31 agosto 2020

Gremista diz cada uma!... :-)



Há uns dois anos atrás, vinha eu subindo a Av. Borges de Medeiros, em Porto Alegre, nas proximidades da Esquina Democrática, bem no centro da cidade, quando ao passar por uma revistaria ouvi casualmente um gremista conversando com o jornaleiro e falando mal dos colorados, que desdenhavam, segundo ele, do título regional, que o Grêmio acabara de conquistar, se não me engano. Foi aí que ele proferiu uma frase inesquecível: Eu é que não desdenho dessa porcaria!

29 agosto 2020

Boas risadas com "Modern Family"

Fazia tempo que eu não dava boas risadas de vez em quando, no caso acompanhando os episódios de Modern Family (2019-2020), através do Now/Séries. Algo muito além do humor sofrível da TV brasileira, que praticamente não teria nada a apresentar se não fosse as piadinhas de caráter malicioso de sempre, bem ao gosto dos latinos. Mas enfim, nada que supere The Mary Tyler Moon Show (1970-1977) da CBS, mas isso é outra história.

28 agosto 2020

Zygmunt Bauman: "Somos aquilo que podemos comprar"

Forumlitfest - File:Zigmunt Bauman na 20 Forumi vydavciv.jpg[edit]

Para o sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), grande crítico do sistema capitalista, vivemos numa sociedade baseada no bombardeio publicitário, na base do aproveite agora e pague depois, em meio a um estado de estresse e ansiedade. Para ele, as decisões políticas estão via de regra submetidas aos interesses econômicos, cada vez mais excludentes. Contudo, para Alfredo Carneiro, articulista do saite Pensar Contemporâneoaté mesmo o supremo poder econômico, que tudo domina, irá consumir a si mesmo. Estamos, segundo Bauman, em uma época sem líderes ou política, orientados tão somente pelo consumismo, sem direção ou objetivos. Somente após o previsível colapso de nossas sociedades de consumo é que buscaremos soluções mais sensatas.

Referências:

CARNEIRO, Alfredo. Zygmund Bauman: somos aquilo que podemos comprar. Pensar Contemporâneo. Disponível em: https://www.pensarcontemporaneo.com/zygmunt-bauman-somos-aquilo-que-podemos-comprar/?fbclid=IwAR0KrKOXOS9LoTifmdRii6R1JHFv9ZjA1pFvdQWq2KsOL5ZmlKzUu4_hKTY. Acesso em: 28.08.2020.

ZYGMUNT BAUMAN. In: Vikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zygmunt_Bauman. Acesso em: 28.08.2020.

26 agosto 2020

Wilhelm Breitenbach, um viajante alemão na Porto Alegre do séc. 19




Tal como Auguste Saint Hilaire (1779-1853), que dá nome inclusive a um parque no município de Viamão, cidade vizinha a Porto Alegre, Wilhelm Breitenbach (1856-1937) foi um dos inúmeros viajantes e observadores europeus que vieram ao Brasil no século 19 que deixaram em seus diários, memórias e reportagens relatos sobre suas viagens, de valor histórico inestimável para os pesquisadores de hoje. Wilhelm Breitenbach foi um biólogo e zoólogo alemão que veio ao Brasil em 1880 e que atuou como jornalista e professor na capital gaúcha até 1883, quando voltou ao seu país. Na cidade colaborou com os jornais em alemão Deutsche Zeitung e Koseritz Deutsche Zeitung. Era um colecionador de insetos e publicou vários ensaios sobre zoologia, etnologia e outros assuntos. Em sua obra Aus Süd-Brasilien: Erinnerungen und Aufzeichnungen (Do Sul do Brasil: lembranças e apontamentos), de 1913, dedica várias linhas para registrar suas observações sobre Porto Alegre, cidade que ele admirava. Vejamos algumas delas, de maneira resumida, extraídas da obra Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890, de Valter Antonio Noal Filho e Sérgio da Costa Franco:


Menino Deus

Menciona o Menino Deus, um bairro da cidade, que era avistado pelos navios que chegavam ao lago Guaíba, em direção ao porto. Na época, nada mais era do que um lugarejo unido a Porto Alegre por uma linha de bondes, puxados por tração animal, no caso. Salienta que o Menino Deus é um dos lugares preferidos dos moradores da cidade para o lazer.

O porto

Na chegada ao porto, destaca a profusão de raças e nacionalidades, citando-as: pretos, brancos e amarelos, brasileiros, alemães e italianos.

