Theatro São Pedro. Inaugurado em 1858.
Amand Goegg (1820-1897)
O jurista e ativista político Amand Goegg nasceu em Renchen, Alemanha, em 1820. Em 1880 fez uma viagem à Argentina e Uruguai, de onde seguiu para o Rio Grande do Sul, onde permaneceu por cinco meses. Na qualidade de representante do um jornal alemão, visitou Rio Grande, Porto Alegre, Rio Pardo, Cachoeira (depois, Cachoeira do Sul), Santa Maria bem como colônias alemãs ao longo do rio dos Sinos. Em seguida, esteve em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Veio a falecer em 1897. Em seu Überseeische Reisen (Viagens Ultramarinas), fez um relato sobre suas viagens à América do Sul.
Segundo ele, dos 200 mil habitantes que havia no Rio Grande do Sul, 60 mil eram alemães. Desses, 5 mil viviam em Porto Alegre. Na capital, o comércio atacadista e as atividades industriais estavam em sua grande maioria nas mãos de seus conterrâneos. Destaca a figura de Karl von Koserits, imigrante, como uma pessoa muito culta, de grandes conhecimentos científicos e que exercia forte influência sobre o meio político local.
Deve ter gostado muito do carnaval que presenciou em Porto Alegre, pois o classificou como "o mais espetacular de todo o Brasil", no qual destacou a participação da Sociedade Germânia nos desfiles públicos, com "representações jocosas". Comenta o luxo que presenciou no baile de máscaras do Clube Comercial, frequentado principalmente pelos "ricos brasileiros", em que não faltou uma grande quantidade de diamantes (legítimos, segundo lhe asseguraram) sobre os cabelos e guirlandas dos vestidos.
Wilhelm Breitenbach (1856-1937) - 1
Wilhelm Breitenbach nasceu em Unna, Alemanha, em 1856, vindo a falecer em 1937. Emigrou para o Brasil em 1880 e atuou no Rio Grande do Sul como professor e jornalista. Três anos depois, retornou à Alemanha. Em Porto Alegre, atuou nos jornais de língua alemã Deutsche Zeitung e Koseriz Deutsche Zeitung. Amante das ciências naturais, organizou coleções de insetos graças às suas viagens pelo interior gaúcho, além de ter publicado diversos ensaios sobre zoologia e etnologia, além de outros assuntos.
Em sua obra Aus Süd-Brasilien: Erinnerungen und Aufzeichngen (Do Sul do Brasil: lembranças e apontamentos) tece curiosas observações sobre o Mercado Público de Porto Alegre, o funcionamento dos Correios e o sistema de bondes. Em sua descrição do Mercado, além de outras coisas, refere-se às suas "lojas para venda de artigos diversos, botequins para marinheiros, instalações de alemães que servem cerveja (...), açougues, pequenos matadouros, funilarias, produtos manufaturados, cigarrarias e tabacarias". À época o prédio contava apenas com um piso e havia um pátio interno com árvores, que existiram no local até 1886. Neste local específico, conta ele, havia bancas de vendedores, mais simples, atendidas "por portugueses, italianos e negras que oferecem diversificados produtos da terra, frutas, verduras, flores, além de aves e outras coisas".
Destaca o fato que no estabelecimento, não havia tantos animais à venda como nas províncias do Rio de Janeiro e da Bahia. De qualquer forma, encontrou papagaios, um macaco bugio, tamanduás, antas e tatus, além de outros, em falar em galinhas, marrecos e perdizes. Junto ao mercado, registra a existência de uma banca para venda de peixes, próximo ao cais. Menciona a existência de carretas tracionadas por de oito a dez bois, estacionadas junto ao mercado, carregadas de frutas para serem comercializadas no local. Em torno das carretas, destaca a presença de mulheres negras, com seus longos e largos vestidos brancos de algodão, com um turbante na cabeça, fazendo suas compras para venda posterior a domicílio. Das conversações entre elas, lamenta que pouco pôde entender, porque conversavam em idioma africano, permeado de palavras em português, de difícil entendimento para ele em função do sotaque.
Cont.
Fonte |
Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890, de Valter Antônio Noal Filho e Sérgio da Costa Franco (2004)
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