30 agosto 2021

1961 | Campanha da Legalidade: o Palácio Piratini, em Porto Alegre, quase foi bombardeado

 




Há 60 anos atrás, entre 25 de agosto e 6 de setembro, Porto Alegre viveu dias extremamente tensos em função de um dos momentos mais marcantes de sua história: a chamada Campanha da Legalidade, liderada por Leonel de Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul e tendo como respaldo o general José Machado Lopes, então comandante do III Exército, atualmente conhecido como Comando Militar do Sul. O movimento, de caráter civil e militar, teve por objetivo garantir a posse de Jango Goulart, vice-presidente da República, em função da renúncia de Jânio Quadros, conforme manda a Constituição. Jango naquela ocasião encontrava-se em missão comercial à China. A linha dura do Exército, vendo em Jango um "comunista", vetou sua posse, rompendo a ordem política, com a intenção de convocação de novas eleições.

Brizola, cunhado de Jango, promoveu uma mobilização popular armada, que incluía a Brigada Militar gaúcha e dezenas de emissoras de rádio, em cadeia com a Rádio Guaíba de Porto Alegre. O General José Machado Lopes, comandante do III Exército, recusou a cumprir ordens de Brasília e acabou aderindo ao movimento, vindo a ser seguido por outros oficiais graduados. 

Um fato marcante, em meio à crise, foi a intercepção, por parte dos legalistas de uma mensagem cifrada ordenando o bombardeio do Palácio Piratini (foto), sede do governo gaúcho, por parte da 5ª Zona Aérea de Canoas, cidade vizinha à capital, acrescida de uma ordem do Estado Maior da Aeronáutica, que incluía voos rasantes sobre o Palácio, como forma de intimidação. Na Base Aérea de Canoas, sargentos e suboficiais acabaram impedindo a decolagem de aviões carregados com bombas. Desarmam os aviões e furam seus pneus. Uma frota naval chega a Florianópolis, com a intenção de bombardear Porto Alegre.

Felizmente o impasse foi solucionado pela aprovação do parlamentarismo, por parte da Câmara dos Deputados, em Brasília, com a intenção de limitar os poderes de Jango Goulart, que acaba assumindo o cargo da presidência. Em janeiro de 1963, a população brasileira através de plebiscito diz não ao parlamentarismo e garante a volta do presidencialismo.

Fonte |

Os 13 dias que sacudiram o RS, reportagem de Dione Kuhn, publicada em Zero Hora de 28-29/ago/2021 no caderno Doc.




Imagem | Ricardo André Frantz (User:Tetraktys), CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons

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