29 março 2022

MOSAICO | Minhas viagens/ Brasil/Uruguai: históricas disputas de fronteira/ Os quintos dos infernos. E mais.

 





Viagens

Em sua crônica Dicas de Viagem?, Leandro Karnal fala a respeito de suas múltiplas viagens ao longo da vida. Com 24 anos fez uma viagem pela Europa em que conheceu 37 cidades, mesmo com o dinheiro limitado e tendo que se hospedar em hotéis em que às vezes tinha que dormir vestido, disse ele, por uma questão de higiene... Depois dos 30, criou o costume de viajar por apenas um país. Já quarentão, hospedava-se em apenas em um lugar, como Roma, aproveitando o tempo para também fazer incursões como por exemplo a Assis ou Montecassino.

Bem, quanto a mim, naturalmente que meu número de viagens ao Exterior foi bastante reduzido comparado com as dele e somente pude desfrutar das oportunidades em função de condições financeiras favoráveis que surgiram, independentes de meu limitado salário de professor. Ao todo sete países, em diferentes épocas: Cuba (a primeira ao hemisfério norte, 1988), Argentina (5 vezes), Uruguai (5 vezes), Chile, República Tcheca (1996, Congresso Mundial de Esperanto), Itália (3 vezes) e Portugal (2 vezes, Lisboa, duas noites em cada). Tal como Karnal, gostaria de fazer uma viagem que incluísse dessa vez apenas Roma. Por que apenas Roma? Bem, é Roma...


Disputas de fronteiras Brasil/Uruguai

Pouca gente sabe, mas na confluência dos rios Uruguai e Quaraí, no Rio Grande do Sul, existe uma pequena ilha de 2 km2, inabitada, que é reivindicada pelo Uruguai desde o séc. 19, apesar de um tratado entre os dois países assinado por Dom Pedro 2º em 1851 em que se estipulava que as ilhas na foz do rio Quaraí delimitaria a divisa em favor do Brasil. Para os uruguaios, a ilha já se encontra no rio Uruguai e não mais no rio Quaraí, o que legitimaria sua pretensão.

Outro motivo de disputa tem a ver com a chamada Região de Artigas, a 220 km mais a leste, em que situa-se a Vila Thomaz Albornoz, no município brasileiro de Santana do Livramento, em que vivem 40 famílias. De acordo com a Folha de S. Paulo, que visitou o lugarejo em 2019, o moradores reclamam da falta de assistência por parte do governo brasileiro e se sentem mais beneficiados pela infraestrutura próxima, uruguaia.
Fonte | Superinteressante (nov/2018) e www.bbc.com/portuguese


Você sabia?



Por que a clara do ovo, que é transparente, fica branca quando exposta ao calor excessivo de uma frigideira, p. ex? Porque a albumina, principal proteína do ovo, se aglutina e muda de cor, como ocorre quando se bate as claras.

O primeiro trêiler surgiu em 1912, quando o produtor Nils Granlud fez um vídeo de um minuto para promover um novo show da Broadway. A moda pegou e em 1912, foi usada pela primeira vez com vistas à divulgação de um filme: The Adventures of Kathly, que era passado em outras sessões. Mas apenas com os primeiros minutos do filme...

A querida leitora ou o estimado leitor do blogue por acaso sabem a origem da expressão quintos dos infernos? Não? Pois bem: quinto era o nome popular que se dava à taxa destinada à Coroa Portuguesa pelo ouro brasileiro advindo das minas gerais. O navio que partia de Portugal, responsável pelo transporte do ouro recolhido como imposto, era chamado pelos portugueses de nau dos quintos. Como levava consigo também exilados, passou a ser conhecido como nau dos quintos dos infernos, ou simplesmente quintos dos infernos. Coitados! Exilados para o Brasil.


Humor


Uma mulher conta à amiga:
- Meu marido está fazendo a dieta das três semanas.
- Nossa, que legal! E quanto ele já perdeu?
- Duas semanas!

Pra gaúcho esse tal de Viagra é overdose.
Leonel Brizola

Os italianos inventaram a mamma; um austríaco, em represália, inventou a psicanálise.
Roberto Pompeu de Toledo

O brasileiro gosta de uma fila. 
É só ver uma que já encosta.
Rubens Bagatella



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Mosaico | Ana Terra/ A menor rua de Porto Alegre/ Ideias regadas a vinho/ Cabeças Pensantes

28 março 2022

A elitização do futebol, a decadência do espetáculo

 




Até décadas atrás, havia no estádio Beira-Rio, por exemplo, a chamada coreia, uma faixa na parte inferior da arquibancada na qual as pessoas de menor poder aquisitivo pagavam um preço menor e podiam com isso assistirem aos jogos, mesmo que de pé. No Maracanã, havia a chamada geral, com igual propósito. Com o advento das arenas e transformações arquitetônicas dos grandes estádios para se adaptarem a uma nova mentalidade de geração de rendas, o futebol se elitizou, em nome de um negócio mais lucrativo e que possibilitasse a manutenção dos salários estratosféricos do plantel, além de outras motivações.

"Com a ascensão exponencial do capitalismo em escala global, a lógica de espetacularização se alastrou em diferentes em diferentes setores sociais onde fosse encontrado espaço para desenvolvimento de um sistema mercadológico. O futebol foi um deles", escreveu a jornalista Joana Berwanger em matéria recente para o Sul21, saite gaúcho de notícias e opinião.


Se antes todas as classes sociais estavam representadas em dia de jogo, hoje isso não acontece mais. Uma verdadeira segregação, em nome da exploração financeira pura e simplesmente que faz com que a identidade popular do esporte esteja atualmente seriamente prejudicada. Para quem procura enfrentar as adversidades da vida ganhando apenas um salário mínimo e às vezes nem isso, o valor dos ingressos, gastos com transporte e alimentação tornam a ida aos estádios e arenas algo inviável. 

Além do mais o futebol praticado em campo hoje em dia já não possui mais o brilhantismo de antes. Como disse Eduardo Galeano, em seu livro Futebol ao Sol e à Sombra (2004), o futebol atualmente "não é organizado para ser jogado, para impedir que se jogue", frase lembrada pela articulista. Disso resulta na situação de se ter valores de ingresso com preços abusivos para assistir-se a um espetáculo cada vez menos atraente e ainda sob o risco de ser agredido por participantes de torcidas organizadas ansiosos por extravasarem seus instintos de violência. Até quando?


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Mosaico | Ana Terra/ A menor rua de Porto Alegre/ Ideias regadas a vinho/ Cabeças Pensantes


25 março 2022

CABEÇAS PENSANTES | Olhem-se menos no espelho!/ Vida abundante/ Liberação das máscaras. E mais.

 




Olhem-se menos no espelho

Jovens, olhem-se menos no espelho, pelo amor de Deus. Tenho certa preocupação em como serão os egos. Fico vendo as crianças, os adolescentes, e penso: o que vai acontecer na vida dessas pessoas que ouvem o tempo todo que são maravilhosas e incríveis?! A vida é feita de aprovações e desaprovações. Lidar com frustrações é importante. Tenho a impressão que não há mais espaço para frustração.
Marieta Severo, atriz


Em abundância

Olho para trás e o que vejo me agrada. Vivi com abundância, a palavra melhor é essa. Abundância bibliográfica de países, de línguas e culturas. Abundâncias de situações, as favoráveis e as adversas. Abundâncias de encontros com pessoas preciosas, com criaturas admiráveis, e alguns poucos canalhas, úteis como referência. Trabalhei em muitas coisas diferentes e de todas gostei, porque de cada uma fiz um degrau de aprendizado que me permitiu desempenhar a próxima.
Marina Colasanti, escritora


A liberação das máscaras

Liberar o uso de máscara em locais fechados, com a pandemia ainda em curso, tem um nome: brincar com a vida alheia. O que incomoda tanto no porte de um protetor eficaz que não traz prejuízo alguma ao usuário? Uma hipótese radical insinua-se no texto: cálculos eleitoreiros.
Juremir Machado, jornalista e escritor


