11 abril 2022

(2) Séc. 19 | Relatos de viajantes alemães sobre Porto Alegre

 




Robert Avé-Lallemant

Robert Christian Berthold Avé-Lallemant (1812-1884) nasceu em Lübeck, na Alemanha. Depois de formado como médico, em 1837, viveu vários anos no Rio de Janeiro e trabalhava como médico na Santa Casa de Misericórdia. Em 1855 voltou à Alemanha para dois anos depois regressar ao Rio, voltando a clinicar na então capital do Brasil. Graças ao favores do imperador, Dom Pedro 2º,  empreendeu duas viagens, uma para o Sul (1858) e outra para o Nordeste (1859). De Recife, acabou retornando à Alemanha em definitivo.

Sobre o Rio Grande do Sul, escreveu uma bela reportagem publicada em livro a respeito de Porto Alegre e outras localidades do Interior. Depois de uma detalhada descrição dos aspectos físicos da cidade, sua rua principal (Rua da Praia) e alguns de seus prédios de maior destaque, como "a igreja matriz, o palácio da presidência e um teatro recentemente construído", alusão ao Theatro São Pedro, refere-se à rara beleza do lugar visto "do alto da igreja e do teatro". Faz referência aos alemães que vêem transitando pelas ruas, falando dialetos do Holstein, o pomerânio e o bávaro renano. Calcula que na cidade deve haver uns 20 mil habitantes, sendo que 3 mil são provenientes da Alemanha. Hospedou-se num hotel cujo proprietário era alemão e veio a almoçar certo dia em outro, também de um conterrâneo seu, embora tivesse um nome em português: Hotel Comercial. Elogiou a carne e o peixe que comeu, "as batatas do tamanho de um punho" e a manteiga, que a considerou maravilhosa. Certo dia foi convidado para assistir a peça "Sonho de uma noite de verão", em sua língua no "Teatro Alemão", que o fez recordar do antigo teatro de sua cidade natal, Lübeck. Queixa-se da falta de igrejas protestantes na cidade. Faz menção ao Der deutsche Einwanderer, jornal em alemão editado na cidade, de "dolorosa recordação" para ele...

Friedrich Gerstäcker

Friedrich Wilhelm Christian Gerstäcker nasceu em Hamburgo (1816) e faleceu em Braunschweig (1872). Romancista, também escreveu obras sobre imigração e viagens que fez pelo mundo. Um deles foi "Dezoito meses na América do Sul e em suas colônias alemãs", em que relata suas experiências de viagens pelo Peru, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil, ao qual chegou através de Jaguarão, na fronteira com o Uruguai.

Em seu relato específico sobre Porto Alegre, começa classificando a cidade como "um lugar tão encantador e ensolarado como não se pode desejar outro no mundo". Em sua descrição da cidade, faz menção ao presídio, "o maior prédio da cidade". Achou o Theatro São Pedro muito bonito, mas com um palco proporcionalmente pequeno demais. Prevê para a cidade "um grande futuro". "A exportação já agora não é insignificante, porque quase todos os produtos do norte da província têm de passar por suas mãos, enquanto representa o ponto central para todas as mercadorias fornecidas às colônias". Opina que a colônia alemã na cidade carece de "um órgão próprio para seus interesses, independente, em língua alemã". Menciona o Einwanderer, citado acima, que já não existia mais, por não representar de fato os interesses dos colonos alemães, dada sua dependência aos interesses do governo.

Fonte |

Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890, de Valter Antônio Noal Filho e Sérgio da Costa Franco.


Mais |
(1) Séc. 19 e 20 | Relatos de viajantes 
e imigrantes alemães sobre Porto Alegre

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