28 janeiro 2021

Vikipédia em português: guerra aos vândalos

 



Acabou a mamata: desde o ano passado, quem quiser corrigir (?) ou aprimorar um artigo da Wikipédia em língua portuguesa (mais de 1 milhão de artigos, com 11 mil editores ativos), deverá fazer login ou criar uma conta na plataforma. Uma maneira que os editores encontraram para enfrentar o número elevado de vandalismos que ocorria, fato inédito na enciclopédia livre. A título de exemplo, tem-se o caso de um usuário que no ano passado alterou o artigo Verdade, acrescentando a seguinte observação: a única verdade existente é que Rafael A.L.S ama a Kamilla G.S. mais (nomes abreviados). Brasileiro? Embora o sujeito não estivesse logado numa conta, a alteração foi registrada com seu número de IP, que identifica cada dispositivo conectado à internet. O malandro era de Três Coroas, MG. 

Sediada em São Francisco, a Wikipedia Foundation não se opôs à decisão feita por votação entre usuários lusófonos. Em nota à revista Piauí (vide referência), afirmou: "Continuaremos a acompanhar o impacto da decisão da comunidade e como ela persegue  o objetivo de garantir conteúdo confiável e neutro na Wikipédia em português."

É dose!


Referência:

ESTEVES, Bernardo. Guerra aos vândalos. Piauí, Rio de Janeiro, jan. 2021. Esquina, p. 8.

O gato no salão

 



O gato

é o único que sabe

manter-se com indiferença

num salão. As outras indiferenças

são afetadas.

(Mário Quintana)

27 janeiro 2021

Casal bolsonarista se conheceu através do Grupo Bolsolteiros, do Face

 



No Facebook, o grupo Bolsolteiros, que já conta com 7 mil integrantes, facilita encontros entre apoiadores do atual presidente da República em busca de um relacionamento amoroso. Reportagem da revista Piauí de janeiro dá o exemplo de Rachid Rodrigues e Vanessa Ferreira, que por meio do grupo, vieram a conhecer-se pessoalmente num encontro marcado na Central do Brasil, depois de longos papos pelo Whatsapp até mesmo madrugada adentro. Ela, de 40 anos, resolveu entrar no grupo porque não aguentava mais discutir com tanta gente de esquerda. Ele, dez anos mais jovem, não estava muito interessado em namoro na época, mas... 

Ferreira conta que era petista até que alguns posicionamentos de Bolsonaro começaram a chamar sua atenção, principalmente no tocante à segurança: "o Bolsonaro dizia que bandido bom é bandido morto. Eu concordo com isso." Rodrigues, por outro, sempre foi fã de Enéas Carneiro. Passou a interessar-se por Bolsonaro porque é de opinião que o Estado não tem que ser paternalista. A relação seguiu em frente e em dezembro passado, nasceu o primeiro filho do casal, Apollo, nome escolhido pelo pai, depois que a mãe rejeitou a primeira sugestão: Perseu. "Existe um Apolo de Alexandria na Bíblia", observa ela.


Referência:

LISBOA, Daniel. A chegada de Apollo. Piauí, Rio de Janeiro, jan. 2021. Esquina, p. 11.

25 janeiro 2021

Atena, minha deusa preferida

 



Atena, filha de Zeus e Métis, era deusa da Sabedoria, da Civilização, das Artes, da Justiça y otras cositas más, o que a torna minha deusa preferida. Era também deusa protetora da cidade de Atenas. Sua mamãe teria sido a primeira esposa do Pai dos Deuses, ou amante, segundo as más línguas. Quando estava grávida de Ateninha, botaram na cabeça de Zeus de que ela daria à luz uma menina e mais adiante um menino, que o destronaria! Zeus, um tanto desnorteado, simplesmente a engoliu mesmo grávida. Quando a gestação estava por findar, Hefestos (Vulcano), sob as ordens do Todo Poderoso, alcunha dada a Zeus, abriu a cabeça da mãe e dela surgiu Atena, devidamente armada para as estripulias guerreiras.