Frases


Nem todas a verdades são para os ouvidos.
Umberto Eco, filósofo e escritor

Propaganda é a arte de persuadir os outros
sobre as coisas nas quais você não acredita.
Abba Eban, diplomata

Sexo é uma via de quatro mãos.
Anônimo

Criar filho é como jogar videogame:
a fase seguinte é sempre a mais difícil.
Sílvio Arthur Dias da Silva, advogado


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MOSAICO | Ana Terra/ A menor rua de Porto Alegre/ Ideias regadas a vinho/ Cabeças Pensantes

22 março 2022

MOSAICO | Ana Terra/ A menor rua de Porto Alegre/ Ideias regadas a vinho/ Cabeças Pensantes

 



Andanças literárias

Encontro-me na capitania de São Pedro do Rio Grande, em meio às páginas de Ana Terra, novela de Erico Verissimo que faz parte de sua obra O Tempo e o Vento, o grande clássico da literatura gaúcha. Mais uma de minhas releituras recentes e a impressão é que o ato de ler me parece mais prazeroso, pois agora, mais amadurecido, presto mais atenção nos detalhes e na maneira pela qual o autor conduz a história. No séc. 18, a família Terra, proveniente de Sorocaba - pai, mãe e três filhos - vivem o duro cotidiano na estância de sua propriedade, sujeitos aos saques ocasionais por parte de bandoleiros. Até que um dia dão socorro e abrigo a um jovem índio mestiço, vindo da região das missões jesuíticas, após a expulsão dos padres castelhanos.



[D. Henriqueta] tinha saudade de Sorocaba, de sua casa, de seu povo. Lá pelo menos não vivia com o pavor na alma. Às  vezes, temia ficar louca, quando o filho ia com a carreta para Rio Pardo, o marido saía a campear com o Horácio e ela ficava ali no rancho sozinha horas e horas com a filha. Ouvia contar histórias terríveis de mulheres que tinham sido roubadas e lavadas como escravas pelos índios coroados, que acabavam obrigando-as a se casarem com algum membro da tribo. (Extrato da obra)


Minhas ideias regadas a vinho |



É de se temer essa evolução tecnológica galopante em meio o egoísmo humano que comanda a sociedade.

"Tá todo mundo felizão na Semana do Consumidor", diz o comercial de TV. A mensagem de consumir para ser feliz nunca foi tão explícita.

Quando será que a mídia ocidental também irá ocupar-se, até a exaustão (como faz com guerras que lhe interessa cobrir), com a fome que assola o mundo?

Silêncio sobre os bombardeios no Iêmen. Silêncio sobre os conflitos intermináveis na África. Gritaria? Porque é na Europa.

Tá certo que os nosso políticos sejam admiravelmente experts em infectologia. Mas eu vou continuar usando minhas máscaras em qualquer lugar.




Cabeças Pensantes |

Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar: eu mato para roubar. Eduardo Galeano

Não ser dono da verdade não significa nunca poder ter razão ou jamais ter convicção a partir de evidências. Jean Bodrillard, em conversa certa vez com o jornalista gaúcho Juremir Machado

Não sei quem és, onde estás, qual o teu nome. Todavia, és a minha esperançaKierkegaard


Você sabia? |




A menor rua de Porto Alegre, situada no bairro Farrapos, tem 23 metros de comprimento e não é endereço de nenhum imóvel. Nem os moradores próximos sabem que se trata de uma rua até com nome: Rua Edson Luiz Souto, em homenagem a um estudante de 18 anos morto por policiais militares na Ditadura de 64. Na verdade, diga-se de passagem, a grafia está incorreta: era Luís com "s".


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MOSAICO | Andanças literárias/ Mão inglesa em Porto Alegre/ Ideias regadas a vinho/ Humor/ Curiosidades

 

21 março 2022

PESQUISA | Como o brasileiro se informa...

Pesquisa elaborada sob iniciativa do Congresso Nacional chegou à conclusão de que o WhatsApp, com 136 milhões de usuários no Brasil, é a principal fonte de informação do brasileiro em geral, uma preferência que incluiu 79% dos entrevistados *.


Em relação às demais fontes, foram mencionadas como instrumento de informação:

TV - 50% dos entrevistados,
YouTube - 49%,
Facebook - 44%,
Saites de notícias - 38%,
Instagram - 30%,
Rádio - 22%,
Jornal impresso - 8%.
Twitter - 7%.

No meu caso em particular, apontaria como fontes frequentes: saites de notícias, Facebook, TV, jornal impresso e Twitter, mais ou menos nessa ordem.

67% daquelas pessoas com mais de 60 anos, afirmaram que sempre buscam a TV para ficarem a par dos últimos acontecimentos. Tal índice cai para 40% na faixa entre 16 e 29 anos.

55% dos jovens nesta faixa de idade afirmaram que sempre veem vídeos no YouTube. 

Dos jovens na mencionada faixa, 40% sempre apelam ao Instagram na busca de informações.

Nas redes sociais, as atividades mais comuns entre os internautas são curtir postagens (41% das pessoas), compartilhar (20%), postar (19%) e comentar (15%).

* A pesquisa foi em feita em outubro último por telefone, com 2.400 pessoas de todos os estados + distrito federal, obedecendo à proporção de gênero, raça, região, renda e escolaridade.

Fonte | www.agenciabrasil.ebc.com.br

18 março 2022

CABEÇAS PENSANTES | Torcidas organizadas pra quê?/ BBB por quê?/ O voluntário na guerra.../ Ter amigos/ E mais.

 




Big Brother por quê?

[Por que as pessoas veem o Big Brother?] Essa pergunta me fascina. O primeiro a fazê-la de maneira tão explícita, mas em busca de uma resposta intelectual, foi o filósofo Jean Beaudrillard. Ele brincou com as possíveis respostas: por nada a terem a fazer na vida; por serem imbecis; por gosto de olhar pelo buraco da fechadura; pela democracia radical, a possibilidade de se identificar com um vencedor sem méritos pessoais, ou seja, se ele pode, eu também posso, sem ter que fazer algo extraordinário. Uma boa.
Juremir Machado, jornalista e escritor gaúcho




Torcidas organizadas pra quê?

O certo (...) é que não faz sentido haver torcida organizada tal como hoje se apresenta. Poderosa, ameaçadora e incontrolável, ela não agrega e torna beligerante o ambiente do estádio. Sei que os bens intencionados que integram estas torcidas podem se sentir injustiçados pela generalização, me desculpo por isso, mas um valor muito mais alto se levanta.
Maurício Saraiva, cronista esportivo, a respeito do sujeito que teria apedrejado o ônibus da delegação do Grêmio, recentemente, em dia de gre-nal, que acabou sendo suspenso.



Deu no Twitter |


O cara saiu do paraná e foi até a fronteira entre polônia e ucrânia para ser "voluntário na guerra". Estourou um míssil nas venta e descobriu que não tinha mais cueca limpa... 
Fernando Horta @FernandoHortaof



Ter amigos

Ter amigos é fundamental para encontrar sentido na existência. A amizade tem a capacidade de nos tornar mais humanos, mais vivos. Mas isso não quer dizer que as relações de amizade são fáceis ou que estejam "prontas". Ela dão trabalho e é preciso também lutar por elas, fazer por merecer, se esforçar. (...) Se a coisa degringolar e a amizade acabar, talvez ela nunca tenha existido.
Mario Sergio Cortella




Frases

É importante ter, mas sem que o ter não te tenha. Millôr Fernandes

Toda generalização é perigosa. Inclusive esta.
Alexandre Dumas Filho


A tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo.
Albert Schweitzer

16 março 2022

MOSAICO | Andanças literárias/ Mão inglesa em Porto Alegre/ Ideias regadas a vinho/ Humor/ Curiosidades


Mosaico de Gaudí, Parque Güel, Barcelona



Andanças literárias


Encontro-me no Rio de Janeiro, em meio às páginas de A Audácia dessa Mulher (releitura), de Ana Maria Machado, vencedora do Prêmio Machado de Assis, da Biblioteca Nacional, na categoria Melhor Romance, 1999. Como diz a contracapa, "é um livro sobre o amor e o ciúme, a fidelidade e a rebeldia, mas também é uma celebração da literatura e de seus leitores." Bia e Virgílio se conhecem quando são convidados a assessorarem a produção de uma minissérie de TV de cunho histórico. O ciúme acha-se presente tanto no relacionamento amoroso que se inicia entre os dois (embora ela não tenha esquecido de vez seu ex-namorado) quanto nos personagens protagonistas da série televisiva. Pela Ed. Alfaguara.

