Um mundo distópico ganha forma

 

O termo utopia foi criado pelo escritor Thomas Morus (1518) em sua obra de igual nome em que imaginou um país perfeito onde reinava a felicidade de todos. Com o tempo, ganhou um novo significado passando a significar algo irrealizável, uma quimera, uma fantasia (Dicionário Novo Aurélio). Um bom exemplo é a ideia veiculada no final do séc.18 e início do séc. 20 de que a Ciência por si só resolveria todos os problemas sociais, criando uma sociedade ideal.

Por outro lado, existe o termo distopia, que é justamente a utopia ao avesso e que apresenta-se p. ex. em obras de ficção científica como 1984, de George Orwell (1948) e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury (1953).

Tempos atrás, em resenha de Luisa Geisler publicada na revista Quatro Cinco Um, ela menciona o fato de que "um dos palacetes do homem mais rico do mundo contém 25 quartos enquanto que seus funcionários são controlados em termos de produção de tal forma que urinam em garrafas para não perder tempo", um exemplo das múltiplas utopias negativas desta civilização em que os chamados "donos do mundo" parecem pretender a criação de uma mundo cada vez mais desigual, sem justiça social nenhuma, em nome do acúmulo cada vez maior de poder e riquezas nas mãos de poucos. Distopia pura.

Os romanos (06) | As qualidades de um bom cirurgião/ O "vomitorium"

 

De acordo com a Lei Júlia (18 a.C), uma mulher que tivesse cometido adultério poderia ser morta pelo pai, caso o amante também fosse morto. O marido não estava autorizado a praticar a ação. A lei nada falava sobre adultérios masculinos. Vai ver, não havia...

"Um cirurgião deve (...) ter mãos fortes e firmes e boa visão; deve ter um desejo enorme de curar seu paciente, mas ao mesmo tempo ter desapego suficiente para não se apressar ou cortar menos que o necessário. O cirurgião deve cumprir seu dever como se os gritos do paciente não tivessem efeito algum sobre ele." (Celso, De medicina)

A ideia segundo a qual os romanos ricos tivessem uma peça da casa chamada vomitorium para que se dirigissem a ela com a finalidade de vomitar e voltar ao banquete para continuar comendo carece de comprovação histórica. O termo só aparece textualmente no séc. 4º d.C. quando Macróbio comenta que as "portas pelas quais as pessoas entram em massa nos teatros e anfiteatros, despejando-se sobre os assentos, chamamos tais entradas de vomitoria até os dias de hoje." (Macróbio, Saturnais)

Referência:

MCKEOWN, J.C. O livro das curiosidades romanas: histórias inusitadas e fatos surpreendentes do maior império do mundo. Belo Horizonte: Gutenberg, 2011.

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/os-romanos-5-o-oriente-era-um-lugar.html

De meu diário íntimo... (10) | A bicicleta premiada!/ Que nome dar ao gato?

 

20 de novembro de 1964

A Ceci e a Maria da Graça (1) estão varrendo o pátio. Vou dizer para a mãe tirar a gaiola do canário. (2) Ontem o pai e a mãe foram na "Seção Espírita" (3) Dia 30 dêste mês, as 8:00 hs, vou buscar o boletim. Dia 12 de novembro, o pai comprou, com 3 volume "Universo e Humanidade. Fala-se sobre "A idade da pedra", "Escritores". etc... A "Misso Universo" é Ieda Maria Vargas, nassida em Pôrto Alegre. O tempo está meio ruim.

21 de novembro de 1964

O tempo continua meio ruim. O bonde está Cr$ 35,00.

26 de novembro de 1964

Ontem, teve exame de Linguagem e hoje, exame de Matemática. (último) Parece que não vai ser dia 30, que eu vou buscar o boletim. Amanhã, as 8:hs., vou saber que dia vou buscar o boletim. Maria (louca) veio ontem buscar acúcara. Fala com voz grossa e alta. Está calor hoje.