Os alemães

Salienta que na cidade as raças não se antagonizam, o que acontece, por exemplo, na América do Norte. Destaca o elemento alemão, na configuração do caldeirão de nacionalidades que vivem em Porto Alegre, dirigindo-se a ela como uma cidade teuto-brasileira. Informa que a cidade contava entre 70 e 80 mil habitantes, dos quais 9 ou 10 mil eram alemães e teuto-brasileiros. Credita aos alemães o desenvolvimento da cidade nas última décadas.

O Mercado Público

Breitenbach dá um especial destaque à sua descrição sobre o Mercado Público Municipal, inaugurado em 1869 sobre o primeiro aterro da  cidade. Nele encontramos lojas de artigos diversos, botequins para marinheiros, instalações de alemães que servem cerveja (...), açougues, pequenos matadouros, funilarias, produtos manufaturados, cigarrarias e tabacarias (...). Faz alusão às casuarinas, árvores plantadas no pátio interno e que forneciam sombra aos transeuntes. Foram aliás posteriormente abatidas pela prefeitura em 1886. Ainda no referido espaço, faz referência às bancas atendidas, principalmente, por portugueses, italianos e negras que oferecem diversificados produtos da terra. No mercado depara-se ainda com a venda de animais, em menor número do que no Rio de Janeiro e Salvador: papagaios, macacos, tamanduás, antas, tatus... Dentre os comestíveis, uma variedade de peixes bem como galinhas, marrecos e perdizes.

Praça XV de Novembro

Refere-se à Praça XV, ao lado do Mercado, como um belo, amplo e bem instalado jardim, repleto de bom gosto em suas formas, lembrando que no local anteriormente havia apenas um pântano e que a praça criada pelas mãos de um jardineiro alemão. Salienta que a praça serve como um local de encontro da população ao entardecer, em que as damas permitem que se admirem suas novíssimas toaletes, como o fazem no teatro ou na igreja; também nesse local podemos distrair-nos observando a jovem e feliz nova geração alemã.

Praça da Alfândega

Depois de descrever rapidamente a Rua Sete de Setembro, destacando o fato de que era artéria que servia de endereço para firmas importadoras e casas comerciais de alemães, em sua maioria, faz referências à Praça da Alfândega, onde encontra o prédio que deu nome a ela, segundo ele não passa de um velho casarão que não faz justiça à nova e vibrante cidade comercial.

Rua Voluntários da Pátria

Essa rua, na qual moram muitos alemães, passa em frente à estação ferroviária, rumo à Vila Navegantes, que dista cerca de três quartos de hora da cidade e que pode ser descrita como uma cidadezinha alemã, subúrbio de Porto Alegre - escreve o autor.

Rua da Praia

Como não poderia deixar de ser, Breitenbach dedica algumas linhas à Rua da Praia, a mais tradicional artéria da cidade, já na época tendo com nome oficial Rua dos Andradas. Destaca que se trata de uma rua onde se localizam lojas de roupa, lojas que vendem ouro e prata, grandes magazines, alfaiatarias e chapelarias de imigrantes alemães, duas livrarias brasileiras e duas alemãs, tipografias, hotéis - uma perfeita rua comercial. Observa que além da iluminação pública por meio de postes com lampiões a gás, a maioria das lojas instalaram, também elas, luz própria.(...) Hoje se veem elegantes entradas, com grandes espelhos, como nas grandes cidades europeias.

Enfim, um pouco da Porto Alegre ao final do século 19...

Referências:

NOAL FILHO, Valter Antonio; FRANCO, Sérgio da Costa. Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890. Santa Maria: Ana Terra, 2004.

VILHELM BREITENBACH. In: Vikipedia: die freie Enziklopädie. Disponível em: https://de.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Breitenbach. Acesso em: 16.08.2020.

24 agosto 2020

Por que "Rio Grande do Sul"?

A obsessão por ser feliz o tempo todo



A obsessão por ser feliz o tempo todo faz as pessoas se sentirem péssimas. Nos últimos anos as redes sociais influíram bastante; ver as caras sorridentes dos outros, suas idílicas relações a dois, um trabalho exemplar. Quando sentimos tristeza ou ansiedade, essas imagens reforçam nossa ideia de que estamos fazendo algo de errado. Mas nada disso é real, todos vivemos numa montanha russa emocional. É inevitável, e não é ruim.

