28 fevereiro 2022

Mulheres de Atenas

 




Sabemos que na sociedade patriarcal, que hoje começa a dar sinais de decadência, a mulher sempre foi considerada um ser inferior. Para Aristóteles (384-322 a.C), 

"a forma perfeita é a masculina, a feminina é imperfeita. O filho é tanto mais perfeito quanto mais se pareça com o pai."


Para Agostinho de Hipona (354-430 d.C), a mulher "é impura por natureza". Foi ela a causadora da queda no Paraíso e dela provém o pecado. Mais tarde, de acordo com o padre português Antônio Vieira (1608-1697), que também atuou com destaque no Brasil, a mulher tinha uma natureza que a levava a inclinar-se ao mal. Deveria permanecer em casa, porque na rua poderia levar o homem à tentação, constituindo-se, diga-se de passagem, numa ideia cristã totalmente contrária aos ensinamentos e posturas do Mestre Nazareno perante as mulheres. 

Na obra Mundo Greco-Romano: arte, mitologia e sociedade, organizado por Moacyr Flores, de onde obtive dados para esta postagem, assim como a anterior, sobre a mulher romana, a historiadora Hilda Agnes Hübner Flores menciona, justamente discorrendo sobre O helenismo e a mulher, além de desenvolver em artigo a questão da mulher tanto na Grécia Antiga quanto em Roma, cita um exemplo entre nós de um fato ocorrido em 1901: o jornal Corimbo, da cidade de Rio Grande, reproduziu o artigo Original Contrato de Casamento, baseado nas ideias positivistas que iriam dominar o meio político gaúcho por décadas, composto de 24 itens, sendo que um deles fala sobre a total obediência que a noiva deve ao seu futuro esposo, um pré-requisito para que o casamento efetivamente venha a se concretizar...

Mas voltemos à Grécia Antiga. A mulher ateniense, pelo menos das classes mais abastadas, estava proibida de uma convivência com outros homens além daqueles ligados por parentesco. Casava-se muito jovem e normalmente com um homem que tinha o dobro de sua idade. Cabia a ela então cuidar da casa, cozinhar, limpar, educar os filhos pequenos, fiscalizar o trabalho escravo, fiava lã, tecia pano, tingia tecidos. O gineceu era a parte da casa própria para ela, que somente o deixava sob autorização do marido. Quando seu senhor marido viajava, este pregava seu selo na porta do gineceu. A esterilidade da mulher era motivo de dissolução do casamento.




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Idade Média: quando viajar não contribuía em nada para a salvação da alma


25 fevereiro 2022

ENTREVISTA | Rita Von Hunty, uma aula de conhecimentos




"O #Provoca exibe o primeiro programa inédito da temporada de 2022. Na estreia, Marcelo Tas entrevista a youtuber Rita Von Hunty. A drag queen vivida por Guilherme Terreri Lima Pereira fala do veganismo como movimento político, ações agroecológicas que adiariam o fim do mundo e sua aproximação com o público, especialmente o feminino."

24 fevereiro 2022

CABEÇAS PENSANTES | No país das mordomias/ A moda do treinador de fora/ A louquice de defender o Nazismo. E mais.

 





No país das mordomias


Os 4,9 bilhões, fixados por deputados e senadores, serão distribuídos aos 33 partidos políticos para financiar a propaganda eleitoral. No mundo inteiro, os partidos se sustentam com as contribuições de seus afiliados ou adeptos, que - assim - comprovam materialmente que defendem uma causa ou um programa. Flávio Tavares, jornalista



A moda do treinador de fora

No Santos, Fábio Carille largou o cargo e o clube prioriza estrangeiros. Se conseguissem contratar os de primeira linha, eu até acharia muito bom. Mas os que estão vindo para cá são de terceira categoria nos seus países. Duvido que tragam grandes contribuições para o nosso futebol. Mas como é moda, que os contratem, paguem caro e encaminhem cada vez mais seus clubes em direção à falência. E tragam o treinador e uma dúzia de auxiliares para ficar bem mais caro.
Pedro Ernesto, cronista esportivo