28 de novembro de 1964

(...) Fui com o pai no hopital (sic) "Ernesto Dorneles". (4)  Amanhã vai ter Baile e Churrasco na escola. (5)

1º de dezembro de 1964

Ao sair com o pai, a mãe e êle compraram uma Pepsi-Cola. A mãe abriu a tampa e estava desenhado um (sic) bicicleta. O pai vai amanhã com a tampa no posto de trocas. Começei a fazer cartas.

12 de dezembro de 1964

Passei para o 4º ano B. Tirei 97 em média geral. (1º lugar)

13 de dezembro de 1964

A bicicleta premiada custa Cr$ 99.000,00. (6)

15 de dezembro de 1964

Hoje o pai trouxe o calendário de 1965. Eu, o bob, a Maria e a mãe, fomos na casa da dona Conceição. Havia muitas gatas e uns gatos. Como tivesse muitas gatas e uns gatos, dona Conceição deu um gato para a mãe. De noite, o pai, o bob e eu estávamos conversando sobre como poderá ser o nome do gato. Algumas sugestões: Mico, Mimi, Peludo, Brasino, e miau.

(1) Prima minha, de Pelotas, que morou conosco por um tempo.

(2) "Quem manda melhor faz..."

(3) "Sessão" devidamente corrigida por meu pai posteriormente, tendo escrito no rodapé da página a seguinte explicação: "Sessão - reunião de pessoas. Seção, é repartição". Meus pais frequentavam à época um centro esotérico no Partenon (bairro de Porto Alegre, vizinho ao nosso). Lembro-me de que certa vez eu e meu irmão Édison fomos também. Quando começaram os passes, vendo aquelas pessoas do público presente em silêncio, muito concentradas e cabisbaixas, em meio à penumbra, desandei a rir, o que foi seguido por meu irmão. Meu pai agiu de imediato.

(4) Como podem ver, no 3º ano do antigo Primário eu era fã de aspas...

(5) Os bailes e "reuniões dançantes" eram realizados pelo grêmio estudantil da escola no salão de festas. A entidade promovia muitas atividades até porque tratava-se de um internato. Lembro-me que meu irmão e eu víamos TV na escola, como partidas de futebol, a série Rin-Tin-Tin e outras atrações. A escola (na época com a designação Escola de Iniciação Agrícola) realizava churrascos de fim de ano com a participação de professores e funcionários. Em 1964 houve a participação do prefeito-interventor Célio Marques Fernandes. Lembro-me dele no churrasco, feito à sombra das árvores de uma alameda que dava acesso direto à escola, em fogo de chão ao longo de uma canaleta. A foto abaixo dá uma ideia do local.

(6) Uma bicicleta feminina que nem minha mãe nem a Ceci aproveitaram. Quem aproveitou de certa forma foram eu e meu irmão. Com ela aprendi a andar de bíci. Mais adiante foi dada a um pintor como forma de pagamento por um serviço feito na casa em construção. Quando nos mudamos para o bairro Cristo Redentor, meu pai achou por bem não nos presentear com nenhuma bicicleta. Temia algum eventual acidente nas ruas movimentadas do novo bairro.

 

Na foto: Meu pai (Edmar), em pé. Sentados, professores da escola em que trabalhava. O Prof. Fischer, o último à direita, tempos atrás foi lembrado no Almanaque Gaúcho do jornal Zero Hora.

Mais

em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/09-de-meu-diario-intimo-por-que-gostei.html

O padre, o prefeito e o burro morto

 

Morreu um burro em frente à igreja. Dias depois, o padre zangado liga para a prefeitura e quem atende é o próprio prefeito. O padre informa:

- Senhor prefeito, morreu um burro em frente a minha igreja!

O prefeito, só pra zoar com o padre, logo pergunta, dando uma risadinha:

- Ué, padre, não é dever da igreja cuidar dos mortos?!...

