30 junho 2022

AMAZÔNIA entregue ao crime | Realidade brutal | Menos carne, mais floresta | Estilo de vida europeu | Duelo nas alturas | Piolhos reais

 



Amazônia


HORRORES | A Amazônia

entregue ao crime

Reportagem de capa da edição de CartaCapital de 22/jun último trata da criminalidade livre e solta, cada vez maior, que campeia na Amazônia. A autora da matéria, Fabíola Mendonça, ilustra como exemplo o Vale do Javari, terra indígena localizada no oeste do estado de Amazonas que atualmente se encontra cada vez mais sob o domínio da criminalidade. Vejamos um trecho:

"Aiala Colares, professor da Universidade do Pará e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca a existência de uma rede criminosa transnacional, conectando grupos locais, geralmente pescadores e caçadores ilegais, que se assomam a grandes facções criminosas como o Comando Vermelho e o PCC, e com grupos peruanos e colombianos que vivem nos dois países que fazem fronteira com o Vale do Javari."

Assim, o tráfico internacional  de drogas, armas, animais e pessoas ocorre livremente e os povos indígenas da região estão à mercê da bandidagem, sem nenhuma política pública de proteção e enfrentamento do gravíssimo problema, que inclui a defesa da soberania nacional, em última análise. É bom lembrar que a Amazônia também pertence à humanidade, conforme o Princípio 2 da Declaração do Rio (1992), "que estabelece o direito soberano aos recursos naturais desde que seu uso seja responsável e não venha a afetar direitos internacionalmente estabelecidos", conforme lembra outra matéria da publicação, sobre o assunto.


ESTATÍSTICAS |  Realidade brutal

Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, 58% da população convive com algum grau de insegurança alimentar. (...) Em 2021, o País registrou mais de 56 mil estupros, um a cada dez minutos. (...) Da mesma forma, foram registrados 1.319 casos de feminicídio no Brasil, um a cada sete horas. 

> Ana Paula Gussen, em Mulheres na mira, matéria em CartaCapital de 22/jun/22 


ECOLOGIA | Menos consumo de carne:

a floresta agradece


Aqui na Alemanha, a carne é como as armas nos EUA: ninguém quer saber de mexer no assunto. Eu sou vegetariano, mas não vejo problema nenhum no fato de as pessoas quererem comer carne. O problema é a quantidade, e também o fato de querermos criticar o desmatamento em países como o Brasil quando continuamos a consumir essa quantidade. Vamos ter de que escolher: mais floresta ou mais carne.

> Peter Vohlleben, em seu livro A Sabedoria Secreta da Natureza


VIVÊNCIAS | O que mais me encanta
na Europa

Também acho uma beleza a Torre Eiffel, o Big Ben e a Fontana de Trevi, mas o que mais me encanta na Europa não são as  atrações turísticas, e sim o estilo de vida. Lá o transporte público é levado a sério, carro não é símbolo de status. Como os prédios antigos não têm garagem, a população procura se locomover de bicicleta, ônibus e metrô, nos casos em que não dá para ir a pé. As mulheres não são julgadas pelas suas rugas e estado civil. (...) A nudez não escandaliza. Nas praias, o topless é considerado uma atitude naturalista, e até nos parques o pessoal tira a roupa sem constrangimento, é uma saudação ao sol. (...) O corpo despido nem sempre está associado ao sexo, denudar-se em público tem nada de erótico. Está tudo certo, ninguém agride, ninguém reprime.

Martha Medeiros, em sua crônica Passagem para outro país, em Zero Hora de 25-26/jun/22


CURIOSIDADES | Duelo
nas alturas

Em 1808 dois franceses resolveram duelar pelo amor de uma mulher, coisa que pelo visto saiu de moda. Mas enfim, até aí, nada demais, a não ser o local da demonstração de hombridade: um balão. Já com os dois nas alturas, um dos balões furou por causa do tiroteio, perdeu altitude e seu ocupante morreu na queda. 

Piolhos reais


Ainda em 1808, a família real portuguesa fugiu às pressas para o Brasil para não cair nas mãos das tropas napoleônicas. Antes do desembarque na Cidade Maravilhosa, a mulherada a bordo teve que raspar a cabeça em função de piolhos! A solução foi usar um turbante na cabeça, as cariocas acharam que era a última moda europeia e aderiram.

