Mais um perigo ronda o Brasil, como se não bastassem seus inúmeros problemas desde sempre: o país entrou na lista daqueles que recebem lixo tóxico de outras partes do mundo, tal como acontece com países pobres da África, como Gana. "Os materiais chegam em contêineres e incluem de aparas de papel a material hospitalar usado, dejetos humanos, luvas cirúrgicas, descarte de material para coleta em laboratórios, restos de alimentos, pneus, brinquedos... Um mix assustador." (CartaCapital) O problema já foi detectado em pelo menos três portos: o de Rio Grande (RS), Suape (PE) e Itajaí (SC), levando a crer que inclui outros portos.
Em Rio Grande, entre dezembro/2019 e fevereiro/2020,o que parecia apenas ser uma carga de papelões encomendados para reúso, com 65 contêineres, provenientes da Flórida, veio acompanhado de lixo recolhido em shoppings, escolas, supermercados e hospitais da Costa Leste norte-americana. A empresa importadora teve que dedetizar a carga já que os contêineres "insetos e organismos vivos em razão dos detritos orgânicos", conforme chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal.
Em 2011, em no porto de Suape, 46 toneladas de tecidos de algodão com defeito nada mais eram do que lençóis descartados de hospitais norte-americanos.
Em 2012, o fato ocorreu no porto de Itajaí: 20 toneladas de lixo hospitalar provenientes da Espanha, o que foi repetido em 2013, desta vez com cargas vindas não só da Espanha, como do Canadá, com o mesmo conteúdo.
Diniz Júnior, jornalista e escritor gaúcho, pesquisou o assunto durante oito anos, posteriormente transformado em livro em 2016: Toma lá que o lixo é teu. Segundo ele, o Ministério Público e a Receita Federal têm atuado satisfatoriamente em relação ao crime, que envolve também importadores nacionais, como foi apurado.
Referência:
RUSCHEL, René. O lixo é nosso. CartaCapital, São Paulo, n. 1151, p. 32-33, 7 abr. 2021.
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