- É sim, mas é dever também avisar a família!...

Do latim ao português (3) | cl>ch - fl>ch - pl>ch

 

O ch do português origina-se dos grupos consonantais latinos cl, fl e pl:

clamare> chamar

clave> chave

flagrare> chairar> cheirar

afflare> achar

inflare> inchar

planu> chão

plenu> cheio

plorare> chorar

plovere> chover

plumbu> chumbo

Referência:

UBIALI, Nelson Attílio. Do latim ao português sem dicionário. Londrina: Ed. da UEL, 1998.

Mais em:  https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/02/do-latim-ao-portugues-2.html

Imagem:

Muro em Ostia Antica, Roma (detalhe). Foto de César Dorneles (2016)

Máscaras...

 

Minhas ideias regadas a vinho (3)

 

"Se Deus quiser!" é uma exclamação geralmente não muito sincera. Não é por acaso que muitas vezes vem acrescida de um "E Ele há de querer!"

O grande mito da tão decantada democracia norte-americana esbarra no poder do dinheiro e no racismo secular.

A Democracia é um processo histórico. Por enquanto ela é moldada pela Plutocracia.

Plantar. Ensinar. Curar. A base da sociedade.

Não haverá justiça social enquanto o "eu" sobrepor-se ao "nós".

A reencarnação é uma versão de si mesmo.

Para achar uma coisa perdida, procure outra.

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/minhas-ideias-regadas-vinho-2.html

Viciação em celulares desde criança

 

O uso demasiado de celulares pode causar séries danos à saúde de todos nós, o que inclui crianças e adolescentes. Segundo Jordana Tonezer Tedesco, psiquiatra especialista em infância e adolescência, a exposição excessiva pode influenciar no desenvolvimento cerebral. (...) O desenvolvimento do cérebro, suas conexões e o funcionamento são determinados pelas experiências que vivemos ao longo de toda a vida. (...) O tempo gasto em frente às telas para fins recreativos pode atrasar a maturação, tanto anatômica quanto funcional, do cérebro" afirma ela.

De acordo com a SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria, o ideal é se delimite o uso de celulares em relação a crianças nos seguintes termos: de dois a cinco anos, uma hora por dia; entre seis e dez anos, duas horas no máximo. Nas demais idades, incluindo-se adultos, três horas. Segundo estudo feito na Índia, de grande repercussão recentemente, 65% das crianças no mundo inteiro estão sofrendo de dependência eletrônica.

Para a pediatra Mara Mendes, igualmente ouvida na reportagem da qual extraí as informações a respeito do assunto (vide abaixo), os transtornos físicos e mentais causados pelo mau uso dos celulares (entre outros aparelhos similares) são os seguintes, dentre outros:

- déficit de atenção

- problemas auditivos e visuais

- problemas de coluna e tendinite

- sedentarismo e obesidade

- isolamento social

- ansiedade

- irritabilidade

- depressão

Infelizmente neste mundo em que vivemos, regido pela mentalidade de lucro acima de tudo, até mesmo bebês começam a ser estimulados a visualizarem tablets instalados em seus carrinhos, forçando muitas vezes um movimento de suas cabeças inadequado para a tenra idade, já que forçosamente se sentirão atraídos pela luminosidade e movimentos que veem na tela.

Referência:

ANDRADE, Andrei. Desafios Extrajogo. Zero Hora, Porto Alegre, 20-21 mar. 2021. Vida, p. 4.

