28 fevereiro 2022

Mulheres de Atenas

 




Sabemos que na sociedade patriarcal, que hoje começa a dar sinais de decadência, a mulher sempre foi considerada um ser inferior. Para Aristóteles (384-322 a.C), 

"a forma perfeita é a masculina, a feminina é imperfeita. O filho é tanto mais perfeito quanto mais se pareça com o pai."


Para Agostinho de Hipona (354-430 d.C), a mulher "é impura por natureza". Foi ela a causadora da queda no Paraíso e dela provém o pecado. Mais tarde, de acordo com o padre português Antônio Vieira (1608-1697), que também atuou com destaque no Brasil, a mulher tinha uma natureza que a levava a inclinar-se ao mal. Deveria permanecer em casa, porque na rua poderia levar o homem à tentação, constituindo-se, diga-se de passagem, numa ideia cristã totalmente contrária aos ensinamentos e posturas do Mestre Nazareno perante as mulheres. 

Na obra Mundo Greco-Romano: arte, mitologia e sociedade, organizado por Moacyr Flores, de onde obtive dados para esta postagem, assim como a anterior, sobre a mulher romana, a historiadora Hilda Agnes Hübner Flores menciona, justamente discorrendo sobre O helenismo e a mulher, além de desenvolver em artigo a questão da mulher tanto na Grécia Antiga quanto em Roma, cita um exemplo entre nós de um fato ocorrido em 1901: o jornal Corimbo, da cidade de Rio Grande, reproduziu o artigo Original Contrato de Casamento, baseado nas ideias positivistas que iriam dominar o meio político gaúcho por décadas, composto de 24 itens, sendo que um deles fala sobre a total obediência que a noiva deve ao seu futuro esposo, um pré-requisito para que o casamento efetivamente venha a se concretizar...

Mas voltemos à Grécia Antiga. A mulher ateniense, pelo menos das classes mais abastadas, estava proibida de uma convivência com outros homens além daqueles ligados por parentesco. Casava-se muito jovem e normalmente com um homem que tinha o dobro de sua idade. Cabia a ela então cuidar da casa, cozinhar, limpar, educar os filhos pequenos, fiscalizar o trabalho escravo, fiava lã, tecia pano, tingia tecidos. O gineceu era a parte da casa própria para ela, que somente o deixava sob autorização do marido. Quando seu senhor marido viajava, este pregava seu selo na porta do gineceu. A esterilidade da mulher era motivo de dissolução do casamento.




Mais |

Idade Média: quando viajar não contribuía em nada para a salvação da alma


Nenhum comentário:

Postar um comentário