21 agosto 2021

Minhas ideias regadas a vinho (18) | Dona Margarida vai votar/ O destino/ Liberdade de expressão/ Máscaras/ Inferiorização

 


Dona Margarida foi votar
Dona Margarida deu mais uma ajeitada no cabelo na frente do espelho da penteadeira do quarto, levantou-se da cadeira e dirigiu-se para a sala a fim de esperar o filho mais velho, que a levaria de carro para votar. Olhou para o relógio. Atrasado como sempre o filhão. Era dia de votação para prefeitos vereadores, sua eleição preferida porque era menos complicada. Tinha que admitir que ainda estava em dúvida: votar no candidato do filho, apoiado pelo atual prefeito, ou no da filha, o da oposição. Os filhos azucrinavam sua cabeça para votar num ou no outro. Andrezinho tinha dito a ela que não levasse em conta as coisas ruins que diziam dele. Era tudo coisa desses comunistas, que queriam o poder a todo custo e espalhavam boatos só para confundir as pessoas, explicava ele. Lucinha, por outro lado, não ficava atrás em suas críticas ao candidato do irmão: chamava-o de machista, racista, homofóbico, que queria ser eleito só pra fazer a vontade dos ricos. Homofóbico... Essa palavra tinha aprendido com ela, uma moça inteligente que estava no último ano da faculdade. Quanto à ideia de ser machista, bem, melhor do que ser viado, coisa que jamais diria na frente da filha. O mundo viria abaixo. De mais a mais, o homem sempre se achou superior à mulher. Grande novidade! Racista? Bobagem. Nos Estados Unidos sim, que tinha racismo. Além do mais, se até o pastor da igreja que a irmã frequentava tinha pedido aos fieis para votarem nele, é porque não era tão ruim assim. Seu Honório era boa gente. 

Dona Margarida estava muito chateada com isso tudo. Tinha que admitir que o candidato da filha, um professor, falava muito bem, embora muitas vezes, no horário político, dizia coisas que ela não entendia. Simpático, bonitão... Sorriu ao pensar nisso. Mas enfim, ver os dois irmãos discutindo por causa de política, quase que brigando feio, era algo muito triste. Antes tudo era tão mais simples. Votava no candidato do marido, que Deus o tenha no Céu, e pronto. Fim de papo. Então, já no meio do caminho até o local de votação, uma escola, decidiu: não votaria em nenhum dos dois candidatos. O voto dela não ia fazer diferença nenhuma. Só esperava a reação dos filhos quando soubessem...
- Tá rindo do quê, mãe? - perguntou o filho na direção, já nas proximidades da escola.

O destino 
Vargas, Jango, Lula, Dilma. Todo presidente deste país, de uma forma ou de outra, mais voltado para as questões sociais foi apeado do poder.

Liberdade de Expressão
Liberdade de expressão não significa crime contra a Constituição. Até as amebas sabem disso, como diria o jornalista Mino Carta.

Máscaras
Por que certos políticos usariam máscaras se já usam uma desde sempre, só que invisível?

Inferiorização
Era preciso criar mecanismos de inferiorização da mulher e do negro, ao longo dos séculos, para melhor dominá-los e ter-se justificativas para tal, valendo-se até mesmo do concurso da religião. As mulheres tentam o homem. Os negros são descendentes de Cam, personagem bíblico amaldiçoado.

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