18 fevereiro 2022

Ser mulher na Antiga Roma

 





A historiografia quando trata de falar sobre como era a vida de uma mulher na Antiga Roma, normalmente refere-se não à mulher em geral, mas sobretudo àquela que pertencia às classes mais abastadas da sociedade. Afinal de contas, o legado de informações sobre elas que chegaram até nós, principalmente através de textos de caráter histórico ou literário, refere-se de sobremaneira àquela mulher pertencente à aristocracia. Isso, como não poderia deixar de ser, é válido para a mulher grega. O que ficou na minha cabeça de adolescente aos estudar a Grécia Antiga na escola? Que as mulheres casadas viviam reclusas em casa, numa dependência chamada gineceu, exclusivamente para elas... Naturalmente que tal informação referia-se exclusivamente à mulher de uma condição social superior.

Mas tratemos da mulher romana, na situação acima exposta, que diga-se de passagem, gozavam de um pouco mais de autonomia do que a grega. Podia sair de casa para fazer compras, ocasionalmente acompanhadas apenas de alguma escrava e às vezes tinham seus próprios negócios. É sempre bom lembrar que quando se fala da sociedade romana, estamos falando de 1.000 anos de história, nos quais houve, ainda que lentamente, mudanças de costumes ao longo do tempo. Por exemplo, o marido poderia rejeitar a esposa e no fim do império, o mulherio passou a ter o mesmo direito.



"Até o séc. II, o casamento entre os nobres era simples cerimônia privada, sem a presença de um sacerdote ou juiz." O divórcio tinha uma natureza privada e informal. Os filhos ficavam com o pai, claro... Sexo à luz do dia? Sem uma penumbra no quarto? A companheira inteiramente nua? Nem pensar! Tais práticas eram consideradas libertinas.

O relacionamento sexual entre casais tinha na procriação uma finalidade fundamental. Casava-se para ter filhos e dar continuidade ao clã familiar. Ponto. Ceder a uma paixão pela esposa era considerado imoral, uma demonstração de fraqueza que depunha contra o homem, que com isso estava sujeito a "escravizar-se" por uma mulher. Ele que buscasse prazeres e aventuras amorosas fora do relacionamento matrimonial.

O parto era feito com a mulher sentada numa cadeira especial. O pai reconhecia o bebê como seu filho num ato costumeiro em que o erguia do chão, após ter sido colocado ali por uma escrava. Crianças recém-nascidas poderiam ser rejeitadas e levadas para fora de casa, para serem eventualmente recolhidas ou simplesmente morrer. Sim, bárbaros eram certos costumes.


Fonte |
Mundo Greco-Romano: arte, mitologia e sociedade, de Moacyr Flores (organizador). EDIPUCRS, 2005


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