Em 1738 a Coroa Portuguesa criou a Comandância Militar do Rio Grande de São Pedro, com sede em Santa Catarina e subordinada ao Rio de Janeiro. Incrementa-se a distribuição de sesmarias e de afluxo de pessoas oriundas da Bahia, Minas e Rio de Janeiro. Em 1750, a demarcação do Tratado de Madri, entre Portugal e Espanha, é interrompida pelas chamadas Guerras Guaraníticas (1753-1756), em que os índios missioneiros recusam-se a entregar suas terras, lutando contra espanhóis e portuguesas e lideradas pelo índio Sepé Tiaraju. Acabaram sendo derrotados numa luta final em que 1 511 índios foram mortos contra 4 baixas por parte do exército aliado.
Os conflitos com a Espanha pela posse da terra fez com que os portugueses aumentassem o número de sesmarias e distribuíssem cargos de natureza militar aos donos de terra, o que mais tarde resultou em choques cada vez mais acirrados entre eles e as autoridades representantes da Coroa. Os padres jesuítas abandonaram a região das missões e os índios acabaram se transformando em peões de estâncias.
Em 1760, é criada a Capitania de Rio Grande de São Pedro, com sede em Rio Grande e subordinada ao Rio de Janeiro. Entre 1763, D. Pedro de Cavallos, governador de Buenos Aires, conquista Rio Grande e estabelece um domínio de 13 anos. Os espanhóis acabam sendo expulsos principalmente pela ação das milícias locais, embora a Coroa tivesse contado com reforços advindos de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 1777, tropas espanholas apoderam-se de Colônia do Sacramento e a Ilha de Santa Catarina. Um novo tratado se segue, em que Portugal cede a primeira à Espanha e recupera a ilha para si. Ao mesmo tempo, acirram-se os conflitos entre os estancieiros gaúchos, enriquecidos pelo charque e agindo em proveito próprio, contra os representantes da Coroa.
Em 1801, liderados por um estancieiro-soldado e um desertor dos Dragões, infantarias montadas criadas pela Coroa, conquista-se a região missioneira, à revelia do tratado com a Espanha, que pouco interesse dava a ela. Em 1807 o Rio Grande é promovido a Capitania Geral, independente do Rio de Janeiro e subordinado diretamente ao Vice-Rei do Brasil. Aumentam cada vez os conflitos de interesses entre a Coroa Portuguesa e as elites pecuaristas do extremo sul, já nos tempos em que o Brasil gestava sua independência. Fim da série
Fontes |
História do Rio Grande do Sul, de Santa Jatahy Pesavento (Ed. Mercado Aberto)
Guerra Guaranítica
Mais |
O RS Colonial(7) | O charque gera riquezas/ A fundação de Montevidéu/ O forte Maria-Jesus-José em Rio Grande
https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/12/o-rs-colonial-7-o-charque-gera-riquezas.html
Imagem |
Sepé Tiaraju: Danúbio Gonçalves foto de Eugenio Hansen, OFS, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, através da wiki Wikimedia Commons
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