31 julho 2022

GRANDE Sertão Veredas | Por uma nova mentalidade | Em nome dos likes | Dicionário de porto-alegrês | Mafalda e o cercadinho

 




ANDANÇAS LITERÁRIAS | Grande Sertão
Veredas - Encontro-me no sertão mineiro, em meio às páginas de Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa (1908-1967), uma de minhas releituras dos últimos tempos. Fala de Riobaldo, o jagunço protagonista, logo no início da história:

Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio... Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, embrenho a certo; e aceito as preces de compadre meu Quelemém, doutrina dele, de Cardéque. Mas, quando posso, vou no Mindubim, onde um Matias é crente, metodista: a gente se acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, cantando hinos belos deles. Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca.

IDEIAS | Uma nova mentalidade - O mundo inteiro agoniza e exige uma nova mentalidade: temos que tomar conta de todos nós ao mesmo tempo, basta de segregações e preconceitos. Zero tolerância para guerras, ganâncias, hegemonias - tudo isso é tão antigo. Uma nova ordem social se faz necessária.

> Martha Medeiros, escritora e cronista, em O que virá? - crônica publicada no jornal Zero Hora de 16-17/jul/22


COMPORTAMENTO | Sociedade embrutecida 

em nome dos likes - "No mês passado, uma agressão acabou em um assassinato por pedestres em Porto Alegre. O aposentado Linton Ferreira, 46 anos, foi morto durante uma briga em meio a uma aglomeração noturna no Bom Fim. A cena em que ele é agredido e morto foi registrado por diversas pessoas com seus celulares e compartilhada nas redes sociais", lembrou a jornalista Aline Custódio em sua reportagem Contra a desumanização, publicada no jornal Zero Hora de 16-17/jun/22. Na mesma matéria, foi ouvida a opinião da psicóloga Ilana Andretta, da Unisinos, coordenadora do grupo de pesquisa Intervenções Cognitivas e Comportamento, que fez o seguinte questionamento: "Que tipo de sociedade estamos criando que, em prol dos likes, dos compartilhamentos e de seguidores, produzem conteúdos que banalizam  situações de violência?"


LÍNGUAS | Do dicionário

de porto-alegrês


os doces =
 o casamento. E aí, quando é que vão ser os doces?

porqueira = coisa ruim, que funciona mal. Também pronunciado sem o "i", típico do gauchês, nossa língua irmã: fronteracarrera.

tri = Funciona mais como advérbio, com o significado de muito: tri bom, tri gostosa, tri disputado. Mas também serve como adjetivo: muito tri. A explicação mais conhecida sobre a origem do uso está relacionada com o tri do Brasil no México em 1970. Há quem ache que ela deve-se ao semanário Pasquim (1969-1991), do Rio, no qual o uso teria começado por ocasião da conquista futebolística.

Fonte: Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer (L&PM, 2022 - edição revista e ampliada)


Mafalda


- Do cercadinho ao cercadão (de uma prisão)?


Mais |
Perseguição aos cultos afro-brasileiros (1) | Identificações com o mito | Beijos proibidos | Bom pra tosse

28 julho 2022

PERSEGUIÇÃO aos cultos afro-brasileiros (1) | Identificações com o mito... | Beijos proibidos | Bom pra tosse

 




BOLSONARISMO | Identificação
com o líder

O apoiador do presidente revolta-se quando o meio o tolhe de privilégios que havia acumulado por distorções socioeconômicas e comportamentais que se verificam incabíveis na construção de uma sociedade de respeito aos direitos humanos. Impedido (...) de exercer o machismo, a homofobia, o racismo, o ódio à pobreza, esse indivíduo se pendura na chancela de uma autoridade macroperversa para dar vazão às suas condutas nocivas no nível micro.

> Pedro Serrano, jurista, em seu artigo O círculo afetivo do autoritarismo, publicado em CartaCapital de 27/jul/22





INTOLERÂNCIA RELIGIOSA | Perseguição
sem fim aos cultos afro-brasileiros (1)

"É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias." (Parágrafo VI do Art. 5º da Constituição)
Reportagem da revista Piauí de junho apresenta um extenso relato sobre a série de perseguições aos cultos afro-brasileiros, levadas a cabo atualmente, por parte de grupos tidos como religiosos, mas marcados pela intolerância e desrespeito à liberdade de culto vigente no país, numa manifestação grotesca de obscurantismo religioso digno dos tempos medievais. A seguir, alguns episódios ao longo da matéria que servem para exemplificar a situação.

