03 janeiro 2022

GÜNTHER ANDERS | Mecanismos de dominação das consciências

 




Günther Anders (1902-1992), filósofo e ensaísta alemão de origem judaica, que também exerceu atividades como jornalista, doutorou-se em filosofia em 1923 e foi colega de Hannah Arendt, com quem se casou pela primeira vez. Pode-se destacar em sua obra o livro Die Antiquiertheit des Menche (A Obsolescência do Homem), de 1956, no qual ocupa-se com uma crítica à padronização do mundo, nestes tempos de comunicação de massa.

Dias atrás deparei-me com um fragmento do livro, divulgado como postagem no Facebook, no qual chama a atenção para os mecanismos criados pelos "donos do mundo" para sufocar todo e qualquer tipo de revolta social contra o sistema econômico que promove a exclusão da maior parte da população mundial. "Basta criar um condicionamento coletivo tão poderoso que a própria ideia de revolta já nem virá à mente dos homens" - afirma o autor. Para o sucesso de tal empreendimento, mecanismos são criados, como os seguintes:

- A redução do nível de qualidade da educação, vista apenas como uma forma de inserção profissional. Assim tem-se um ensino fundamentado no desenvolvimento meramente cognitivo, quase que indiferente àquele relacionado com a sensibilidade e sem nenhuma preocupação substancial em termos de uma educação ética de crianças e jovens. Nada como um indivíduo de pensamento limitado para ser facilmente manipulado e iludido com promessas vãs de políticos embusteiros. "Especialmente sem filosofia", destaca Anders.

- "Há que usar persuasão e não violência direta. Transmitir-se-á maciçamente, através da televisão, entretenimento imbecil [tipo Big Brother...], bajulando sempre o emocional, o instintivo. Vamos ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico. É bom com conversa fiada e música incessante, evitar que a mente interrogue, pense, reflita."

- O culto à sexualidade. "Como anestesia social não há nada melhor", salienta o autor. Nos tempos apocalípticos em que se vive, nada como a sexualização precoce das crianças, diga-se de passagem.

- "É preciso manter uma constante apologia à leveza". Daí o bombardeio midiático em nome do consumismo como fonte maior de felicidade e realização íntima, enquanto, é claro, enriquece cada vez mais as já polpudas contas bancárias dos mercadores da Grande Babilônia.

"O homem em massa, assim produzido, deve ser tratado como o que é: um produto, um bezerro e deve ser vigiado como deve ser um rebanho", diz o autor. Para finalizar, vale lembrar o que tem acontecido nos últimos anos: uma enorme quantidade de filmes de zumbis para juntar-se às já costumeiras produções em que violência desmedida é a tônica, bem ao gosto da indústria cinematográfica do Império. Servem como anestésicos ideais para jovens e adolescentes, sem falar nas crianças, que acabam tendo acesso.

Fonte adicional |
Günther Anders

Mais |
Umberto Eco: as mídias sociais deram voz aos imbecis


Imagem | DesconhecidoUnknown author, Public domain, através da wiki Wikimedia Commons


Nenhum comentário:

Postar um comentário