Mão inglesa em Porto Alegre

Com o surgimento do automóvel, a mão inglesa, em que o tráfego na direção oposta vem da direita, a chamada mão inglesa foi adotada em Porto Alegre e em outras cidades gaúchas, tal como no Uruguai e Argentina. Aliás, o primeiro automóvel que rodou na cidade tinha o volante no lado direito. Como poucas cidades no Brasil adotavam o sistema, a prefeitura resolveu aboli-lo em 1929. Num curto período de transição, de uma semana, automóveis e carroças tiveram que reduzir a velocidade para 20 km/h a fim de que se evitassem acidentes. A Companhia Carris (1872, empresa municipal de ônibus públicos até hoje, já contava com 16 auto-ônibus também teve que se adaptar às novas regras, de acordo a mão francesa, no caso...
Fonte | O fim da mão-inglesa no trânsito da capital, de Leandro Staudt, artigo publicado em Zero Hora de 12-13/mar/22

Minhas ideias regadas a vinho


"É só tirar a Dilma!" Certamente. Deu no que deu: o fundo do poço.

Ao estudarmos história na escola, aprendemos sobre as conquistas romanas, a conquista da América pelos europeus. Já quando se tratava dos árabes em relação à Península Ibérica, o termo mudava para invasões. Na verdade, tudo sempre se tratou de invasões e posse pura e simplesmente, sem eufemismos.

Perguntar não ofende: será que cloroquina não é boa para abastecer o tanque do carro?

Humor


Antes de mais nada é sempre bom lembrar que foi Max Nunes (1922-2014), humorista e médico, o criador de bordões como Não me comprometa!, Muy amigo!, Perguntar não ofende, Tem pai que é cego, Querias!, dentre outros, tendo sido criador de muitos textos de humor para Jô Soares, que o considerava como seu padrinho. São deles frases como:

O caminho mais curto entre dois pontos não é uma reta. É o ônibus.

O jóquei é um sujeito que ganha dinheiro nas costas dos outros.

Conheço um marido tão bom fisionomista que consegue reconhecer a própria mulher depois que ela volta do cabeleireiro.


Você sabia?


Os países com maior número 
de patrimônios mundiais do ponto de vista cultural são a Itália (49%), a Espanha (41%), a Alemanha (41%), a França (39%) e a China (36%).

Os países com maior número de bicicletas no mundo são a Alemanha (72 milhões de bicicletas, o correspondente a 87% da população), Japão (78%) e Tailândia (74%) e Polônia (70%). Copenhague (Dinamarca) é considerada a mais amigável para os ciclistas. Utrecht, Amsterdã (Holanda) e Estrasburgo (França) são as outras três na sequência.
Fonte | Revista Superinteressante nº 395

14 março 2022

O racismo afeta o desenvolvimento das crianças negras

 





De acordo com estudo da Universidade de Harvard, através de seu Núcleo Ciência para a Infância, "o estresse provocado pela discriminação racial 'pode ter um efeito significativo de desgaste no cérebro em desenvolvimento e em outros sistemas biológicos', o que provoca danos na aprendizagem, no comportamento, na saúde mental e física de meninos e meninas", alerta Luana Tolentino em artigo publicado recentemente no saite da revista CartaCapital.


Ela conta a experiência negativa que teve em seu primeiro dia de aula na antiga 1ª série do Ensino Fundamental. Quando chegou à nova escola, muito maior que a sua, de educação infantil, estava cheia de boas expectativas. Porém quando localizou a sala de aula destinada à sua turma, e entrou, viveu a experiência bastante perturbadora de ter sido chamada em voz alta de "macaca" por um de seus coleguinhas. Tinha consciência que o termo tinha a ver com sua cor de pele. Assustada, temia que ele acabasse agredindo-a fisicamente de uma forma ou de outra. Começava ali sua trajetória pessoal, não só no Ensino Fundamental, mas no Médio, de manifestações racistas por parte de seus colegas de escola. "Piadinhas, risos abafados, processos de exclusão relacionados à minha cor", exemplificou a articulista.