Alagoinhas, BA - Roselina Barbosa, 66 anos, mais conhecida como Mão Rosa, é uma ialorixá (mãe de santo) que mantém um terreiro de candomblé, junto a sua casa, há treze anos, onde atende pessoas que a procuram para algum aconselhamento de ordem espiritual, com a serenidade que a caracteriza, além de participarem, é claro, dos rituais próprios da casa. Roselina, porém, quando sai à rua volta e meia é hostilizada de alguma forma, quando sai às ruas vestidas de branco, que os evangélicos chamam de "roupas do Demo". Já teve que ouvir frases provocativas como "Jesus te ama", "Está amarrado em nome de Jesus", dita por evangélicos para dizer que o Diabo não tem poder sobre elas. Até mesmo sua filha mais velha, é importunada e chamada de "filha da macumbeira" desde a adolescência e hoje conta com 42 anos. Certa vez, acompanhada de duas seguidoras, num arroio próximo, para um ritual de limpeza espiritual, conforme suas crenças, quase foi atingida por um tiro de uma arma de fogo disparada por um grupo de jovens. 

O pior aconteceu em 28/mai/19, quando por volta da meia-noite um grupo de pessoas aos gritos se postaram em frente ao portão do terreiro. 

"Ouvi um monte de vozes. Eles batiam os pés no chão, batiam as mãos na Bíblia, batiam, batiam e diziam: 'Sai Satanás', 'Nós vamos lhe derrubar.'"

Roselina e a irmã, que a acompanhava, ficaram apavoradas. Felizmente um de seus filhos de santo registrou em vídeo a presença dos agressores e o enviou para outros frequentadores do terreiro, que vieram para acudi-las. Ao chegarem ao local, os agressores já tinham ido embora. Não houve nenhuma investigação por parte da polícia. Cont.

Vamos a amenidades... 


CURIOSIDADES | A primeira bandeira Em 1889, com o advento da República, o Brasil precisava de uma nova bandeira, mesmo que provisória. E teve: um verdadeiro plágio da norte-americana.


Bom pra tosse | 
Em 1901, laboratórios farmacêuticos tiveram a ideia de criarem xaropes e comprimidos à base de heroína. Acabaram sendo retirados do mercado por motivos de força maior. Sacumé...  

Beijos proibidos | Em 1910, na França, o beijo nas plataformas de trem foi terminantemente proibido enquanto os veículos estivessem lá. Uma medida muito sensata, em nome do decoro público!

> Fonte: Revista Mundo Jovem, de out/2017


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Educação no Brasil: raízes do atraso (2) | Escândalo no teatro | Do dicionário de porto-alegrês | Mafalda e os embaixadores

25 julho 2022

ENTREVISTA (2ª parte) | Aristóphio Andrade Alves Fº, esperantista alagoano

 



Continuação da entrevista |


Fale-nos a respeito do Congresso da ILEI que está sendo realizado nesta semana.

De 23 a 30 de julho ocorrerá o VEKI-3 - estava programado para ser em Quebec, Canadá, o que seria o nosso 55º Congresso da ILEI, mas devido aos poucos inscritos será apenas virtual. No próximo ano, se tudo correr bem, será presencial na cidade de Massa, Itália. O tema do Congresso deste ano será: Esperanto na educação bilíngue e multilíngue. A língua oficial do evento é o Esperanto, mas nos dois últimos dias onde ocorrerá um simpósio aberto para professores de universidades interessados no tema teremos três línguas de trabalho: o Esperanto, o Francês e o Inglês, sendo que palestras nessas duas línguas nacionais serão vertidas para a língua internacional. Além das palestras e simpósio sobre o tema central, teremos outras palestras relacionadas ao ensino de línguas, debates, reunião dos representantes da Liga e concertos ao final de cada dia.

No dia 26/7 às 12h terei minha palestra sobre o ensino de Esperanto pelo Google Classroom e Google Meet onde devo mostrar como usar a plataforma baseado na minha experiência ministrando cursos online desde 2020 durante a pandemia.

As inscrições são gratuitas pelo formulário (https://forms.gle/BcFUQPyxrF8Hpnr4Ae todos poderão assistir pelo canal da UEA (https://www.youtube.com/UEAviva)


Gostaria que você comentasse sobre suas atividades como militante de cursos de esperanto pela internet.

Em 2020 quando entramos na quarentena um amigo me pediu para ministrar um curso virtual. Foi no mesmo momento em que a escola onde ensinava Química escolheu a plataforma Google Classroom e o Google Meet para ministrar aulas. Como muitos professores no Brasil, passamos a estudar e praticar a tecnologia que ainda não conhecíamos e eu aproveitei em dobro, pois tinha turmas pela escola durante 5 dias da semana e nos sábados pelo Esperanto.

Gostei tanto da experiência que já ministrei 3 turmas (do básico ao avançado) e este ano estou com nova turma básica para falantes de Português/Brasil (de abril a agosto 2022), aos sábados, pelo Google classroom. Esta última turma teve 106 inscritos. Destes 92 entraram na plataforma onde fica todo material de estudo, 63 participaram da primeira aula pelo Google Meet e atualmente permanecem nos estudos uma média de 25 pessoas de várias cidades brasileiras.


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Entrevista | Prof. Aristóphio Andrade Alves Fº, esperantista alagoano (Parte 1)

https://cesardorneles4.blogspot.com/2022/07/entrevista-prof-aristophio-andrade.html

EDUCAÇÃO no Brasil: Raízes do atraso (2) | Escândalo no teatro | Do dicionário de porto-alegrês | Mafalda e os embaixadores

 


Amazônia | Tessitura indígena

EDUCAÇÃO | Raízes

do atraso (2)

A Lei Geral de 1827, promulgada em 15 de outubro daquele ano (atualmente Dia do Professor), foi uma tentativa de regulação da carreira docente, currículos e métodos de ensino a serem utilizados em todo o país. O chamado método lancasteriano, também conhecido como ensino mútuo, foi adotado até mesmo em função da grave crise financeira que assolava o Brasil desde o período pré-independência, motivada inclusive pela aventura inconsequente de anexação do Uruguai (com o nome de Província Cisplatina), o que certamente demandou enormes gastos de cunho militar.

O método, criado pelo pedagogo inglês Joseph Lancaster (1778-1938), de resultados pífios até mesmo em outros países que o adotaram, mantinha o ensino individualizado, mesmo numa sala de aula com vários alunos. 
"Enquanto ensinava uma das crianças, as demais permaneciam em silêncio, aguardando sua vez. Na prática, cada estudante recebia poucos minutos de atenção e eram necessários métodos coercitivos para manter a disciplina na sala de aula",

explica Antônio Gois, autor da matéria da qual extraí os dados (vide fonte). O resultado foi um fracasso, mesmo com o auxílio de monitores que o auxiliavam, com queixas até mesmo dos governos provinciais, e o modalidade de ensino foi abandonada, num contexto de inexistência de prédios escolares e materiais didáticos adequados.

A falta de verbas em um país falido economicamente em seus primeiros tempos não explica tudo. Historiadores da educação apontam para outros motivos: na época, a descontinuidade das políticas públicas, o fato de os professores serem contratados principalmente com base em atestados de moralidade e exames rudimentares de proficiência, sem falar na velha e boa prática do apadrinhamento. 

Houve avanços ao longo do tempo? Certamente que sim, graças a governos com linha de atuação mais progressista, coisa rara no Brasil. Por isso há muito o que se fazer ainda. Aliás, 200 anos depois, diga-se de passagem, no que diz respeito à educação pública em nível superior, vive-se a situação inusitada de sofrer ataques por parte das instâncias superiores, que deveriam ter a responsabilidade maior de protegê-la e fomentá-la, pondo em risco sua própria existência. Final 

Fonte: O longo atraso, matéria de Antônio Gois, publicada na revista Piauí de jun/22


Mafalda


- Vai ver, alguns embaixadores tiveram que segurar o riso 
na hora da apresentação!...


LÍNGUA | Do dicionário 
de porto-alegrês

Esparro = barulho, algazarra. Daí, esparrento

Esperar sentado = Ele te prometeu isso? Pode esperar sentado!, ou seja, vai ter que esperar muito.

Gritedo = gritaria

Grude = Pessoa que não larga do pé: A namorada do Zé é um verdadeiro grude!

Fonte: Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer (L&PM, 2022)


Deu no Twitter

No Colorado, a galera começou a fumar menos maconha e as rendas provenientes dos impostos começaram a diminuir "perigosamente" afetando o orçamento público. Fernando Horta, historiador e professor. @FernandoHortaOf


CINEMA | Escândalo 
no cinema
Já no final do séc. 19, começaram as discussões sobre cinema e moral, algo que se intensificou nos anos 20. A Sétima Arte era vista por muitos como corruptora da moral e dos bons costumes, por exemplo com cenas de pernas à mostra e beijos na boca. Em 1899, o jornal A Federação, de Porto Alegre, noticiou um fato ocorrido no Teatro S. Fellipe, em Montevidéu: num determinado momento de apresentação de uma película,  com o teatro "às escuras", a tela projetou a seguinte cena, assim descrita pelo jornal:

"Um pintor vae à porta do alelier, abre e deixa entrar uma belissima  rapariga (...). É a sua mulher modelo. O pintor explica-lhe que necessita que o auxilie em um quadro em que apparece uma mulher no primitivo aspecto de nossa avó Eva. A visitante tira o chapéu, vai-se alliviando das roupas até ficar em camisa."

Quando a jovem começa a aliviar-se das roupas, para atender ao pedido do pintor, um burburinho se instaurou no teatro, sob o protesto indignado dos pais e filhas presentes na plateia. Para piorar ainda mais as coisas, a personagem feminina tira até mesmo a "camisa" e se joga nos braços do pintor. Na sequência, o inspetor do teatro interrompeu a projeção multou o estabelecimento. No dia seguinte, as mulheres não compareceram para assistirem ao "film". Os rapazes presentes em grande número gritavam: "Queremos a mulher-modelo! Queremos a mulher-modelo!", numa demonstração inequívoca de puro amor à arte, diria eu.

Fonte: Cinema, Imprensa e Sociedade em Porto Alegre (1896-1930), de Fábio Augusto Steyer (Edipucrs, 2001)


22 julho 2022

ENTREVISTA | Prof. Aristóphio Andrade Alves Fº, esperantista alagoano (Parte 1)

 



O Prof. Aristóphio Andrade Alves Fº, 63 anos, natural de Rio Largo (AL), residente em Maceió, professor de biologia (UFAL), química (UFC) e esperanto (IEI), é uma das mais destacadas figuras do movimento esperantista brasileiro, exercendo as funções de representante da seção brasileira da ILEI - Internacia Ligo de Esperantistaj Instruistoj (Liga Internacional de Professores Falantes de Esperanto), responsável em Maceió pelos exames do KER-ekzameno (Exame de Proficiência pelo Quadro Comum Europeu de Referências), ministrante de cursos de esperanto online e secretário da AAE-Associação Alagoana de Esperanto.

Quando criança, seu pai fez um curso de esperanto por correspondência promovido pela Cooperativa Cultural dos Esperantistas (Rio de Janeiro). Aristóphio somente veio a se interessar pelo idioma mais tarde, aos 22 anos, já como aluno de Química da UFC-Universidade Federal do Ceará. Estimulado por um colega, acabou fazendo um curso básico de esperanto promovido pela Casa do Esperanto, existente na própria universidade, ministrado pelo Profº Paulo Amorim Cardoso (1921-2018), eminente esperantista de então. Vamos à entrevista:


Em linhas gerais, como você vê a situação atual do movimento esperantista no Brasil?

Na minha opinião, o Brasil tem um movimento bastante forte pois já realizou dois Congressos Universais, dois da Juventude Mundial (IJK - da TEJO) e anualmente realiza os congressos brasileiros em diferentes cidades. Em Maceió ocorreram dois (1988 e 2004). E durante a quarentena, mais pessoas passaram a estudar a língua internacional aumentando o número de falantes no Brasil (e também em outros países), graças aos avanços da tecnologia com internet cada vez mais veloz e acessível e ao site eventaservo.org que cataloga todos os eventos da língua que estão ocorrendo no mundo todo.

Temos associações em quase todas as capitais e em outras importantes cidades com eventos que já são tradicionais, como o Congresso Nordestino de Esperanto, o Congresso Brasileiro, o Congresso da Juventude, Simpósio de Pernambuco, Zamenhofa tago em várias cidades, Bloco Língua Verde de Recife, Congressos Paulista, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, o Verda Kafo (Porto Alegre), entre outros. Este ano ocorrerá em setembro o 2º VERSo (Virtuala Esperanto-instruista Renkontiĝo de Sudameriko) organizado em conjunto com AERĴ, ILEI brazila sekcio, e representantes da Argentina, Venezuela  e outros países da América do Sul. Esperantistas brasileiros estão em contato diariamente pelos grupos do Whatsapp e Telegram além das páginas no Whatsapp, e outras redes sociais como Twitter e Instagram. Também podemos ouvir podcasts produzidos por brasileiros e por esperantistas de outros países. Sem falar dos inúmeros momentos de conversação ou palestras oferecidos por diversas entidades e/ou esperantistas isolados. O Programa Mia Amiko de Adonis Saliba oferece constantemente cursos e outras atividades.


Quais são os objetivos da ILEI e qual é seu papel como seu representante no Brasil?

Os objetivos da ILEI são: 1. reunir os professores esperantistas (não somente professores da língua Esperanto, mas todos os professores que falam Esperanto); 2. editar livros didáticos para ajudar aos professores, como o Manlibro (edukado.net → / Manlibro ou https://manlibro.ikso.net/ ) e outros; 3. organizar o Congresso dos Professores Esperantistas anualmente; 4. realizar seminários, simpósios, entre outros eventos; 5. realizar exames de proficiência da língua; 6. participar de eventos da Unesco e outras organizações internacionais voltadas para o ensino e a cultura; 7. editar duas revistas: uma para professores (IPR - Internacia Pedagogia Revuo) e outra para estudantes (Juna Amiko). A ILEI tem representantes em 70 países. Em 2018, com o apoio de outros professores, me tornei o representante da ILEI no Brasil e meu papel é colaborar com os objetivos da Liga, reunindo os professores esperantistas do Brasil e repassando as informações sobre as atividades da liga. Para isso tenho dois sites, um em Esperanto e outro bilíngue (https://ileienbrazilo.org/ e https://sites.google.com/view/ilei-brazilo ), além de um canal no youtube (https://www.youtube.com/c/ileienbrazilo ) e um grupo no Whatsapp. E durante congressos e outros eventos que participo ministro palestras sobre a ILEI e a seção brasileira para angariar mais membros.


Próxima terça-feira, 26/jun, 

continuação da entrevista


21 julho 2022

EDUCAÇÃO no Brasil: Raízes do Atraso (1) | A história de Mafalda, de Quino | Quando as ilusões desmoronam

 



EDUCAÇÃO | Raízes 

do atraso (1)

Entre os brasileiros de 15 anos ou mais, 3 em cada 10 são analfabetos plenos ou funcionais, mesma proporção em relação àqueles que sequer completaram o ensino fundamental. Apenas  dados como estes já são suficientes para ilustrar o atraso histórico da educação no Brasil, desde sempre, ainda mais agora nestes tempos em que até mesmo a educação pública sofre ameaças por um governo que privilegia acima de tudo os interesses privados. Nestes tempos bicudos de desmonte das estruturas públicas, um ministro chegou a afirmar que quem não tem condições de pagar uma universidade, que desista da ideia.

Mas enfim, o desleixo com a educação pública não é de hoje. Começou com os jesuítas da Companhia de Jesus, que chegaram ao país em 1549. 

"Os colégios fundados por eles tinham como função principal a formação de religiosos, mas, como eram os únicos existentes, também atraíam os filhos da elite que buscavam o acesso às universidades europeias, especialmente a de Coimbra." -

afirma Antônio Gois em matéria na revista Piauí de junho, sob o título O longo atraso, do qual extraí alguns dados. Com a expulsão dos jesuítas 210 anos depois, o sistema implantado por eles foi substituído pelas chamadas aulas régias, ministradas por aqueles que eram autorizados pelo Estado a assumir a condição de professores, sem caracterizar de fato um sistema de ensino.

"Cada aula régia constituía uma unidade de ensino, com professor único, instalada para determinada disciplina. Era autônoma e isolada, pois não se articulava com outras nem pertencia a escola alguma, nem mesmo a nenhum plano geral. Não havia currículo, no sentido de um conjunto de estudos ordenados e hierarquizados (...)." (Valnir Chagas, em seu livro Educação Brasileira: O Ensino de 1º e 2º Graus: Antes, Agora e Depois). 

O autor acima ainda esclarece que tais professores em geral eram bastante desqualificados, improvisados e nomeados por indicação ou concordância de bispos, com salários baixos (claro...). Um verdadeiro contraste com a América Espanhola, com suas instituições até mesmo de ensino superior, como o Peru (desde 1551), México (1553), Colômbia (1580) e Argentina (1613). Esta última praticamente 200 antes do Brasil, cujos primeiros cursos surgiram apenas com a vinda da família real em 1808, principalmente para atender aos interesses da Corte. O povo? Ora, o povo... Cont.



Buenos Aires

TIRINHAS | Mafalda

O argentino Quino (1932-2020) foi um dos mais importantes cartunistas de sua geração e atingiu a consagração mundial através de sua personagem Mafalda, criada em 1962 inicialmente para uma peça publicitária no jornal Clarín. Seu nome foi inspirado numa novela intitulada Dar la cara, do escritor David Viñas e suas feições foram inspiradas em uma das avós do cartunista. Sua primeira tirinha, para uma revista, data de 1964. Dois anos depois, já era sucesso em boa parte da América Latina. Muito perspicaz, extremamente crítica da realidade social, seu humor inteligente acabou conquistando fãs em todo o mundo, sendo que suas tirinhas foram publicadas até 1973. Era fã dos Beatles e do Pica-pau. Odiava sopas. Em seus quadrinhos, contava com a participação de outros personagens secundários, como o pai, a mãe, Felipe, Manolito, Susanita, Miguelito e Guile, seu irmão caçula.

Fonte: https://www.facebook.com/notaterapia

ASTROLOGIA | Quando as ilusões

desmoronam  

Do seu lado negativo, Netuno propicia a desconexão com a realidade. Escapismo, conspiracionismo, delírio persecutório, síndrome do inimigo comum e negações da realidade são desordens psíquicas representadas pela energia de Netuno. Quando o mundo das ilusões dessas pessoas desmoronam, elas reagem com negacionismo e violência.

> Carlos Hamitt, professor e astrólogo


Foto de Mafalda: Patricio Espigares, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, através da wiki Wikimedia Commons


Mais |

O jurista sobre a PEC das Benesses, Orçamento Secreto, ameaça às eleições | Niemeyer | Carl Sagan | Além da ficção | Do dicionário de porto-alegrês. E mais.


18 julho 2022

O JURISTA sobre a PEC das Benesses, Orçamento Secreto, ameaça às eleições | Niemeyer | Carl Sagan | Além da ficção | Do dicionário de porto-alegrês. E mais.

 



IDEIAS |  O jurista em defesa

da Democracia

No caderno Doc, da edição de 16-27/jun do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, uma entrevista com o jurista Carlos Ayres Britto, 79 anos, ex-presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça. Entre outros assuntos, comentou sobre a chamada PEC de Benesses, o Orçamento Secreto, a ameaça às eleições e o rumores de golpe.

Segundo ele, a tal PEC não passa de "um atentado contra a liberdade do voto", que priva o eleitor mais desassistido economicamente de "ser livre e consciente se às vésperas da eleição "é socorrido por um modo assim tão surpreendente quanto expressivo". Chama a atenção para o fato de que "a Constituição não concede a eles [caminhoneiros e taxistas] tratamento diferenciado, não exceção ao princípio da igualdade em matéria de profissões privadas. Atenta para o fato que tais categorias não exercem cargo público, emprego ou função pública, algo enfim proibido pela Constituição.

O Orçamento Secreto é encarado por ele como "umas das maiores heresias dos últimos tempos em todo o mundo. "Se o orçamento é público, como pode ser secreto?" - indaga o jurista.

Salienta que as Forças Armadas não exercem poder moderador, o que classifica como uma erronia técnica. Tal tipo de poder não se coaduna com uma república federativa presidencialista, em que há um equilíbrio entre os poderes estatais. Britto atenta para o fato que elas sequer são um poder. São um órgão da União. "Não cabe às Forças Armadas dizer que não aceita resultado da eleição."


IDEIAS |  Aos recém-
formados


Digo aos recém-formados que não basta estudar na escola. Tem que conhecer a vida, os problemas, a miséria e estar pronto a participar, a compreender a vida. O homem tem que se interessar pelas coisas, literatura, filosofia, história... não para ser intelectual, para ter uma ideia da vida, que tem que ser vivida com solidariedade, senão não adianta.

> Oscar Niemeyer (1907-2012), arquiteto


IDEIAS | Além da ficção

O policial - que deveria trabalhar pela segurança das pessoas - invade uma festa que não lhe diz respeito, deixa quatro crianças sem pai, uma viúva e um país inteiro de choque. O tarado vestido de médico estupra mulheres prestes a dar à luz, sedadas por ele mesmo. Em que filme de terror,  em que submundo da ficção alguém conseguiu imaginar coisa tão cruel e tão bizarra?

> Claudia Tajes, em sua crônica Cidadãos, no caderno Donna de Zero Hora de 16-17/jun/22


IDEIAS |  Fanáticos
não podem ser convencidos

Não é possível convencer um fanático de coisa alguma. Pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar cegamente em algo.

> Carl Segan (1934-1996), cientista


Mafalda



- Sábado,16, foi o Dia Mundial das Cobras. É sempre muito bom reconhecerem nosso valor!


Deu no Twitter


A mídia pedindo "pacificação para os dois lados"... De certo é para a gente de esquerda morrer em silêncio e parar com essa mania de tentar sobreviver a qualquer custo.
Fernando Horta, historiador e professor. @FernandoHortaOf



LÍNGUA | Do dicionário
de porto-alegrês

Fuca = fusca

Mijada = "Levou uma mijada do professor." Uma xingada, uma reprimenda.

