19 abril 2021

A influência de Roberto Carlos na música brasileira

 


Roberto Carlos comemora 80 anos hoje, 19 de abril. O jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em sua edição de fim de semana, em seu caderno DOC, dedicou quatro páginas a respeito do cantor e compositor, de cuja matéria vou extrair alguma coisa para repassar para o leitor do blogue.

Posicionamentos políticos à parte, ou falta de, o fato é que Roberto Carlos teve uma enorme influência em termos de novas configurações da música popular brasileira (não confundir com MPB, que tinha um sentido excludente). Vejamos alguma coisa:

Para o músico Roberto Frejat, "Roberto e Erasmo fizeram o roque existir em português". Antes deles, havia apenas versões de roques estrangeiros, como Estúpido Cupido (1959), grande sucesso de Celly Campello, percursora do roque no Brasil, versão em português de Stupid Cupid (1958), de Howard Greenfield e Neil Sedaka. Segundo o jornalista Jotabê Medeiros, entrevistado pela matéria, "a dupla [Roberto e Erasmo] encontrou uma linguagem própria para o rock do país, incorporando as influências estrangeiras, mas também misturando a elas ritmos nacionais e imprimindo uma dose brasileira de picardia e anarquia."

Mesmo involuntariamente, RC foi o responsável pelo surgimento da sigla MPB (Música Popular Brasileira), que nada mais era do que aquilo que antes se chamava de "nova bossa nova", segundo o historiador Paulo Cesar de Araújo, num embate entre aqueles que faziam a "autêntica" música popular brasileira e a música "alienada", "alienígena" dos roqueiros, com direito até mesmo a uma Marcha contra a Guitarra Elétrica, realizada em São Paulo, em 17 de julho de 1967, liderada por Elis Regina e que contou com Geraldo Vandré Gilberto Gil entre outros. Dizem até que na verdade o tal evento tinha por objetivo promover o programa O Fino da Bossa, apresentado pela cantora gaúcha. 

Para Araújo, RC popularizou a guitarra no país, algo que já acontecia no Exterior e derrubou o estigma que sofria o violão, que era associado à malandragem e boemia.

De acordo com Marcos Napolitano, Roberto Carlos "consolidou a relação orgânica entre música, moda e comportamento, que marcou a cultura jovem a partir do final dos anos 1950". 

Por fim, é interessante lembrar que o repertório musical de Roberto Carlos não só atingiu as camadas mais simples da população, bem como as mais sofisticadas e elitizadas. "Nem mesmo Sinatra ou Elvis conseguiram tamanha mobilidade social", no dizer de Jotabê.

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