Tal Ben-Shahar, doutor em Psicologia e Filosofia pela Universidade de Harvard, pesquisador sobre a felicidade

Referência:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/03/estilo/1570124407_210391.html?%3Fssm=FB_BR_CM&fbclid=IwAR28dUVGoB20TmZ3VdUpFnTI5_aZgHEg-jnbDEyOnnhFhSj5EqiCikesBCc

"Rato de biblioteca" em outras línguas



Como se diz rato de biblioteca em outras línguas?

Inglês - verme de livro
Alemão - rato de leitura
Francês - bebedor de tinta
Dinamarquês - cavalo leitor

Referência:
https://www.facebook.com/babbel.por

19 agosto 2020

Porto Alegre: 9 mil anos de ocupação indígena



Análises arqueológicas dos sítios arqueológicos em Porto Alegre relativos aos índios que habitavam a região antes da chegada do elemento europeu dão conta que os guaranis já haviam se estabelecido há vinte séculos onde hoje é o município. Os mesmo tipo de estudo concluiu que  os caçadores-coletores, anteriores à vinda dos guaranis, fixaram-se no que hoje é o município há 9 mil anos atrás, muito antes dos guaranis, procedentes da Amazônia e que com o tempo migraram em direção ao sul. Quando o português chegou à região, as sociedades indígenas presentes eram formadas não só por guaranis, bem como charruas (vindos do Uruguai), minuanos e caingangues. Um dos sítios arqueológicos dos caçadores coletores pré-coloniais encontra-se no bairro Lami, na região sul a cidade, sobre uma duna.

Referência:
Catálogo da exposição Porto Alegre: Uma história em três tempos promovida pelo Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo (1998), Secretaria Municipal da Cultura.

18 agosto 2020

A contribuição dos vikings na língua inglesa


O problema de superpopulação sofrido pela Escandinávia, no norte da Europa, levou os vikings a procurarem se estabelecer em novas terras, num processo de invasão, exploração e colonização de outras regiões europeias, da Groenlândia até a Rússia, incluindo a Grã-Bretanha, a partir do final do séc. 7º. Assim, muitas palavras da língua inglesa vieram do Velho Nórdico, a língua falada por esse povo, que, diga-se de passagem, não usavam o termo viking para se referirem a si mesmo. Os ingleses os chamavam de dinamarquesespagãos e raramente vikings. Na Rússia eram conhecido como rus

Vejamos algumas palavras inglesas originárias do idioma dos vikings:

arm < arm
cake < kaka
club < klubba
egg < eir/egg
die < deyja
husband < húsbóndi
knife < knifr
law < lagu
mistake < mistaka
same < same
sky < ský
sick < syk
sister < systir
take < taka
trust < traust
ugly < uggligr
viking < vikingr
want < vanta
window < vindauga

Referência:
Viking influence on the english language. In: Nordic Culture. Disponível em: https://skjalden.com/viking-influence-on-the-english-language/. Acesso: 18.08.2020.

VIKINGS. In. Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vikings. Acesso: 18.08.2020.

13 agosto 2020

Conselhos à boa esposa nos anos 50/60...


Revistas femininas  dos anos 50 e 60 expressavam em seus artigos o ponto de vista de uma sociedade patriarcal a respeito de como as mulheres casadas deveriam agir e se comportar em seu papel de esposa exemplar. Vejamos alguns conselhos dados às leitoras para manterem a felicidade no casamento...

Não se deve irritar o homem com ciúmes 
e dúvidas. (Jornal das Moças, 1957)

Se desconfiar da infidelidade do marido, 
a esposa deve redobrar seu carinho 
e prova de afeto. (Revista Cláudia, 1962)

A desordem em um banheiro desperta no marido
a vontade de tomar banho fora de casa. 
(Jornal das Moças, 1945)

A esposa deve vestir depois de casada
com a mesma elegância de solteira,
pois é preciso lembrar-se de que a caça
já foi feita, mas é preciso mantê-la bem presa.
(Jornal das Moças, 1955)

Se o seu marido fuma, não arrume briga
pelo simples fato de cair cinzas no tapete.
Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa.
(Jornal das Moças, 1957)
A mulher deve estar ciente
de que dificilmente um homem pode perdoar
uma mulher por não ter resistido
às experiências pré-nupciais, 
mostrando que era perfeita e única,
exatamente como ele a idealizara.
(Revista Cláudia, 1962)

