Dos três aos onze anos de idade, vivi no bairro Agronomia (referência à Faculdade de Agronomia da UFRGS), na zona leste de Porto Alegre, quase divisa com Viamão, mais precisamente no Morro Santana, 311m acima do mar. Meu pai, como funcionário público estadual, começou a trabalhar como responsável pelo almoxarifado da instituição, no então Ginásio Agrícola Senador Pinheiro Machado, que depois tornou-se unidade da FEBEM e atualmente um instituto penal. Parte considerável dos funcionários ganhavam casas para morar, nas proximidades da escola, e por sorte coube a meu pai uma casa com seis peças, situada em cima de um barranco, ao lado do aviário. Éramos em cinco pessoas: eu, meus pais, meu irmão e uma adolescente que havia sido criada por minha avó materna, no interior do Estado, e que depois passou a viver conosco em Porto Alegre.
Dessa forma, pode-se dizer que passei minha boa parte de minha infância vivendo na zona rural da cidade, em meio a muita vegetação. Uma estrada de chão batido serpenteava o morro e quando comecei a estudar, num grupo escolar situado na avenida Bento Gonçalves, todos os dias descia e subia o morro, subindo uma longa escadaria até chegar ao colégio agrícola, que como internato recebia alunos de várias cidades do interior gaúcho.
Tive assim contato com aquilo que a escola mantinha para fins educacionais de seus alunos, no seu objetivo de formar futuros técnicos rurais, expressão em uso na época. Além do aviário, já mencionado, havia uma pocilga próxima a ele bem como uma horta em que várias hortaliças eram cultivadas, um pouco mais afastada de onde morávamos, sem falar na criação de bois e vacas. Naturalmente que meu irmão e eu brincávamos com outras crianças, filhas de funcionários vizinhos nossos. Espaço é o que não faltava para explorarmos, incluindo uma mata serrada que cobria boa parte do morro. Como ter TV em casa ainda era um privilégio de poucos, costumava assistir a alguma coisa indo à escola, onde havia um televisor instalado em seu salão de festas, como bailes promovidos pelo grêmio estudantil da escola.
Coincidiu que no mesmo ano (1966) em que daria início aos meus estudos no antigo ginásio, mudamo-nos para o bairro Cristo Redentor, na zona norte da cidade, no qual meu pai construiu uma casa de alvenaria, acontecimento que sem dúvida mudou minha vida como pré-adolescente.
Sobre o Morro Santana:
Que legal! Bonita a história.
ResponderExcluirBelas lembranças!!
ResponderExcluir