27 abril 2021

1941 | A maior enchente de Porto Alegre deixou 1/4 da população desabrigada

 



O cenário era inimaginável: as ruas do centro de Porto Alegre haviam se transformado em rios navegáveis. Tudo em função da maior enchente que a cidade vivenciou, entre abril e maio de 1941, totalizando 21 dias marcados por fortes temporais. Na foto acima, pode-se observar como estava a situação nas vizinhanças do Mercado Público Municipal (aos fundos) bem como o início da Borges de Medeiros, a mais tradicional avenida da cidade. Além do hoje denominado Centro Histórico, as águas castigaram duramente bairros como Navegantes, Passo d'Areia (onde moro), Menino Deus e Azenha. Disso resultou em 70 mil desabrigados, praticamente a quarta parte de um município que na época contava com 272 mil habitantes.

Porto Alegre é banhada pelo Lago Guaíba, recebendo água de quatro rios diferentes: Caí, Jacuí, Sinos e Gravataí, que simplesmente transbordaram, já que as fortes chuvas atingiram o Estado inteiro, sem falar no fato que ventos vindos do sul do Estado pela Lagoa dos Patos represaram as águas no lago. Deu no que deu.

No então Aeroporto Municipal, no bairro São João, as águas atingiram a altura de um metro. Os Correios e Telégrafos deixaram de funcionar. Os telefones pararam. A Usina do Gasômetro foi invadida pelas águas, o que inviabilizou o uso de  seus equipamentos, e em função disso faltou luz na cidade. Cerca de 200 indústrias, dentre elas Renner e Gerdau, foram paralisadas. No final, calculou-se um prejuízo econômico avaliado em US$ 50 milhões. A estimativa é de que cerca de 600 estabelecimentos comerciais foram fechados, sendo que muitos acabaram não reabrindo. 

Uma força-tarefa foi criada para socorrer os desabrigados. Tabelaram-se os preços de produtos alimentícios básicos, com a prisão de 117 comerciantes por cobrarem preços exorbitantes em desrespeito à tabela. A Cruz Vermelha norte-americana destinou US$ 10 mil aos flagelados do RS.

O Muro da Mauá (anos 70), que separa a região portuária do resto da zona central da cidade, tem  como objetivo evitarem-se tragédias do tipo, já que enchentes periódicas atingem a cidade, embora não deixem de causar danos materiais e humanos principalmente às ilhas habitadas do lago. Para o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, a probabilidade de acontecer uma nova enchente nas dimensões daquela de 1941 é de 1.500 anos, o que significa uma probabilidade mínima de ocorrer em algum ano qualquer.


Referências:

ENCHENTE EM PORTO ALEGRE EM 1941. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Enchente_em_Porto_Alegre_em_1941. Acesso: 27 abr. 2021.

WEBER, Jéssica Rebeca. 80 anos de um trauma. Zero Hora, Porto Alegre, 24-25 abr. 2021. Doc.


5 comentários:

  1. Nossa, deve ter sido muito ruim para os daquela época...

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  2. Falam, lá pelo norte/nordeste do Brasil, que um dia o sertão vai virar mar e o mar virará sertão. Não seria melhor ( por via das dúvidas), ajustar o muro ao momento atual e deixá-lo lá? Lembrando as questões do aquecimento global e tirando-se a "lenda" dos nossos irmãos lá de cima do Brasil...só prá garantir!

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