Defender o nazismo como liberdade
 de expressão é atentar contra a liberdade

Um influencer, alçado à condição de celebridade por essas deformações da internet que podem produzir pessoas despreparadas, arrogantes e irresponsáveis, dias desses defendeu a criação de um partido nazista, sob o pretexto da liberdade de ideias, como se genocídio de judeus, homossexuais, negros, comunistas, portadores de deficiência, opositores em geral e até aliados fosse uma ideia. (...) É ridículo imaginar que esse argumento possa emplacar: o de se valer da liberdade para defender um regime que tem como premissa o fim dessa mesma liberdade, para fins de extermínio.
Diogo Olivier, cronista esportivo



Pensamentos




Deixe que o tempo passe e já veremos o que ele traz. Gabriel Garcia Marquez, escritor


Ao sensato basta o necessário. Eurípedes


Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio. Pitágoras


Quanto mais você se cala, mais pode ouvir.
Baba Ram Dass


Há coisas que melhor se diz calando.
Machado de Assis


Existem 3 jeitos de fazer as coisas: o jeito certo, o jeito errado e o meu jeito, que é igual a fazer errado, só que mais rápido. Homer Simpson



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Minha maior vitória no jogo de xadrez


22 fevereiro 2022

ARMAZÉM DORNELES | O inverno e depois/ Quando o ciclismo era mais popular que o futebol/ Humorísticas...

 

O inverno e depois

Comecei a ler O Inverno e depois, a mais recente obra de ficção (2016) de autoria de Luiz Antonio de Assis Brasil, meu escritor favorito há muitos anos. Nascido em Porto Alegre (1945), notabilizou-se pelos seus romances de temática histórica, uma tradição da literatura do extremo sul, diga-se de passagem. O Inverno... passa-se na época atual e seu protagonista é um violoncelista nascido no pampa, que estudou música na Alemanha em sua juventude. Depois de algumas décadas, nos dias de hoje é músico na Orquestra Sinfônica de São Paulo. Radicado com a esposa na capital paulista, volta aos pampas com a intenção de hospedar-se na estância de seus antepassados, como uma espécie de retiro para preparar-se para a apresentação de uma composição clássica. Tal decisão "não apenas representa um retorno às origens, como o obriga a visitar o próprio passado e as próprias escolhas" ao longa da vida. Recomendo.



Porto Alegre d'antanho




Antes da popularização do futebol em Porto Alegre, o ciclismo era um dos esportes preferidos na cidade. Em janeiro de 1897 ocorreu a primeira corrida, envolvendo duas sociedades: a União Velocipédica de Amadores e a Radfahrer Verein Blitz (Clube de Ciclistas Relâmpago), a primeira fundada em 1895 e a segunda, no ano seguinte, criada por imigrantes alemães e descendentes. Cada uma indicou três atletas e a competição deu-se na rua Voluntários da Pátria, no centro da cidade. Um dos disputantes pela União venceu a corrida. Daí surgiu uma grande rivalidade esportiva entre as duas. Em 1899 inaugurou-se o velódromo da União no então Campo da Redenção, hoje Parque Farroupilha. Contava, além de uma pista, com arquibancada e restaurante. Em 1903 os sócios da Blitz fundaram o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, cujo campo ficaria ao lado do velódromo da agremiação. Sócios da União também entraram no Grêmio. Nos anos seguintes, os clubes de ciclismo deixaram de existir.

Fonte: Uma rivalidade anterior ao Gre-nal, de Leandro Staudt, em sua coluna no jornal Zero Hora de 19-20/fev/22.


Humorísticas




Poeminha Sensato Futuro

A absoluta verdade
Só em caso
De última necessidade
Millôr Fernandes 



Hoje na História

1000 - Decepcionados, os profetas e a humanidade transferem o fim do mundo para o ano 2000.
Fraga



Rumor

Vem aí uma fase boa pra todo mundo e não é boato. É lua cheia. Idem



Da série "Perdão, leitores"

Joãozinho chega atrasado à escola. Quando ele entra na sala de aula, a professora (sempre ela!) diz:
- De novo atrasado, Joãozinho?
- Ué, profe? Não é a senhora que diz que nunca 
é tarde pra aprender?


