Amazônia | Tessitura indígena
EDUCAÇÃO | Raízes
do atraso (2)
A Lei Geral de 1827, promulgada em 15 de outubro daquele ano (atualmente Dia do Professor), foi uma tentativa de regulação da carreira docente, currículos e métodos de ensino a serem utilizados em todo o país. O chamado método lancasteriano, também conhecido como ensino mútuo, foi adotado até mesmo em função da grave crise financeira que assolava o Brasil desde o período pré-independência, motivada inclusive pela aventura inconsequente de anexação do Uruguai (com o nome de Província Cisplatina), o que certamente demandou enormes gastos de cunho militar.
O método, criado pelo pedagogo inglês Joseph Lancaster (1778-1938), de resultados pífios até mesmo em outros países que o adotaram, mantinha o ensino individualizado, mesmo numa sala de aula com vários alunos.
"Enquanto ensinava uma das crianças, as demais permaneciam em silêncio, aguardando sua vez. Na prática, cada estudante recebia poucos minutos de atenção e eram necessários métodos coercitivos para manter a disciplina na sala de aula",
explica Antônio Gois, autor da matéria da qual extraí os dados (vide fonte). O resultado foi um fracasso, mesmo com o auxílio de monitores que o auxiliavam, com queixas até mesmo dos governos provinciais, e o modalidade de ensino foi abandonada, num contexto de inexistência de prédios escolares e materiais didáticos adequados.
A falta de verbas em um país falido economicamente em seus primeiros tempos não explica tudo. Historiadores da educação apontam para outros motivos: na época, a descontinuidade das políticas públicas, o fato de os professores serem contratados principalmente com base em atestados de moralidade e exames rudimentares de proficiência, sem falar na velha e boa prática do apadrinhamento.
Houve avanços ao longo do tempo? Certamente que sim, graças a governos com linha de atuação mais progressista, coisa rara no Brasil. Por isso há muito o que se fazer ainda. Aliás, 200 anos depois, diga-se de passagem, no que diz respeito à educação pública em nível superior, vive-se a situação inusitada de sofrer ataques por parte das instâncias superiores, que deveriam ter a responsabilidade maior de protegê-la e fomentá-la, pondo em risco sua própria existência. Final
Fonte: O longo atraso, matéria de Antônio Gois, publicada na revista Piauí de jun/22
Mafalda
- Vai ver, alguns embaixadores tiveram que segurar o riso
na hora da apresentação!...
LÍNGUA | Do dicionário
de porto-alegrês
Esparro = barulho, algazarra. Daí, esparrento
Esperar sentado = Ele te prometeu isso? Pode esperar sentado!, ou seja, vai ter que esperar muito.
Gritedo = gritaria
Grude = Pessoa que não larga do pé: A namorada do Zé é um verdadeiro grude!
Fonte: Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer (L&PM, 2022)
Deu no Twitter
No Colorado, a galera começou a fumar menos maconha e as rendas provenientes dos impostos começaram a diminuir "perigosamente" afetando o orçamento público. Fernando Horta, historiador e professor. @FernandoHortaOf
CINEMA | Escândalo
no cinema
Já no final do séc. 19, começaram as discussões sobre cinema e moral, algo que se intensificou nos anos 20. A Sétima Arte era vista por muitos como corruptora da moral e dos bons costumes, por exemplo com cenas de pernas à mostra e beijos na boca. Em 1899, o jornal A Federação, de Porto Alegre, noticiou um fato ocorrido no Teatro S. Fellipe, em Montevidéu: num determinado momento de apresentação de uma película, com o teatro "às escuras", a tela projetou a seguinte cena, assim descrita pelo jornal:
"Um pintor vae à porta do alelier, abre e deixa entrar uma belissima rapariga (...). É a sua mulher modelo. O pintor explica-lhe que necessita que o auxilie em um quadro em que apparece uma mulher no primitivo aspecto de nossa avó Eva. A visitante tira o chapéu, vai-se alliviando das roupas até ficar em camisa."
Quando a jovem começa a aliviar-se das roupas, para atender ao pedido do pintor, um burburinho se instaurou no teatro, sob o protesto indignado dos pais e filhas presentes na plateia. Para piorar ainda mais as coisas, a personagem feminina tira até mesmo a "camisa" e se joga nos braços do pintor. Na sequência, o inspetor do teatro interrompeu a projeção multou o estabelecimento. No dia seguinte, as mulheres não compareceram para assistirem ao "film". Os rapazes presentes em grande número gritavam: "Queremos a mulher-modelo! Queremos a mulher-modelo!", numa demonstração inequívoca de puro amor à arte, diria eu.
Fonte: Cinema, Imprensa e Sociedade em Porto Alegre (1896-1930), de Fábio Augusto Steyer (Edipucrs, 2001)
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