Encheram a terra de fronteiras, carregando o céu de bandeiras, mas só há duas nações: a dos vivos e a dos mortos.
> Mia Couto, em "Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra"
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Uma inundação
psíquica | Moradora do bairro Mathias Velho, um dos mais afetados de Canoas* pelas enchentes, Francine Trindade também sentiu uma piora na ansiedade. A família da jovem de 25 anos perdeu a casa, palco das memórias da infância até a vida adulta. "Nossa casa não era só nossa, sempre acolheu todo mundo. Foi esse lugar de convívio que se perdeu", lamenta.
"A casa é simbolicamente a extensão das pessoas. É templo da história, um lugar onde a gente se deposita de uma forma mais integral", afirma a psicóloga joana Narvaez, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA). "O deslocamento do espaço e das rotinas - de tudo que confere uma identidade - gerou, em paralelo a essa inundação concreta, uma inundação psíquica", compara.
* Município com 340.000 habitantes na região metropolitana de Porto Alegre, a 14 km desta. Terceira maior cidade do RS.
> Bettina Gehm, em "Não seremos mais os mesmos": enchente já deixa marcas na saúde mental de moradores do RS" - matéria publicada no saite Sul21 em 02/jul/24.
O golpe
do Ensino Médio | E aí a Câmara dos Deputados aprovou o "Novo Ensino Médio" do país, projeto proposto pelo deputado bolsonarista Mendonça Filho - ministro da Educação no governo Temer. Em razão disso, a formação básica dos estudantes será prejudicada. Estudar história do Brasil? Disciplinas voltadas para a formação do senso crítico? Nem pensar.
"Na prática, a formação é segregada, oferecendo aos filhos da classe trabalhadora uma formação 'adequada' às posições subalternas que estão estão destinadas a exercer e reservando aos herdeiros das elites horizontes mais alargados",
comentou Luís Felipe Miguel*, autor de matéria publicada no saite jornalggn.com.br. Aliás, cabe a pergunta: em que medida a classe dos educadores deste país foi ouvida a respeito? Reconheço. Uma perguntinha ingênua de minha parte. Vale lembrar que o projeto contou com o apoio do deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo. Não sei por que, me lembrei de Leonel de Moura Brizola.
* Professor do Instituo de Ciência Política da UnB e autor, entre outros livros, de O colapso da democracia no Brasil. (Expressão Popular)
Olimpíadas:
abertura questionável | A abertura da Olimpíada disse muito sobre muitas coisas, mas pouco sobre esporte. (...) O desfile das delegações em barcos foi uma ideia arriscada. Que deu errado. A marcha dos atletas, caminhando, era um dos elementos mais simbólicos da cerimônia de abertura. Em Paris, os países e suas bandeiras ficaram separados, estanques, desunidos. Um de cada vez, mas nunca todos juntos, como deveria ser.
> Tulio Milman, em sua coluna no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em 01/ago/24, sobre a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris.
Comentário | Ao assistir a parte do desfile por barcos das delegações de países, também não gostei da ideia, pelo mesmo motivo.
A origem
dos jogos olímpicos | As olimpíadas da Era Moderna, como se sabe, foram inspiradas naquelas criadas pelos antigos gregos no séc. 8 a.C. e que se realizavam a cada quatro anos no santuário de Olímpia, das quais participavam apenas homens, os quais competiam inteiramente nus*, uma prática considerada perfeitamente natural para os antigos gregos. Entre as modalidades disputadas havia corridas, competições equestres e lutas, sendo que os vencedores eram agraciados com coroas de louro. Um ou outro vencedor podia ser agraciado eventualmente com algum dinheirinho ofertado por sua cidade de origem. Já sob o domínio romano, os jogos foram realizados até o ano 392 d.C., quando foram proibidos pelo imperador cristão Teodósio 1º sob a justificativa de que promoviam o paganismo. A Idade Média se avizinhava...
* Vai ver, porque não tinham pensado ainda em criar uniformes desportivos...
Fonte | Homens nus e proibições de mulheres: como eram as Olimpíadas na Grécia Antiga, matéria publicada no saite www.canalhistory.com.br em 29/jul/21.
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Na época Brizola alertou!!
ResponderExcluirPois é...
ExcluirExcelente texto sobre a inundação psíquica. Minha filha perdeu sua moradia na enchente de maio e o texto reflete o estado mental em que ela se encontra, pois ainda não retornou para casa. Triste!
ResponderExcluirLamento muito! Mas enfim, q ela supere esse golpe!
ExcluirCem Ideias , incrível sempre refletivo.
ResponderExcluirTodos os assuntos abordados de excelência.
Muito bom👏👏
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