A contrário de seu irmão Ares (Marte), filho de Zeus e Hera, sua esposa legítima, a qual, diga-se de passagem, perseguiu as amantes do marido e os bastardinhos que nasciam desses relacionamentos, Atena era mais chegada na arte bélica em si, em suas táticas e estratégias e não propriamente nos embates sanguinolentos. Entre seus protegidos, estavam Ulisses, Aquiles e Hércules. Inventiva por natureza, dela surgiu a ideia de construírem-se quadrigas e os carros de guerra, sem falar nos instrumentos agrícolas.

Atena introduziu a oliveira na Ática, região em que se situava Atenas, e ensinou os pobres mortais a produzirem o azeite de oliva. Como podem ver, a arte culinária deve muito a Atena. Como se não bastassem seus predicados mencionados, ainda era deusa da Razão e estimulava as artes e a literatura. Numa época em que não havia ministérios da cultura, como ocorre hoje no Brasil, o apoio de uma deusa como Atena era extremamente útil.

Conta-se que havia na cidade grega de Cólofon, na Lídia (Turquia), uma guria muito prendada, mas muito convencida, chamada Aracne. Pois não é que ela se vangloriava de ser uma bordadeira melhor do que Atena?! Deu pra ela! Atena a desafiou para uma disputa. Aracne elaborou uma tapeçaria que tematizava os amores dos deuses. Atena optou por retratar os grandes feitos dos heróis olímpicos e dos heróis. Segunda uma versão, a deusa, incomodada com Aracne, transformou-a numa aranha tendo como penalidade fiar e tecer eternamente. Daí a palavra aracnídeos, em homenagem à pobre moça. Bem, pior destino teve Josef K., personagem do Kafka que se transformou numa barata, o que convenhamos, é muito mais feia.


Um fato deveras lamentável ocorreu com a querida deusa. Hefestos, deus do fogo, seu meio-irmão por parte de pai, tentou seduzi-la, desrespeitando a castidade que ela tanto prezava. O imbecil tentou violentá-la e seu sêmen acabou sendo ejaculado na coxa da deusa. Atena, enojada, limpou-se com uma lã e a jogou sobre a terra. Daí nasceu Erictônio, o primeiro rei de Atenas. Uma amenidade para encerrar: a coruja era seu animal preferido. Daí...

Referência:
Dicionário de Mitologia Greco-Romana. São Paulo: Abril Cultural, 1976. 

Mais sobre Atena em https://noitesgregas.com.br/, série de podcasts do Prof. Cláudio Moreno sobre a Mitologia Grega

21 janeiro 2021

Os romanos (2) | Haverá outros litorais além do oceano?

 



"Os gregos são uma raça que não valem nada, não se consegue ensinar nada a eles. (Catão, o Velho, citado por Plínio, em sua História Natural)

"Dizem que além do oceano outros litorais e outro mundo surgem. Esse tipo de coisa é pura invenção, pois o oceano não pode ser navegado." (Sêneca)

"Embora seja comum açoitar os alunos, certamente não aprovo a prática." (Quintiliano)


Referência:

MCKEOWN, J.C. O livro das curiosidades romanas: histórias inusitadas e fatos surpreendentes do maior império do mundo. Belo Horizonte: Gutenberg, 2011.

A propósito, talvez você tenha interesse em ver também:

João Jardim: a política de destruição do cinema e o "streaming"

 



Estreiou recentemente mais um documentário de João Jardim: Atravessa a Vida, em que ele retorna ao universo juvenil tal como fez em Pro Dia Nascer Feliz (2005). Em sua última produção, ele acompanhou uma turma de 3º ano do Ensino Médio, de uma escola pública do interior do Sergipe, às voltas com as perspectivas (ou não) de cursarem um curso superior. Indagado em entrevista a um jornal local sobre a situação atual do cinema nacional, como não poderia deixar de ser, ele fala do desmantelamento da Ancine - Agência Nacional do cinema: 700 filmes parados. "Há uma política de destruição das coisas que levaram muitos anos para serem construídas", afirmou. Para ele, o futuro dos documentários poderia ser o streaming, até porque as pessoas começam cada vez mais a se interessarem por esse gênero de filme.

20 janeiro 2021

Aconteceu no tribunal (2ª parte)

 



Advogado: Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?

Testemunha: Ele disse "Onde estou, Bete?"

Advogado: E por que você se aborreceu?

Testemunha: Meu nome é Célia.


Advogado: Poderia descrever o suspeito?

Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.

Advogado: Era um homem ou uma mulher?


Advogado: Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, ok? Que escola você frequenta?

Testemunha: Oral.


Advogado: Doutor, o senhor não se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vítima?

Testemunha: Sim, a autópsia começou às 20h30.

Advogado: E o sr. Décio já estava morto a essa hora?

Testemunha: Não, ele estava sentado na maca, perguntando-se porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.


A propósito, talvez você tenha interesse em ver também:

https://cesardorneles4.blogspot.com/2020/12/aconteceu-no-tribunal-1.html

19 janeiro 2021

"Pra que ler o livro se tem o filme?"

 


Essa pergunta apenas evidencia pouco apreço pela literatura por parte de quem a profere. Vi recentemente a série de 8 episódios da HBO, "Pátria", uma adaptação para a telinha do romance homônimo do escritor espanhol Aramburu. É claro que a série não poderia espelhar todo o conteúdo do livro de 508 páginas! Deparei-me nele com um aprofundamento da caracterização dos personagens, conheci melhor seus pensamentos, sem falar em situações vividas por elas que foram cortadas pela série, como não poderia deixar de ser. São duas linguagens diferentes, cada uma com seus méritos.

Pe. Landell de Moura (1861-1928), porto-alegrense pioneiro da radiodifusão

 



Vejamos um pouco da biografia do Pe. Landell de Moura - sacerdote, cientista e inventor gaúcho, "um herói sem glória", ideia que aparece no título de uma biografia sobre ele escrita por Hamilton Almeida (2006).

Em 21 de janeiro de 1861 nascia Roberto Landell de Moura em Porto Alegre, cujos pais pertenciam a tradicionais famílias gaúchas. Seu pai era capitão do Exército, além de comerciante de carvão. Ao concluir seus estudos de Humanidades num colégio jesuíta de São Leopoldo, ingressou em 1874 numa prestigiada instituição de ensino em Porto Alegre para estudar francês, alemão e gramática do português. Segundos manuscritos que deixou, teria inventado uma espécie de telefone na idade de 16 anos, fato que não pode ser comprovado. Graham Bell tinha feito o mesmo um ano antes. Aos 17 anos ingressou no Colégio Pio Americano, em Roma, como seminarista. Tencionava seguir a carreira sacerdotal, tal como o irmão. Ao mesmo tempo, passou a estudar na Universidade Gregoriana, desenvolvendo conhecimentos sobre Física e Química.

Em 1887 retorna ao Brasil, radicando-se por pouco tempo no Rio de Janeiro, onde foi capelão e professor de História Universal. Seguiram-se atividades em diferentes cidades, como Uruguaiana, Santos, Campinas e São Paulo até 1900. Nesse meio termo, continuaram seus interesses pela Ciência, numa época conflituosa entre a Igreja e o Estado Laico instituído no Brasil com o advento da República, a ponto de ter ocorrido um fato bastante lamentável quando exercia suas atividades em Campinas: um grupo de fiéis católicos invadiu e destruiu seu laboratório sob a acusação de que o padre teria ligações com o diabo. Não restou nada dos aparelhos de radiodifusão criados por ele.

Em 1899, já em São Paulo, com a presença de empresários, cientistas e imprensa, promoveu uma transmissão pioneira de voz e sons musicais por ondas de rádio, fato documentado por jornais de São Paulo e Rio. O telégrafo sem fio inventado por Guglielmo Marconi em 1895 transmitia sinais em código Morse, mas não voz humana. 

