21 novembro 2022

DELÍRIOS coletivos: Freud explica | Perus, São Paulo: ossadas & Ditadura | Guerra por causa de um selo

 




Ossadas & Ditadura |

Em 1990, no Cemitério Municipal Dom Bosco, na Colina dos Mártires, no distrito de Perus, em São Paulo, descobriu-se uma cova coletiva cujas investigações posteriores a respeito concluíram ser obra da Ditadura Militar de 1964, que enterrou nela, clandestinamente, tanto presos políticos quanto outras pessoas da periferia da cidade, cujos corpos foram enterrados embalados em sacos. No Caaf - Centro de Antropologia e Arqueologia Forense, em São Paulo, há uma sala climatizada na qual mais de mil caixas contendo os esqueletos encontrados em Perus à disposição para a análise antropológica forense, que pode reconstituir até mesmo aspectos e culturais da vida dos indivíduos.

Nessa três décadas da pesquisa, na qual um laboratório holandês colabora, já foi possível identificar as ossadas de cinco pessoas desaparecidas, na época da Ditadura, por razões políticas. Edson Luís de Almeida Teles, coordenador do Caaf, professor de filosofia política na Unifestp - Universidade Federal de São Paulo, é filho de Maria Amélia Almeida Teles, militante do PCdoB e presa em 1972 com 28 anos, juntamente com o marido. 

"Durante a tortura de Maria Amélia, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante militar que chefiava o DOI-Codi paulista, mandou sequestrar os filhos dela - Edson, então com 4 anos, e Janaína, com 5 anos. As duas crianças foram conduzidas ao local de tortura e encontraram a mãe coberta de hematomas, com a boca e os olhos feridos. Décadas mais tarde, uma ação movida pela família Teles levou à condenação de Ustra pela Justiça e ao reconhecimento inédito pelo Estado de que o coronel foi um torturador",

afirma a matéria jornalística da qual extraí as informações (vide fonte). Para Teles, todas as pessoas podem serem consideradas desaparecidos políticos, porque "a violência de Estado sempre se fez presente para os que vivem nas periferias das cidades". Análises bioantropológicas indicaram o padrão físico e estilo de vida dos mortos, que não tiveram em vida acesso a serviços de saúde, sem falar na insegurança alimentar, evidenciada pela análise dos ossos. Sugere-se inclusive que muitas delas foram vítimas da epidemia de meningite ocorrida em São Paulo nos anos 70, ocultada pelos militares, inclusive através de censura à Imprensa sobre o assunto.  

FONTE: A cova rasa do Brasil, de Gabriela Mayer, 
reportagem de Piauí de nov/22.


Delírios coletivos: Freud explica |

Segunda a psicanalista Maria Rita Kehl, autora do livro O tempo e o Cão: Atualidades das Depressões (Boitempo), "a psicologia das massas de Freud talvez ajude a explicar esse delírio coletivo [por parte de muitos bolsonaristas]. Segundo Freud, diversos fatores contribuíram para o fenômeno. Um deles seria o desejo dos indivíduos de ter um pai muito poderoso, um pai onipotente, para não se sentirem desamparados. Além disso, no processo de formação da massa, muitos perdem a individualidade. Você deixa de ser responsável por sim mesmo."

FONTE: Perdeu, Mané!, reportagem de Rodrigo Martins publicada em CartaCapital de 23/nov/22.


Cabeças Pensantes |

O que o rebanho mais odeia é aquele que pensa de forma diferente, não é tanto a própria opinião, mas a audácia de querer pensar por si mesmo, algo que eles não sabem fazer. (Arthur Schopenhauer) *** O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos. (Friedrich Nietzsche) *** Não é possível convencer um fanático de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar cegamente em algo. (Carl Sagan)


A guerra do selo |

Uma guerra entre a Bolívia e o Paraguai em 1932 teve como estopim um selo lançado pelo primeira no qual era estampada a província do Chaco como sendo parte dela. Seu vizinho também reivindicava a região e lançou um novo selo com o Chaco fazendo parte do país. Estourou uma guerra entre os dois, vencida pelo Paraguai, que incorporou a região em definitivo. Um conflito que resultou na morte de 100 mil homens.

A guerra das eliminatórias |

Em 1969, El Salvador e Honduras disputaram uma partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol, vencida pelo primeiro por 3x0, dando início a uma briga séria nas arquibancadas entre as duas torcidas. Havia ressentimentos no ar em função de os hondurenhos terem expulsos 300 mil salvadorenhos do país com vistas à distribuição de terras para seu próprio povo. Após negociações, a guerra que eclodiu entre eles em seguida, insuflada pela imprensa, terminou seis dias depois, com o saldo de 3 mil mortes e 6 mil feridos.

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