Cólera-morbo: Uma epidemia real retratada em "O Tempo e o Vento"

 

Interessante o artigo da Profª Tatiana Zizmann, doutora em Letras pela UFRGS, tendo como título "Trágica Epidemia em O Tempo e o Vento" (vide abaixo) e que nos fala de uma epidemia real de cólera-morbo, retratada ficcionalmente na obra mais conhecida de Erico Verissimo. Tal surto de cólera surgiu em meados do séc. 19 na Índia e espalhou-se pelo mundo, incluindo o Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, entre 1855 e 1856, causou a morte de cerca de 5 mil pessoas. Em Porto Alegre foi algo em torno de 1.700 mortes, 10% da população; no RS, 4 mil pessoas, sendo que sua disseminação foi a partir do porto de Rio Grande em 1855, tal como a Gripe Espanhola mais de meio século depois.

A epidemia real faz parte do cenário ficcional no início do segundo volume da referida obra, no episódio que tem como título A Teiniaguá, uma das novelas que fazem parte de O Tempo e o Vento, tal como Ana Terra e Um Certo Capitão Rodrigo, as mais afamadas. Nela, destaca-se a figura de Luzia, a Teiniaguá, que casa com Bolívar, filho de Bibiana Terra. O casal passa a viver no sobrado da família e um conflito entre sogra e nora se instala, não se entendem, nem mesmo depois do nascimento de Licurgo, o primeiro filho de Bolívar e Luzia. Em uma viagem que o casal faz a Porto Alegre, deixando o filho sob os cuidados da avó, eclode o surto epidêmico. 

As carroças da municipalidade andavam pelas ruas a recolher os cadáveres, que na maioria dos casos estavam de tal modo desfigurados que se tornava impossível de identificá-los. Havia pessoas que eram atacadas subitamente pelo mal e caíam fulminadas nas ruas. Temia-se que muitas tivessem sido enterradas vivas, pois os médicos. os enfermeiros e os funcionários municipais estavam de tal modo cansados, tresnoitados e nervosos que nem tinham tempo para maiores verificações.

Quando o casal voltou a Santa Fé, Bibiana não permitiu que a nora visse o menino, isolado dos pais na água-furtada, de tão temerosa que estava com o que acontecia. Sob determinação de Bento Amaral, o manda-chuva da cidade e inimigo dos Cambarás, o sobrado é posto de quarentena. Bolívar encontrava-se transtornado com tudo, principalmente chocado com o caráter mórbido e sádico da mulher, que em Porto Alegre sentia-se prazerosamente atraída pelas cenas trágicas que via da janela e adquirira o hábito de presenciar a retirada dos cadáveres, com o interesse de olhar para o rosto das pessoas que pereciam. O marido, não suportando a quarentena, sai do sobrado e é alvejado mortalmente por capangas de Bento Amaral, vigilantes da quarentena.

No filme O Tempo e o Vento, de Jayme Monjardim, adaptação do romance homônimo, o episódio relacionado com Luzia Teiniaguá, vivido na tela por Mayana Moura, foi cortado na apresentação da película, dada a sua extensão. Foi visto, porém, quando transformado em minissérie da Globo em 2014:

https://www.youtube.com/watch?v=y8KYLEKNjXQ

Referência:

https://www.polbr.med.br/2020/05/01/a-pandemia-esquecida-a-colera-no-brasil/

ZISMANN, Tatiana. Trágica epidemia em "O Tempo e o Vento". Zero Hora, Porto Alegre, 20-21 mar. 2021. Doc, p. 10.

09 | De meu diário íntimo... | Por que gostei mais de Piratini/ "O Direito de Nascer"

 

17 de novembro de 1964

Escrevo em meu diário:

Comecei os exames do 3º ano. (...) Dia 24 estarei em férias e retornarei no colégio dia 30 para buscar o boletim. Estou escrevendo com minha caneta automática. (1) (...) O bob sabe fazer "Estrala Bico". Dia 22 de novembro faz um ano que o presidente dos Estados Unidos faleceu. Estou calçando o nº 35 ou 36. O bob o nº 34.

