Na extensa reportagem tendo como título Arrabalde, de João Moreira Salles, publicada em partes na revista Piauí em seis números subsequentes, sobre o drama amazônico, na parte final, além de outras questões, ele chama a atenção para o fato de que a Amazônia corre o risco de ser destruída em nome do garimpo desenfreado e de criação de pastagens que mais adiante possivelmente não terão mais razão de ser.
O autor cita uma reportagem publicada na revista The New Yorker (2019) tendo como título Um hambúrguer pode ajudar a questão climática? do qual destacou dentre outros dados os seguintes: há no mundo algo em torno de 1,5 bilhão de cabeças de gado, cuja prática de criação é altamente maléfica para o meio-ambiente. Um terço das terras cultiváveis no mundo é usada para o plantio de ração animal. A derrubada de florestas para se transformarem em pastos (nos últimos 25 anos, com o tamanho de uma América do Sul) transforma um sumidouro de carbono num dilúvio de carbono, sem falar na produção de metano em função da ruminação dos bovídeos.
Patrick Brown, professor de bioquímica de Stanford, na Califórnia, depois de uma luta infrutífera junto a políticos e agências governamentais, num trabalho de conscientização pela necessidade de mudança de em relação ao modo de produção animal, abandonou a academia para voltar-se a uma nova atividade: ser inventor. No caso, inventor de carne a partir de pesquisas em laboratório. Um produto competitivo, que apresentasse vantagens em relação ao consumo de carne animal, em termos de textura, sabor e preço, com consequências benéficas para o meio-ambiente. O fim da pecuária tradicional, observa Salles.
Para atingir seu objetivo, afirma a matéria da revista The New Yorker, Patrick Brown fundou a Impossible Foods, na qual reuniu um grupo de colegas cientistas com a finalidade de criar um hambúrguer que para sua produção exige menos 87% d'água e uma área 96% menor para ser produzido, mais rico em fibras, vitaminas, ferro e cálcio, com o mesmo conteúdo em proteínas.
O produto avança em sua aceitação comercial. Em 2018 cinco mil restaurantes espalhados pelos EUA já o ofereciam para seus clientes. Hoje conta com 45 mil postos de venda na América do Norte e Ásia e está presente no cardápio da rede Burger King. Produtos análogos à carne de origem animal, da Beyond Meat [Além da Carne], igualmente entraram no mercado. Certamente que já ainda um longo caminho a percorrer, mas o fato é de que o tempo urge. Relatório da consultoria global Kearney prevê que "até 2040, 60% da carne consumida no mundo não será proveniente de animais", informa João Moreira Salles, citando o saite InfoMoney.
Fonte | Reportagem Arrabalde: parte VI_O que queremos?, de João Moreira Salles, publicada na revista Piauí de abril 2021.
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Muito interessante...
ResponderExcluirArtefarita voando? Chu efektive farebla larghskale?
ResponderExcluirLa klimata krizo determinos novajn manierojn pensi k agi.
Excluirviando
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