O Pe. Landel de Moura fez uma nova apresentação em 1900 ligando a coluna de Santana, ao norte da capital paulista à Avenida Paulista, fato presenciado pelo cônsul britânico Percy Lupton, bem como autoridades locais, além de outras pessoas. A bibliografia brasileira em geral aceita este testemunho como fidedigno, e considera pelo menos plausível a hipótese de que tenha tido sucesso na transmissão de som sem fio bem antes. Alguns admitem que possa ter antecedido também as conquistas de Guglielmo Marconi na transmissão de sinais telegráficos sem fio. (Vikipédia).

Em 1901 patenteou o rádio no Brasil, algo inédito no mundo até então. Posteriormente, autorizado pela Igreja, como reconhecimento de seus méritos, realizou uma excursão pela Itália, França e Estados Unidos. Neste último país, empresários chegaram solicitar a ele autorização para a produção industrial de seus inventos, o que recusou, pois pretendia que isso fosse realizado em sua pátria, por brasileiros. Em 1904, ainda na terra do Tio Sam, chegou a participar de pesquisas ligadas à televisão, teletipo e controle remoto.

Voltando ao Brasil em 1904, infelizmente não conseguiu nenhum apoio governamental para suas pesquisas e invenções, sofrendo amarga desilusão, como não poderia deixar de ser. Por parte da Igreja, teve que enfrentar oposições à suas atividades de cunho científico, ela mesma empenhada em um combate com as ideias positivistas da época. Sem falar em seu interesse particular por outras áreas de estudo como mediunidade, espiritismo, transcomunicação instrumental, sonambulismo, levitação e hipnotismo... Veio a falecer em junho de 1928, em Porto Alegre, sua cidade natal.


Referências:

ALMEIDA, Hamilton. O Padre cientista. Zero Hora, Porto Alegre, 16-17 jan. 2021. Doc, p. 9.

ROBERTO LANDELL DE MOURA. In: Wipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Landell_de_Moura. Acesso em: 19 jan. 2020.


Imagem:

Por Desconhecido, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=44595023

18 janeiro 2021

Ivan Lago, sociólogo: um show de horrores

 


Por Ivan Lago,

Professor e Doutor em Sociologia Política

Texto divulgado no Whatsapp


“O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro. Capitão do Exército expulso da corporação por organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.

Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.

Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.

Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.

No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência... em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.

Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.

O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.

O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.

Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais.

Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. (...)

Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.

Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.

Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.

Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.

O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional. É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.

Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.

O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício. 

Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é: como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo?”

De meu diário íntimo... (2ª parte)

 



Em 9 de novembro de 1962, final de meu primeiro ano na escola primária, fiz meu primeiro registro em meu diário, até então apenas com anotações escritas por meu pai:

Hoje a madrinha troce (sic) de presente uma bola para  mim e um autinho para o bobi (sic) e um saco de balas para mim e para o bob (sic). E também Cr$ 500,00 para mim. Bob era o apelido de meu irmão Édison.

Seguem curtas anotações em dias diferentes sobre um sabiá que meu pai havia pego; corte de cabelo feito por meu pai, que costumava cortar os cabelos dos filhos; exame de leitura e matemática feitos na escola; a chegada das férias. Em 13 de dezembro registro a ida à escola (Grupo Escolar Desidério Finamor, no bairro Agronomia) para pegar meu boletim, o que mereceu um registro mais longo:

Hoje eu fui buscar o Boletim passei para o segundo ano a diretora deu de presente uma revistinha de história com 15 paginas O nome da revista é "Os três pimpolhos" Cr$ 20,00 

Não era muito chegado ainda em pontuação... Mal sabia, mas viraria um leitor contumaz de gibis - O Pato Donald, Mickey, Zé Carioca, Almanaque do Tio Patinhas, Superman, Batman, Tarzan... Acrescentei em data posterior: No mesmo dia Édison (meu irmão caçula) estava brabo porque ele tinha duas caixas de papelão pedi uma caixa e ele não quis que eu pegasse porisso ele ficou brabo

Em 15 de dezembro registro algo muito importante: Hoje estou com vontade de escrever. já faz uns tantos dias que o pai pegou um sábia.


