O diplomata gaúcho Cleiton Schenkel, que atua no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, lançou recentemente seu livro Nunca Sozinho - A Vida na Coreia do Norte pelo olhar de um brasileiro (*), em que escreve sobre sua vida durante dois anos, acompanhado pelo esposa e filho pequeno, em Pyongyang, a capital, como encarregado de negócios entre os dois países.
Schenkel, que já desempenhou seu papel no Zimbábue e na Suíça, desenvolve no livro uma narrativa cheia de detalhes curiosos a respeito de experiência no país do ditador Kim Jong-Un. Vejamos alguns, mencionados em entrevista recente sua ao de jornal Zero Hora, de Porto Alegre:
Andar por Pyongyang
O autor desmistifica a ideia de que um estrangeiro não possa andar com certa liberdade pelas ruas da capital, a não ser em determinados locais como museus, galerias e mesmo o metrô, que dependem de agendamentos e acompanhamento por parte de guias locais.
O bebê-atração
Num país em que o fenômeno da miscigenação não existe e o contato com estrangeiros é raro, o bebê do casal "parecia uma minicelebridade, sempre cercado de curiosos", escreve o autor em entrevista.
A cobertura esportiva
Por ocasião dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e da Copa do Mundo na Rússia, nada de transmissão direta das competições. Tudo passa por um filtro em termos de conveniência e inofensividade... Jogos de uma equipe nacional? Só se tiver vencido.
Vidas sobre controle
A população vive sobre um rigoroso controle ideológico contra "más influências". Isso implica a existência de duas linhas telefônicas: uma para os nativos, outra para os estrangeiros, sem possibilidade de contato entre os dois grupos.
O comércio informal
Schenkel avalia que o crescente comércio informal no país poderá provocar com o tempo mudanças em relação ao rígido controle da população.
Uma só Coreia
O conflito bélico entre as duas Coreias - do Norte e do Sul - ocorrido na primeira metade dos anos 50 terminou num cessar-fogo, mas sem a assinatura de paz. Ambos os lados não reconhecem a divisão do país. "Bem-vindos à Coreia" é o que se lê no aeroporto da capital. Os esperantistas sul-coreanos, diga-se de passagem, rejeitam o termo Sud-Koreio, amplamente usado pelos falantes de esperanto em geral. Preferem simplesmente a designação de Koreio.
O culto aos líderes
Para os olhos de um ocidental, o culto aos líderes por parte dos norte-coreanos é extremamente exagerado, com dezenas de imagens do pai e avô do atual mandatário em painéis, outdoors ou broches usados pelas pessoas ao longo das ruas.
Nada de conversas pessoais
Contatos oficiais de caráter diplomático? Por meio de reuniões, encontros inclusive de confraternização em jantares e recepções, mas nada de conversas pessoais, bem ao gosto dos povos latinos...
O acesso à internet
O acesso de estrangeiros à internet era livre, com exceção de jornais da Coreia do Sul e de determinados saites dos EUA. As linhas telefônicas e internet são distintas, relembrando. Para a população, o acesso de páginas depende do sancionamento por parte do regime.
(*) A obra foi editada pela Chiado Books, 423 páginas, R$ 46 em média.
Fonte |
Zero Hora
Muito interessante, pois quase nada se consegue saber desse País...
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