06 setembro 2021

Maria Leopoldina de Áustria, a imperatriz que arquitetou a independência do Brasil

 



Esquecida pela historiografia oficial, cuja a tendência é relegar à mulher um papel secundário do ponto de vista da História, Maria Leopoldina de Áustria, primeira imperatriz do Brasil, casada com Dom Pedro 1º, foi uma figura de destaque no episódio da independência do Brasil em setembro de 1822, segundo muitos historiadores.

Carolina Josefa Leopoldina de Hagsburgo-Lorena (1797-1826), nascida em Viena, era filha do Imperador Francisco 1º da Áustria e tinha o título de arquiduquesa. Em função dos casamentos dinásticos tão comuns na época, Leopoldina acabou casando com Dom Pedro de Alcântara, quarto filho do rei Dom João 6º de Portugal, vindo a receber mais tarde o título de imperatriz consorte do Império do Brasil. Era cunhada de Napoleão Bonaparte. Maria Antonieta, rainha da França, tinha sido sua tia-avó.

Sua educação foi esmerada, o que incluía embasamento em política internacional e até mesmo noções administrativas, sem falar numa ótima formação de cunho cultural. Sua formação incluía os estudos de alemão, francês, italiano, latim, inglês, grego, dança, desenho, pintura, história, geografia, música, tendo especial interesse por botânica e mineralogia.

Muitos historiadores da atualidade destacam seu importante papel no que toca às articulações para a independência do Brasil. Para o historiador Paulo Rezzutti, autor do livro D. Leopoldina - a história não contada: a mulher que arquitetou a independência do Brasil, dentre outras obras sobre a família imperial, teve uma atuação de destaque no processo. Como conselheira do marido,  desempenhou um papel importante no episódio conhecido como Dia do Fico, em que Dom Pedro I decide não cumprir as ordens da Corte Portuguesa para retornar a Portugal, além de outras decisões de vulto, entre elas a política de imigração de alemães. A colônia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, recebeu esse nome em homenagem a ela.

Além de sua afeição ao Brasil, tornando-a uma figura real bastante popular junto ao povo, mais do que o próprio marido. Leopoldina, por outro lado, temia que os excessos liberais acabassem ameaçando a legitimidade dinástica dos Habsburgo e Bragança, motivo fundamental para aliar-se às ideias de independência do país.

Em setembro de 1822, em função da viagem de Dom Pedro 1º a São Paulo, a fim de enfrentar as ameaças de tentativa de independência da província, o que poderia provocar uma guerra civil, o imperador entrega o poder à esposa, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil. Ao tomar o conhecimento de ações planejadas em Lisboa contra o Brasil, aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Silva, então ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, considerado o Patriarca da Independência, Leopoldina escreve ao marido sugerindo a ele a independência do país. Segundo consta, foi ela que idealizou a bandeira nacional, com o verde simbolizando a família Bragança e o ouro, a família Habsburgo. 

A imperatriz Leopoldina acabou falecendo em 11 de dezembro de 1826, no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. Não se sabe ao certo a verdadeira causa de sua morte: se em função de uma infecção ou por ser vítima de um sério processo de depressão, abalada pelos escândalos e humilhações sofridos em razão das aventuras extraconjugais do marido. Seu filho mais novo, Pedro (1825-1891), herdou o trono como segundo e último monarca do Brasil.


Mais |

Maria Leopoldina e o esquecimento histórico feminino

https://www.youtube.com/watch?v=6N0FOdHqKOc


Fonte |

https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Leopoldina_de_%C3%81ustria

 

Imagem | Joseph Kreutzinger, Public domain, via Wikimedia Commons

Nenhum comentário:

Postar um comentário