> Fonte: Revista Mundo Estranho, de out/17



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Humboldt e Euclides da Cunha: visões opostas sobre a Amazônia: encantamento e desprezo


27 junho 2022

ALEMANHA: do belicismo ao pacifismo/ Deodoro: telefonia em Porto Alegre/ Lições de Porto-Alegrês/ Leis da procura indireta e da telefonia

 



ALEMANHA | Do belicismo

ao pacifismo

Andei relendo alguns trechos do livro Alemanha, 1945 (Companhia das Letras, 483 p.), de Richard Bessel, professor de História de York, em que o autor aborda os últimos momentos do regime hitlerista e o período que se seguiu no qual os aliados deram as cartas num país completamente arrasado pela guerra que ele mesmo provocou. No início de 1945, bravatas à parte, era evidente, para Hitler e seu alto escalão, que a vitória de seus inimigos se descortinava no horizonte, mas não queriam sob hipótese alguma que se repetisse a humilhante capitulação de 1918.


Firmaram-se na ideia de lutarem até o fim, custe o que custasse, e que seu "sacrifício" servisse de exemplo e inspiração para as gerações futuras, caso retomassem o conflito. "No entanto, a derrota total que o Terceiro Reich legou ao povo alemão teve o resultado contrário. Converteu um país conhecido por reverência aos militares num país radicalmente voltado para o pacifismo", diz o professor no capítulo conclusivo da obra. Ao que parece, povos, ao longo de sua história, precisam viver certos momentos difíceis de superação exigida para que aprendam lições importantes, mesmo que duras e amargas, se é que me fiz entender nas entrelinhas... 



HISTÓRIA | Dias finais do Império,
dias iniciais da República (6)


O marechal alagoano Deodoro da Fonseca, figura de destaque na Guerra do Paraguai (1864-1870), em 1886, que já exercia o cargo de comandante de armas da província do Rio Grande do Sul, acumulou mais uma função: a de ser presidente interino da província do extremo sul. Foi ele que inaugurou a primeira linha telefônica de Porto Alegre, uma novidade até então existente no Rio, Petrópolis, Niterói, São Paulo e Santos. Inicialmente somente estabelecimentos comerciais tiveram o privilégio de contar com o serviço.

> Fonte: 1889, de Laurentino Gomes




METAVERSO | Deu no Twitter

Na 1ª fase da Era Digital, o trabalho mudou muito. Mas nada comparado ao grau de exploração imposta pelo metaverso, a 2ª fase da digitalização. Por 1 semana, estiveram no metaverso. Resultado: náuseas, cansaço visual, incapacidade de fazer anotações, entre outros.

> Marcio Pochmann, economista e professor, @MarcioPochmann



LÍNGUA | Do dicionário
de Porto-Alegrês

Chimia = Vem do alemão schmier, que quer dizer graxalubrificante. A chimia não é propriamente uma geleia, que é uma espécie de calda concentrada. Ela contém também pedaços de fruta. É interessante observar que o verbo alemão Schmieren significa passar algo pastoso numa superfície lisa, tipo manteiga no pão. Aliás, adivinhem de onde veio o verbo ŝmiri [ch-mi-ri] do esperanto... Tem o sentido de lambuzaruntarbesuntarlubrificarengraxar...

Chinelão = Chamar alguém de chinelão é atribuir à pessoa um qualificativo não muito lisonjeiro, com o significado de bagaceiropobretãomal arrumadomal educado e outros tantos termos da riquíssima língua portuguesa...


HUMOR | Lei da procura indireta

* O modo mais rápido de encontrar alguma coisa 
é procurar outra.

* Você sempre encontra aquilo 
que não está procurando.

Lei da telefonia

* Quando te ligam: se você tem caneta, não tem papel. Se tiver papel, não tem caneta. 
Se tiver ambos, ninguém liga.

* Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estão ocupados.

* Parágrafo único: todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone.