Bodas de prata

- Querido, vamos festejar amanhã nossas bodas de prata. Queres que eu mate um frango?
- Que culpa tem o frango? Max Nunes



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Aconteceu no tribunal (1)


Imagem 2 | Author: MarianSiglerThe original uploader of Image:Sinnbild Radfahrer2.png was: Cfaerber, Public domain, através da wiki Wikimedia Commons 

21 fevereiro 2022

TELEGRAM, paraíso de fake-news, poderá ser bloqueado no Brasil

 





Na terça-feira 15/fev o TSE - Tribunal Superior Eleitoral assinou acordo com Google, Instagram, WhatsApp, Facebook, TikTok, Twitter e Kwai, que se comprometeram com uma ação mais enérgica contra a disseminação de notícias falsas em suas plataformas neste ano eleitoral. Já o Telegram, aplicativo de mensagens instantâneas baseado em nuvem, com chats e canais, não possui endereço nem representação jurídica no País e se recusa sistematicamente a tentativas de diálogo com o TSE, que estuda a possibilidade de suspender o aplicativo no Brasil.

Nos últimos tempos, virou uma espécie de paraíso de transmissão de mensagens por parte dos bolsonaristas e o próprio presidente mantém um canal com quase 1,1 milhão de inscritos. Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), explicou em reportagem publicada pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, com data de 19-20/fev, que o Telegram "foi desenhado para não responder a regulações estatais nem entregar dados à Justiça", defendendo uma total liberdade de expressão.



A matéria em questão também reproduziu uma entrevista com Avelino Zorzo, professor e coordenador do grupo de segurança de informação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e membro da comissão especial de segurança da Sociedade Brasileira de Computação, além da participação de Cleyton Salomé, CEO da Sidkron, empresa especializada em segurança da informação.

Informou os entrevistados que o Telegram permite a criação de grupos com até 200 mil pessoas (apenas 256 no Whatsapp) e canais com número ilimitado de inscritos. No mundo, conta com 550 milhões de inscritos, dentre eles 50 milhões somente no Brasil. Há previsões de que ele possa atingir a marca de 1 bilhão ainda neste ano. Cada detentor de canal pode postar mensagens ou promover transmissões ao vivo para um número ilimitado de pessoas e detém a possibilidade de disparar mensagens em massa para participantes de outros grupos.





Cerca de 10 países, diz a reportagem, "já tomaram medidas para restringir o uso do Telegram ou bloquear o aplicativo por completo", como é o caso da Alemanha, que teve problemas com canais desinformativos relacionados com a pandemia ou discursos de ódio e incitação. O aplicativo é proibido na China, Bahrein e Irã, já foi bloqueado por mais de dois anos na Rússia. Em países como Índia, Indonésia, Cuba e Tailândia esteve bloqueado e liberado, mas com restrições. De acordo com Cleyton, "mesmo que consigam bloquear o Telegram aqui no Brasil, dá para utilizá-lo via VPN (Virtual Private Network - Rede Privada Virtual), disponibilizada por empresas.


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TELEGRAM, o novo paraíso das "fake-news" no Brasil


18 fevereiro 2022

Ser mulher na Antiga Roma

 





A historiografia quando trata de falar sobre como era a vida de uma mulher na Antiga Roma, normalmente refere-se não à mulher em geral, mas sobretudo àquela que pertencia às classes mais abastadas da sociedade. Afinal de contas, o legado de informações sobre elas que chegaram até nós, principalmente através de textos de caráter histórico ou literário, refere-se de sobremaneira àquela mulher pertencente à aristocracia. Isso, como não poderia deixar de ser, é válido para a mulher grega. O que ficou na minha cabeça de adolescente aos estudar a Grécia Antiga na escola? Que as mulheres casadas viviam reclusas em casa, numa dependência chamada gineceu, exclusivamente para elas... Naturalmente que tal informação referia-se exclusivamente à mulher de uma condição social superior.