Mais 

17 janeiro 2021

Ativando meu Telegram...

 


Tenho uma conta no Telegram já alguns meses. Estava inativa, pois não me agrada envolver-me com muita coisa em matéria de aplicativos. Hoje dei um grande passo para ativá-la. Além de contatos, que já tinha, inscrevi-me em alguns grupos de esperanto. Já tive a oportunidade de conversar, inclusive através do recurso de voz, com um russo e depois com um cubano, em grupos diferentes. Em esperanto. 

Não pretendo abandonar o Whatsapp, até porque participo de grupos, alguns deles que considero essenciais como o do condomínio ou os de órgãos públicos, para contato... Mas o fato é que agora a bola vez é o Telegram, pelo menos para mim.



15 janeiro 2021

Inglês, francês, alemão e americano não queriam se vacinar...

 




Numa grande multinacional, um médico deveria vacinar um inglês, um francês, um alemão e um americano. Ele diz ao inglês:
- Está pronta a vacina. Por favor, venha.
- Não quero.
- Bem, um cavalheiro irá vaciná-lo.
- Oh, se ele irá fazê-lo, tudo bem.
E pic! O inglês se vacinou.
O médico chama o alemão.
- É sua vez.
- Não, obrigado.
- Isso é uma ordem!
- Se é assim...
E pic! O alemão se vacinou.
O médico se dirige ao americano:
- Agora, venha você!
- De jeito nenhum!
- Você sabia que seu vizinho se vacinou?
- Verdade? Então está bem.
E pic! O americano se vacinou.
O médico para o francês:
- Bem, agora é sua vez.
- Não vou me vacinar!
- Você será vacinado por um cavalheiro.
- Em absoluto!
- É uma ordem!
- Não!
- Você sabia que seu vizinho se vacinou?
- Não estou nem aí!
- Hmm... de onde você veio?
- Sou francês.
- Ah, francês! Bem, na verdade os franceses não têm direito à vacina...
- O quê?! Não tenho direito?! Pois eu exijo!
E pic! Vacinou-se o francês.

13 janeiro 2021

Amazônia | Uma cadeia de interdependências ameaçada

 



Acompanho pela revista Piauí sua série sobre Amazônia, com longas matérias sobe os riscos em relação à própria sobrevivência da grande floresta. Na edição de dezembro, um dos entrevistados é Simon Levin, diretor do Centro de Biocomplexidade do Instituto Ambiental de Princeton, em Nova Jersey. "Do ponto de vista da compreensão, os ecossistemas tropicais representam um desafio comparável ao entendimento do universo. A complexidade da floresta é infinita" - afirma ele.

Em outras palavras, rola um complexo sistema de interdependência que o leigo sequer pode imaginar. A ecóloga Joice Nunes Ferreira chama a atenção para o fato de que a floresta vive de si mesma, em função da pobreza do solo. Vive da serrapilheira, ou seja, "a camada formada pela deposição de restos de plantas e acúmulo de material orgânico vivo em diferentes estágios de decomposição que reveste superficialmente o solo", no caso (Vikipédia).

Assim, problemas relacionados com incêndios, além da seca, causam um dono terrível. "O fogo produz uma quebra de ciclo: reduz a presença de mamíferos, o que reduz as fezes, o que reduz os besouros, o que reduz a mistura de nutrientes do solo", alerta o responsável pela matéria. Extinção em cascata, no linguajar dos ecologistas. Uma tragédia só.




Referências:
SALLES, João Moreira. Arrabalde: parte II_sete bois em linha. Piauí, Rio de Janeiro, dez. 2020.
SERRAPILHEIRA. In: Vikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Serrapilheira. Acesso em: 13 jan. 2021.