19 de novembro de 1964

Hoje fui na escola (2) encher minha caneta. O pai colocou outra tinta. Estou escrevendo com ela. Faz dias que eu, o bob, a mãe e o pai fomos de Volkes em Pelotas e em Piratini. Gostei muito do passeio. Em Piratini paramos na casa da dona Chininha. Deu-nos uma merendeira para mim côr amarela e uma para o bob côr côr-de-rosa. Hoje não tem exame mas tem aula. Eu acho que sábado vai ter exame de Matemática. Em Piratini o bob queria comprar um apontador. O bob gostou mais de Pelotas porque tinha as crianças do senhor Slol [Scholl]. Eu gostei mais de Piratini porque lá a cidade é pequena e eu podia caminhar pelas ruas. O bob vai agora na escola com a mãe ver os dentes dêle.

Agora vai ter a novela intitulada "O Direito de Nascer". (9:00hs)

Não vai dar a novela. Será dada amanhã. (3)

Inventei o seguinte verso:

Brasil

Brasil, cheio de árvores

Gigantescas árvores verdes

Cheias de galhos (4)

Também é o Brasil.

Minha letra no começo do ano era grande e agora é pequena. Fica meio grande quando as vêzes escrevo ligeiro.

(1) Caneta-tinteiro.

(2) Referência ao colégio agrícola em que meu pai trabalhava no cargo que hoje se denomina assessor financeiro. Era responsável pelo serviço de compras da escola e pelo almoxarifado. Tinha sua sala própria, próxima à do diretor, com armários e um birô. 

(3) Novela de rádio, bem entendido... Eu era um noveleiro de primeira. Nunca me esqueci de uma novela em que uma mulher muito má, que vivia numa fazenda, prendeu o marido numa gruta e o deixou lá acorrentado por muitos e muitos anos!

(4) O poeta ao falar nos galhos das árvores talvez tenha se inspirado de uma maneira não consciente nas belas e majestosas figueiras do lugar onde morava... 

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/de-meu-diario-intimo-8-o-poeta-se.html

2021 | O ano de Vênus

 

Começou hoje, dia 20, às 6h pelo horário de Brasília, o novo ano astrológico, sob a regência do planeta Vênus. Segundo o astrólogo Carlos Harmitt, em seu canal no YouTube (vide linque abaixo), Vênus significa o Céu descendo à Terra, representado pelo próprio símbolo do planeta: um círculo (espiritualidade) sobre uma cruz (matéria).

Dessa forma, a título de exemplificação, pode-se esperar de 2021 favorecimentos no que diz respeito às práticas espirituais, como a mediunidade, e às artes em geral em termos de inspiração criativa, assim como grandes revelações sobre coisas que estavam bem escondidinhas debaixo do tapete. Quem sabe até um aumento maior de fenômenos ligados à casuística ufológica (devidamente ocultada pela mídia...) ou, por que não, o tão esperado anúncio oficial da confirmação da existência de outras civilizações?

Mais em: https://www.youtube.com/watch?v=_9J-fRm90Wo

A Antiguidade desconhecia a cor azul

 

Foi o britânico William Ewart Gladstone (1809-1898), intelectual e primeiro-ministro inglês em vários mandatos, admirador das obras de Homero, quem primeiro notou que o poeta grego, apesar de suas múltiplas descrições, em nenhum momento referia-se às tonalidades da cor azul, presentes na Natureza. Em suas pesquisas relativas à menção de cores tanto n'A Odisseia quanto n'A Ilíada, constatou que enquanto o branco era mencionado cem vezes e o preto, quase duzentas, vermelho, verde e amarelo eram bem menos. Nenhuma referência ao azul, inclusive em outros textos da época, de outros autores. 

O linguista alemão Lazarus Geiger acabou constatando que o fenômeno se dava da mesma forma em outras culturas, como a árabe (Alcorão), chinesa, hebraica (em partes da Bíblia), islandesa e hindu (Vedas).

