04 outubro 2021

PEDRO 2º | O governante brasileiro que amou as Artes, a Ciência e a Cultura

 




Antes de mais nada, é bom que se diga que de nenhum modo sou a favor da existência ainda entre nós de formas de governo monárquicas, que considero verdadeiras excrescências... Isso não me impede de reconhecer os valores morais e culturais de Dom Pedro 2º, segundo e último imperador do Brasil, cujos predicados em termos de conhecimentos eram reconhecidos até mesmo no Exterior.

Estou lendo a biografia Imperador Cidadão, escrita pelo brazilianista Roderick J. Barman e publicada pela Editora Unespe (2012), a respeito de Pedro 2º e gostaria de destacar o fato documentado na obra do quanto ele amava as artes, a Ciência e a cultura em geral. Desde muito jovem, demonstrava uma grande disposição para o estudo, tornando-se um grande leitor, antenado naquilo que se desenvolvia nesta área em solo europeu. Vale lembrar que por parte de mãe, a imperatriz Maria Leopoldina de Áustria, primeira esposa de seu pai Dom Pedro 1º, ele era um dos descendentes diretos da família dos Habsburgo, uma das mais distintas da Europa desde o séc. 12.

FélixTaunay, diretor da Academia Nacional de Belas Artes, tinha sido seu professor de arte e foi o responsável direto pelo seu grande interesse por pintura e escultura que passou a ter, resultando disso a formação de uma considerável coleção de artes ao longo de sua vida.

O teatro era outra de suas paixões artísticas. "Em 1840 ele concedeu entusiasmado apoio a uma companhia dramática francesa em dificuldade, chegando ao ponto de indicar peças (...) que ele considerava adequadas para a apresentação diante de um imperador." D. Teresa Cristina, sua esposa, proveniente da família real napolitana, fez com que despertasse nele um interesse pela música, tornando-se um grande apreciador de ópera e música erudita.

Seu interesse pelos avanços científicos de sua época também eram dignos de nota. Em 1839 chegou a montar "um Laboratório de Química e Física" no Palácio Imperial de São Cristóvão e ele mesmo dedicou-se  mais tarde a revelar fotografias pelo processo de calotipia. Por ser amante da astronomia, um observatório astronômico igualmente foi montado no local anos depois.

Entre 1876 e 1877, o imperador, acompanhado de sua esposa, fez uma longa viagem pelo hemisfério norte, de vários meses, incluindo a América do Norte, Europa e Oriente Médio. Nos EUA participou da Exposição Universal de 1876, na Filadélfia, em homenagem ao centenário de independência do país. O que mais o motivava era sua sede "por novas experiência e novos conhecimentos". Teve a oportunidade de participar de um júri que avaliava novas invenções e as premiava. Dom Pedro 2º chamou a atenção de seus pares para a nova invenção de Alexander Graham Bell: o telefone, que acabou sendo premiado.

Sendo um poliglota, além de falar inglês, francês e alemão dentre outras línguas, na década de 1860 dedicou-se ao estudo do hebraico, "com o fito de melhor conhecer a história e a literatura dos judeus, sobretudo a poesia e os profetas, como também as origens do cristianismo". Em seguida, empenhou-se em estudar o árabe, sânscrito e tupi-guarani. Vale lembrar, para finalizar, que escrevia muito. Além de ocupar-se com cartas e notas, manteve diários ao longo de sua vida, hoje de inestimável valor histórico.

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 Mathew Brady, Public domain, via Wikimedia Commons

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