30 setembro 2020
Estátuas: derruba-se o mito, não o homem
Em seu artigo Derrubem as estátuas publicado na Piauí de setembro, sobre a cultura do cancelamento, o cientista político Miguel Lago, discorre sobre assunto sem esquecer a questão da onda de derrubadas de estátuas verificada nos últimos tempos. A crítica à derrubada tem um argumento muito pertinente, diz ele, na medida em que não se pode condenar "a posteriori" figuras que estão inseridas em outros contextos históricos e são produtos de outros sistemas de pensamentos. Além do mais, não dá pra alimentar maniqueísmos do tipo ou santo ou vilão dada a complexidade do personagem histórico.
Getúlio Vargas, um dos exemplos citados pelo articulista, foi o mandatário que entregou Olga Benário aos nazistas, mas ao mesmo tempo evitou o destino traçado pelas nossas elites endinheiradas para o Brasil: o de se tornar uma grande Guatemala. O problema reside na mitificação dos grandes vultos do passado com objetivos políticos de dominação, que pôde contar por muito tempo com uma historiografia a seu serviço, fato hoje superado.
Por outro lado, as políticas oficiais de memorialização, diz o articulista, nas quais as estátuas se inserem como meios para tal, entre outros, continuam a fomentar a criação de mitos. A estátua de Cristóvão Colombo não simboliza o personagem histórico, com suas ações, contribuições e defeitos. Lembra o descobridor da América, não seu conquistador. Quem derruba a estátua de Colombo está lutando contra essa narrativa, e não vilanizando a figura de Colombo. Para Miguel Lago, no sentido de se combater mitos, a derrubada de determinadas estátuas é bem-vinda. Aquelas com valor artístico poderiam ter como guarita algum museu. Penso de igual forma.
Referência:
LAGO, Miguel. Derrubem as estátuas. Piauí, Rio de Janeiro, set. 2020, p. 29-30.
29 setembro 2020
Auguste de Saint-Hilaire: um viajante francês na Porto Alegre de 1820...
Auguste-François-César Prouvensal de Saint-Hilaire (1779-1853), botânico e naturalista francês, foi um dos inúmeros viajantes europeus que vieram ao Brasil movidos pelo interesse que seus estudos científicos despertavam. Em função de suas expedições ao Brasil, entre1816 e 1822, sob a chancela do governo francês, acabou conhecendo várias regiões do país (o que incluía a então Província Cisplatina, atual Uruguai) sobre as quais escreveu várias obras, como p. ex. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais (1830), na que pode-se ler o seguinte:
Para conhecer toda a beleza das florestas tropicais é necessário penetrar nesses retiros tão antigos como o mundo. Nada aqui lembra a cansativa monotonia de nossas florestas de carvalhos e pinheiros; cada árvore tem, por assim dizer, um porte que lhe é próprio; cada uma tem sua folhagem e oferece frequentemente uma tonalidade de verde diferente das árvores vizinhas. Vegetais imensos, que pertencem a famílias distantes, misturam seus galhos e confundem sua folhagem.
Na antiga província de São Pedro do Rio Grande do Sul, além de Porto Alegre, conheceu Torres, Tramandaí, Viamão, Rio Grande, São Borja, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo - em duas viagens diferentes em 1821 e 1822. De seu livro Viagem ao Rio Grande do Sul (1820-1821), obra póstuma traduzida para o português, encontram-se várias observações suas sobre Porto Alegre, entre as quais poderíamos destacar as seguintes:
O frio
Diante do frio que fazia na cidade, estranha o fato de que não havia lareiras nos quartos na casa de campo do Conde de Figueira, onde se hospedou. Percebe nisso uma influência portuguesa, que ele notou em Lisboa, na qual as chaminés são objetos de luxo.
A Rua da Praia
Destaca que se trata da única rua comercial da cidade, extremamente movimentada. Nela se entram numerosas pessoas a pé ou a cavalo, marinheiros e muitos negros carregando volumes diversos. É dotada de lojas muito bem instaladas, de vendas bem sortidas e de oficinas de diversas profissões.
A economia local
Antevê para Porto Alegre um futuro próximo bastante promissor. Esta cidade, fundada há 50 anos, mais ou menos, conta já uma população de 10 a 12 mil almas (...) Os negociantes adquirem quase todas as mercadorias no Rio de Janeiro. Em troca exportam principalmente couros, trigo e carne seca.
