No momento em que estava lendo as primeiras páginas no novo romance de Isabel Allende lançado em português, Longa Pétala de Mar, de repente encontrei um parágrafo em que o esperanto é mencionado. É curioso que em sua carreira literária, isso não foi a primeira vez.
Veremos isso posteriormente. Primeiramente, algo sobre Isabel Allende, a mais consagrada escritora em língua espanhola do mundo. Nasceu em Lima, Peru, em 1942, mas ela é uma chilena de nascimento que com o tempo adquiriu também a nacionalidade norte-americana. Desde 1988 reside nos EUA. Em 1983 publicou seu primeiro romance: A Casa dos Espíritos, de grande repercussão internacional cuja história veio a ser adaptada para o cinema, com a participação dos atores norte-americanos Jeremy Irons e Wanona Ryder. Seguiram-se outros romances como Eva Luna, Filha da Fortuna e Retrato em Sépia, todos com grande aceitação por parte do público.
E o esperanto? Em A Casa dos Espíritos, a protagonista Clara costuma contatar os espíritos, que falam com ela somente em espanhol ou em esperanto. Ela inclusive vem a escrever a embaixadores e ministros de educação sugerindo a inclusão do esperanto nas escolas do mundo inteiro, mas sua ideia não tem o acolhimento devido.
No livro O caderno de Maya, a autora utiliza a palavra esperanto em sentido figurado. Sobre seu cão de estimação ela comenta: Não é carinhoso, entendemo-nos na linguagem da flora e da fauna: esperanto telepático.
Em Longa Pétala do Mar (2019), o enredo se desenvolve entre a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e o exílio dos protagonistas no Chile, depois de um tempo tendo vividos na França. No final do conflito, o Generalíssimo Francisco Franco triunfalmente entre em Barcelona com seu exército. Numa determinada passagem, há uma menção ao idioma de Zamenhof:
Primeiro prendiam os combatentes, se os achassem, em qualquer condição que estivessem, e pessoas denunciadas por outros como colaboradoras ou suspeitas de alguma atividade considerada antiespanhola ou anticatólica; isso incluía membros de sindicatos, partidos de esquerda, praticantes de outras religiões, agnósticos, maçons, professores, maestros, cientistas, estudiosos de esperanto, estrangeiros, judeus, ciganos, e assim seguia a lista interminável.
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