> Autor não identificado


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    LITERATURA | Ignácio de Loyola Brandão:
o Brasil vive uma distopia



23 junho 2022

Canção pra Amazônia

DEMOCRACIA: futuro incerto/ As árvores se intercomunicam/ Os lobos de Yellowstone/ A mula absolvida/ Maconha no Brasil Colonial

 



ELEIÇÕES | O futuro incerto 

da democracia

Como disse certa vez o cientista social Celso Rocha de Barros, em sua coluna na Folha, "não basta derrotar Bolsonaro, é preciso reorganizar uma democracia estável no Brasil. O democrata que vencer em 2022 tem que contar com uma oposição liderada por outros democratas." Não é esse o cenário que se vislumbra. (...) Em parte, isso se deve à debilidade do próprio campo democráticos, que se omitiu seguidas vezes de suas responsabilidades e ainda age como se fosse um clube do qual Lula não tem o direito de ser sócio.

> Fernando de Barros e Silva, jornalista, em seu artigo Quatro Funerais e um Casamento, publicado em Piauí de jun/22







ECOLOGIA | As árvores
se intercomunicam

Lançado em português o livro A Sabedoria Secretada Natureza (Ed. Sextante), do engenheiro florestal alemão Peter Wohlleben. "A natureza é como o mecanismo de um imenso relógio. Tudo funciona de forma perfeitamente organizada e interconectada", escreve ele na abertura da obra.

Nela, o autor analisa a complexidade comportamental não só de animais, bem como das árvores. Sim, árvores. De matéria recente do jornalista Reinaldo José Lopes, na Folha de S. Paulo, a respeito do livro, extraí algumas informações como estas: 

1. "Elas também trocam informações e nutrientes entre si, usando a rede de fungos que costuma conectar as raízes. Empregam ainda mecanismos engenhosos para proteger "filhotes" (as mudas) que crescem por perto ou  mandar mensagens químicas que alertam quanto à presença de "predadores" (animais herbívoros)."

2. Citando o autor: "As pessoas achavam que as florestas tropicais eram úmidas porque chove muito nelas, mas hoje está claro que é o contrário: a chuva é gerada justamente pela presença da floresta."




3. O autor não se limita a analisar o procedimento das árvores. Nos mostra que na Natureza, as relações que se estabelece na trama da vida evidenciam muitas vezes o quanto a ausência de um único elemento pode afetar o todo muitas. Dá como exemplo o retorno dos lobos ao Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA. Ao longo dos séculos 18 e 19 foram quase que dizimados por inteiro, em função da perseguição que sofreram por parte do homem. Com a criação do parque, os grandes herbívoros ficaram protegidos do lobo predador. Consequências: uma superpopulação de alces, que devoraram as árvores jovens, o que determinou o desaparecimento dos castores, que usavam a madeira e outros materiais vegetais para se alimentarem e construírem suas represas. Além do mais, houve a erosão das margens dos rios, já que as árvores garantiam a estabilidade dos barrancos. Nos anos 1990, começou o processo de reversão da situação: os lobos foram reintroduzidos no parque... 

Mas enfim, para finalizar, cabe de minha parte a seguinte observação: a ideia de um Universo Inteligente, que o exposto acima corrobora, é mais digno de credibilidade do que pensar-se que tudo existe em função de um mero acaso, da simples inter-relação de forças cegas. No meio científico, tal discussão começa a dar seus primeiros passos.


CURIOSIDADES | A mula que foi
absolvida em julgamento

Em 1750, na França, uma mula foi pega em flagrante delito por intercurso sexual com um homem. Felizmente pessoas que a conheciam testemunharam no tribunal a seu favor, enfatizando seu bom caráter, coitada da mula! Já o homem, bem, foi enforcado. 

Maconha
cultivada no Brasil Colonial

Em 1785, Luiz de Vasconcelos e Souza, vice-rei do Brasil, envia a São Paulo 16 sacas de sementes de maconha e um manual de cultivo. Não, distinto leitor e estimada leitora, não é o que vocês estão pensando! O cânhamo, subproduto da verdinha, era bom para se fazer tecido.

