20 abril 2022

MOSAICO | Torto Arado/ "Descobrimento"?/ Estatísticas fajutas/ Uma sociedade adoentada. E mais.

 





Torto Arado |

Em minhas andanças literárias, encontro-me no sertão da Chapada Diamantina, Bahia, em meio às páginas de Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, vencedor de três importantes prêmios literários: Oceanos, Jabuti e Leya. "Um romance que retrata - com extrema habilidade narrativa - um Brasil dolorosamente encalhado no próprio passado escravista. Um texto épico e lírico, realista e mágico." - diz a capa do livro. A história de duas irmãs, Bibiana e Belonísia, em meio à luta pelo direito à terra e a emancipação dos trabalhadores rurais. Aliás dias atrás, assisti à uma entrevista do autor ao Roda Viva, em que ele fala sobre seu romance de estreia além de outros assuntos. Quando indagado ao longo do programa sobre o conceito de literatura regional, um termo tolo para diferenciar a literatura do eixo Rio-São Paulo do resto, foi claro: escritor escreve sobre seu centro, ou seja, tal termo não tem sentido algum. Daria eu como exemplos: Machado de Assis escreveu sobre seu centro. Erico Verissimo igualmente. Aliás, diga-se de passagem, no mesmo programa um entrevistador comentou algo genial: "No Brasil, o passado não passa".



Minhas ideias regadas a café |



22 de abril | Nesse dia, comemora-se o descobrimento do Brasil. OK. Só vale lembrar que a rigor, historicamente falando, a data leva em conta apenas uma visão meramente eurocêntrica da realidade. Como se há mais de 12 mil anos toda a América, incluindo o Brasil, não fosse habitada por povos provenientes da Ásia, pelo norte e até mesmo pelo sul, como sugerem alguns.

Varrido | Chamam-no de louco varrido. Por quê? Ainda não foi varrido.


Anotei |


Ordem |
Não tenho os créditos da pergunta, mas ei-la: Ordem mundial ou ordem imperialista mundial?

Fascistas | Li por aí que no tempo da URSS, as crianças quando brigavam, se xingavam de fascistas...


Deu no Twitter |


Como combater a desigualdade na era digital. No Brasil, o intermediário esmaga renda do produtor e eleva preço ao consumidor. Na China, a difusão pública da internet eliminou o intermediário, elevou a renda do produtor em até 3 vezes, com queda no preço final ao consumidor.
@MarcioPochmann



Cabeças Pensantes |

Chile | Somos um país, com renda de 20 mil dólares per capita, só é questão de fazer uma reforma tributária [para uma educação gratuita no país], porque essa média de 20 mil dólares só é alcançada por menos de 20% da população do Chile. E mais: Só 1% da população chilena acumula 30% da renda nacional. Então, claro, quando falam em média escondem essa desigualdade e dizem que no Chile estamos superbem, mas o que ninguém diz é que 50% dos chilenos ganham menos de 500 dólares por mês.
Giorgio Jackson, responsável pela Secretaria Geral da Presidência (Casa Civil no Brasil), do novo presidente do Chile Gabriel Boric, citado na matéria De volta para o futuro, de Fernando de Barros e Silva, publicada na revista Piauí de abr/22.


Losers | Nas Olimpíadas de Tóquio, após uma bela performance artística, a ginasta brasileira Rebeca Andrade foi interrogada sobre "o que faltou para alcançar o ouro". Com altivez e orgulho, respondeu: "Nada saiu errado. Estou contente com o meu desempenho." A menina afrodescendente, que ostentava para o país a inédita medalha de prata na categoria, desautorizou de pronto a visão reducionista que dividia a competição (e o mundo)  entre winners e losers.
Luiz Marques, professor de Ciência Política da UFRGS, em seu artigo O Fracasso da Meritocracia, em Zero Hora de 16-17/abr/22


Sociedade adoentada | Ao defender um torturador no Congresso Nacional, o então deputado Jair Bolsonaro deveria ter sido cassado. Seria o mínimo em um país que respeita a sua história e a dignidade humana. Mas não: foi eleito presidente dois anos depois. De degrau em degrau vamos chegando ao fundo do abismo ético e revelando uma sociedade profundamente adoentada.
Guilherme Boulos, em seu artigo Tortura: o limiar do humano, em CartaCapital de 20/abr/22.



Frases |

A amizade é uma das belas-artes.
Manuel Bandeira

Acordem e progresso.
Carlito Maia

O Brasil é sério, mas é surrealista.
Jorge Amado

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