02 novembro 2021

O Rio Grande do Sul colonial (1) | Os bandeirantes paulistas voltam-se para o Sul

 


Ruínas jesuítas de São Miguel das Missões, no município gaúcho de mesmo nome


Não era por nada que, à época, diziam que enquanto à Minas os homens iam e ficavam, ao Sul os homens não iam e se fossem não queriam ficar. Lá não tinha ouro nem pedras preciosas, só um clima terrível, bugres e castelhanos, cavalhada e gado xucro por tudo esparramado, lanças e boleadeiras, fronteiras incertas e avalanches de mortes certas. (trecho do romance Tuiatã, de Hilda Simões Lopes (Libretos, 2017)


Nesta série de postagens, pretendo focalizar, ainda que de maneira bastante resumida, aspectos históricos relevantes no que diz respeito ao processo de surgimento e formação do Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do país, e que surge em meio aos entrechoques muitas vezes de caráter sangrento entre dois colossais impérios de matriz europeia: o português e o espanhol. Para isso, farei uso como bibliografia básica a livreto História do Rio Grande do Sul, de autoria da historiadora Sandra Jatahy Pesavento (vide fonte).

O contato inicial de navegadores europeus com a região são estabelecidos no início do séc. 16, em razão das expedições litorâneas impulsionadas pelo comércio de pau-brasil. Surge então designação Rio Grande de São Pedro como referência geográfica, embora os interesses por uma efetiva tomada da terra e sua colonização eram inexistentes, já que os interesses maiores da América portuguesa concentravam-se na economia baseada no açúcar, bem mais ao norte.

Ao longo do século 17, durante o Domínio Espanhol (1580-1640), os holandeses ocupam o nordeste brasileiro bem como entrepostos africanos que forneciam mão-de-obra negra, determinando a falta de escravos nas demais regiões brasileiras sob o domínio português. Entra em cena os bandeirantes paulistas, com o início de suas incursões mais ao sul na busca de captura de índios com o objetivo de escravizá-los e vendê-los nas zonas açucareiras, já que a captura de nativos nas regiões mais próximas sofriam um processo de esgotamento. O alvo principal foi inicialmente as reduções indígenas criadas pelos missionários da Companhia de Jesus, à margem esquerda do rio Paraná, dominada pelos espanhóis.

Fonte |
História do Rio Grande do Sul, de Sandra Jatahy Pesavento, 
para a Editora Mercado Aberto, Série Revisão (1984).

Mais |
Santa Inquisição | Mulheres levadas à fogueira no Brasil Colonial

Imagem |

Renato A. Costa, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia Commons

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