Fonte: Revista Mundo Estranho, de out/2017


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1889: a  imprensa republicana/ "Macaco", não! (2)/ Deu no Twitter/ Do dicionário de Porto-Alegrês/ Humor: leis básicas da Ciência




20 junho 2022

1889: a imprensa republicana/ "Macaco", não! (2)/ Deu no Twitter/ Do dicionário de Porto-Alegrês/ Humor: leis básicas da Ciência

 





HISTÓRIA | Dias finais do Império,
dias iniciais da República (5)

Em 1889 havia no país quase 250 clubes republicanos, 204 deles no Sul e no Sudeste. 74 jornais pregavam o fim do regime monárquico, com destaque para a Gazeta de Notícias, o Diário de Notícias, o qual tinha Rui Barbosa como colaborador, e O País. Nos pasquins e publicações satíricas, Pedro 2º era chamado de Pedro Banana e Pedro Caju. Tempos sem censura, o que se devia à maneira de pensar do Imperador. Com o advento da República, no dia 16 de novembro de 1889, o jornal A Federação, de Porto Alegre, órgão do Partido Republicano Rio-Grandense, não deixou por menos:
"A República está proclamada! A unidade da Pátria está salva! Tudo em plena paz. Eis a eterna glória, a glória sem egual d'este grande povo, que assim realisa o solemne e commovente espectáculo, nunca d'antes presenciado, de operar em seu systema de governo uma profunda revolução, incruenta, sem effusão de sangue, immaculada, em meio do mais expontaneo regozijo nacional. Exemplo único em toda a história, este que offerece a nossa amada Pátria."

Iniciava assim a chamada República Velha - quarenta anos de descalabros de toda ordem. Um episódio que não deixa de ter seu lado curioso: a população da antiga Desterro, capital de Santa Catarina, era predominante monarquista, contrária à República. No mandato de Floriano Peixoto (1839-1895), a cidade fazia forte oposição ao seu governo, marcadamente de traços ditatoriais. O que fez Floriano? Acionou o Exército para acabar com isso, o que resultou no fuzilamento de 300 habitantes da cidade. Além do mais, Desterro viu-se forçada a mudar de nome. Como castigo, iria ironicamente passar a se chamar Florianópolis, designação até hoje contestada pelos que propugnam a volta do antigo nome.


Fontes | 1889, de Laurentino Gomes

O Longo Amanhecer do Sul, O. Soria Machado

Wikipédia - Florianópolis: 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Florian%C3%B3polis






RACISMO | "Macaco", não! (2)

Costumo dizer que não tenho nada contra os brancos. Minha desavença é com os racistas. Ou melhor: com o racismo que está impregnado em nossa sociedade e se manifesta nas situações mais comuns. Nem sempre as pessoas que expressam preconceito desejam realmente discriminar. Muitas vezes, agem por impulso, sem perceber a imensa dor que causam. Chamar negros de macacos pode não parecer tão ofensivo para um branco. Há quem ache que o xingamento é uma brincadeira. Estão redondamente enganados. Nenhum branco faz ideia do que os negros sentem quando são desumanizados.
Mario Aranha, ex-jogador de futebol, atualmente atuando em um cargo administrativo no Mogi Mirim, clube paulista da quarta divisão. Abandonou as chuteiras há quatro anos.


IMPERIALISMO | Deu no Twitter




Relatório norte-americano de maio de 2022 afirma que a segurança alimentar da China é uma ameaça à segurança dos EUA. Impressionante. Nem disfarçam mais... Fernando Horta, historiador. @FernandoHortaOf


LÍNGUA | Do dicionário
de Porto-Alegrês




Dsê-bobo - A pronúncia real de "Deixa de ser bobo": Dsê-bobo, guri!

Guri que deu bom! - Pode haver elogio maior do que esse para um cara já adulto?

Patente = vaso sanitário. Termo usado apenas em contextos mais informais...

Pé-na-bunda = Expressão não muito delicada para designar o ato de ser mandado embora, dispensado do emprego: Tanto aprontou que acabou levando um pé-na-bunda da guria.

Fonte | Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer, professor de Literatura da UFRGS e escritor



HUMOR | Leis básicas
da ciência moderna

- Se mexer, pertence à Biologia.
- Se feder, pertence à Química.
- Se não funciona, pertence à Física.
- Se ninguém entende, é Matemática.
- Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
- Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido é Informática.

Autor não identificado


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CEM IDEIAS | Isabel Allende: "Violeta"/ Mario Aranha, Rafael Ramos: racismo no futebol/ Ucranianos no Brasil: onde vivem?