Nada a ver! = Indica contrariedade em relação a algo dito ou proposto.

No grito = "Vai querer ganhar no grito?" Vai querer ganhar um jogo (por exemplo) de uma maneira desleal, desrespeitando as regras, por imposição psicológica ou mesmo física?

Fonte: Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Antônio Fischer - edição ampliada e revisada (LP&M, 2022)


Mais |

Evangélicos "desigrejados" | Anno Domini 448 | O presente de Pedro 1º | Onde as mulheres ficam mais excitadas



14 julho 2022

EVANGÉLICOS "desigrejados"/ Anno Domini 448/ O presente de Pedro 1º/ Onde as mulheres ficam mais excitadas

 




IDEIAS | Regadas 

a vinho


Tráfico de influência é o nome chique que se dá no Brasil para corrupção. Lembrando que corrupto designa um ladrão que rouba milhões e não uma simples galinha. 

Pelo visto, falar em "extremismos dos dois lados" é a nova moda dessa imprensa desavergonhada, para usar um termo mais brando.




Em minhas andanças literárias, encontro-me no momento em Arles, sul da Gália Romana (ainda...), em meio às páginas de Anno Domini 448, romance do escritor britânico John Henry Clay que estou relendo, em italiano, com o dicionário ao lado para me esclarecer o sentido de alguma palavra, que muitas vezes caiu no esquecimento. O conhecimento de uma língua exige contato constante. Do contrário... Aliás ao longo da leitura deparo-me com a expressão "sonho de Roma", e não é a primeira vez, como se isso representasse algo fundamentado em idealismo e nobreza de sentimentos por parte dos "donos do mundo" da Antiguidade. É de se valorizar o legado da civilização romana em termos de Administração, Direito e Engenharia, por exemplo, mas sem perder a visão crítica sobre certas facetas.


ESPIRITUALIDADE | Evangélicos
abandonam igrejas

Sengundo o senso do IBGE, de 2020, o número de evangélicos "desigrejados", termo usado no seio do evangelicalismo brasileiro, era de 9,2%, o que representava 9,2 milhões do total de seguidores no País. Para alguns estudiosos do assunto, essa marca subiu para 16% atualmente. Trata-se de pessoas que se desvincularam das igrejas, por várias razões diferentes: a desilusão de promessas fetias em nome de Deus não cumpridas, práticas e ensino questionáveis da parte de pastores, maus exemplos e corrupção envolvendo líderes religiosos, sem falar numa nova mentalidade, comum a pessoas que buscam a espiritualidade, inclusive evangélicos, de seguir-se uma pluralidade de crenças religiosas sem filiação alguma a qualquer credo específico. Os "desigrejados" muitas vezes reúnem-se em casas, escritórios, salões alugados ou qualquer outro lugar disponível, como parques, pois não querem mais fazerem parte de alguma agremiação religiosa qualquer.

Aliás, diga-se de passagem, acredito que essa será uma tendência futura. As pessoas não terão mais a preocupação de se identificaram com alguma religião ou filosofia espiritual definida, mas levar em conta suas próprias convicções pessoais. Sou uma delas atualmente. Tenho uma base espírita, mas hoje estou atento a novas percepções da realidade, com base na chamada Ufologia Espiritualista e me desfiz de rótulos.

Fonte: Porque milhões de evangélicos estão abandonando suas igrejas, matéria de Rodolfo Capler, teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP, e reproduzida no saite da revista Veja em mai/2022.



CURIOSIDADES | Outro final

Na versão original de Branca de Neve e os Sete Anões (1812), nada de beijo de príncipe para acordá-la no final. Tudo acontece de uma forma, menos romântica: um dos anões tropeça, derruba seu caixão e faz com que ela desengula seu pedaço de maçã envenenada pela madrasta malvada.

Prova de fidelidade

Em 1822, Pedro 1º envia pelos pubianos para a Marquesa de Santos. Calma, gente! Na época, isso era uma bela prova de fidelidade imorredoura.

Funeral da perna

Em 1842, o general Santa Anna, ex-presidente do México, faz um funeral militar para sua perna perdida numa batalha quatro anos antes, com direito a discursos e salva de tiros. Que lindo!