Mesmo que um homem consiga divertir-se
com sua namorada ou noiva, ele não irá gostar
de ver que ela cedeu.
(Revista Querida, 1954)

O noivado longo é um perigo.
(Revista Querida, 1953)
É fundamental manter sempre a aparência
impecável diante do marido.
(Jornal das Moças, 1957)

O lugar de mulher é no lar. 
O trabalho fora de casa masculiniza.
(Revista Querida, 1955)

Referência:
A mulher no mundo machista: revistas femininas dos anos 50 e 60. Revista Prosa, Verso e Arte. Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/mulher-no-mundo-machista-as-revistas-femininas-nos-anos-50-e-60/. Acesso: 13.08.2020.

10 agosto 2020

Candidate-se...

Canditate-se. Por mais idiota que você seja, sempre haverá um número suficiente de idiotas maiores do que você para acreditar que você não o é.

> Millôr Fernandes

07 agosto 2020

Origem das palavras "aluno" e "etiqueta"




Um pouco de etimologia:

Aluno: A primeira informação que tive na vida sobre a origem etimológica da palavra aluno dava conta de que ela teria vindo da ideia de junção do prefixo latino a- (que não tem) com lumen (luz). Aluno por conseguinte significaria aquele que é desprovido de luz, à espera, portanto, de um professor para iluminá-lo com sua luz... Ledo engano! A típica etimologia de caráter popular, sem um caráter científico. O Prof. Cláudio Moreno, em um dos volumes de sua série O prazer das palavras, de onde peguei as informações para este texto, nesse sentido dá como exemplo a ideia de que morte teria vindo do latim morsus (mordida), um legado de Isidoro de Sevilha, dicionarista medieval, que se preocupava em criar da própria cabeça etimologias de palavras que reforçassem suas concepções de fé: associar-se a morte com a mordida da maçã por parte de Adão... Mas enfim, na realidade a origem de aluno (alumnus) está ligada ao verbo latino alere = criar, alimentar. Designa a criança que ainda precisa ser nutrida e cuidada - inicialmente no sentido de alimento físico, passando mais tarde ao sentido de alimento do espírito - explica o Prof. Moreno.

Etiqueta: Do francês etiquette (antigo estiquete, que deu origem ao inglês ticket). A palavrinha tem uma origem muito curiosa, como ocorre no mundo das etimologias do vernáculo. Em sua origem, tem a ver com o nome de um pequeno pedaço de papel que que era afixado a um saco ou a um pacote para identificar o seu conteúdo (Moreno). Na corte francesa, durante o Absolutismo, em meio ao emaranhado de normas de conduta nos ambientes da Corte, aristocratas e burgueses passaram a ganhar um bilhete com normas de conduta diante do rei, em situações distintas, como na hora do banho real, de seu almoço, de um passeio qualquer e por aí vai. Com o tempo, etiquette passou a designar normas de conduta social pura e simplesmente.

Referências:
MORENO, Cláudio. O mundo das palavras. Porto Alegre: RBS Publicações, 2004

MORENO, Cláudio. O prazer das palavras: volume 3. 1. ed. Porto Alegre: L&PM, 2013.

05 agosto 2020

De minhas leituras da revista Piauí de julho



Tudo que os brancos desconhecem a respeito dos negros revela, exata e inexoravelmente, o que ignoram a respeito de sim mesmos.

James Baldwin, em artigo na revista The New Yorker (1962)


A expressão pessoa de casa é de uma coisificação tão aviltante quanto a frase Você tem empregada?, que volta e meia ainda ouço. O leitor já parou para pensar o quanto há de escravista nessa frase? Como assim Eu tenho empregada? Por que não dizemos: Eu emprego alguém ou Alguém trabalha na minha casa? Nossa linguagem revela o cerne de nosso escravismo.

Keila Grinberg, no artigo A revolução começa em casa


Que ninguém se engane: é falsa a ideia de que o desmatamento dá lugar à produção. Hoje, quem destrói a Amazônia é essencialmente um especulador imobiliário. Rouba terra pública à espera de que valorize. Na lógica do ladrão, ele será anistiado e ficará rico.

João Moreira Salles, no artigo A morte e a morte


Bolsonaro não é diferente do país que o elegeu. Não todo o Brasil, nem mesmo a maioria do Brasil (uma esperança), mas um pedaço significativo do Brasil é como Bolsonaro. Violento, racista, misógino, homofóbico, inculto, indiferente. Perverso.