Jules Davidoff, psicólogo (Londres), questionou a curiosidade a respeito da cor azul para o céu e o mar, já que as colorações são mutantes em ambos os casos. Em um experimento seu junto a uma tribo da Namíbia, observou que ela não tem nenhuma palavra para designar o azul. Em compensação, usam vários termos para designar tipos diferentes de verde.

Deutscher, outro pesquisador intrigado com a questão, fez um experimento com a própria filha, ainda criança pequena: Ensinou-a sobre o nome das cores dos objetos, incluindo o azul. "Quando tive certeza de que sabia usar a palavra azul para os objetos, saí com ela em dias de céu azul e perguntava qual era sua cor". Não soube responder. Entendeu que não havia uma necessidade premente para ela em atribuir uma cor ao céu. Ele não é um objeto... Os povos antigos pensavam da mesma forma.

Referência:

Por que civilizações antigas não conheciam o azul? Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160221_civilizacoes_antigas_cor_azul_rb?. Acesso em: 18 mar. 2021

Senhas

 

Lido por aí: as pessoas com má ortografia criam as senhas mais seguras.

Minhas ideias regadas a vinho... (2)

 

Onde já se viu falar com cães e gatos! Eu por exemplo só falo com minhas folhagens.

Os primeiros cristãos repartiam o pouco que tinham entre eles. Mas isso é comunismo!, diria um fariseu de hoje, indignado, se fosse transportado no tempo para aquela época.

É inútil lutar contra as boas ideias. Elas vieram pra ficar.

Deus não tem dono.

A essas alturas do campeonato, não me defino mais como partidário desse ou daquele "ismo". Ismos dividem. Sou pela busca de uma visão holística.

"Pelos campos há fome em grandes plantações." Uma síntese do Capitalismo.

A liberdade do oprimido é aquela do cão acorrentado.

Considero um desrespeito o uso de uma bandeira nacional para o simulacro de um falso patriotismo regado a hipocrisia.

Mais: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/minhas-ideias-regadas-vinho.html

De meu diário íntimo... (8) | O poeta se inspira em Gonçalves Dias

 

Em 30/set/1964, aos dez anos de idade, faço uma nova poesia de temática patriótica e ufanista, em que fica mais evidente a influência de Gonçalves Dias e sua Canção do Exílio. Estava no 3º ano da Escola Primária.

Saudades

Que saudade de minha terra

Uma terra valente, (*)

Terra de lindo sonhos

Que é o nosso Brasil.

Rio de Janeiro

Antiga capital

Nassera na Guanabara

Linda como o céu estrelado.

Brasilía ainda criança

Agora capital

Também linda como o céu estrelado.

Que saudade de meu paiz bonito

Agora mais do que nunca

Eu quero voltar.

Ver os coqueiros,

Os pinheiros, (**)

Os gados

As lindas riquezas escondidas.

Esse paíz magestoso

Da Amérida do Sul

É ainda um menino

Do velho mundo seu pai.

Salve-o lindo paíz

Querido por todos

Um menino inteligente

Que nasceu ainda pouco!

(*) Inspirado no imaginário da cultura gaúcha a respeito de seu próprio povo...

(**) O poeta era sulista...

Não sei se o leitor ou a leitora tenham gostado. Meu pai e minha mãe gostaram muito... No mesmo dia, registro o seguinte pensamento:

"Quem gosta e faz versos

Ainda criança,

Quando ser grande

Poderá fazer quantidades de versos!"

E finalizava com minha nova assinatura: César DSoares, com a devida observação entre parênteses: Inventado.

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/de-meu-diario-intimo-7-tampinhas.html

A pesquisa ufológica oficial dos militares brasileiros

A verdade

 

"Quanto mais a sociedade se distancia da verdade, mais ela odeia aqueles que a revelam" (George Orwell)

Os romanos (5) | O Oriente era um lugar muito estranho...

 

"Sonhar que está morto ou sendo crucificado é previsão de casamento para os solteiros." (Artemidoro de Daldis, Anatólia, atual Turquia, em Sobre a Interpretação dos Sonhos, no séc. 2º d.C.)

Tecido de vento (ventus textilis) era a maior sensação nos tempos de Augusto e nada mais era do que a conhecida seda entre nós. Era extremamente cara, pois era importada da China, que detinha o monopólio da fabricação. Somente na metade do séc. 6º d.C. é que os bichos-da-seda foram introduzidos no Ocidente.

Plínio, o Velho, em sua História Natural, fala sobre o Sri Lanka: "Ninguém tem escravos ou dorme após o sol nascer nem tira um cochilo após o almoço; suas casas são de um tamanho modesto; o preço do trigo nunca sobe; eles não têm cortes legais ou disputas jurídicas."

Referência:

MCKEOWN, J.C. O livro das curiosidades romanas: histórias inusitadas e fatos surpreendentes do maior império do mundo. Belo Horizonte: Gutenberg, 2011.

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/02/os-romanos-4-huuum-soldados-carregando.html

De meu diário íntimo (7) | Tampinhas premiadas da Pepsi/ Surge um novo poeta romântico

 

Sigo relembrando algumas coisas registradas no diário que mantive dos oito (1962) aos catorze anos, iniciado por meu pai desde quando nasci.

24/jul/1964 - O Bob já conta até vinte. Ontem com o pai, contou até trinta. Hoje contou até 30 sózinho. O bob está vendo eu escrever.

05/ago/1964 - O bob já sabe fazer barquinho.

07/ago/1964 - Rádio Gaúcha, hoje comessou a novela "Aquela rua sem sol". Terminou ontem-ontem a novela da rádio gaúcha "Engano Fatal". O Édio [filho de um vizinho] disse que a louca estava lá em baicho [referência às imediações da Av. Bento Gonçalves, no bairro Agronomia, já que morávamos no Morro Santana].

08/ago/1964 - O auto já veio (concertado). Hoje fomo ver a casa com o seu Gilberto e família. A casa já está quase pronta. Comprei a revista Zé Carioca (Cr$ 80,00). Tenho as tampinhas premiadas de Pepsi-Cola: tome sempre - Pepsi-Cola - é pura - é pura. O bob tem é pura. Dia 9 é o dia dos pais.

08/ago/1964 - A placa do auto é 52-40-43.

10/ago/1964 - Dei "tome sempre" e "é pura" para a Dica (Ceci). "É pura" para a mãe. Tenho "tome sempre" "Pepsi-Cola" "é pura" "é saudável". Falta a do Prêmio. Cheguei do colégio agora.

22/ago/1964 - Hoje estou completando 10 anos. Inventarei um verso sobre o Brasil:

Brasil

Sobre a terra maravilhosa.

Há muitas matas bem verdes.

Muitas aves cantando.

Enfeitando nossa terra.

Que é o Brasil.

Ressurgia assim a poesia dos tempos do Romantismo... Nítida influência de Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que a professora deve ter trabalhado em aula. 3º ano do antigo Curso Primário. Tal inspiração ficará mais nítida em minhas próximas poesias a serem corajosamente tornadas públicas...

23/ago/1964 - Ganhei uma bola da madrinha. (bola Pelé) um sabonete do Zico, um talco do Paulo (Príncipe Negro) e um tecido para camisa que foi a dona Merinda.

07/set/1964 - O pai estava arrumando as coisas dêle e de um canivete amarelo para mim e um para o Edison. (côr preta). Um vidro de aumentação, pequeno para o bobe. Mandei o bob escrever de 10 à 28. Quer fazer até 24.

Como é do conhecimento até de uma ameba, como diria o jornalista Mino Carta, um leonino não pede/sugere. Ele manda... 

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/03/de-meu-diario-intimo-6-o-fuca-as-obras.html

As maiores goleadas da História

 

1 149 x 0 - AS Adema x SOE, em Antananarivo, Madagascar (2002). Como protesto pela arbitragem, todos os gols foram contra!