HUMOR | Dito

por aí 😀


Como diria Jack Estripador, vamos por partes. *** Isso é nem batom na cueca; por mais que a gente queira, não tem como explicar. *** Foi preso totalmente nu, embora achasse que estava coberto de razão. *** Se um dia você sentir um vazio dentro de você, coma que é fome. *** Especialista é uma pessoa que sabe mais e mais de cada vez menos e menos. (Nicholas Murray Butler) *** O lugar onde as mulheres ficam mais excitadas é o shopping. (Casseta & Planeta)


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A CRIAÇÃO dos franceses/ Horrores: a história da infância/ Brasil: tempos sombrios/ Do dicionário de porto-alegrês

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11 julho 2022

A CRIAÇÃO dos franceses | Horrores: a história da infância | Mafalda | Brasil: tempos sombrios/ Do dicionário de porto-alegrês

 





IDEIAS | Regadas a vinho


Só gostaria de saber se em algum outro país possa existir por parte de um governo a figura de um "orçamento secreto". *** Fico imaginando quantos livros não serão escritos mais adiante a respeito do período em que se vive, que aliás bem que poderia merecer o título de Era das Trevas, em que até mesmo a Ciência, a Saúde, a Educação e a Cultura sofreram ataques e empecilhos de toda ordem, sem falar no processo de desmonte de instituições públicas, com o escandaloso apoio de uma camada da população de consciência política zero. *** Como bom sulista, uso o pronome pessoal tu em meu dia-a-dia. Só que nas redes sociais, apelo para a expressão de tratamento você (que na verdade acabou virando um verdadeiro pronome pessoal no português brasileiro), mesmo para as pessoas que trataria por tu (parentes, amigos...), na comunicação por escrito, por um motivo muito simples: teria que fazer a concordância correta: tu gostas, tu sabes, o que para mim soa totalmente estranho. Assim apelo para o você, e o verbo fica tal como falo: gosta, sabe. De tanto usar o você na escrita, já me surpreendi usando-o até mesmo na fala comum... Acostuma. Até porque, já de há muito tempo, costumo empregar naturalmente o você ao dirigir-me a uma pessoa desconhecida ou não-íntima. *** No cartório, um semialfabetizado que atendia registrou meu nome como Cesar, sem acento. Sempre levo em conta o que disse o ilustre Prof. Pedro Celso Luft, certa vez, em aula: deve-se usar o prenome (no caso) de acordo com a maneira correta de escrevê-lo e empregar a grafia errada apenas em documentos oficiais. É o que faço.



HUMOR | A criação
dos franceses

Deus criou o Céu e a Terra e o Dia e Noite e deu nome às plantas, aos bichos e as coisas. Mas também era preciso dar nome aos sentimentos e às emoções, à perplexidade e a situações inusitadas, sentindo despreparado para a tarefa, Deus criou os franceses.


> Luis Fernando Verissimo, em sua crônica Helás


INFÃNCIA | História
de horrores

"Em que pese o assinalamento, a história da infância é estarrecedora", afirmou Paulo Rosa, pediatra e psicanalista, em seu artigo O destino na ponta do pincel, publicado recentemente em jornal (vide fonte). Cita dados do livro The History of Childwood (1974), que surgiu a partir de uma investigação aprofundada da história da infância na civilização "cristã". Um dos exemplos tem a ver com o fato de que 800 anos

"o recém-nascido foi visto como fruto de relação pecaminosa, o que deu base para a licença de espancar bebês e se praticar, como decorrência natural, o infanticídio especialmente com meninas. Nesse contexto, o batismo era entendido, pasmemo-nos, como um exorcismo",

 conta o articulista.

Fonte: Paulo Rosa, em O destino na ponta do pincel, artigo publicado em Zero Hora de 18-19/jun/22, no caderno Doc


IDEIAS | Mafalda


- "Democracia racial" e racismo estruturado: pode isso, Arnaldo?


IDEIAS | Deu no Twitter



Talvez tenha sido dado ontem em Foz do Iguaçu o primeiro tiro da guerra civil que pode caracterizar a eleição deste ano. Durante guerra civil não há terceira via. Cristovão Buarque, senador. @Sen_Cristovam

É muito triste. Quem defende o "bolsonarismo" está do lado do mal. Não já justificativa moral para defender a covardia, a ignorância, a boçalidade. Espero sinceramente que o Brasil se salve, pois vivemos tempos sombrios. Rafael Leitão. @RafPig


LÍNGUA | Do dicionário
de porto-alegrês


Não vale o feijão que come = Expressão que denota um juízo sumário sobre alguém.

Noia = Apelido de Novo Hamburgo, em função do alemão Neu Hamburg (pronuncia-se nói-hámburc). Também tem a ver com paranoia, num sentido aproximado de neura, num sentido mais difuso de jeito desagradável.

Vila = Favela, "comunidade"...

Fonte: Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer - edição ampliada e revisada (LP&M, 2022)


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