20 julho 2021

IBIRUBÁ, RS | Teriam estranhos túneis na cidade sido usados por nazistas em fuga?

 

Reportagem da revista CartaCapital de 21/jul/2021, tendo como título "Os mistérios de Ibirubá", fala sobre as pesquisas que estão sendo realizadas pelo jornalista Clóvis Messershmidt, desde 2015, com o apoio das universidades Federal do Rio Grande do Sul e da Federal de Santa Maria, sobre estranhos túneis e passagens subterrâneas na cidade, que teriam sido utilizados por foragidos nazistas provenientes da Alemanha no pós-guerra.

Ibirubá é uma cidadezinha de 20 mil habitantes, a 300 km de Porto Alegre, próxima a Passo Fundo, na região norte do Estado e que foi colonizada por imigrantes alemães. Para suas investigações, Messershmidt, jornalista local, conta com fotos, documentos e depoimentos de pessoas mais antigas da cidade, num clima de perplexidade, curiosidade, medo como diz a reportagem, sem falar nas ameaças que vem sido sofridas por ele, para não remexer no passado. "Relatos contam que o médico Josef Mengele viveu pouco mais de um ano em uma chácara nos arredores da cidade. Adolf Eichmann, capturado em Buenos Aires pelo Mossad, o serviço secreto de Israel, Marin Bormann, secretário de Adolf Hitler, e o tenente-coronel  da SS Paul Hasser, todos teriam transitado por lá", afirma o texto da revista de autoria da jornalista René Ruschel.


A reportagem de CartaCapital de 21/07/21


Um pouco de história. Em 1915 o alemão Alfred Shott Braun (algum parente de Eva Braun?), foragido da 1a Guerra Mundial, instalou-se na cidade com a família e foi responsável pela criação da primeira farmácia na localidade, na época chamada de Colônia General Osório. A construção dos primeiros túneis foi uma iniciativa dele, levando em conta uma tradição alemã de esconder alimentos debaixo da terra para evitar roubos. Bandoleiros assediavam as pequenas localidades gaúchas na época. 

Seu filho Frederico Ernesto Braun, formado em medicina em Porto Alegre, transferiu-se para Chicago, nos EUA, a estudos. Conhece um grupo de nazistas, identifica-se com a ideologia e retorna ao Brasil, "com a missão de esconder dinheiro oriundo da Alemanha e investir em propriedades rurais", mas que ele acaba investindo em imóveis em seu próprio nome. Constrói um hospital, bem como um túnel que o ligava à sua residência, sendo que no subsolo havia um laboratório para suas experiências "científicas".

Francisca Schöfer - enfermeira que trabalhou com o Dr. Braun, como era conhecido na cidade - antes de falecer, em depoimento dado a Messershmidt em 2018, contou que ele pediu-lhe que limpasse o laboratório e acabou horrorizada com o que viu: vidros com fetos em formol, corpos de mulheres. "Segundo ela, em dos quartos da residência havia um alçapão que desembocava em quatro túneis. Além do hospital, um desses canais ligava a casa a um frigorífico".

Em 1964 Frederico Ernesto Braun "teve que fugir, perseguido pelos nazistas que não tiveram o retorno esperado nos investimentos", relata o jornalista. Teria simulado sua própria morte em Ibirubá. Em 2017, vândalos violaram seu suposto túmulo, além de outros, e a tíbia esquerda de seus restos mortais acabou sendo examinada no Instituto Geral de Perícias, em Porto Alegre. A conclusão foi que na verdade osso era de uma jovem de 18 anos. A Polícia Civil, na época, preferiu arquivar o processo instaurado.

O pedreiro aposentado José Godoy de Souza, que trabalhou na residência do médico, confirmou a existência de túneis, que ligavam a casa ao hospital. O bombeiro civil Luís Eduardo de Andrade, sob autorização, visitou os túneis e nele encontrou "um alçapão que dava para uma sala enorme". Em depoimento de Leonilda, que preferiu omitir o sobrenome, criada por uma família nazista que tinha relações de amizade com Braun, afirmou que teria tido acesso a espaços subterrâneos, sendo que numa sala havia armas, quadros e um estátua, todos com alusões ao Nazismo.

"Não ultrapasse os limites. Não se exponha", dizia uma carta anônima ao jornalista investigador, numa das ameaças mais recentes.

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