Idem

04 agosto 2020

Talian, um dialeto ítalo-brasileiro no sul do Brasil





O talian, também conhecido como vêneto brasileiro, é um dialeto que desenvolveu-se na Região Sul do Brasil, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com falantes em menor número no Espírito Santo, Minas e Paraná. No Rio Grande do Sul, a primeira leva de imigrantes italianos chegam a partir de 1875, principalmente oriundos do Vêneto e da Lombardia. Nos primeiros 50 anos, os imigrantes viviam num alto grau de isolamento em relação aos brasileiros, em termos físicos e sociais. Além disso, o contato entre as pessoas que falavam majoritariamente o dialeto vêneto com aquelas que falavam dialetos lombardos, trentinos e friulanos favoreceu a criação de uma fala comum, o talian, que depois veio a sofrer até mesmo influência do português, em função de uma maior intercâmbio posterior com os brasileiros e dos próprios meios de comunicação em língua portuguesa. 

Atualmente o dialeto perdeu a força que tinha no passado, mas há tentativas de revalorizá-lo como patrimônio cultural. Em 2009 foi incluído no rol do Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em 2014 foi reconhecido pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como Patrimônio Histórico Nacional. Nos municípios gaúchos de Bento Gonçalves e Serafina Corrêa foi oficializado no serviço público.

Exemplos de palavras do português 
incorporadas ao talian,
com uma ou outra modificação fonética:

bolo = torta (dialeto vêneto)
coraçon = cor, core (vêneto)
galignero = punaro/punèr (vêneto)
garafa = butigla (vêneto)
praia = spiaia (vêneto)
sapatero = caleguèr (vêneto)
s(c)imarón = chimarrão (PT)
sorasco, chorasco = churrasco (PT)

Referência:



03 agosto 2020

A versão suméria sobre a história do Dilúvio



Na antiga Suméria, civilização que floresceu entre o Tigre e o Eufrates no séc. 4º a.C., desenvolveu-se o mito do Dilúvio, que depois foi retomado no Gênesis pelos antigos hebreus. Para os sumérios, os homens teriam sido criados para que os deuses não precisassem trabalhar. Com o crescimento da população humana, os deuses começaram a ter problemas com eles e em função disso houve muitas tentativas sem sucesso por parte de Enlil, o deus supremo, para exterminá-los. Até que teve a ideia de um grande dilúvio como solução. Um outro deus, Enki, por compaixão aos seres humanos, aconselhou a Atramhasis, uma espécie de Noé sumeriano, a construir um barco e salvar-se juntamente com sua família.


Referência: revista Clío, Espanha


Borges e a sabedoria sueca



Esta li anos atrás no jornal Clarín, de Buenos Aires, em seu caderno dominical de cultura: perguntaram a Borges, numa conferência de imprensa em 1981 em Roma ao que ele atribuía o fato de que não lhe haviam ainda outorgado o Prêmio Nobel de Literatura e o grande poeta respondeu: À sabedoria sueca. 

Na novela "Escrava Isaura" (1976-7), a palavra "escravo" foi proibida...



Toda ditadura tem seu lado quixotesco. Entre 1976/1977, a novela "Escrava Isaura" alavancava o ibope no horário das 18h na Globo. O autor, Gilberto Braga, foi convocado a Brasília pela Censura, que o proibiu de continuar a usar o termo "escravo" nos diálogos do folhetim  sob o argumento de que isso iria estimular a subversão do povo.

1912: "Correio do Povo" de Porto Alegre noticia o aniversário do esperanto


Em principios do mez de junho foi festivamente solemnizado, pelos esperantistas de Berlim, o 25 anniversario da existencia do idioma esperanto.

Na sala nobre do palacio da intendencia, celebrou-se uma sessão publica, que foi aberta, pelo presidente do grupo berlinense, dr. Schiff, com effusiva saudação feita em esperanto.

O dr. Schiff fez depois uma descripção do desenvolvimento da lingua internacional auxiliar para cuja propagação trabalham actualmente dois mil associados espalhados pelo mundo inteiro.
 

> Correio do Povo, de Porto Alegre, de 21/07/1912.