A coluna
Na coluna no centro da cidade em que hoje se erguem a Catedral, o Palácio Piratini, a Assembleia Legislativa e outros prédios públicos, havia a Rua da Igreja (hoje Duque de Caxias), onde já se destacavam o Palácio do Governador, o Palácio da Justiça e uma capela-mor - prédios que para Saint-Hilaire não faziam jus à importância da cidade e a riqueza da Capitania.
A Santa Casa de Misericórdia
Fora da cidade, sobre um dos pontos mais altos da colina onde ela se desenvolve, iniciou-se a construção de um hospital cujas proporções são tamanhas que talvez não seja terminado tão cedo. De qualquer forma, elogia a escolha do local, arejado e bastante distanciado da cidade para evitar contágios e ao mesmo tempo próximo quanto às facilidades de suprimento médico e farmacêutico. O fora da cidade hoje faz parte do centro da cidade...
Crítica aos mandatários
Saint-Hilaire não poupa críticas aos mandatários da província, referindo-se ao poder absoluto dos capitães-generais. Sem nenhum obstáculo podem seguir todas as suas ideias, executar todos os seus planos, por esdrúxulos que sejam, e seus subalternos nunca deixam de se extasiar diante do que eles fazem. Nota que seus sucessores, numa tentativa de vingarem-se de seus despotismos, depreciam e abandonam suas obras, substituindo-as por outras, que por sua vez serão um dia esquecidas.
Referências:
AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE. In. Vikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_de_Saint-Hilaire. Acesso em: 29.09.2020.
NOAL FILHO, Valter Antonio; FRANCO, Sérgio da Costa. Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890. Santa Maria: Ana Terra, 2004.
Imagem: "File:JBRJ Busto de Auguste de Saint-Hilaire.jpg" by Halley Pacheco de Oliveira is licensed under CC BY-SA 3.0
28 setembro 2020
Do que depende a vida
A vida depende de arte, sustentabilidade, espiritualidade e ciência. (Neimar Marcos da Silva, filósofo)
Filme gaúcho sobre a ressignificação da velhice por um imigrante uruguaio. Vídeo + texto.
27 setembro 2020
Mario Benedetti | Por que cantamos?
Do livro “Inventário”
Tradução de Julio Luís Gehlen
POR QUE CANTAMOS
Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel
você perguntará por que cantamos
se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha
você perguntará por que cantamos
se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro
você perguntará por que cantamos
cantamos porque o rio está soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino
cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos
cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota
cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta
cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.
26 setembro 2020
25 setembro 2020
24 setembro 2020
Conteste se for capaz!
E o Estadão deu o troco...
1973: a Seleção Brasileira faz uma série de amistosos, nada animadores, pelos campos europeus, com vistas à Copa na Alemanha no ano seguinte. Os jogadores se incomodam com os jornalistas e divulgam um manifesto afirmando que não mais darão entrevistas à imprensa nem prestarão qualquer informação. O jornal O Estado de S. Paulo dá o troco, passando a omitir o nome dos atletas em suas páginas. A escalação do Brasil para uma partidas contra a Escócia sai assim: "Goleiro do Palmeiras, lateral direito do Corinthians, zagueiro central do Palmeiras..."
Mais arte nas escolas: ela é fundamental em nossas vidas
23 setembro 2020
Neandertais: gente como a gente
21 setembro 2020
Curto e grosso: o que foi a "Revolução" Farroupilha?
Revolução Farroupilha? Uma "revolução" que pretendia manter as mesmas estruturas de dominação por parte de uma elite escravocrata que ironicamente abraçava ideias de "liberdade, igualdade e humanidade".
Três reflexões de Rubem Alves que dá no que pensar
E no meio do inverno
descobri que dentro de mim
havia um verão invencível...
Muitos casais que se odeiam
não se separam por não poder
suportar a ideia da liberdade
feliz do outro.
Somos as coisas que moram
dentro de nós. Por isso, há pessoas tão bonitas,
não pela cara, mas pela exuberância
de seu mundo interior.
Sobre o autor: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Alves
Referência:
ALVES, Rubem. Rubem Alves essencial: 300 pílulas de sabedoria. São Paulo: Planeta, 2015.
Proteja seus olhos diante de dispositivos digitais
Matéria do caderno Vida, de Zero Hora de 19-20/set, alerta sobre medidas que devemos tomar para que a visualização prolongada de telas de dispositivos digitais possam causar danos à nossa visão. Vejamos parte daquilo que podemos fazer:
Piscar os olhos voluntariamente - Deve-se fazer isso para a lubrificação dos olhos, evitando seu ressecamento, que acaba embaralhando a visão. Igualmente pode-se apelar para colírios lubrificantes.
Focar para longe a cada uma hora - Uma pausa de pelo menos 20 segundos também evita o ressecamento.
