As ideias são forças.
Friedrich Niestzche
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no português coloquial do Brasil
Em seu livro Latim em Pó: um passeio pela formação do nosso português (Companhia das Letras, 227 p.), de Caetano W. Galindo, doutor em Linguística pela USP, entre outras questões, trata da influência das línguas africanas, particularmente das línguas bantas* na formação do português popular brasileiro. Com base em estudos recentes, o autor afirma que tal influência não se limita apenas ao vasto uso de palavras de origem africana, como orixá, vatapá, quitanda, carimbo**, caçula, cafuné, etc..., mas também do ponto de vista de modificações de estruturas gramaticais e até mesmo no enunciado do vocabulário.
Vejamos exemplos:
1. Tendência de "enxugamento" nas regras de concordância nominal e verbal: Os menino caiu, eles vai.
2. Supressão de consoantes: nas línguas bantas, tal como o japonês e o tupi, o que impera são palavras sem encontros consonantais e nada de sílabas que se fecham com consoantes: pronunciamos rítimo, téquinico.
3. Supressão do r dos infinitivos: cantá, fazê, medi.
4. Em palavras com dois encontros consonantais, supressão de um deles: própio, poblema, dible.
* línguas bantas - ramo da família linguística Nígero-Congolesa, falado pelos povos bantos da África Sub-Saariana.
** quitanda, carimbo - termos ligados ao processo de escravização de pessoas: o primeiro refere-se ao local onde eram vendidas e o segundo, ao nome do sinete de ferro quente com o qual eram marcadas na própria carne.
justiça | Boate Kiss & impunidade
A matança de 242 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, já completou 10 anos, mas continua impune, como se fosse simples rixa entre vizinhos. No crime, tudo foi se aplacando. (...) Depois de condenados os réus, a decisão foi anulada, e os quatro sentenciados liberados pelo Tribunal de Justiça. Os motivos evocados são meramente formais, sem relação com a brutalidade da matança. Agora, o Superior Tribunal de Justiça decidirá em Brasília sobre o crime. Seguirá a impunidade? (fragmento)
> Flávio Tavares, jornalista, em sua coluna no jornal Zero Hora de 17-18/jun/23
Comentário | O brasileiro ainda tem muito que amadurecer como povo. É impressionante o alto grau de impunidade que rola solta por aí, no qual o famoso jeitinho dá as cartas em muitas ocasiões que exigiriam bem mais seriedade e senso de justiça.
política | Mugidos de junho de 2013
A face libertária das jornadas de junho de 2013 foi devorada pela sua face reacionária. A direita infiltrada no jogo engoliu a parte anarquista como quem mete uma goleada no adversário. Poucas vezes se viu em tempo real uma manipulação tão explícita. Mentiu-se radicalmente. Quanto mais à direita, mais a pessoa se dizia neutra, cansada de política, desejosa de um novo modo de gerir as coisas (...). Era uma farsa. (...) A direita secular só esperou para fazer a colheita. O último mugido de 2013 aconteceu em 8 de janeiro de 2023 com a invasão dos palácios dos três poderes em Brasília pela tropa bolsonarista. (fragmento)
> Juremir Machado da Silva, em sua crônica Enganosas jornadas de junho de 2013, publicada no saite Matinal News em 15/jun/23.
língua | Do dicionário de porto-alegrês
Pé no saco = Uma chatice só. "Aquele sujeitinho é um pé no saco!" O que os norte-americanos chamam de a pain in the ass.
Vai pela sombra! = Frase brincalhona ao despedir-se de alguém.
Viagem = Delírio, conjunto de besteiras, nonsense. "Bá, que viagem!", ou seja, "Que besteira!" A origem deve estar relacionada com o termo "viagem" como delírio provocada pela droga, uma expressão dos anos 60/70.
fonte Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Fernando Fischer (L&PM)
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Muito obrigado por tantos assuntos interessantes.
ResponderExcluirCem Ideias sempre fazendo os seus leitores refletirem muito .
Obrigado!
ExcluirMuito bom 👏👏
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