Tolentino afirma que sua autoestima foi bastante prejudicada, o que a levou a um complexo de inferioridade. A cartilha produzida pelo núcleo de estudos acima referido alerta para o fato de que tal problema afeta o desenvolvimento infantil de milhões de crianças negras, muitas vezes com sérias consequências futuras, como a existência de doenças crônicas na fase adulta.


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Antiracismo: o futebol não pode estar fora da luta


11 março 2022

ARMAZÉM DORNELES | Loucas histórias da Censura/ Com permissão do marido/ Cabeçadas no futebol

 




Secos & Molhados

Histórias da censura

Mordaça - Histórias de Música e Censura em Tempos Autoritários, de João Pimentel e Zé McGill, lançado pela Editora Sonora (336 p.) em dezembro último, registrou a fala de vários artistas da MPB sobre suas experiências pessoais com a censura durante o Regime Militar de 1964. Casos até mesmo pitorescos permeiam o livro, como duas músicas instrumentais de Edu Lobo, Casa Forte e Zanzibar. Para McGill, em entrevista recente a um jornal local, juntamente com Pimentel, provavelmente os censores imaginaram que os títulos tinha a ver com quilombos... Que horror! Censure-se! Por um erro de digitação, em uma letra de música enviada por Ivan Lins, estava escrito zmei em vez de amei. O censor não teve dúvidas: só podia ser um código. Caetano Veloso, em Nine Out of Ten, usou a palavra reggae, desconhecida do censor de plantão. Podia ser um termo subversivo. Censurada! 

A perseguição aos artistas acabou destruindo a carreira de alguns, como Taiguara, com discos e shows proibidos. Geraldo Azevedo foi um dos casos de tortura. Ney Matogrosso presenciou a morte de uma companheiro de cela.

Melhor sorte teve Apesar de Você, de Chico Buarque: a censura não viu nada demais. Devia ser uma música que falava de uma mulher mandona, só que na realidade endereçada a Médici. Quando deram-se conta do equívoco, Chico passou a ser um dos alvos principais.
Fonte | Histórias da Censura, entrevista de João Pimentel e Zé McGill ao jornalista William Mansque, publicada no jornal Zero Hora de 12-13/fev/22


Deu no Twitter


Gasolina: +18%, diesel:+25%, Gás de cozinha:+16%. É a política de Bolsonaro e Guedes (Paridade com Preços Internacionais) massacrando o povo brasileiro.
@GuilhermeBoulos


Você sabia?


A partir de 1932, a mulheres casadas passaram a gozarem do direito de votarem, desde que tivessem o consentimento de seus maridos. As solteiras deveriam ter salários próprios. Piauí

Para os cientistas, cabeçadas no futebol podem causar lesões cerebrais. Atualmente constata-se que o lance é cinco vezes maiores quando se trata de uma mulher, que geralmente tem "menos massa muscular para estabilizar o pescoço e o crânio na hora do choque". Superinteressante


Minhas ideias regadas a vinho


Quanto maior é postura de inclusão, melhor é a Esquerda. Quanto maior é a postura de exclusão, pior é a Direita.

Em meio às incertezas da Crise Climática, que já afeta a agricultura (o RS perdeu mais de 40% de sua safra), que pode levar ao mundo a uma situação calamitosa de fome em termos globais, o homem ainda pensa em guerras fraticidas, levadas ao cabo por interesses de dominação, em última análise.

Quem sabe com a gasolina a 50 reais um povo acomodado vá para as ruas em protesto.


Nasceu o bebê. Passa bem. 
A mãe está pesando 68,2 k.

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ARMAZÉM DORNELES | Ana Maria Machado e o menino leitor/ Ideias regadas a vinho/ Deu no Twitter/ Mundo Curioso

09 março 2022

ENTREVISTA com Fernando Pita (2ª parte) | 1922: o Modernismo também já ocorria no Rio/ Brasil: democracia x autocracia

 





(cont.)