Mas tratemos da mulher romana, na situação acima exposta, que diga-se de passagem, gozavam de um pouco mais de autonomia do que a grega. Podia sair de casa para fazer compras, ocasionalmente acompanhadas apenas de alguma escrava e às vezes tinham seus próprios negócios. É sempre bom lembrar que quando se fala da sociedade romana, estamos falando de 1.000 anos de história, nos quais houve, ainda que lentamente, mudanças de costumes ao longo do tempo. Por exemplo, o marido poderia rejeitar a esposa e no fim do império, o mulherio passou a ter o mesmo direito.



"Até o séc. II, o casamento entre os nobres era simples cerimônia privada, sem a presença de um sacerdote ou juiz." O divórcio tinha uma natureza privada e informal. Os filhos ficavam com o pai, claro... Sexo à luz do dia? Sem uma penumbra no quarto? A companheira inteiramente nua? Nem pensar! Tais práticas eram consideradas libertinas.

O relacionamento sexual entre casais tinha na procriação uma finalidade fundamental. Casava-se para ter filhos e dar continuidade ao clã familiar. Ponto. Ceder a uma paixão pela esposa era considerado imoral, uma demonstração de fraqueza que depunha contra o homem, que com isso estava sujeito a "escravizar-se" por uma mulher. Ele que buscasse prazeres e aventuras amorosas fora do relacionamento matrimonial.

O parto era feito com a mulher sentada numa cadeira especial. O pai reconhecia o bebê como seu filho num ato costumeiro em que o erguia do chão, após ter sido colocado ali por uma escrava. Crianças recém-nascidas poderiam ser rejeitadas e levadas para fora de casa, para serem eventualmente recolhidas ou simplesmente morrer. Sim, bárbaros eram certos costumes.


Fonte |
Mundo Greco-Romano: arte, mitologia e sociedade, de Moacyr Flores (organizador). EDIPUCRS, 2005


17 fevereiro 2022

CABEÇAS PENSANTES | Pitty: gosto popular pode ser provocado/ Os russos reagem/ E mais: Verissimo, Pe. Antônio Vieira, Goethe e outros





Gosto popular

O gosto popular também pode ser provocado, também ser alertado para ouvir outras coisas. Em todas as gerações houve alguém que ousou desafiar esse status quo e sair da fórmula. É aí que os movimentos acontecem, as revoluções: sempre que alguém resolve sair do padrão do momento. Então meu negócio é quebrar as fórmulas.
Pitty, cantora, em entrevista ao  caderno Doc, do jornal Zero Hora de 12-13/fev/2022



No Brasil, o fundo do poço é apenas uma etapa.
Luis Fernando Verissimo



Uma comissão consiste em uma reunião de pessoas importantes que, sozinhas, não podem fazer nada, mas que, juntas, decidem que nada pode ser feito.
Fred Allen



Os russos reagem

Os russos vêm reagindo ao expansionismo militar dos Estados Unidos, por meio da OTAN, em direção às fronteiras russas. É importante ter em mente que a OTAN opera em convergência com a política externa norte-americana. Nesse contexto, vale relembrar as palavras de um dos mais influentes formuladores da política externa norte-americana, Henry Kissinger, ao afirmar que "(...) os Estados Unidos transformaram a Aliança Atlântica, estabelecida como coalizão política, em uma organização militarmente integrada e liderada por um Comandante Supremo norte-americano".
Robson Coelho Cardoch Valdez, em seu artigo A faceta desestabilizadora da crise "russo-ucraniana", cuja íntegra encontra-se em: https://sul21.com.br/opiniao/2022/02/a-faceta-desestabilizadora-dos-eua-na-crise-russo-ucraniana-por-robson-coelho-cardoch-valdez/




Para falar ao vento, bastam palavras.
Para falar ao coração, é preciso obras.
Padre Antônio Vieira