1971: De como Erico Verissimo driblou a Censura para que "Incidente em Antares" não fosse censurado



Flávio Loureiro Chaves, professor, historiador, ensaísta e crítico literário gaúcho, em entrevista certa vez a um jornal de Porto Alegre, falou sobre a postura crítica de Erico Verissimo diante do Regime Militar de 64. No governo Médici, duas grandes vozes da Literatura se insurgiram contra a censura: Jorge Amado e Erico. Quando Incidente em Antaresúltimo romance do escritor gaúcho, foi lançado em 1971, pela Editora Globo da época, foram impressos apenas mil exemplares, por receio de apreensão do livro. Erico teve a ideia de que se lançasse o livro com uma cinta, com um dizer repetido em outdoors nas ruas: Num país totalitário, este livro seria proibido. Não houve censura. A Ditadura não queria passar por totalitária. Posteriormente, Erico viria a rejeitar o título de doutor honoris causa da UFRGS, em protesto à cassação de professores e alunos.

Português: empréstimos enviesados...




Empréstimos são palavras tomadas de outras linguas, adaptadas à ortografia. P. ex. "futebol", "abajur". Estrangeirismos são palavras incorporadas, mas que conservam sua grafia original: "show", "shopping". O vocábulo "montanha-russa" é fruto de um equívoco: vem do alemão "Rutschberg"("montanha de escorregamento"). Os franceses tomaram-no emprestado, mas traduziram "Rutsch" como se fosse "russa": "montagne russe". O português foi na onda. A palavra "outdoor" em inglês significa "ao ar livre". Nós a usamos para designar painel de rua usado para publicidade. O português "feitiço" deu origem ao francês "fetiche", que voltou à língua de Camões com outro sentido.


Como seriam os títulos de filmes se fossem rodados nos pampas?

Vejamos:

Uma Linda Mulher > Uma chinoca buenacha
 
Os Sete Samurais > Sete Gaudérios ca's Vista Estreita

Godzila> A la Fresca, que Baita Lagarto!
 
Mamãe faz Cem Anos > A Veia tá cheirando a Defunto

Guerra nas Estrelas> Peleia no Firmamento
 
Os Filhos do Silêncio> Boca Fechada não entra Mosca

Corra que a Polícia vem Aí> Vamo saindo fedendo que vem vindo os Milico
 
E o Vento Levou > Oigalê! O Minuano Levô!

O Naufrágio> Mais Perdido que Cusco em Tiroteio

7 Anos no Tibet> 7 Anos no Tio Beto

O Homem Bicentenário> Guasca de Ferro

Noves Meses> Tá Prenha!

Querida, Encolhi as Crianças!> China Veia, Encolhi as Cria!

O Poderoso Chefão> O Bagual Cuiudo 

Martha Medeiros: pobre de quem não faz parte do rebanho!



A distorção de valores chegou a tal ponto, que pessoas discretas são consideradas arrogantes, os modestos são vistos como dissimuladores e os que não se rendem a modismos são tachados de esnobes. Ser autêntico (...) virou ofensa. Ou a criatura faz parte dor rebanho, ou é um metido a besta.

> Martha Medeiros


A decadência das artes numa civilização em colapso



De Mário Vargas Llosa, numa entrevista que li no El País tempos atrás: 

A cultura em que nos movemos tornou-se algo frívolo e banal até converter-se em alguns casos num pálido arremedo do que nossos pais e avós entendiam por essa palavra. (...) Tal transformação significa uma crescente deterioração que nos adiciona a uma crescente confusão do qual um mundo sem estética poderia resultar, a curto ou a longo prazo, no qual as artes e as letras - as humanidades - teriam se tornado pouco mais que formas secundárias de entretenimento.

A propóstico, Paulo Leônidas, arquiteto, escritor, diretor de cinema e TV, em artigo no Jornal de Artes ago/17, de Porto Alegre, escreveu o seguinte: 

Como diz o filósofo Michel Onfray em seu livro “A Força de Existir”: “As galerias de arte contemporânea exibem com complacência as taras de nossa época.” A arte “contemporânea”, de maneira geral, manifesta e reforça um aspecto doentio de nossa época e como tal significa um retrocesso na inteligência humana. O desprezo endêmico que tem pela beleza, a perseguição que realiza contra o talento, o menosprezo pelas técnicas e pelo trabalho manual, pelo passado, está reduzindo a arte a uma deficiência inimaginável de nossa civilização.

Um poemeto



Depois de muito meditar
resolvi editar
tudo o que o coração
me ditar

> Paulo Leminski

Da propaganda antidrogas nos EUA dos anos 40...




De filmes norte-americanos contra as drogas dos anos 40:
Somente uma tragada
e você poderá se tornar
homossexual, assassino, comunista.

