 



"Água morro abaixo, fogo morro acima e mulher querendo alguém ninguém consegue atacar..."

Rio Grande do Sul | Saint-Hilaire e o negrinho escravo

 



Charqueada São João. Pelotas, RS.

Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) foi um botânico e naturalista francês que empreendeu uma viagem de estudos e pesquisas ao Brasil, um dos pioneiros em termos de cientistas provenientes da Europa. Sua viagem, financiada pelo governo de seu país, deu-se entre 1816 e 1822, tendo percorrido regiões do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sem falar no Uruguai, então ocupado por tropas brasileiras e que daria origem à efêmera Província Cisplatina. Em suas andanças pelo país acabou coletando mais de 30 mil amostras de espécimes de plantas e animais, depois descritas em seus livros.

Sua estadia na então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul posteriormente é detalhada em seu livro Voyage a Rio Grande do Sul. A viagem ao extremo sul do país começou por Torres em junho de 2020, como última etapa em terras brasileiras, tendo feito contatos e se hospedado junto a representantes das elites locais. Seu itinerário incluiu Torres, Viamão, Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande, Montevidéu, Missões e litoral novamente - feito no lombo de um cavalo ou burro.

Em uma de suas primeiras anotações em seu diário de viagem, datada de 31 de julho de 1820, escreveu que "os habitantes do Rio de Janeiro (...) quando querem intimidar um negro, ameaçam-no de enviá-lo para o Rio Grande. Entretanto não há talvez, no Brasil, lugar algum em que os escravos sejam mais felizes do que nesta capitania." Quando conheceu, porém, as charqueadas de Pelotas, suas ilusões a respeito das condições da escravatura na região logo se dissiparam... Hospedado na casa de um charqueador (*), pôde presenciar o alto grau de crueldade infligido aos negros escravizados. Em seus relatos, chamou-lhe a atenção a figura de um menino escravo a serviço das necessidades da casa, costumeiramente martirizado pelos filhos do proprietário e que dormia de joelhos, sendo que jamais sorria. "Não conheço criatura mais infeliz do que essa", escreveu Saint-Hilaire.

Apesar do sentimento de empatia expressado pelo menino, registra comentários desabonadores sobre os escravos em geral, que segundo ele eram "por natureza pouco ativos". "Quando obrigados pelo temor, trabalham mal e com excessiva lentidão." Pode-se dizer que o posicionamento pessoal do viajante era ambíguo em relação ao trabalho forçado do escravizado, talvez vendo no sistema escravocrata um mal necessário diante da impossibilidade de acabar com ele do dia para a noite. Esse era o pensamento vigente à época inclusive entre representantes das elites agrárias.


(*) Charqueada São João, hoje a mais conhecida de Pelotas do ponto de vista turístico, que serviu de cenário para A Casa das Sete Mulheres e O Tempo e o Vento.


Referências:

CHAVES, Ricardo. A visita de Saint-Hilaire ao Estado. Zero Hora, Porto Alegre, 10-11 abr. 2021. Almanaque Gaúcho, p. 46.

LUCCHESE, Alexandre. Os esquecidos de Saint-Hilaire: 200 anos depois, GZH refaz viagem do naturalista, desta vez dando voz a mulheres, indígenas e negros. Zero Hora. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2020/03/os-esquecidos-de-saint-hilaire-200-anos-depois-gzh-refaz-viagem-do-naturalista-desta-vez-dando-voz-a-mulheres-indigenas-e-negros-ck7ozw0yl03tr01oa67sw32h7.html. Acesso em: 13 abr. 2021.


Mais sobre Saint-Hilaire e sua viagem ao RS:

https://cesardorneles4.blogspot.com/2020/09/auguste-de-saint-hilaire-um-viajante.html



12 abril 2021

Globalização e solidariedade

 

"A pandemia mostra que a globalização cria conexões econômicas, mas não oferece solidariedade real." (Frank Furedi, sociólogo)

Os romanos (7) | De como evitar a queda de cabelos e ter seus dentes brilhantes

 




Cláudio Galeno (c.129-c.217), renomado médico e filósofo romano, cujas ideias tiveram grande prestígio por vários séculos, divulgou certa vez em uma de suas obras duas receitas muito simples para evitar-se a queda de cabelos. Tome nota: uma pomada à base de cabeças de ratos pulverizadas e outra feita com excrementos desses roedores.


Catulo, poeta romano no séc 1º a.C., nascido em Verona, debocha dos dentes brilhantes de um rival, atribuindo-os a um hábito espanhol de lavar-se os dentes com urina. Bom saber. Aliás, a amônia da urina obtida nas latrinae publicae era usada na lavagem de roupas.


Plínio (23-79 d.C.), em sua História Natural, registrou que os pobres costumavam fazer buracos nas paredes de suas casas, como se fossem janelas, hábito posteriormente deixado de lado em função de assaltos violentos.


"Quando alguém come carne humana sem saber, servida por donos de restaurantes inescrupulosos e pessoas do mesmo tipo, a semelhança com carne de porco é logo notada." (Cláudio Galeno, Sobre o poder da comida)


Referência:

MCKEOWN, J.C.. O livro das curiosidades romanas: histórias inusitadas e fatos surpreendentes do maior império do mundo. Belo Horizonte: Gutenberg, 2011.

Mais emhttps://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/os-romanos-06-as-qualidades-de-um-bom.html

11 abril 2021

ITÁLIA | o mais belo país do mundo

12 | De meu diário íntimo... | ba be bi bo bu/ Eu, a História e a Geografia

 



Foto: Minha experiência de hipismo em foto tirada em Pelotas, juntamente com meu irmão.


26 de maio de 1965

Ontem começei a aprender a escrever á máquina. Em 20 minutos escrevi 4 linhas e hoje 16 linhas (1)

A professora ensinou (Estudos Sociais):

Dia Pan-Americano, O que é Pan-Americanismo, Inconfidência Mineiras, O Mundo Antigo, Situações e Limites do Brasil, Expedição de Martim  Afonso de Souza, A rota de Cabral, Abolição da Escravatura, As capitanias hereditárias, Capitanias que prosperaram, Causas dos fracassos das outras, Resultados das Capitanias.


27 de maio de 1965

Fiz o mapa da América do Sul. As capitais dos paizes sul-americanos. Hoje é feriado (Ascenção) é não á aula. Já fiz os mapas do Brasil e do Rio Grande do Sul. (2)


28 de maio de 1965

O Edison está fazendo a lição dêle. São 9:20 h da noite e êle diz que vai fazer de noite porque de dia quer ir brincar. (...)


08 de agosto de 1965

Segunda-feira, isto é, amanhã, estarei no 5º ano primário (3), porque tirei 100 em todas as sabatinas. Hoje é o "dia dos papais".


26 de agôsto de 1965

Enchentes estão causando grandes prejuizos para o Rio Grande do Sul. (Pontes demulidas, homens desabrigados, e milhares de coisas!)

Pôrto Alegre, eis uma vítima! (4)


(...) Hontem encontraram um homem morto perto da casa do senhor Natalino. A enchentes cessaram e agora tem feito dias lindos. Tenho ido ao cinema (Miramar) com o Édison quase tôdos os domingos.

Aqui estão alguns filmes que vi:

1 - Esquina do Pegado. [pecado]

2 - Quadrilha do Inferno.

3 - A Bela Americana, etc... (carro) (5)


(1) ba be bi bo bu ca ce ci co cu da de di do du...

(2) Minhas matérias preferidas na Escola Primária mereciam atenção no diário...

(3) Assim, na metade do ano letivo, pulei do 4º ano primário para o 5º, que nos preparava para os exames de admissão ao antigo Ginásio.

(4) A inclinação vocacional para o jornalismo começa a evidenciar-se no diário. "Estava no sangue", como se diria popularmente, já que meu avô paterno, Marcínio Soares, tinha sido jornalista, fundador de um jornal em Piratini: o 20 de Setembro. Infelizmente morreu muito jovem, com 32 ou 33 anos. Meu pai guardava como recordação vários exemplares do jornal numa velha mala. Acabei mais tarde doando a coleção para o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, em Porto Alegre, ficando apenas com um exemplar. 

(5) Morando no bairro Agronomia, o cinema mais próximo era o antigo Miramar, no bairro Partenon. A única cena cinematográfica que gravei na memória, daquela época, foi a tentativa de assassinato do jovem protagonista de um filme de época: estava à beira de um rio quando foi alvejado no peito por uma flecha. Eu devia ter uns nove anos. Nessa época, ia ao cinema com a Ceci.


Mais em:

https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/04/de-meu-diario-intimo-11-o-presepio-com.html


09 abril 2021

"Escravo? É necessário criá-lo estúpido."

 




Português, grego, árabe e outras linguas numeram os dias da semana

 



Línguas europeias em geral utilizam termos  relacionados com os deuses das antigas mitologias greco-romana ou nórdica para expressarem os nomes dos dias da semana. Assim, a título de exemplo, temos em espanhol o seguinte:

Domingo - Dia do Senhor (*). Entre os romanos, dia do deus Solis (Sol)

Lunes - Dia da deusa Luna (Lua)

Martes - Dia do deus Marte

Miércoles - Dia do deus Mercúrio

Jueves - Dia do deus Júpiter

Viernes - Dia da deusa Vênus

Sábado - Shabbat (**). Para os romanos, o dia era dedicado a Saturno.


Em inglês:

Sunday - Dia da deusa Sol (***)

Monday - Dia do deus Maní (Lua)

Tuesday - Dia do deus Týr

Wednesdy - Dia do deus Odin

Thursday - Dia do deus Thor

Friday - Dia da deusa Freya

Saturday - Dia do deus Saturno


Por outro lado, não somente português, mas outras línguas como o grego moderno, o árabe e certos idiomas eslavos numeram a maior parte dos dias da semana. Na língua de Camões, desde o ano 536, quando passou a usarem-se números ordinais, acompanhados da palavra feira, por ocasião da Semana Santa, para não "ofender o Cristianismo", já que até então os nomes da semana faziam referências a antigos deuses pagãos e corpos celestes: domingo, lues, martes, mércores, joves, vernes e sábado. A prática acabou se estendendo ao resto do ano.

Em grego, temos o seguinte:

Kyriakí - Dia do senhor

Deftéra - Segundo

Tríti - Terceiro (Cp. com tri-)

Tetárti - Quarto (Cp. com tetra-)

Pémpti - Quinto (Cp. com penta-)

Paraskeví - Preparação para o Shabbat 

Sávvato - Sábado


(*) Dominicus em latim.

(**) Significa descanso, inatividade em hebraico.

(***) Na tradição germânica, o Sol era uma mulher e a Lua, um homem.


Referência:

VAIANO, Bruno. Só o português numera os dias da semana?. Superinteressante, São Paulo, dez. 2020. Oráculo.