Ao sensato, basta o necessário.
Eurípedes



A felicidade está em usufruir e não em possuir.
Michel de Montaigne



"Conhece-te a ti mesmo?" Se eu me conhecesse, fugiria apavorado.
Goethe 



Ainda esta semana em Cem Ideias |

18/fev - 6ª-feira: Ser mulher na Antiga Roma


16 fevereiro 2022

15 fevereiro 2022

ARMAZÉM DORNELES | "Os Bruddenbrook," de Thomas Mann/ Lula sobre Alckmin/ A língua basca etc. e tal

 



Secos & Molhados


Os Buddenbrook

Acabei ontem de reler Os Buddenbrook (1901), o primeiro romance que o alemão Thomas Mann escreveu quando tinha 25 anos de idade. Notável! Mann é mais conhecido entre nós por ter escrito A Montanha Mágica. De qualquer forma, pelo menos em seu país, Os Bruden... é o mais popular de seus romances, segundo posfácio da edição que li, da Companhia das Letras. Foi mais uma releitura que fiz nos últimos tempos (a primeira foi Dom Casmurro). Tempos atrás já tinha começado a relê-lo, mas desisti logo nas primeiras páginas. Desta vez, devorei o livro. Interessar-se por uma leitura depende de muitos fatores, inclusive nosso estado de espírito no momento, outros interesses de leituras mais urgentes et coetera. Mas enfim, Os Buddenbrook narra a vida e peripécias de quatro gerações de uma abastada família de comerciantes de trigo, com o enfoque maior no processo de paulatina decadência da empresa da família, que não soube se adaptar a novos arranjos do capitalismo crescente no séc. 19. O romance termina com a morte do último herdeiro, um adolescente filho único de saúde frágil desde sempre.

Chamariam a atenção dos espíritas, em particular, um fato curioso que aconteceu com a matriarca da família, a consulesa Elisabeth Kröger Buddenbrook, já sem seu leito de morte. Em seus estertores, ela visualiza parentes já falecidos, principalmente o marido, e diz aos familiares presentes no quarto que "eles" vieram buscá-la. Sorriu e em seguida vai a óbito. 


Minhas ideias regadas a vinho



No Brasil chama-se de regional tudo aquilo que não estiver relacionado com São Paulo e Rio de Janeiro, como não se tratassem igualmente de regiões deste país-continente. Jorge Amado e Erico Verissimo eram escritores de literatura regional, Machado de Assis não. Um professor meu de literatura, séculos atrás, já chamava a atenção para isso.


Gaia, pelo visto, vai pôr o homem em seu devido lugar.


Ter ou ser? Faça sua escolha nestes tempos de transição planetária.


Lula, caso eleito e empossado, o que é o mais importante, terá um saco de batatas quentes nas mãos. Poderá fazer alguma coisa para que o Brasil volte a sonhar. De qualquer forma, é sempre bom lembrar que o verdadeiro Salvador da Pátria é um povo que desperta para mais seriedade e espírito de grupo. Vai demorar.


Deu no Twitter


Falta eu me definir como candidato e Alckmin escolher partido. Se o Alckmin como meu vice me ajudar a governar, não vejo nenhum problema dele ser meu vice. As divergências serão colocadas de lado, porque o desafio, mais que ganhar, é consertar o Brasil. (Lula)


Mundo Curioso



"Es ist mir Wurst!" = "Pra mim é linguiça!" em alemão, ou seja, "pra mim tanto faz!", "não dou a mínima!", "não tô nem aí!".



Segundo pesquisadores britânicos, o basco, falado numa região entre a França e a Espanha, é a língua mais difícil do mundo para aprender. Além da estrutura em si, seu vocabulário sofre constantes variações em função do acréscimo de afixos.


O distinto leitor ou a querida leitora (estou imitando o Karnal) por acaso sabe a origem da expressão "de meia tigela"? Não? Pois então vamos aos devidos esclarecimentos. Na monarquia portuguesa, os funcionários da corte eram alimentados de acordo com o grau de importância da função que exerciam. Os mais graduados ganhavam uma tigela inteira de comida na hora do almoço. Os menos graduados, meia tigela. Nada mais justo...