4. Comemoram-se neste mês de fevereiro os 100 anos da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo. Como não poderia deixar de ser, muitos livros foram ou serão lançados em breve alusivos ao evento, alguns deles com uma postura revisionista sobre a real importância histórica da Semana, como por exemplo a obra As Vozes da Metrópole, do jornalista e escritor Ruy Castro. Segundo ele, "a Semana de 22 arrombou uma porta já aberta"... Como você se posiciona a respeito?


Veja, a declaração do Ruy Castro foi feita sob medida para causar impacto mundo afora; mas a verdade é que ela não está de todo equivocada: pelo menos dez anos antes da Semana, já havia fortes indícios de renovação no mundo das letras brasileiras: o romance urbano de Lima Barreto, a literatura-denúncia de Euclides da Cunha, a crônica urbana de João do Rio, e por aí vai... Contudo, ainda não estava claro onde tudo isso ia desembocar, se é que ia desembocar em algum lugar. Além disso, a tradição literária parnasiana ainda era muito forte, haja vista que o Brasil é o único país cuja literatura abriga uma segunda geração parnasiana, representada pelo petropolitano – e injustamente esquecido - Raul de Leoni. 

Por outro lado, toda essa inovação ocorria no Rio de Janeiro, ainda capital federal; mas que perdia o posto de centro econômico do país para São Paulo, que apesar de ser uma cidade rica, tinha uma elite vista como “provinciana”, ou mesmo “retrógrada”. E foi justamente para dissipar essa imagem que a intelectualidade paulistana encampou a ideia da Semana de Arte Moderna e tentar moldar, também, os rumos da cultura brasileira. 

Então, eu realmente acredito que a Semana de fato encontrou a porta aberta, mas – e isso é o mais importante - foi ela que a atravessou e indicou o rumo a ser seguido. Sem ela, com certeza a entrada do Brasil na modernidade cultural teria demorado mais e, com certeza, teria tomado outros rumos.

Então, em paralelo às questões artísticas e estéticas que a Semana nos trouxe, ela também foi mais um episódio da conhecida disputa entre as duas principais cidades do país: aquela que, por ser capital política, pensava que deveria sê-lo em todo o resto; e aquela que, por ser a mais rica, busca afirmar-se e, através do poderio econômico, impor uma nova estética. E nisso, ela teve um sucesso relativo, pois essa nova estética somente conseguiria fixar-se na cultura brasileira, a partir dos anos 30, com a Era Vargas, na qual a elite paulistana teve um papel secundário. 



5. Muitas pessoas, sobretudo aquelas com uma consciência política e social mais apurada, estão temerosas em relação ao futuro deste país. Temos chances de sacudir a poeira e dar a volta por cima, como diz a música?


Acredito que essas pessoas que você citou estão temerosas com relação ao futuro do planeta em si, e não só do Brasil. Digo isso porque, olhando de uma perspectiva mais ampla, o mundo vive uma disputa entre democracias e autocracias, sendo que, em ambos os grupos, há governos de esquerda e de direita. O Brasil elegeu um sujeito de extrema-direita, cuja megalomania é diretamente proporcional à incapacidade, e que tem grandes tendências autocráticas, como não cansa de demonstrar. A questão é que, por outro lado, isso serve também para aglutinar as forças contrárias, de tendência democrática, em torno não só de nomes, mas de valores, e eu te asseguro: desde a campanha das Diretas (1984) que não vejo tanta defesa de valores democráticos como agora. Então, é baseado nisso que, acredito eu, teremos chance de, ainda esse ano, dar início ao processo de extirpar esse câncer e voltar a viver. Será um longo processo, bem longo e sofrido, mas acho que, se as forças democráticas se unirem e atuarem em conjunto - e pararem de “passar pano” pra quem não acredita na democracia - não só daremos a volta por cima, mas poderemos ir muito além.



Veja a 1ª parte da entrevista

em https://cesardorneles4.blogspot.com/2022/03/1.html