03 agosto 2020

Quando a Europa não tomava banho...



Os povos antigos, como gregos, romanos e egípcios, sempre deram muito valor à higiene pessoal. Fabricava-se sabão no Egito Antigo, algo desconhecido na Idade Média europeia. Os romanos mais abastados frequentavam os banhos públicos diariamente e seus corpos eram esfregados até sair toda a sujeira. Com o advento do Cristianismo, a higiene foi deixada de lado por motivos religiosos. O banho passou a ser associado à dissolução de costumes de épocas anteriores. Desnudar-se e tocar-se durante o banho foram considerados atos inadequados para o cristão. Assim, na maior parte dos conventos e mosteiros medievais, por exemplo, tomava-se banho duas, vezes ao ano, e assim mesmo em função de alguma festa religiosa, como a Páscoa e o Natal. A medicina da época passou a ver no banho um perigo para a saúde: a água abriria os poros e permitiria a infiltração de doenças. A própria higiene em geral dos ambientes em que se vivia deixava muito a desejar. 

Em Londres, Paris e Lisboa, o lixo e fezes humanos (jogadas dos prédios, assim com a urina) infestavam as ruas, e dá para se imaginar o odor que causavam. Segundo consta, a rainha Isabel, da Espanha (1451-1504), tomou apenas dois banhos durante a vida. No majestoso Palácio de Versalhes, um decreto de 1715 baixado por Luís 14, determinava que as fezes passassem a ser recolhidas dos corredores do palácio pelo menos uma vez por semana. Versalhes contava com apenas um banheiro, que não era usado. Conta-se que Dom João 6º não tinha o hábito de trocar de camisa, que literalmente era usada até apodrecer no corpo.


Referência:
"Séculos de imundície", matéria publicada em Veja, em 12/12/2007, com base nos livros Clean - A History of  Personal Hygiene and Purity, de Virginia Smith e The Dirt on Clean, de Katherine Ashenburg.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário