07 julho 2021

HILDEGARDA DE BINGEN | Doutora da Igreja, cientista da Idade Média

 


Hildegarda de Bingen (1098-1179), nascida em Bermersheim vor der Höhe, pequena cidade no sudoeste da Alemanha, foi uma das figuras mais notáveis da era medieval. Além de ter sido monja beneditina, mestra de mosteiro, destacou-se em seu tempo como teóloga, compositora, pregadora, naturalista, médica informal, poetisa, dramaturga e escritora, sem falar em suas notáveis habilidades de clarividência desde a infância, vindo a constituir-se num dos grandes vultos da Igreja de seu tempo, tendo sido canonizada em1584 e declarada Doutora da Igreja em 2012.

Dedicada à devoção e à piedade, atribuía-se a ela curas milagrosa e no aspecto teológico pregava uma união cooperativa entre corpo e espírito, entre a Natureza, a vontade humana e os desígnios de Deus; recusou-se a atribuir a Eva a culpa pelo Pecado Original e em muitas vezes em seus textos refere-se a Deus como uma mãe amamentando seus filhos, numa sociedade de cultura patriarcal, que vê a Divindade apenas como "Pai". Combateu as heresias e foi extremamente crítica com os vícios do clero, como por exemplo a compra de títulos eclesiásticos. 

Em pleno período medieval, de costas para o saber científico, interessou-se por desvelar os mistérios não só da religião, mas do Universo, do Homem e da Natureza, numa perspectiva que hoje chamaríamos de holística. No campo da botânica,  estudou a Natureza com uma objetividade científica desconhecida em sua época, interessando-se sobretudo por plantas de caráter medicinal. Na Medicina, ocupou-se com vários temas e chegou a propor métodos de tratamento para as doenças que afligiam seus semelhantes.

Cada vez mais reconhece-se seus méritos, como por exemplo os seguintes:

- Foi a primeira mulher a ser considerada uma autoridade em assuntos teológicos;

- A única mulher na Idade Média que recebeu o direito de pregar em público;

- O único dramaturgo de séc. 12 que não ficou no anonimato;

- A única mulher medieval a ser lembrada como compositora;

- A primeira pessoa a escrever sobre sexualidade e ginecologia do ponto de vista feminino.


Alfabeto da Lingua Ignota, criado por ela, com seus correspondentes no alfabeto latino.

Merece atenção especial em relação a ela, por partes de linguistas e falantes de esperanto, seu pioneirismo no campo da criação de uma língua planejada, dentre tantas que surgiram ao longo do tempo principalmente na Europa. Foi autora da Lingua Ignota (Língua Desconhecida), que compunha-se de cerca de 900 palavras com as quais descrevia os seres fantásticos que apareciam em suas visões, assim como termos ligados ao quotidiano do mosteiro. Acredita-se que tenham sido inclusive usadas como uma espécie de código secreto entre as monjas diante de estranhos à vida monástica.

Enfim, uma mulher notável! No momento em que  encerro esta postagem, fico imaginando o quanto o mundo poderia estar num estágio evolutivo mais elevado se o elemento feminino pudesse ter tido a oportunidade, ao longo dos séculos, de desenvolver de igual para igual com o masculino as qualidades e habilidades diversas do ser humano.

Fonte | 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hildegarda_de_Bingen


Mais |

Antonieta de Barros, a educadora catarinense que criou o Dia do Professor

https://cesardorneles4.blogspot.com/2021/05/antonieta-de-barros-1901-1952-educadora.html


Imagens |

<a title="Unknown authorUnknown author, Public domain, via Wikimedia Commons" href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hildegard_von_Bingen.jpg"><img width="256" alt="Hildegard von Bingen" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/ba/Hildegard_von_Bingen.jpg/256px-Hildegard_von_Bingen.jpg"></a>

Por text by Hildegard von Bingen - Riesencodex [1], Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=8571181

Um comentário: