CABEÇAS PENSANTES (4) | No tempo das religiões/ Lei Áurea: uma lei a favor dos latifundiários/ América Indo-afro-latina

 

O segredo de desagradar

é dizer tudo. (Voltaire)

Lembrem-se dos conquistadores muito cristãos e dos massacres que fizeram de milhares de indivíduos nativos americanos. Lembrem-se das guerras religiosas. Lembrem-se do comércio de escravos negros. Lembrem-se do stalinismo, do nazismo, dos ditadores fascistas na Europa e na América do Sul. Vamos parar de embelezar o passado. Nossa época é muito imperfeita, muito injusta e, por vezes, muito cruel. Mas nos séculos passados, no tempo em que as religiões dominavam tudo, era bem pior. (André Comte-Sponville, filósofo francês, em entrevista ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre)

Não seria errado considerar a lei [Áurea] dada na Corte do Rio de Janeiro como uma tentativa de interromper a onda de saques, incêndios, fugas e violências que cresciam há alguns anos. Assim, a "libertação" da lei 3.353 seria mais uma estratégia conservadora de tentar solidificar o controle de latifundiários brancos do que um gesto visando ao bem-estar de escravizados. (Leandro Karnal)

América Latina não é "latina", nem no sul, nem no centro. É predominante anglo-francesa no Norte. E, demográfica e culturalmente, indo-afro-latina no Centro e no Sul do continente. Falar de América Latina é um clichê europeísta. (Eduardo A. Vizer, doutor em sociologia da Universidade de Buenos Aires, em entrevista ao jornal Zero Hora)

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