06 janeiro 2022

CABEÇAS PENSANTES (25) | Brincar de morrer/ Uma esperança/ O "brasileiro médio" tem agora sua voz...




Brincar de morrer

Não quero brincar de morrer, como em criança fazia, me deitava na cama, no assoalho, tentando ficar assim por um pouco de tempo que fosse: não conseguia muita coisa. Achava morrer muito ameaçador, e se nunca mais eu conseguir acordar desse sonho maluco? Melhor pegar um de meus amados livros, e entrar naquelas histórias.

Lya Luft (1938-2021), escritora e tradutora


Uma esperança

Uma esperança, ou melhor, muitas: que 2022 volte a valorizar a educação, a ciência, a inteligência. Que chegue ao fim esse período trevoso de enxovalhamento da arte, do cinema, do teatro. Que o Brasil volte a ser o Brasil, e não essa caricatura fundamentalista que virou.

Claudia Tajes, escritora


O "brasileiro médio"

(...) Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país. Quando me refiro ao "brasileiro médio", obviamente não estou retratando a imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e malandro. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado. 

No "mundo real" o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência... em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto. Os avanços civilizatórios que o mundo viveu (...) inevitavelmente chegaram ao país. Mas quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento. O machismo (...) sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre amigos de confiança, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo. O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. (...) Agora esse "cidadão comum" tem voz.

Ivann Lago, professor e doutor em sociologia política


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Um comentário:

  1. Cabeças pensantes está muito bom e real! Os artigos exatos da nossa realidade! Esse Presidi aflorou o caráter dos viventes de hoje... Sem reparos! Até os médicos de hoje estão longe de serem confiáveis, como os de ontem... Um médico ter a cara de pau e dizer que uma certa pessoa estava 'entupido',ê não mas

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