Os povos antigos, como gregos, romanos e egípcios, sempre deram muito
valor à higiene pessoal. Fabricava-se sabão no Egito Antigo, algo desconhecido
na Idade Média europeia. Os romanos mais abastados frequentavam os banhos
públicos diariamente e seus corpos eram esfregados até sair toda a sujeira. Com
o advento do Cristianismo, a higiene foi deixada de lado por motivos
religiosos. O banho passou a ser associado à dissolução de costumes de épocas
anteriores. Desnudar-se e tocar-se durante o banho foram considerados atos
inadequados para o cristão. Assim, na maior parte dos conventos e mosteiros
medievais, por exemplo, tomava-se banho duas, vezes ao ano, e assim mesmo em
função de alguma festa religiosa, como a Páscoa e o Natal. A medicina da época passou a ver no banho um perigo para a
saúde: a água abriria os poros e permitiria a infiltração de doenças. A própria
higiene em geral dos ambientes em que se vivia deixava muito a desejar.
Em
Londres, Paris e Lisboa, o lixo e fezes humanos (jogadas dos prédios, assim com
a urina) infestavam as ruas, e dá para se imaginar o odor que causavam. Segundo
consta, a rainha Isabel, da Espanha (1451-1504), tomou apenas dois banhos
durante a vida. No majestoso Palácio de Versalhes, um decreto de 1715
baixado por Luís 14, determinava que as fezes passassem a ser recolhidas dos
corredores do palácio pelo menos uma vez por semana. Versalhes contava com apenas um banheiro, que não era usado.
Conta-se que Dom João 6º não tinha o hábito de trocar de camisa, que
literalmente era usada até apodrecer no corpo.
Referência:
"Séculos de imundície", matéria
publicada em Veja, em 12/12/2007, com base nos livros Clean - A History of Personal Hygiene and Purity,
de Virginia Smith e The Dirt on
Clean, de Katherine Ashenburg.
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