26 julho 2021

PORTO ALEGRE | História de territórios negros na cidade é resgatada

 


A Profª Daniele Machado Vieira, da rede pública de ensino e doutoranda em Geografia, em seu trabalho de mestrado resgatou histórias de determinados bairros de Porto Alegre, que em suas origens eram redutos da cidade que abrigavam a população de cor negra, descendentes de escravizados provenientes da África. Os bairros em questão são Menino Deus, Mont' Serrat, Cidade Baixa e Rio Branco, com espaços inclusive de lazer e práticas de culturais de batuque e carnaval.

"Os territórios negros começam a surgir no século 19. Com a abolição da escravatura, em 1888, houve intensa reorganização territorial e a população empobrecida, na sua maioria negra, foi despachada para espaços semirrurais no entorno da área central", afirma reportagem de jornal (vide referência).

Por outro lado, com o início de uma urbanização mais acelerada a partir do séc. 20, essa população mais pobre, em função a valorização imobiliária desses locais, acabou sendo expulsa para locais mais distantes, e foi daí que um bairro como a Restinga, no extremo-sul do município acabou surgindo.

A pesquisadora, a partir de documentos históricos, fotografias antigas, crônicas e narrativas fez um mapeamento dos antigos lugares em essa parte da população habitava originariamente, como por exemplo a Ilhota, circundada pelas águas do Arroio Dilúvio, que deixa de existir com a canalização feita nele posteriormente. Ali surgiu o bloco de carnaval Divertidos Atravessados, que desfilava em coretos e desfiles carnavalescos, no qual o grande compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues, morador do local durantes muitos anos, era compositor e cantor do bloco.

Na chamada Colônia Africana (bairro Rio Branco atualmente), que existiu desde a Abolição até os anos 40, era ocupada por ex-escravos e até mesmo imigrantes. Em setembro comemorava-se a festa de Nossa Senhora da Piedade, na qual não faltavam a presença de mães-de-santo e comida africana.


Pontos da cidade relacionados

Largo Zumbi dos Palmares | Largo em homenagem a Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, cujo nome homenageia o personagem da história brasileira que lutou contra a escravização, ao final do séc. 17. No séc. 19 era coberto por um matagal que servia de esconderijo para pessoas escravizadas foragidas de seus "donos".

Bará do Mercado | Na encruzilhada dos quatro corredores centrais do Mercado Público Municipal, construído por escravos, encontra-se um mosaico de pedras e bronze, no qual segundo a crença religiosa de origem africana acredita-se que nele está o Bará, orixá responsável por abrir caminhos.

Largo da Forca | No Centro Histórico da cidade, local onde os escravos eram penalizados com chibatadas ou mesmo enforcados. No local encontra-se o monumento O Tambor (2010), de cor amarela em homenagem a Oxum (foto acima).

Igreja do Rosário | Igreja no centro da cidade, cuja construção original era de uma igreja de mesmo nome, erguida entre 1817 e 1827, por uma irmandade formada por negros livres ou escravizados.

Fonte |

Zero Hora

Na

Imagem | Eugenio Hansen, OFS, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons

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