23 setembro 2021

Climatologista alerta: "Estamos cometendo um ecocídio. Chegamos ao nosso limite."

 

Francisco Eliseu Aquino, 51 anos, professor de Climatologia e Oceanografia da UFRGS-Universidade Federal do Rio Grande do Sul e diretor substituto do Centro Polar e Climático da instituição, dedica-se aos estudos da Antártida e das mudanças climáticas já há um bom tempo. Em entrevista recente à imprensa (vide fonte), esclareceu várias questões relativas à crise climática e fez um alerta, que inclui de maneira especial a situação do Rio Grande do Sul: Estamos cometendo um ecocídio de consequências muito sérias. A seguir, alguns tópicos extraídos da entrevista:


O aquecimento global já era previsto desde os anos 60 e 70, com a emissão de gases de efeitos estufa, o uso de carvão e desmatamento irresponsável.

Ainda que de uma maneira rudimentar, já eram previstas a intensificação das alterações climáticas na Região Sul do Brasil, com tempestades cada vez mais intensas nos meses quentes e frios mais intensidades com tempestades de maior impacto, num contexto que combina a bacia do Prata, Andes, Antártida e Amazônia.

"Uma atmosfera mais aquecida carrega mais vapor d'água, alimenta mais as nuvens e deixa-as com capacidade de volume de chuva e tempestades mais intensas", disse o especialista.

Os eventos de chuva concentrada no RS provoca situações de fortes chuvas em 24 horas e o restante do mês sem chuva, numa situação de precipitação pluviométrica mal distribuída, causando seca e enchentes devastadoras ao mesmo tempo.

"Quando há nas margens dos rios ou nas áreas de formação de mananciais ou nascentes vegetação preservada, elas guardam essa umidade e vão cedendo lentamente." Essa preservação não está sendo observada.


Em consequência da situação, Aquino prevê que a agricultura gaúcha sofrerá grandes impactos entre os anos 2025-2040 e espera, em razão disso, que os futuros gestores públicos atentem de fato para uma agenda do meio ambiente a fim de amenizar-se a situação.

Chegou-se a um ponto em que não mais será possível reverter a situação por completo, mas atenuá-la com medidas de há muito especificadas: "diminuição da emissão de gases, melhoria do transporte público, investimento em energia alternativa limpa". Faremos isso na prática?

Fonte |
"Estamos cometendo um ecocídio. Chegamos ao nosso limite", entrevista de Aline Custódio com o Prof. Francisco Eliseu Aquino para o Caderno Doc, de Zero Hora de 18-19/set/2021

Mais |
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