2 36 x 0 - Arbroath x Bon Accord, na Escócia (1885)

3 34 x 0 - Dundee Harp x Aberdeen Rovers, na Escócia, no mesmo dia que a anterior.

4 31 x 1 - Austrália x Samoa Americana, na Austrália (2001)

5 30 x 0 - Taiti x Ilhas Cook, no Taiti, 1971.

Referência:

Lista: qual foi o jogo de futebol com maior goleada? Superinteressante, São Paulo, n. 424, p. 60, fev. 2021. Oráculo.

Minhas ideias regadas a vinho (1)

 

Falamos tão mal da Idade Média... O que não dirão, porém, daqui a 500 anos, sobre os tempos de hoje? Não creio que farão tanta distinção.

Otimismo ou pessimismo? Sou mais pelo realismo esperançoso...

O Congresso de um país diz muito sobre ele.

A Verdade não é nem cristã nem "pagã". A Verdade simplesmente é.

O prazo de validade desta Civilização baseada no dinheiro caducou. Seu destino é inevitável.

Ensinar é algo sublime. Até mesmo no pequeno gesto de uma mãe ensinando o filho pequeno a segurar uma colher.

A ideia de que tudo no Universo seja obra de um mero acaso é tão absurda quanto a de um Inferno Eterno.

A mulher sempre foi vista como aquela que "tenta o homem", com reflexos culturais até hoje, como questões ligadas ao estupro. Coisas do cristianismo sem Cristo.

A Europa descobriu a América? Só numa visão eurocêntrica...

 

Deixemos de lado a visão eurocêntrica, ensinada na escola, de que "os europeus descobriram a América". Os povos asiáticos, que atingiram a América há milhares de anos e que deram origem aos povos indígenas, dentre eles os maias, astecas e incas - civilizações, em certos aspectos, mais adiantadas do que a dos povos europeus, fizeram o quê?

De meu diário íntimo... (6) | O fuca, as obras da casa nova, os 21 dias de férias no inverno

 

09/jul/1964 - Escrevo em meu diário relatando uma grande notícia: 

Hoje o pai comprou um Volks-63 (Cr$ 2.750.00,00). O carro está perfeito com 17 k (sic). A côr dêle é pérola. As ferramentas são: macaco, chave de roda e estepe. A mãe e o pai foram ver a casa de Volks, que fica situada no bairro Cristo Redentor na rua Mal. Frota, 255 que vai ser o número da casa.

Amanhã vai ser o último dia de aula. Minha professora chama-se dona Heloiza. Dia 22 de agôsto vou fazer 10 anos (dentro de 45 dias). A professora do bob chama-se dona Gilda. O horário e aulas para mim é a 1 e meia (13h13 hs) e do bob é as duas horas (14:00 hs).

Na época, meu pai construía uma casa de alvenaria, zona norte da cidade, na qual vim a morar durante 39 anos, salvo um curto espaço de tempo. Das lembranças de visitas periódicas às obras, lembro-me de que certa vez, quando passávamos por uma avenida (provavelmente a Av. do Forte), próxima ao local, descortinou-se uma vasta área descampada. Na frente da casa, olhando-se para o horizonte, avistava-se um tambo, nas imediações do Hospital Banco de Olhos construído mais tarde.

13/jul/1964 - Hoje estou de férias e o bob também. Para mim as aulas começarão dia 1º de agôsto (21 dias de férias) e o bob dia 3 (23 dias de férias). 

Registro minhas notas: 

Matemática: 90, Linguagem: 96, Estudos Sociais: 100, Ciências Naturais: 100, Desenho: 80, Artes Aplicadas 95 e religião 100. A professora passou 20 problemas para mim. Vou emcapar o diário.

Mais em: https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/02/de-meu-diario-intimo-5-eu-e-o-golpe-de.html