16 junho 2022

CEM IDEIAS | Isabel Allende: "Violeta"/ Mario Aranha, Rafael Ramos: racismo no futebol/ Ucranianos no Brasil: onde vivem?

 




LITERATURA | "Violeta",
o novo romance de Isabel Allende

Acabei de ler o último romance da consagrada escritora chilena Isabel Allende (1942-...), há muitos anos vivendo nos EUA: Violeta. Uma palhinha do início da história, ambientada em um país nominalmente indefinido da América do Sul, mas facilmente identificável como sendo o Chile, que ter por uma capital um nome fictício Sacramento:
"Minha mãe supervisionava minha reza antes de dormir: eu devia saber rezar em espanhol, porque as orações em inglês podiam ser heréticas e vai saber se eram entendidas no céu."

Por que em inglês? Por que sua preceptora era supostamente inglesa, contratada pelo seu pai e vindo diretamente de Londres...


Mas enfim, Violeta, nome da protagonista, nasce em 1920 e só vem a falecer em 2020, um século depois. Sua vida transcorre em meio à Gripe Espanhola, à Grande Depressão, na qual seu pai perde toda sua fortuna, bem como outros acontecimentos históricos como as duas Grandes Guerras, além de outros tantos, até chegar à Pandemia do Covid-19, sem falar em seus encantos e desencantos amorosos, bem como seu processo de conscientização política, na qual o golpe de Pinochet (sem referência ao nome) terá um papel importante, e fará com que ela se engaje na luta pelos direitos das mulheres ao mesmo tempo em que sofre com a perseguição sofrida por um de seus filhos por parte de um regime militar perfeitamente identificado pelo leitor.


IDEIAS |  "Macaco", não!

Na revista Piauí de junho, um artigo sob a forma de carta do ex-jogador Mario Aranha endereçada ao jogador corinthiano Rafael Ramos, que sofreu recentemente um ato de racismo por parte de um jogador do Internacional, em jogo no Beira-Rio. 

Aranha, ao longo de sua carreira, também foi vítima de atitudes racistas. Vale lembrar o lamentável episódio envolvendo a torcida do Grêmio, em disputa pela Copa do Brasil de 2014. Teve que ouvir gritos de "preto fedido" e "macaco". O STJD - Supremo Tribunal de Justiça Desportivo, como punição, excluiu o clube da Copa do Brasil, decisão que acabou sendo revogada, graças ao famoso jeitinho brasileiro, neste país em que a impunidade rola solta.

Num dado momento, narra o que aconteceu com ele numa ocasião, durante uma viagem de avião:

"Quando jogava pelo Santos, peguei um voo comercial. Durante a viagem, uma passageira branca perguntou para um segurança negro do clube: 'Aquele é o goleiro Aranha?' O segurança confirmou. A passageira logo emendou com uma observação surreal: 'Não sei por que o cara reclamou tanto dos torcedores que o chamaram de macaco. Um bicho tão simpático, tão fofinho..." Sem elevar a voz, o segurança retrucou: 'A senhora gostaria que a chamassem de vaca ou de galinha? Também são bichos simpáticos, fofinhos...'"

Enfim, está na hora de o brasileiro começar a deixar de lado os velhos mitos de "democracia racial", "povo fraterno" e ter a coragem de assumir suas sombras de frente e buscar a cura, sem subterfúgios, naturalmente que num longo processo de conscientização. Enfim, amadurecer como povo e dar efetivamente sua contribuição na construção de um mundo melhor.


