25 abril 2022

Mistério: o GPS natural dos animais

 




Billy, o gato fujão


Na edição de abril a revista Piauí, da qual não perco nenhuma edição, a reportagem que mais me chamou a atenção é de autoria da jornalista norte-americana Kathryn Shulz, da revista New Yorker:
Por que os animais não se perdem. O fato é que gatos, morcegos, elefantes-marinhos, gaviões-de-cauda-vermelha, pinguins-imperadores e outros tantos animais "sabem como se orientar e, em maior ou menor grau, os cientistas seguem perplexos quando tratam de explicar como fazem isso", afirma Shulz.

Ela inicia seu texto falando sobre a experiência que testemunhou relativa a um gato chamado Billy, que acabou conhecendo logo que mudou-se para uma casa de aluguel em Hudson Valley, no estado de Nova York. O bichano já era velho, um tanto feioso, com um humor que não era dos melhores e pertencia a Phil, o antigo inquilino. No dia em que se mudou, a muito custo conseguiu colocar Billy numa caixa de transporte e colocá-la no assento detrás do furgão que o conduziria ao seu novo lar. Depois de meia hora de viagem por uma autoestrada, em plena tempestade, o gato conseguiu escapar da caixa. Phil parou o carro no acostamento e teve que descer do carro para tentar colocar Billy de volta à caixa. No que abriu a porta apenas uns 5 cm, Billy conseguiu saltou para fora do veículo, atravessou as duas faixas com veículos em alta velocidade e sumiu quando atingiu o canteiro central, coberto de vegetação. Depois de uma hora tentando atravessar a rodovia sem sucesso, Phil desistiu da tentativa e seguiu viagem, desconsolado, devido ao grande afeto que sentia por seu gato. Semanas depois, a jornalista, já instalada em sua nova moradia, ouviu de manhã cedo batidas na porta da frente. Era Billy, todo sujo e bem mais magro. Estava aflito e miava. Ela trouxe-lhe duas tigelas, uma comida e outra com água e entrou para dentro de casa. Recomeçaram as batidas na porta, com o gato ignorando o conteúdo das tigelas. Shulz acabou tirando uma foto do gato e a enviou ao seu dono, perguntando se era Billy. Logo que Phil chegou, o gato jogou-se em seus braços, aninhando-se no peito de seu dono. Só depois tratou de alimentar-se faminto. Na reportagem, sabe-se também de uma gata de estimação, Holly, que se perdeu numa viagem com seus donos e reapareceu em casa dois meses depois, tendo percorrido 320 km de distância, outro caso sobre o qual os etologistas, que estudam o instinto dos animal, ainda não têm uma explicação definitiva e abrangente. Por enquanto, há apenas teorias e a mais convincente tem a ver com o campo magnético.

Viajando com um GPS natural...

Vejamos outros exemplos incríveis de locomoção à longa distância dos animais, sem que se percam: 

Os salmões, depois de anos no mar, conseguem retornar ao seu local de origem, como riachos. 

O quebra-nozes-de-clark, da família dos corvos, "recupera a comida que escondeu previamente num espaço de quase 260 km2 e em até 6 mil locais diferentes".

Em seu processo de migração, de águas geladas a águas mais quentes, as lagostas seguem um percurso de maneira retilínea, uma atrás da outra, apesar das fortes correntes no fundo do oceano.

A andorinha do Ártico põe seus ovos nesse polo, mas no inverno passam uma temporada na Antártica, depois de terem viajado por 80 mil km, sem mudarem de curso, apesar do enfrentamento de ventos alísios e tempestades terríveis. Fantástico!


> Próxima segunda-feira, 02/maio |
Continuação da série Séc. 19 e 20:
Relatos de viajantes e imigrantes alemães sobre Porto Alegre
 

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