07 dezembro 2021

O RS Colonial (6) | A distribuição de sesmarias/ A vinda dos açorianos/ O cultivo do trigo




Nas últimas décadas do séc. 18, a Coroa Portuguesa começou a distribuir sesmarias* para o estabelecimento de fazendas, tanto para tropeiros interessados em se fixarem na terra, bem como para militares que deram baixa. Inicialmente deu-se ao longo da região costeira, a partir de Tramandaí e incluindo a região de Viamão, Gravataí e outras mais ao sul. Jerônimo de Ornelas, proveniente da Ilha da Madeira, estabeleceu-se na região de Porto Alegre, antes mesmo de obter sua concessão, numa área que passou a ser conhecida como Porto do Dornelles. Os trabalhadores das fazendas (peões) eram constituídos basicamente de ex-tropeiros e índios oriundos das missões jesuíticas. 

Com a decadência da exploração do ouro nas Gerais, a procura de animais para corte e transporte diminuiu significativamente. A incipiente economia gaúcha passou a ter como elemento de destaque o trigo, cujo cultivo deve-se à vinda dos imigrantes açorianos, sob a promessa de ganharem terras na região das Missões, que pelo Tratado de Madri (1750), passou a pertencer aos portugueses. Em razão disso, começaram a se espalhar de maneira irregular e disso resultou na criação de núcleos populacionais nas regiões de Mostardas, São José do Norte, Taquari, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Cachoeira do Sul dentre outras. 

O trigo abastecia as tropas instaladas no Rio Grande do Sul. Nem tudo eram flores, porque muitas vezes a produção era requisitada para alimentar as tropas, sob incerto pagamento futuro, ou a mão-de-obra das lavouras perdia elementos importantes em função do recrutamento militar forçado. Além disso, exportações eventuais para a metrópole foram proibidas pela Coroa, pela simples razão de que a economia colonial não poderia concorrer com a economia metropolitana. "O Rio Grande do Sul era ainda encarado pela metrópole mais como um baluarte fronteiriço militarizado do que como um núcleo produtor." (Sandra Pesavento)


* Sesmaria - Lote de terra com aproximadamente 13 mil hectares cuja distribuição remonta ao séc. 14, por ocasião do início do processo de expulsão dos árabes da Península Ibérica.


Fonte |

História do Rio Grande do Sul, de Sandra Jatahy Pesavento. Ed. Mercado Aberto (1984)


Mais |

O RS Colonial (5) | Paulistas e lagunistas rumo ao Sul/ Portugal de olho no Prata

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