IMIGRAÇÃO | Ucranianos

no Brasil


Memorial Ucraniano | Parque Tingüi, Curitiba
 

O Brasil abriga a maior comunidade ucraniana na América Latina, cerca de 500 mil a 600 mil pessoas. A maioria está no Paraná. No Estado [RS], boa parte vive em Canoas. São cerca de 50 famílias. (...) [No RS] há ucranianos em Ivoti, Porto Alegre, em Canoas [segundo entrevistada para uma reportagem de jornal]. (Zero Hora)


Imagem | Parque Ucraniano: fotografo Jean Servais Henri Colemonts, CC BY-SA 3.0 <http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/>, através da wiki Wikimedia Commons


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CEM IDEIAS | Rio 40 graus/ Ideias/ O blefador da República/ Loiras de cabelo escorrido/ Imposto sobre a barba/ Kilt

https://cesardorneles4.blogspot.com/2022/06/cem-ideias-rio-40-graus-ideias-o.html

 

13 junho 2022

CEM IDEIAS | Rio 40 graus/ Ideias/ O blefador da República/ Loiras de cabelo escorrido/ Imposto sobre a barba/ Kilt

 



HISTÓRIA |  Dias finais do Império,
dias iniciais da República (4)

Do jornalista francês Max Leclere, que chegou ao Rio ao final de 1889:
"Sob o clima abrasador, em uma cidade em que o termômetro atinge facilmente os 40 graus à sombra, (...) os brasileiros se obstinam a viver e a vestir como se fossem europeus. Eles trabalham nas horas mais quentes do dia, das 9h da manhã às quatro da tarde, como se fossem negociantes londrinos. Eles passeiam nas ruas trajando jaquetões escuros, cartolas de copa alta e se submetem ao martírio com a mais perfeita resignação."

Aliás, li certa vez que em Salvador, a primeira capital do Brasil, as pessoas usavam roupas de veludo mesmo sob um sol escaldante... 

> Fonte: "1889", de Laurentino Gomes





IDEIAS | Frases

Inteligência militar: são dois termos contraditórios. (Grouxo Marx) *** Contempla a maravilha que constitui a existência e alegra-te de disfrutar dessa possibilidade. (Ted Chiang) *** Só pode ser justo quem pode pôr-se no lugar de outros. (George Gurdieff) *** Para poder ensinar todos os homens a dizer a verdade, é preciso que aprendam a ouvi-la. (Samuel Johnson) *** A alegria é o vinho doce da vida. (Henry Ward Beecher) *** No Instagram, a vida é editada. (Vera Iaconelli) *** Você é do tamanho de seu sonho. (Fernando Pessoa)   


IDEIAS | Deu no Twitter




O blefador da República tenta jogar blefe todo dia. Joga desconfiança na vacina, nas urnas, nas cortes. Ele só acredita nas mentiras dele. Fica ali no Alvorada contando mentiras, transmitindo ódio, quando o povo é de paz. O Brasil precisa voltar à normalidade. Lula. @LulaOficial





HUMOR | Loiras
de cabelo escorrido


Como seria se os holandeses tivessem derrotado os portugueses e colonizado todo o Brasil? Para começar, nossos padrões de beleza seriam completamente outros. Em vez de morenas, nossas mulheres seriam loiras de cabelo escorrido, e a brasileira mais conhecida no mundo seria uma longilínea do tipo nórdico, chamada Gisele ou coisa parecida. Nem dá para imaginar.

> Luis Fernando Verissimo, fragmento do crônica Como seriaem O mundo é bárbaro


CURIOSIDADES | Diga  não 
à barba
 

Pedro, o Grande (1672-1725), imperador da Rússia, em 1698 criou um imposto sobre a barba. A intenção era desestimular o uso da mesma, numa tentativa de aproximação cultural com a Europa Ocidental. Os barbeiros não devem ter gostado muito da ideia.

Kilt 

Se o distinto leitor ou a estimada leitora, como diria o Karnal, imagina que o kilt foi inventado nas Terras Altas escocesas, está deveras enganado(a)! A bela vestimenta, que aliás não seria muito apropriada para o friozão de renguear cusco dos pampas, foi criada por um inglês de nome Thomas Rawlinson, num dia de rara inspiração.

Fonte: Revista Mundo Estranho de out/17 

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CEM IDEIAS | "Desculpe o pó"/ A vila de Elis Regina/ Visões elitistas/ Amazônia: dinheiro para o bolso de poucos




09 junho 2022

CEM IDEIAS | "Desculpe o pó."/ A vila de Elis Regina/ Visões elitistas/ Amazônia: dinheiro para o bolso de poucos

 





PERSONALIDADE | A espirituosidade
de Dorothy Parker



Dorothy Parker (1893-1967), escritora, roteirista de cinema e crítica de teatro e literatura, foi um dos nomes de destaque no meio cultural dos EUA na década de 20 do século passado. Segundo Ruy Castro, jornalista e escritor, suas tiradas tornaram-se mais lembradas do que sua própria obra, como afirmou em artigo recente de jornal. Vejamos alguns exemplos: sobre seu ex-marido Eddie Parker, afirmou certa vez: "Era tão  burro que conseguiu quebrar o braço fazendo ponta no lápis." Sobre um cara bonitão que a esnobou certa vez: "O corpo lhe subiu à cabeça." A respeito de um livro novo na praça: "Este não é um livro a ser deixado casualmente de lado. É para ser atirado longe." Conta-se que de certa feita uma amiga lhe confidenciou: "Já decidi. Quero envelhecer com dignidade." Dorothy sem titubear disparou: "E você conseguiu?" De sua autoria, um conhecido epitáfio: "Desculpe o meu pó."




Largo Elis Regina, no IAPI


MEMÓRIAS | 
A vila do IAPI

O jornalista, escritor e colunista porto-alegrense David Coimbra, falecido recentemente, vítima de câncer, demonstrava em algumas de suas últimas crônicas seu carinho pela Vila do IAPI, lugar em que viveu quando em sua infância e juventude. Em uma delas, referiu-se a essa área urbana planejada, que faz parte do Passo d'Areia, bairro em que resido há quase 17 anos, na zona norte da capital gaúcha. Coimbra definiu-a como "uma ilha cercada de Porto Alegre por todos os lados". O fato é que o local tem valor arquitetônico e histórico, por ser considerado o condomínio mais antigo de continente, segundo a Wikipédia. Inaugurada em 1953, ainda no governo de Getúlio Vargas, teve seu nome ligado ao antigo Instituto de Aposentarias e Pensões dos Industriários, que financiava  projetos de habitação popular em várias cidades do país. 

É nela em que a porto-alegrense Elis Regina, a grande intérprete da música popular brasileira, viveu até os primeiros anos de sua juventude. Em sua área, o núcleo residencial dispõe de uma enorme área verde: o Parque Alim Pedro, com 45 mil m2, onde há um campo de futebol designado como "Estádio Alim Pedro". 

No IAPI, como é chamado, morava um tio-avô meu e sua família, o qual meu núcleo familiar visitava com certa frequência. Uma das lembranças mais marcantes que tenho dele era seu costume de guardar em seu roupeiro e até mesmo embaixo da cama, se não me engano, os exemplares de domingo, pelo menos, que adquiria do antigo Correio do Povo, seu jornal preferido. 


IDEIAS | Modernismo:
visões elitistas

No centenário da Semana [de Arte Moderna], a pergunta realmente necessária é: por que motivo os relatos do modernismo brasileiro continuam a girar quase exclusivamente em torno de expressões eruditas, como literatura, pintura de cavalete, música sinfônica, e a ignorar o Carnaval e o samba, o cinema e a fotografia, as revistas ilustradas e as artes gráficas? Por que privilegiar as discussões entre alguns poucos intelectuais e fazer ouvidos moucos para a vida intelectual da maioria?

> Rafael Cardoso, doutor em história da arte, em seu artigo Hora de passar a palavra, publicada em Folha de S. Paulo de 05/jun/22



IDEIAS | Em defesa
dos povos indígenas

Quando as pessoas desmatam, grilam as terras, não é para melhorar a economia do país. Não é para acabar com a fome do país. Nada disso fica no país. A produção de soja e do gado é para exportação e esse dinheiro vai para o bolso de poucas pessoas.

> Samela Sateré Mawé, ativista ambiental, em entrevista  à Folha de S. Paulo de 05/jun/22


Imagens | Dorothy Parker: Bain News Service, publisher, Public domain, através da wiki Wikimedia Commons

Vila do IAPI: Obirici, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, através da wiki Wikimedia Commons


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CEM IDEIAS | Lisístrata: greve de sexo/ O brasileiro volta-se para a Esquerda/ Lições de Porto-Alegrês/ Varíola de macacos




08 junho 2022

CEM IDEIAS | Lisístrata: greve de sexo/ O brasileiro volta-se para a Esquerda/ Lições de Porto-Alegrês/ Varíola de macacos

 





TEATRO | Lisístrata
e sua greve do sexo



Lisístrata, peça de teatro da Antiga Grécia, escrita por Aristófanes (446-386 a.C.) e encenada pela primeira vez em 411 a.C. é uma das leituras obrigatórias para o vestibular de 2023 da UFRGS. Em estilo de comédia, a peça faz uma crítica em relação à guerra e às questões de gênero. Nada mais atual, não é mesmo? Nela, a personagem principal, Lisístrata, instiga as mulheres tanto de Atenas quanto as das cidades envolvidas no Guerra do Peloponeso (431-404 a.C) a promoverem uma greve de sexo como forma de pressionar seus maridos a pôr fim ao conflito. "Lisístrata", esclarece o professor Francisco Marshall, em sua coluna quinzenal de jornal, foi um nome inventado pelo dramaturgo, formado por duas palavras do grego antigo: lysis, que quer dizer dissolução, entre outras coisas, e stratós, exército. Em 1976, lembra o colunista, Augusto Boal (1931-2009), inspirado em Lisístrata, escreveu Lisa, a Mulher Libertadora,  a qual  em  sua encenação contou com a bela música Mulheres de Atenas, de Chico Buarque.


PESQUISA | O brasileiro está se posicionando
mais à esquerda

"A identificação dos brasileiros com espectro ideológico de esquerda cresceu e alcança hoje 49% da população brasileira, segundo o Datafolha", diz matéria da Folha de S. Paulo de 05/jun último ao divulgar os dados da pesquisa realizada pelo instituto entre 25 e 26 de maio, com 2.556 pessoas acima de 16 anos, em 181 cidades. Lula Tal índice representa um aumento de 8% em relação àquele apontado em 2017, ano da pesquisa anterior. Por outro lado, os índices em relação à direita sofreram uma queda de 40% para 34%, enquanto que 17% se alinham com o centro.

Vejamos alguns dados a respeito de temas que definem a divisão ideológica entre os dois campos:

> No presente momento, Lula conta com 48% da preferência de votos para o primeiro turno.

> Em 2017, 58% dos entrevistados acreditavam que os sindicatos ocupavam-se mais em fazer política do que defender o trabalhador. Hoje o índice caiu para 50%, provavelmente por influência da reforma trabalhista.

> Em termos econômicos, o apoio à esquerda aumentou de 44% para 50%.

> O apoio ao armamento da população caiu de 43% para 35%.

> 61% opinaram contrários à pena de morte, índice que aumentou em 6% em relação aos dados de 2017.

> A ideia de aceitação da homossexualidade por parte da sociedade contou com o apoio de 76% dos entrevistados, um índice maior do que os 70% de 2017.

De acordo com a reportagem, em 2017 o Datafolha desenvolveu uma escala com a intenção de terminar o perfil ideológico do brasileiro, em termos de esquerda, centro-esquerda, centro-direita e direita, levando em conta o teor das respostas. 

LÍNGUA | Do dicionário
de Porto-Alegrês



A dar com o pau = em grande quantidade: Na festa tinha gente a dar com o pau.

Bunda-mole = covarde

Capaz = O significado varia conforme a entonação e acompanhamentos: Capaz! - Não. Bem capaz!, Mas capaz! = Claro que não! Capaz?! = Sério!?

Horror = Muito(a): Tinha um horror de gente! Tá um horror de caro!

Fonte: Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer




IDEIAS | Varíola 
de macacos

Conhecimento empodera; medo debilita e paralisa. Sabe o que paralisa também? Falta de investimento. por exemplo, os virologistas africanos há décadas solicitam subsídios para estudar a varíola de macacos, uma zoonose típica africana. Ela é causada por um vírus parente do da varíola que infecta símios e gente, mas comumente encontrado em roedores. Porém, assim como no caso da dengue, eles são sumariamente ignorados com uma desculpa dessa ser uma doença tropical, de pouco interesse mundial. Só que acabou essa coisa de doença que fica num lugar só, correto?

Cristina Bonorino, imunologista, pesquisadora 1B do CNPq e professora titular da UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre


Imagem | 

Lisístrata: KaDeWeGirl, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, através da wiki Wikimedia Commons


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