"Feliz Natal" e outros nomes inusitados de cidades brasileiras...

 


A revista Exame elaborou tempos atrás uma lista de 15 municípios brasileiros com nomes inusitados. Vejam só: Alumínio (SP), Anta Gorda (RS), Baía da Traição (PB), Bofete (SP), Curral Velho (PB), Feliz Natal (MT), Fruta de Leite (MG), Gado Bravo (PB), Não-Me-Toque (RS), Passa e Fica (RN), Pendências (RN), Tio Hugo (RS), Varre-Sai (RJ), Venha-Ver (RN) e Xique-Xique (BA).

Ítaca


Quando começares tua viagem a Ítaca
pede que o caminho seja longo,
cheio de aventuras, cheio de experiências.
Não temas aos lestrigões nem aos ciclopes,
nem ao colérico Possêidon,
tais seres jamais acharás em teu caminho,
se teu pensar for elevado, se seleta
for a emoção que toca teu espírito e teu corpo.
Nem aos lestrigões nem aos ciclopes
nem ao selvagem Possêidon encontrarás
se não os levares dentro de tua alma,
se não os ergue tua alma diante de ti.
Pede que o caminho seja longo.
Que sejam muitas as manhãs de verão
em que chegues - com que prazer e alegria!-
a portos antes nunca vistos.
Detém-te nos empórios de Fenícia
e mostra-te com belas mercadorias,
nácar e coral, âmbar e ébano
e toda sorte de perfumes voluptuosos,
quanto mais abundantes perfumes voluptuosos possas.
Veja muitas cidades egípcias
a aprender, a aprender de seus sábios.
Tenha sempre Ítaca em teu pensamento.
Tua chegada ali é teu destino.
Mas não apresses nunca viagem.
Melhor que dure muitos anos
E atracar, velho já, na ilha,
Enriquecido de quanto ganhaste no caminho
sem esperar que Ítaca te enriqueça.
Ítaca te ofereceu tão bonita viagem.
Sem ela não haverias começado o caminho.
Assim, sábio como te tornaste, com tanta experiência,
Entenderás já o que significam as Ítacas.

> Constantino Kavafis (1863-1933)
in: O Quarteto de Alexandria - trad. José Paulo Paz.

01 agosto 2020

"Somnium", de Kepler: a primeira obra de ficção científica da História



A primeira obra de ficção científica de que se tem notícia foi escrita pelo astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Entusiasmado pelas novas ideias de que a Terra estava longe de ser o centro do Universo, difundidas por Copérnico, começou a imaginar como seria ver o Céu a partir da Lua. Daí escreveu Somnium, um pequeno romance que narra uma visita ao satélite natural da Terra, não por meio de um foguete qualquer, algo inimaginável ainda em sua época, mas de recursos de elementos mágicos, o que infelizmente serviu para provar nos tribunais que sua mãe não passava de uma bruxa e por isso viveu encarcerada durante muitos anos. O romance só foi publicado em 1634, quatro anos após a morte de Kepler.

Referência:
NOGUEIRA, Salvador. A ficção científica é a história do futuro. Mais respeito por ela, Superinteressante, São Paulo, mar. 2020. p. 8-9.

Quadros são emprestados de museu para museu. Menos Mona Lisa!



Museus têm via de regra o costume de emprestarem eventualmente suas obras preciosíssimas de se seu acervo, dentro da filosofia de que servem par isso mesmo: disseminar a cultura. Sem cobrar por isso, embora haja muitas vezes um gasto considerável com o transporte e outras medidas. Pedidos de empréstimo devem ser feitos com muita antecedência, até mesmo com mais de um ano de prazo. De qualquer forma, um Van Gogh do Museu de Arte de Nova York dificilmente será emprestado sem poder contar com uma climatização adequada. Já Mona Lisa, o mais famoso quadro do mundo, de jeito maneira, como dizia um personagem de novela! O Louvre não empresta de jeito nenhum sua preciosidade com direito a mais de 6,5 milhões de visitas por ano. Mona Lisa só saiu de casa para ser exposta na Galeria Nacional, de Washington, no Museu Nacional, em Tóquio e no Museu Pushkin, de Moscou ou quando foi simplesmente sequestrada em 1911...

Referência:
ROSSINI, Maria Clara. A vida secreta das obras de arte. Superinteressante, São Paulo, mar. 2020. p. 51.