Fonte |




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16/fev - 4ª-feira: Das 100 músicas de que gosto mais
17/fev - 5ª-feira:  Cabeças Pensantes
18/fev - 6ª-feira: Ser mulher na Antiga Roma

14 fevereiro 2022

Semana da Arte Moderna (1922): O Berço do Modernismo? Há quem conteste.

 


Foto: alguns dos artistas participantes da Semana de Arte Moderna



Comemora-se o centenário da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, em seu Teatro Municipal, envolvendo diversos artistas de vários campos da cultura, como escritores, músicos, artes plásticas, escultura e maquetes de arquitetura, dentre eles nomes que depois foram consagrados, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti.

Vários livros foram ou estão por ser lançados sobre o evento, considerado como berço do Modernismo no Brasil, dentre eles alguns que contestam esse festejado pioneirismo, como uma obra a sair do prelo de autoria do Prof. Luís Augusto Fischer, professor de Literatura Brasileira na UFRGS e escritor, por sinal ex-colega meu de faculdade. Em entrevista recente de Fischer publicada no caderno cultural do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, ele fala sobre sua obra e discorre sobre outros assuntos como a necessidade de valorização do estudo de letras de música em nível universitário.

A respeito da Semana de Arte Moderna, o professor está entre aqueles que discordem da ideia de que ela tenha sido uma espécie de pontapé inicial do modernismo brasileiro, embora reconheça que tenha sido um marco em termos culturais. Uma das ideias que apresenta para reforçar seu ponto de vista tem a ver com uma famosa conferência de Mário de Andrade de 1942 que ele afirma que se a Semana tivesse sido realizada no Rio de Janeiro, não teria maiores repercussões. Para Fischer, 

"o Rio já tinhas muitas estratégias de modernidade, autores, compositores, cancionistas, gente que fazia cinema, feminismo. (...) Não porque era melhor do que São Paulo, simplesmente era uma cidade mais cosmopolita, mais antiga. Era a capital do país."

Com esse mesmo posicionamento a respeito da questão, pode-se mencionar Ruy Castro, consagrado jornalista e escritor, em entrevista dias depois para o mesmo jornal, expressou a ideia de que "a Semana de 22 arrombou uma porta já aberta", algo que foi desconsiderado pelos acadêmicos da USP nos anos 50, que promoveram a Semana como tendo um caráter de vanguardismo imerecido. 

Castro opõe-se ao conceito de "pré-modernismo" que envolveria vários escritores como Euclides da Cunha, Lima Barreto, João do Rio, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira e outros tantos, na tentativa de enaltecer-se ainda mais as figuras que participaram da Semana de Arte Moderna. "O próprio Lima Barreto, que Mário de Andrade chamava de escritor de bairro, só foi redescoberto nos anos 1950." 

Propagandeou-se a ideia de que a Semana foi "um rompimento". Rompimento com o quê? - pergunta Ruy Castro, que esclarece: 

"O verso livre e sem rima já era praticado por Mario Pederneiras desde 1910 e depois por Manuel Bandeira. Os contos de Adelino Magalhães, todos em livro antes de 1920, já tinham fluxo de consciência, ações simultâneas e até palavrões. Orestes Barbosa já escrevia naquele estilo telegráfico, picotado, que depois seria copiado por Oswald de Andrade."

 Ruy Castro lançou recentemente o livro As Vozes da Metrópole, pela Companhia das Letras, em que fala sobre 41 escritores esquecidos pela "indústria acadêmica da USP", mas que praticaram uma literatura modernista anterior aos modernistas de 1922.


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15/02 - 3ª-feira: Armazém Dorneles

16/02 - 4ª-feira: Das 100 músicas de que gosto mais

17/02 - 5ª-feira: Cabeças Pensantes

18/02 - 6ª-feira: Ser mulher na Antiga Roma

 

Imagem | DesconhecidoUnknown author, Public domain, através da wiki Wikimedia Commons

11 fevereiro 2022

PORTO ALEGRE 250 anos (5) | A fundação da cidade em março de 1772/ Capital da capitania em 1773




A ideia de criar-se efetivamente um povoado às margens do lago Guaíba já era do interesse do próprio governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, em função de sua importância como ponto estratégico entre Laguna e a Colônia de Sacramento. À época, já existia a Capitania de São Pedro do Rio Grande (*), tendo Viamão como capital. Em 1769 o coronel José Marcelino de Figueiredo assumiu o cargo de governador. 

Estando Rio Grande ainda em poder dos espanhóis, o Porto dos Casais, também conhecido como porto do Mar de Dentro (Lagoa dos Patos), tinha como utilidade relevante a ligação entre Rio Grande e Rio Pardo. À época, o porto crescia em população e já contava com armazéns e aquartelamentos, além do cultivo de trigo e frutas, sendo que já havia uma capela erguida em 1769 com o nome de São Francisco das Chagas do Porto dos Casais. Foi aí que ganhou forma a ideia de emancipação do lugarejo, apesar da forte oposição de políticos e da Igreja, temerosos de uma invasão por parte dos espanhóis, e que preferiam permanecer em Viamão, distante de Porto Alegre por 15 km, o que facilitaria uma fuga eventual para Laguna, se fosse o caso.

Em outubro do mesmo ano, José Marcelino de Figueiredo, em função de seus "atos intempestivos", e retornou ao Rio de Janeiro. De qualquer forma, no dia 26 de março de 1772, dom Antônio do Desterro, do bispado do Rio de Janeiro eleva o Porto dos Casais à categoria de Freguesia de São Francisco das Chagas, sendo assim desmembrada de Viamão. Em 1773, a freguesia passa a se chamar Freguesia de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. No Rio de Janeiro, José Marcelino de Figueiredo, ex-governador da província, é vitorioso em sua luta por transformar Porto Alegre em vila e capital, em função de sua importância estratégica. Em julho de 1773, ele retorna à capitania para reassumir o posto de governador. Estava aberto o caminho para que realizasse seus objetivos por inteiro, o que ocorreu no mesmo ano, com a desapropriação da sesmaria.


Censo de 1780 - Porto Alegre

871 brancos
545 negros
96 índios
Total: 1.512 habitantes

A origem do nome Porto Alegre

Há duas hipóteses:
Segundo historiadores, o encantamento dos morros próximo ao lago teria inspirado a designação.

O historiador Walter Spalding defendia a ideia de que o governador Marcelino teria levado em conta o nome Portalegre, cidade portuguesa, que entrou para a história como um marco de resistência contra invasores hispanos no séc. 14.
Fim da série

    
(*) O termo Rio Grande inicialmente referia-se à desembocadura da Lagoa dos Patos (na realidade uma laguna) no Oceano Atlântico.



Porto Alegre | Recepção a Dom Pedro 2º (1865) 


Fonte |

História Ilustrada de Porto Alegre, edição patrocinada pela CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica. Responsável pela publicação: Elmar Gomes da Costa (1997).

Porto Alegre, uma história em três tempos. Museu de Porto Alegre José Joaquim Felizardo (1998).


Imagem 1 |
Carlos Nascimento, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, através da wiki Wikimedia Commons
Imagem 2 |
 DesconhecidoUnknown author, Public domain, através da wiki Wikimedia Commons 

10 fevereiro 2022

Aliança entre Rússia e China vai acabar com hegemonia político-econômica dos EUA no mundo

CABEÇAS PENSANTES | O agronegócio impôs a música sertaneja atual/ O negacionismo mata/ A extrema direita vai perder votos

 






Vietnã

No caso do Vietnã, os EUA agiram como um país totalitário. Antonio Callado, em documentário de TV sobre ele

História

A história não é a história, a não ser que seja verdadeira. Abraham Lincoln 



Natureza humana

Nós precisamos compreender melhor a natureza humana, porque o único perigo que realmente existe é o próprio homem.
Carl Jung


