J.J. Camargo, médico-cirurgião, em sua coluna semanal em jornal local (vide referência), mencionou na mais recente uma história contada por Eduardo Galeano em sua obra Livro dos Abraços, na qual o escritor uruguaio conta que certa vez em Manágua, capital da Nicarágua, o dirigente de um hospital infantil preparava-se para voltar para casa numa noite de véspera do Natal quando resolveu fazer uma última visita às enfermarias, em meio ao foguetório comemorativo que já se fazia ouvir. Achando-se tudo ok, preparava-se para ir embora quando no corredor ouviu uns passos atrás de si.
"Uns passos de algodão: voltou-se e descobriu que uma das crianças andava atrás dele. Na penumbra, o reconheceu. Era um menino que estava só. Fernando reconheceu seu rosto já marcado pela morte e aqueles olhos que pediam desculpa ou, talvez, pedissem permissão... Fernando se aproximou e o menino o tocou com a mão:
- Diga a... - sussurrou o menino. - Diga a alguém que estou aqui."
O cronista encerrou seu texto com o seguinte comentário: "No desespero, não há consolo maior do que saber que, em algum lugar, há alguém. Por nós."
Referência:
CAMARGO, J.J. O que o Natal faz com a gente. Zero Hora, Porto Alegre, 02-03 jan. 2021. Caderno Vida, p. 2.
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