23 maio 2022

MOSAICO | O cavalo que se deu bem com a República/ Ferrovia para as elites/ Manhã de domingo em Milão/ Dicionário de Porto-Alegrês



Ravena, Itália

HISTÓRIA | Dias finais do Império,
dias iniciais da República (1)

Deodoro e o cavalo

No manhã de 15 de novembro de 1889, o marechal alagoano Deodoro da Fonseca, depois de uma crise de dispneia durante a noite anterior, dirigiu-se ao Campo de Santana, no Rio de Janeiro, para dar ordens e organizar as tropas para o último assalto ao Império. Como disse o jornalista Laurentino Gomes em seu livro 1889, que acabei de ler, Deodoro não resistiu 

"à pressão de seus companheiros de armas e também da inabilidade política do imperador, que, em uma desastrada e inútil resistência, indicou para a chefia do ministério justamente o maior de todos os adversários políticos de Deodoro, o senador liberal gaúcho Gaspar de Oliveira Martins."

Na verdade, Deodoro estava longe de ser um republicano convicto. 

Mas enfim, ao chegar ao local acima mencionado, fraco e cambaleante devido ao seu estado de saúde, deram-lhe um cavalo mais manso, que acabou tornando-se o primeiro beneficiado do novo regime: foi aposentado por seus relevantes serviços e levou uma vida confortável até sua morte no quartel.

Outro fato curioso, que merece ser lembrado, é o de que em nenhum momento na ocasião o marechal proclamou a República ou deu vivas a ela, como tradicionalmente se propagou.


Ferrovia pra grã-fino

Ainda em "1889": Em 1854 o Brasil inaugurou sua primeira ferrovia, de quase 15 km, que ligava o Rio a Petrópolis. Enquanto outros países criavam as suas para escoar a produção, a primeira do país foi construída com a finalidade maior de facilitar a vida da grã-finagem carioca e da família imperial em suas férias de verão em Petrópolis, que passaram a gozar de uma viagem mais rápida e com mais conforto...


VIVÊNCIAS |  Uma manhã de domingo

em Milão

 

Em 2016, numa manhã de domingo em Milão, quase outono, saí cedo do hotel em que me encontrava, juntamente com duas amigas, para conhecer o afamado bairro Navigli e o Parque Sempione. Elas, que infelizmente já não se encontram mais entre nós, preferiram dormir até mais tarde e acabei indo sozinho. 



O Navigli

Ao chegar ao Navigli, vindo de ônibus elétrico, permaneci por alguns momentos num local (foto acima) onde havia um show musical promovido por algum órgão cultural da prefeitura, no qual pessoas se apresentavam para cantar alguma coisa. O Navigli recebeu esse nome em função dos canais que passavam pela região, os navigli, antigamente em maior número, que começaram a ser construídos no séc. 12. Um deles, por exemplo, ligava Milão à Suíça. Através deles transportavam-se pessoas e mercadorias. Conheci o Naviglio Grande, que hoje ainda transporta alguma mercadoria e é usado também para passeios turísticos. No bairro concentram-se bares, restaurantes, mercadinhos, galerias de arte, lojas de artesanato e livrarias. Muito bom! 




Parque Sempione

O tempo de que dispunha não era muito e logo dirigi-me ao Parque Sempione, de bonde, o que me fez lembrar os tempos de infância e adolescência, quando eles ainda existiam em Porto Alegre. Antiga reserva de caça, o Sempione possui apenas 47ha e foi criado ao final do séc. 19. As fotos abaixo mostram um pouco da beleza do lugar. Valeu o passeio! Ao retirar-me do local, passei por uma banca de revistas (edicola) pra comprar jornal e praticar meu italiano. Um menininho, que devia ter no máximo uns seis anos, chegou naquele momento, pegou uma revistinha, dirigiu-se ao edicolante e muito educadamente perguntou: Per favore, sinjoro, cuanto costa? Mas enfim, uma manhã bem aproveitada.





LÍNGUA | Do Dicionário 
de Porto-Alegrês



Não tá com essa bola toda: não é tão bom quanto quer parecer.

Não inventa!: Frase de repreensão por uma ideia considerada sem cabimento.

Mas bá!: forma enfática de Bá!

Fonte | Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer. Editora Artes & Ofícios, 1999.

Um comentário:

  1. Procure saber como o Deodoro pediu pra ser enterrado, e você vai ver como ele sentia em relação à República.

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