Sentar-se adequadamente - Recomenda-se manter a tela na altura dos olhos ou um pouco abaixo. Uma distância entre 35 e 45 centímetros da tela é o ideal para evitar um esforço maior dos músculos intraoculares com vistas à focalização.
Precaver-se com uma iluminação adequada - Algo indispensável. Deve-se entretanto evitar o reflexo sobre a tela.
Em razão de desconfortos maiores, é o caso de consultar-se um oftalmologista.
Referência:
Como evitar que telas virem um problema. Zero Hora, Porto Alegre, 19-20 set. 2020. Vida, p. 3.
19 setembro 2020
Karim Aïnouz: "Filme gay"? Por que não se fala em "filme hétero"?
> Karim Aïnouz, cineasta
Referência:
REIS, Léa Maria. Praia do Futuro: O imenso mar de Karim Aïnouz. Carta Maior. Disponível em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Praia-do-Futuro-O-imenso-mar-de-Karim-Ainouz/39/31041. Acesso em: 19.09.2020.
Parque Farroupilha 85 anos: um pouco de sua história
O Parque Farroupilha, também conhecido modernamente como Parque da Redenção, não é o maior de Porto Alegre, mas o mais tradicional e amado pelos moradores da cidade. No dia de hoje completa seus 85 anos de existência. Inicialmente não passava de uma região alagadiça, fora dos portão de entrada na cidade e o local era conhecido como Várzea do Portão ou Campos da Várzea.
Em 1807 a área, fora da cidade, foi doada pelo almirante Paulo Paulo José da Silva Gama, então governador da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, para que fosse usada como logradouro público onde se realizava venda de gado para o abastecimento local de carne e servia também como local pouso das carretas que vinham do Interior, servindo como acampamento. Sua área era duas vezes maior do que atual, transformada em parque.
Em 1870 passou a se chamar Campo do Bonfim, em função de uma capela de mesmo nome nas vizinhanças. Em 1884 passou a se chamar Campo da Redenção, em homenagem à abolição da escravatura realizada na cidade quatro anos antes da Lei Áurea. Em 1889 deu-se o início ao processo de construção de alamedas em seu interior bem como de ajardinamento, aprimorado por ocasião da Exposição Estadual de 1901. Não demorou muito e o local passou a contar com uma arena feita de madeira para a realização de touradas (sem sacrifício de animais), uma pista de corrida de cavalos e um velódromo.
Seus 65 hectares originais foram reduzidos a 35,7 ha como o passar do tempo, quando a cidade se expandia para fora de seu perímetro original. Uma área considerável foi cedida para a construção de prédios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul bem como do antigo Colégio Júlio de Castilhos, onde hoje se ergue a Faculdade de Direito da UFRGS, sem falar na construção do Auditório Araújo Vianna, do Instituto de Educação General Flores da Cunha, entre outras cedências de menor vulto.
Entre setembro de 1935 e janeiro de 1936 realizou-se no local a Exposição do Centenário Farroupilha, que motivou uma nova alteração do nome para Parque Farroupilha. Para o evento, construiu-se um cassino, com direito a restaurante e salões de baile. Em 1953 inaugurou-se o Momento ao Expedicionário, obra do escultor Antônio Caringi.
A maior atração do parque atualmente é a realização do tradicional Brique da Redenção, aos domingos, com venda de artesanato, antiguidades, móveis, livros, revistas, artes plásticas etc. Aos sábados, a Feira Ecológica do Bom Fim movimenta o Parque com a venda de produtos alimentícios, com boa variedade de produtos orgânicos.
Referências:
PARQUE FARROUPILHA. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Farroupilha. Acesso em: 19 set.2020.
WEBER, Jéssica Rebeca. Parque Farroupilha faz 85 anos neste sábado. Zero Hora, Porto Alegre, 19 set. 2020. P. 18.
15 setembro 2020
A idiotização da sociedade como estratégia de dominação
De Fernando Navarro
Pensar Contemporâneo
As pessoas estão tão imbuídas no sistema estabelecido que não conseguem conceber alternativas aos critérios impostos pelo poder. Para conseguir isso, o poder usa o entretenimento vazio, com o objetivo de aumentar nossa sensibilidade social e se acostumar a ver a vulgaridade e a estupidez como as coisas mais normais do mundo, incapacitando-nos de alcançar uma consciência crítica da realidade.
Texto integral em
O vírus está no prato nas carnes que comemos
Li uma reportagem da revista Piauí de agosto sobre doenças que podem ser transmitidas aos homens pelos animais (zoonoses) por meio daquilo que comemos. As carnes que cotidianamente cozinhamos, fritamos, assamos ou grelhamos, afirma Rafael Tonon, autor da matéria, também são focos potenciais de infecções zoonóticas. Vírus com a capacidade de migrarem de uma espécie para outra encontram-se em coxas de frango e picanhas de churrasco, revelam estudos feitos. A OMS-Organização Mundial da Saúde aponta para a possibilidade de a gripe aviária atingir os humanos, entre 2 e 7,4 milhões de mortes no mundo inteiro.
Superpopulação de animais em aviários, com o uso intensivo de amônia e antibióticos, que resultam em bactérias cada vez mais resistentes, além da seleção de genes para a produção de frango com peitos mais robustos ou carnes menos gordurosas fazem com que as aves se tornem geneticamente mais idênticas, facilitando a disseminação de vírus, que encontram menos variantes genéticas como obstáculos em sua disseminação.
Referência:
TONON, Rafael. O vírus está no prato. Piauí, Rio de Janeiro, nº 167, p. 40-41, ago. 2020.
14 setembro 2020
Porto Alegre nunca aderiu à Revolução Farroupilha. 4 anos sitiada.
Porto Alegre, desde seu nascimento, era um porto comercial estritamente ligado à navegação de cabotagem e ao comércio com os portos brasileiros do Sudeste e do Nordeste. Seus comerciantes, em grande número, eram "brasileiros adotivos" e, por isso mesmo pouco sensíveis ou indiferentes às pretensões políticas da Campanha (Sérgio da Costa Franco). A necessidade de manter-se vínculos econômicos com o resto do país era claramente defendida na imprensa local do período. Como se não bastasse, no curto espaço de tempo em que os revolucionários mantiveram a cidade sob seu poder, dada sua hostilidade para com a comunidade de imigrantes portugueses, que teve como consequência o aumento no valor de impostos para os negociantes lusitanos.
Assim, entre 1836 e 1840, apesar do cerco que os farroupilhas impõem à cidade, após a perda de seu domínio, e que submete à população porto-alegrense uma situação de fome e penúrias, a cidade resiste bravamente para sustentar sua lealdade ao Império, a ponto de finada a guerra, ela recebe o título honorífico de leal e valerosa cidade dada pelo imperador Dom Pedro 2º em 1841 e que é estampado em seu brasão.
O tempo passou, os farroupilhas perderam a guerra, mas acabaram transformando-se em heróis por parte da historiografia oficial, na passagem do séc. 19 para o 20, graças ao advento da República, preocupada em valorizar tudo aquilo que no passado, de alguma forma ou de outra, lembrasse ideais republicanos. OK. Só que tudo isso regado a muitas doses de mitificação e ufanismo exagerado. Ironicamente hoje Porto Alegre homenageia através de monumentos, nomes de logradouros e festividades como a Semana Farroupilha seus inimigos políticos do passado...
O Imperialista (1839-1840) - bissemanário porto-alegrense que defendia a legalidade, em oposição aos farroupilhas. Circulava às quarta-feiras e aos sábados.
Referências:
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre sitiada: um capítulo da revolução farroupilha. Porto Alegre: Ed. da Cidade; Letra & Vida, 2011.
GUERRA DOS FARRAPOS. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Farrapos. Acesso em: 14.09.2020.
SILVEIRA, Éder da Silveira. História aos Farrapos. Zero Hora, Porto Alegre, 05-06 set. 2020. Doc. p.11.
13 setembro 2020
As primeiras privadas
As primeiras privadas surgiram no séc. 16, mas não atraíram o interesse do público. O mau cheiro do esgoto voltava pelo cano após a descarga. Além do mais, naquela época acreditava-se que os miasmas (cheiros ruins) causavam doenças. Ainda não se conhecia a existência de bactérias e vírus causadores de doenças. Alexander Cumming, em 1775, começou a resolver o problema: criou um cano em formato de S, que retinha a água limpa, barrando o fedor. Mais tarde a ideia foi aperfeiçoada com o formato em U.
Referência:
ROSSINI, Maria Clara. Arquitetura da reconstrução. Superinteressante, São Paulo, nº 418, p. 53, ago. 2020.
12 setembro 2020
11 setembro 2020
Minha infância no bairro Agronomia, em Porto Alegre
Dos três aos onze anos de idade, vivi no bairro Agronomia (referência à Faculdade de Agronomia da UFRGS), na zona leste de Porto Alegre, quase divisa com Viamão, mais precisamente no Morro Santana, 311m acima do mar. Meu pai, como funcionário público estadual, começou a trabalhar como responsável pelo almoxarifado da instituição, no então Ginásio Agrícola Senador Pinheiro Machado, que depois tornou-se unidade da FEBEM e atualmente um instituto penal. Parte considerável dos funcionários ganhavam casas para morar, nas proximidades da escola, e por sorte coube a meu pai uma casa com seis peças, situada em cima de um barranco, ao lado do aviário. Éramos em cinco pessoas: eu, meus pais, meu irmão e uma adolescente que havia sido criada por minha avó materna, no interior do Estado, e que depois passou a viver conosco em Porto Alegre.
Dessa forma, pode-se dizer que passei minha boa parte de minha infância vivendo na zona rural da cidade, em meio a muita vegetação. Uma estrada de chão batido serpenteava o morro e quando comecei a estudar, num grupo escolar situado na avenida Bento Gonçalves, todos os dias descia e subia o morro, subindo uma longa escadaria até chegar ao colégio agrícola, que como internato recebia alunos de várias cidades do interior gaúcho.
Tive assim contato com aquilo que a escola mantinha para fins educacionais de seus alunos, no seu objetivo de formar futuros técnicos rurais, expressão em uso na época. Além do aviário, já mencionado, havia uma pocilga próxima a ele bem como uma horta em que várias hortaliças eram cultivadas, um pouco mais afastada de onde morávamos, sem falar na criação de bois e vacas. Naturalmente que meu irmão e eu brincávamos com outras crianças, filhas de funcionários vizinhos nossos. Espaço é o que não faltava para explorarmos, incluindo uma mata serrada que cobria boa parte do morro. Como ter TV em casa ainda era um privilégio de poucos, costumava assistir a alguma coisa indo à escola, onde havia um televisor instalado em seu salão de festas, como bailes promovidos pelo grêmio estudantil da escola.
Coincidiu que no mesmo ano (1966) em que daria início aos meus estudos no antigo ginásio, mudamo-nos para o bairro Cristo Redentor, na zona norte da cidade, no qual meu pai construiu uma casa de alvenaria, acontecimento que sem dúvida mudou minha vida como pré-adolescente.
Sobre o Morro Santana:
09 setembro 2020
Estimular o hábito da leitura não tem nada a ver com "ler clássicos para escrever melhor"
Como professor que fui, penso que estimular o hábito da leitura não tem nada a ver com a antiga suposição de que se deveria "ler os clássicos para aprender a escrever". Para crianças, "livros infantis"; para adolescentes, livros próprios para a faixa etária, que abordem temas ligados à idade e às suas preocupações, seus anseios, embora não se deva subestimar seus interesses e entendimento de obras "para adultos". O aluno que realmente vivenciou experiências gratificantes de leituras na escola será um adulto leitor em potencial.
08 setembro 2020
Guerra contra a verdade
É claro que as mentiras sempre estiveram no mundo da política, mas a atual estratégia não é convencer as pessoas de algo que é verdade, é de criar um mundo no qual os fatos não importam mais porque as pessoas estão convencidas de que é impossível saber a verdade. A era digital ajuda nessa guerra. Uma foto pode ser alterada, um vídeo pode ser editado, áudios podem ser deslocados de contexto.
> Julia Dantas, em sua coluna no jornal Zero Hora, de 5-6/nov/2020, em artigo sob título Gaslighting Presidencial
07 setembro 2020
Árvores criam estratégias para sobreviver
02 setembro 2020
Nheengatu: uma espécie de esperanto no Brasil Colonial
Calcula-se que havia algo em torno de 8 milhões de indígenas vivendo no Brasil nos primeiros tempos da Era Colonial. Os registros falam em dezenas de idiomas e dialetos falados pelos índios na época, todos relacionados com a família linguística tupi-guarani e em consequência disso, tinham vários elementos em comum. Nos séculos 16 e 17, os estudos promovidos pelos jesuítas sobre essa línguas resultaram numa língua geral, uma espécie de esperanto da época, que tinha a estrutura do português como referencial, com um léxico que recebia ainda termos portugueses e espanhóis. Nascia o nheengatu, que em tupi quer dizer língua boa.
Referência:
FREITAS, Ana. Nheengatu: a língua (não tão) perdida comum dos índios, dos escravos e dos jesuítas. Disponível em: https://pt.babbel.com/pt/magazine/nheengatu-a-lingua-nao-tao-perdida-comum-dos-indios-dos-escravos-e-dos-jesuitas?fbclid=IwAR1sVmLcuqsIkdLW_yZbwUccBYdI1sJRFlHXukvFc_0qsr3rm1B0m0dqd4U. Acesso: 02.09.2020.