Até décadas atrás, havia no estádio Beira-Rio, por exemplo, a chamada coreia, uma faixa na parte inferior da arquibancada na qual as pessoas de menor poder aquisitivo pagavam um preço menor e podiam com isso assistirem aos jogos, mesmo que de pé. No Maracanã, havia a chamada geral, com igual propósito. Com o advento das arenas e transformações arquitetônicas dos grandes estádios para se adaptarem a uma nova mentalidade de geração de rendas, o futebol se elitizou, em nome de um negócio mais lucrativo e que possibilitasse a manutenção dos salários estratosféricos do plantel, além de outras motivações.
"Com a ascensão exponencial do capitalismo em escala global, a lógica de espetacularização se alastrou em diferentes em diferentes setores sociais onde fosse encontrado espaço para desenvolvimento de um sistema mercadológico. O futebol foi um deles", escreveu a jornalista Joana Berwanger em matéria recente para o Sul21, saite gaúcho de notícias e opinião.
Além do mais o futebol praticado em campo hoje em dia já não possui mais o brilhantismo de antes. Como disse Eduardo Galeano, em seu livro Futebol ao Sol e à Sombra (2004), o futebol atualmente "não é organizado para ser jogado, para impedir que se jogue", frase lembrada pela articulista. Disso resulta na situação de se ter valores de ingresso com preços abusivos para assistir-se a um espetáculo cada vez menos atraente e ainda sob o risco de ser agredido por participantes de torcidas organizadas ansiosos por extravasarem seus instintos de violência. Até quando?
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