14 setembro 2020

Porto Alegre nunca aderiu à Revolução Farroupilha. 4 anos sitiada.

 


A Revolução Farroupilha, também conhecida do Guerra dos Farrapos (1835-1945), foi um dos vários movimentos revolucionários que eclodiram no Brasil, como a Balaiada e a Sabinada entre outros, no Período da Regência, e que teve com causas primordiais a luta política por maior autonomia política das províncias e o descontentamento crescente das elites agropastoris do gaúchas, que tinha na produção e comercialização do charque sua maior riqueza. Enquanto o charque produzido na província era submetido a um imposto de 25% no Rio de Janeiro, o charque uruguaio gozava da cobrança de um imposto bem menor: 4%. De qualquer forma foi um movimento que dizia respeito aos interesses de uma parcela dos estancieiros sulinos, aferrada ao latifúndio escravocrata (Éder da Silveira), e que nunca contou com o apoio das cidades litorâneas de maior expressão, como Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, cujos interesses econômicos eram outros. Porto Alegre detinha boas relações comerciais com o Rio de Janeiro. 

Porto Alegre, desde seu nascimento, era um porto comercial estritamente ligado à navegação de cabotagem e ao comércio com os portos brasileiros do Sudeste e do Nordeste. Seus comerciantes, em grande número, eram "brasileiros adotivos" e, por isso mesmo pouco sensíveis ou indiferentes às pretensões políticas da Campanha (Sérgio da Costa Franco). A necessidade de manter-se vínculos econômicos com o resto do país era claramente defendida na imprensa local do período. Como se não bastasse, no curto espaço de tempo em que os revolucionários mantiveram a cidade sob seu poder, dada sua hostilidade para com a comunidade de imigrantes portugueses, que teve como consequência o aumento no valor de impostos para os negociantes lusitanos.

Assim, entre 1836 e 1840, apesar do cerco que os farroupilhas impõem à cidade, após a perda de seu domínio,  e que submete à população porto-alegrense uma situação de fome e penúrias, a cidade resiste bravamente para sustentar sua lealdade ao Império, a ponto de finada a guerra, ela recebe o título honorífico de leal e valerosa cidade dada pelo imperador Dom Pedro 2º em 1841 e que é estampado em seu brasão. 

O tempo passou, os farroupilhas perderam a guerra, mas acabaram transformando-se em heróis por parte da historiografia oficial, na passagem do séc. 19 para o 20, graças ao advento da República, preocupada em valorizar tudo aquilo que no passado, de alguma forma ou de outra, lembrasse ideais republicanos. OK. Só que tudo isso regado a muitas doses de mitificação e ufanismo exagerado. Ironicamente hoje Porto Alegre homenageia através de monumentos, nomes de logradouros e festividades como a Semana Farroupilha seus inimigos políticos do passado...


O Imperialista (1839-1840) - bissemanário porto-alegrense que defendia a legalidade, em oposição aos farroupilhas. Circulava às quarta-feiras e aos sábados.


Referências:

FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre sitiada: um capítulo da revolução farroupilha. Porto Alegre: Ed. da Cidade; Letra & Vida, 2011.

GUERRA DOS FARRAPOS. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_FarraposAcesso em: 14.09.2020.

SILVEIRA, Éder da Silveira. História aos Farrapos. Zero Hora, Porto Alegre, 05-06 set. 2020. Doc. p.11.

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