12 janeiro 2021

Liras turcas

 


Estava ontem à noite procurando alguma coisa pra ver no Now quando acabei assistindo a um episódio do Ruas Mundo Afora, programa sobre turismo apresentado no Mais. Era sobre a belíssima Istambul. O que mais me chamou a atenção, como não poderia deixar de ser, foram as mesquitas de Santa Sofia e Azul, além do Grande Mercado.

Num dado momento, porém, o apresentador, cujo nome não gravei, informa que a lira turca, à época da gravação, estava mais barata do que o real. Lira = 0,70 centavos de real. Dizia isso como se fosse uma vantagem para o bolso de turistas brasileiros. Sabe-se muito bem que... nada a ver!

Há dez anos atrás, p. ex., fui conhecer Santiago do Chile. Muito bom. Só que o fato de o real estar muito mais valorizado do que o peso chileno não era fator de alguma vantagem. Eu pagava 9 mil pesos por um simples "a la minuta", tal como se come no Brasil. Em real? 45 reais! Há dez anos atrás! Até hoje come-se razoavelmente bem na cidade em que moro, em algum restaurante-bufê, por 20, 25 reais, com no mínimo 10 diferentes iguarias, sem falar na sobremesa gratuita.

11 janeiro 2021

"Tutti brasiliani": a grande saga da imigração italiana no sul do Brasil

 



Na segunda metade do séc. 19, o Governo Imperial promoveu a imigração de italianos e outras nacionalidades com o objetivo de povoar regiões do sul do Brasil e intensificar a produção de alimentos, além de intenções preconceituosas como o chamado branqueamento da raça... Calcula-se que no período entre 1885 e 1914 algo em torno de 150 mil pessoas oriundas da Itália (1) estabeleceram-se no país e que fugiam das más condições de vida em seu país de origem, o que acabou provocando um expressivo movimento de emigração para a América, tendo como destino final os EUA, a Argentina e o Brasil.


Os imigrantes traziam na bagagem suas esperanças de uma vida melhor, alimentadas pela propaganda do Governo Central que vendia a ilusão de uma ótima acolhida e apoio, sem falar no recebimento de lotes generosos de terra, a serem pagos em alguns anos. Chegavam ao Rio de Janeiro e daí partiam para Rio Grande, tendo como destino final Porto Alegre, onde ficavam meses em barracões e eram obrigados a trabalharem compulsoriamente na abertura de estradas, até o dia em que recebiam terra, sementes e ferramentas e eram encaminhados, em sua maioria, para as inóspitas regiões da Serra Gaúcha de então. Os alemães, vindos meio século antes, tiveram melhor sorte. Receberam lotes de terra às margens de rios próximos a Porto Alegre, o que facilitava a comercialização de seus produtos. Os italianos enfrentaram maiores desafios: tiveram que adaptar-se ao meio, aproveitar e desenvolver as habilidades de marcenaria, carpintaria e ferraria, além do cultivo da terra para a vinicultura e triticultura. Polenta, vinho e grapa não podiam faltar. Em suas ferrarias fabricavam carroças e arados.

Cidades que com o tempo surgiram...
1874 Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves) e Conde d’Eu (Garibaldi)
1875 Colônia Fundos de Nova Palmira (Caxias do Sul)
1877 Silveira Martins (próximo a Santa Maria)
1881 Colônia Maciel (em Pelotas)
1884 Colônia Álvaro Chaves (Veranópolis)
1885 São Marcos e Antônio Prado


Os Bortot, oriundos dos Alpes italianos, aqui citados como exemplo, chegaram em 1883 e receberam do Governo Imperial 20 hectares de terra. Pode-se imaginar a desilusão que sofreram, 
como tantos outros imigrantes, ao depararem-se com suas novas terras: com sérios declives, em meio à mataria, distante de tudo e de todos. Mas foram em frente. Em 1920, com o aumento da família, transferiram-se para o noroeste do Estado, bem como o oeste de Santa Catarina, gozando da vantagem de possuírem terras melhores. Em 1930, alguns deles chegaram ao sudoeste do Paraná. Na segunda metade do século passado, atingiram o Mato Grosso, Rondônia, Pará, Maranhão, Tocantins, Bahia e Piauí. Espalharam-se.

(1) Mais precisamente das regiões da Lombardia, Vêneto e Tirol.


Referências:
CAZARRÉ, Lourenço. Todos irmãos. Zero Hora, Porto Alegre, 09-10 jan. 2021. Doc, p. 12.

Imigração Italiana no Rio Grande do Sul. Museu Etnográfico da Coluna Maciel. Disponível em: 

10 janeiro 2021

De meu diário íntimo... (1)

 





Meu pai, Edmar, foi uma pessoa que gostava muito de ler e escrever e chegou a ser até mesmo palestrante no meio espiritualista, com um bom domínio da palavra (era geminiano...). Guardo a título de recordação os diários que escreveu, nos quais registrava basicamente eventos relacionados com seu núcleo familiar bem como reflexões suas.

No exato dia em que completei um ano e meio de idade (22 de fevereiro de 1955), ele começou a escrever seu Diário do menino César Dorneles Soares (foto), iniciado como anotações sobre o desenvolvimento do bebê, o primogênito do casal, diga-se de passagem. Coisas do tipo 9/1/55 - Foi arranhado pelo gato e moveu-se na cama pela primeira vez. 7/2/55 - Saiu o primeiro dentinho.

22 de agosto de 1955 - Segunda-feira. César completa um ano de idade. Tem dormido bem durante a noite. Sua alimentação é leite de vaca. Ainda não para em pé, só. Já aprendeu dormir por conta própria. Ele mesmo canta e se nâna até vir o sono. (...) Eu mesmo me nanava, como bom leonino :-). Seguiram-se outras tantas anotações.

Em 22 de agosto de 1956, dia de meu segundo aniversário, meu pai escreveu o seguinte: (...) Principia a querer falar. Diz: mamãe, Zélia (minha mãe), tio, embora, saí, leite, chichi, lá, chichi, pai, mãe, jôgo, bala, vovó, miau. (...) Ainda gosta de brincar com latas e panelas.

Meses depois ele anotaria que minha frase mais completa era Qué mamá mãe

Em 1957, com o nascimento de meu irmão Édson, os registros o inclui, como não poderia deixar de ser.

Com 8 anos e dois meses, passei a eu mesmo ocupar-me com registros no diário. Cursava o 1º ano do antigo Primário, já devidamente alfabetizado. Como sou de agosto, entrei para a escola com 7 anos e meio, já com alguma noção em termos de letras e números. 

Continua...

07 janeiro 2021

Fernando Pessoa e as línguas planejadas: descrença e projeto

 



Fernando Pessoa (1888-1935), poeta e tradutor, além de muitas outras atividades diversas, foi um dos grandes vultos da literatura portuguesa, embora dos quatro livros que publicou, apenas um era em português e os demais em inglês, dada a familiaridade que tinha com essa língua, já que foi educado numa escola católica irlandesa, na África do Sul. Como se sabe, é famoso não só por suas qualidades como poeta, mas por ter sido criador de heterônimos, cada um com seu estilo e temática próprios.

Descrente da ideia de uma língua planejada, não via futuro nelas, embora tivesse conhecimentos de esperanto, ido e volapuque. Como salientou Gonçalo Neves em seu prefácio de La Gardisto de Gregoj (O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa),  acreditava que a humanidade não aceitaria uma língua não-natural para uma conversação natural. Segundo ele, de acordo com um de seus escritos, uma pessoa preferiria balbuciar em alguma língua estrangeira a falar em "uma nauseante perfeição" de uma língua planejada. Neste sentido, equivocou-se redondamente em relação ao esperanto, uma língua de rica expressividade e que se desenvolve hoje tal com uma língua natural.

Paradoxalmente o próprio Pessoa voltou-se para a criação de um projeto, inconcluso, diga-se de passagem, e em seus princípios, inspirado em línguas que ele mesmo criticava, poderíamos exemplificar com o seguinte:

Os substantivos terminariam por -a; os adjetivos por -o; -e indicaria os verbos no tempo presente e 
-i seria usado para indicar o pretérito.

As palavras invariáveis, como advérbios e preposições, terminariam todas elas por -u.

O feminino seria formado pela inclusão de um -i: homo = homem, homia = mulher.

Tal como no volapuque, os verbos seriam conjugados valendo-se do uso de uma terminação pronominal: ame = eu amo, ames = você ama, amet = ele (pessoa) ama e assim por diante.

Referências:
FERNANDO PESSOA. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa. Acesso em: 09 jan. 2021.

NEVES, Gonçalo. Fernando Pessoa pri Esperanto kaj La lingvokrea agado de Pessoa. En: CAEIRO, Alberto (heteronimo de Fernando Pessoa). La Gardisto de Gregoj . Espinho: Eldonejo Drako, 2019. p. 18-19. Trad. Gonçalo Neves. PDF-eldono, disponebla en: https://archive.org/details/La_gardisto_de_gregoj/


03 janeiro 2021

Uma outra história de Natal

 


J.J. Camargo, médico-cirurgião, em sua coluna semanal em jornal local (vide referência), mencionou na mais recente uma história contada por Eduardo Galeano em sua obra Livro dos Abraços, na qual o escritor uruguaio conta que certa vez em Manágua, capital da Nicarágua, o dirigente de um hospital infantil preparava-se para voltar para casa numa noite de véspera do Natal quando resolveu fazer uma última visita às enfermarias, em meio ao foguetório comemorativo que já se fazia ouvir. Achando-se tudo ok, preparava-se para ir embora quando no corredor ouviu uns passos atrás de si.

"Uns passos de algodão: voltou-se e descobriu que uma das crianças andava atrás dele. Na penumbra, o reconheceu. Era um menino que estava só. Fernando reconheceu seu rosto já marcado pela morte e aqueles olhos que pediam desculpa ou, talvez, pedissem permissão... Fernando se aproximou e o menino o tocou com a mão:

- Diga a... - sussurrou o menino. - Diga a alguém que estou aqui." 

O cronista encerrou seu texto com o seguinte comentário: "No desespero, não há consolo maior do que saber que, em algum lugar, há alguém. Por nós."


Referência:

CAMARGO, J.J. O que o Natal faz com a gente. Zero Hora, Porto Alegre, 02-03 jan. 2021. Caderno Vida, p. 2.

Outras doenças

 

E a pandemia desmascara
outras doenças desta civilização que caducou.

Karnal, sobre a esperança

 


"Sorrir ou ler mensagens positivas nunca evitará que ocorram coisas difíceis. Porém, a esperança contida é sempre uma maneira de encarar com humor e leveza, dar perspectiva, ver com menos peso. O pessimismo tem um defeito: reforça a dor.(...) A esperança acalma."

> Leandro Karnal, historiador, em crônica reproduzida no jornal Zero Hora de 2-3/jan/2020

Quanto a mim, prefiro não levar em conta os conceitos de otimismo/pessimismo, mas o de um realismo esperançoso...

02 janeiro 2021

Etimologia de "cachecol" e suas origens como peça do vestuário

 



A palavra cachecol é de origem francesa. Tem a ver com o verbo cacher = esconder + col = pescoço. Duas palavras que passaram para o esperanto: kaŝi [cáchi] e kolo [côlo], com os respectivos significados. Só que em esperanto cachecol = koltuko, que literalmente quer dizer "pano para o pescoço". 

Seu uso remonta aos antigos gregos e romanos. Em latim tinha o nome de sudarium, cujo sentido literal era "pano para o suor", ou seja, era usado para absorver o suor durante uma atividade física ou mesmo numa viagem durante dias quentes. Nos tempos medievais e renascentistas era usado pelos aristocratas como símbolo de status social.


Referência:

BUFANDA. In: Wikipedia: la enciclopedia libre. Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Bufanda. Acesso em: 02 jan. 2020

CACHECOL. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cachecol. Acesso em: 02 jan. 2020.


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