11 janeiro 2021

"Tutti brasiliani": a grande saga da imigração italiana no sul do Brasil

 



Na segunda metade do séc. 19, o Governo Imperial promoveu a imigração de italianos e outras nacionalidades com o objetivo de povoar regiões do sul do Brasil e intensificar a produção de alimentos, além de intenções preconceituosas como o chamado branqueamento da raça... Calcula-se que no período entre 1885 e 1914 algo em torno de 150 mil pessoas oriundas da Itália (1) estabeleceram-se no país e que fugiam das más condições de vida em seu país de origem, o que acabou provocando um expressivo movimento de emigração para a América, tendo como destino final os EUA, a Argentina e o Brasil.


Os imigrantes traziam na bagagem suas esperanças de uma vida melhor, alimentadas pela propaganda do Governo Central que vendia a ilusão de uma ótima acolhida e apoio, sem falar no recebimento de lotes generosos de terra, a serem pagos em alguns anos. Chegavam ao Rio de Janeiro e daí partiam para Rio Grande, tendo como destino final Porto Alegre, onde ficavam meses em barracões e eram obrigados a trabalharem compulsoriamente na abertura de estradas, até o dia em que recebiam terra, sementes e ferramentas e eram encaminhados, em sua maioria, para as inóspitas regiões da Serra Gaúcha de então. Os alemães, vindos meio século antes, tiveram melhor sorte. Receberam lotes de terra às margens de rios próximos a Porto Alegre, o que facilitava a comercialização de seus produtos. Os italianos enfrentaram maiores desafios: tiveram que adaptar-se ao meio, aproveitar e desenvolver as habilidades de marcenaria, carpintaria e ferraria, além do cultivo da terra para a vinicultura e triticultura. Polenta, vinho e grapa não podiam faltar. Em suas ferrarias fabricavam carroças e arados.

Cidades que com o tempo surgiram...
1874 Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves) e Conde d’Eu (Garibaldi)
1875 Colônia Fundos de Nova Palmira (Caxias do Sul)
1877 Silveira Martins (próximo a Santa Maria)
1881 Colônia Maciel (em Pelotas)
1884 Colônia Álvaro Chaves (Veranópolis)
1885 São Marcos e Antônio Prado


Os Bortot, oriundos dos Alpes italianos, aqui citados como exemplo, chegaram em 1883 e receberam do Governo Imperial 20 hectares de terra. Pode-se imaginar a desilusão que sofreram, 
como tantos outros imigrantes, ao depararem-se com suas novas terras: com sérios declives, em meio à mataria, distante de tudo e de todos. Mas foram em frente. Em 1920, com o aumento da família, transferiram-se para o noroeste do Estado, bem como o oeste de Santa Catarina, gozando da vantagem de possuírem terras melhores. Em 1930, alguns deles chegaram ao sudoeste do Paraná. Na segunda metade do século passado, atingiram o Mato Grosso, Rondônia, Pará, Maranhão, Tocantins, Bahia e Piauí. Espalharam-se.

(1) Mais precisamente das regiões da Lombardia, Vêneto e Tirol.


Referências:
CAZARRÉ, Lourenço. Todos irmãos. Zero Hora, Porto Alegre, 09-10 jan. 2021. Doc, p. 12.

Imigração Italiana no Rio Grande do Sul. Museu Etnográfico da Coluna Maciel. Disponível em: 

2 comentários:

  1. Não se pode negar que estes imigrantes foram persistentes, não desanimaram.

    ResponderExcluir