O agronegócio impôs a música sertaneja atual



Ao mesmo tempo, a produção musical, o discurso musical foi migrando também [para o Oeste]. Essas áreas tornaram economicamente fortes [devido ao agronegócio], com capacidade de imposição, de disputa vantajosa em relação a outros setores, que foram sendo escanteados, a MPB geral, as outras variedades regionais etc. A regionalidade brasileira, em todas as regiões, foi ficando regida cada vez  mais por essa força do Oeste.
Gilberto Gil, em entrevista ao Caderno Doc, jornal Zero Hora 
de Porto Alegre (05-06/fev/21)


O negacionismo mata

Dados incontestes de mundo real confirmam diferenças enormes de morbimortalidade e uso do sistema de saúde entre vacinados e não vacinados em todo o planeta. Gastar um recurso, o qual é finito, com alguém que optou por correr risco, reduz a capacidade do sistema em investir naqueles que se protegeram, ou nos que têm o infortúnio de ter câncer, doença cardíaca, doenças genéticas...
Stephen Stefani, médico, em seu artigo O preço de uma Decisão, publicado em Zero Hora de 05-06/jun/22


A extrema direita vai perder votos

Nichos da base eleitoral da classe média de direita, que se misturaram aos pântanos da extrema direita, elegeram muitos fascistas em 2018. Não vão eleger mais. As trincheiras mais identificadas com o bolsonarismo vão continuar fiéis e ferozes, mas sem o reforço dos mesmos agregados de quatro anos atrás. A extrema direita perderá amplitude eleitoral.
Moisés Mendes, jornalista, em seu artigo Poucos vão sobreviver na extrema direita: https://www.blogdomoisesmendes.com.br/poucos-vao-sobreviver-na-extrema-direita/



Crime

Não entendo como alguns escolhem o crime, quando há tantas maneiras legais de ser desonesto.
Laurance J. Peter



> Ainda nesta semana em Cem Ideias |

11/nov, 6ª-feira: Porto Alegre 250 anos (5)


Foto de Carl Jung | unknown, upload by Adrian Michael, Public domain, 
através da wiki Wikimedia Commons

08 fevereiro 2022

ARMAZÉM DORNELES | Eles estão entre nós/ Deu no Twitter/ A vocação da Torre de Pisa etc. e tal

 




Secos & Molhados


Eles estão entre nós

Aproxima-se o dia da confirmação oficial de existência de vida fora da Terra. Inicialmente, o enfoque estará voltado para micro-organismos. Afinal de contas, é preciso preparar o espírito dos terrícolas... Eis um assunto muito vasto, que eu poderia discorrer com muito mais detalhes, mas fiquemos com o básico. Sim, há vida inclusive inteligente fora da Terra. É até uma questão de mera probabilidade. E acredite: os avistamentos coletivos vão se acentuar nos próximos tempos. Será necessário que os humanos se acostumem com sua presença, para que possam atuar mais livremente quando seu socorro ao planeta e sua civilização se fizer ainda mais necessário nestes tempos da assim chamada Transição Planetária.


Deu no Twitter



A quantidade de manifestações contra o comportamento misógino de Eduardo Bolsonaro comprova uma verdade: ele é muito burro.
(Luís Nassif)


Humorísticas





Da série Perdão, leitores:
Qual a parte do corpo que mais coça?
- A unha.


Último aviso |
Depressa, meu irmão/ E sai da pista,/ Que o Brasil é  um trem sem maquinista! Millôr Fernandes

Ah, o que diria um Sérgio Porto, criador do FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País e o próprio Millôr se ainda vivos fossem?!


Um caso de vocação precoce é o da torre de Pisa. Segundo se diz, sempre teve inclinação para ser torre. Ruy Castro




Ainda nesta semana em Cem Ideias |

10/fev, 5ª-feira: Cabeças pensantes
11/fev, 6ª-feira: Porto Alegre 250 anos (5)