Nas livrarias, já algum tempo, Fernanda Montenegro: prólogo, ato, epílogo: memórias, um belo livro de memórias sobre a vida de Fernanda Montenegro, uma das grandes estrelas brasileiras do teatro, TV e cinema, que acaba de completar91 anos de existência. Seguem abaixo apontamentos e curiosidades que extraí dessa obra digna de ser lida principalmente pelos seus admiradores, como eu:
Arlette Pinheiro da Silva Torres, nome de casada, nasceu em 1929 no Rio de Janeiro. Seu pai era marceneiro, de uma família emigrada dos Açores e sua mãe era de origem italiana da Sardenha.
Aos 15 anos de idade, quando estudava fazia um curso ténico de secretariado, ela foi bem sucedida num curso juvenil de locutores para a Rádio MEC, que acabou sendo seu primeiro emprego. O primeiro programa de que participou foi um melodrama sobre a Revolução Farroupilha. Fazia o papel de Manuela, uma namorada de Garibaldi. Para sua família, isso foi motivo de um certo orgulho pelo fato de Arlete ter feito tal papel: Garibaldi foi um grande herói no processo de unificação da Itália.
Na rádio, tinha lições de português, declamação, logopedia, sendo que a emissora contava com uma ótima biblioteca e discoteca, às quais ela tinha acesso. Acabou trabalhando durante dez anos na rádio e quando começou a escrever para programas, adotou o pseudônimo que a fez famosa: Fernanda Montenegro.
Em 1950 estreiou no teatro na peça Alegres canções na montanha. O elenco contava ainda com Nicette Bruno, Beatriz Segall e Fernando Torres (1927-2008), com quem Fernanda casou dois anos depois e teve dois filhos: Cláudio Torres, diretor de cinema, e Fernanda Torres, artista e escritora. Seguiram-se ao longo da vida outros inúmeros trabalhos teatrais que a tornaram reconhecida com grande atriz. Nos anos 50 e 60, participou de centenas de teleteatros primeiramente na TV Tupi e depois nas TVs Rio e Globo. Posteriormente atuou em muitas telenovelas. No livro, ela afirma que a mais memorável cena de novela de que participou foi aquela com a qual contracenou com Paulo Autran em Guerra dos Sexos (Globo, 1983). Uma cena com muita comicidade entre os dois personagens Charlô e Otávio, sem ensaio prévio por falta de tempo... Inesquecível igualmente por muitos telespectadores.
Atuou também no cinema em várias produções, dentre elas nos filmes Tudo Bem (1978), Eles não usam Black-tie (1981), Olga (2004), O Tempo e o Vento (2013), sem falar em Central do Brasil (1998), de Walter Salles, através do qual ela fez jus a um reconhecimento internacional ao ser uma das finalistas do Oscar na categoria de Melhor Atriz, graças ao seu papel como Dora, uma ex-professora que ganha a vida por meio de pequenos trambiques. Em 2003 o Emmy Internacional a premiou como Melhor Atriz por sua participação no filme Doce de Mãe.
Referência:
MONTENEGRO, Fernanda. Prólogo, ato, epílogo: memórias / Fernanda Montenegro com a colaboração de Marta Góes. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
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