16 maio 2022

(6) SÉC. 19 | Relatos de viajantes alemães sobre Porto Alegre

 




Rua Voluntários da Pátria (1880)


Cont.

Como vimos na postagem anterior (linque abaixo), Wilhelm Breitenbach (1856-1937), professor e jornalista, viveu no Brasil por três anos, residindo em Porto Alegre, e depois retornou à Alemanha três anos depois. Em seu livro Süd-Brazilien:  Erinnerungen und Aufzeichngen (Do sul do Brasil: lembranças e apontamentos), há uma parte da obra sobre Porto Alegre, da qual extraí algumas informações a partir da obra Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890, escrito por Valter Antônio Noval Filho e Sérgio da Costa Franco.


A Praça XV de Novembro (então Conde D'Eu)

Depois de um longo e pormenorizado trecho dedicado ao Mercado Público, menciona a então Praça Conde D'Eu (atualmente XV de Novembro), que a descreve como "um jardim verdadeiramente bonito", cujo projeto paisagístico foi de autoria de um jardineiro alemão. A praça era um dos locais preferidos por parte dos moradores da cidade, principalmente ao anoitecer.
"Aqui as damas permitem que se admirem suas novíssimas toaletes, como o fazem no teatro ou na igreja; também nesse local podemos distrair-nos observando a jovem e feliz nova geração alemã. Assim ocorre em nossa terra, a praça é o local preferido para a permanência das babás com seus bebês".

Tal como hoje... :-)


A rua Sete de Setembro

Menciona a Rua Sete de Setembro, próxima à Praça XV, onde grandes firmas importadoras e casas comerciais de imigrantes alemães tinham seu endereço. Em sua época, a Sete de Setembro estendia-se ao longo do Guaíba, tanto é que seu primeiro nome era Rua Nova da Praia, designação que ganhou em 1842. Quanto à Praça da Alfândega, apenas menciona sua existência, já que na época provavelmente ainda não tinha sofrido as melhorias que a tornariam o mais tradicional jardim público da cidade. Junto a ela, havia o já então velho casarão da Alfândega, que o classifica como "um miserável barracão". A respeito da antiga sede dos Correios, que diga-se de passagem não se tratava do atual prédio do Memorial do Rio Grande do Sul, que foi construído no início do séc. 20, faz referência ao fato de que já de algum tempo as cartas são entregues também a domicílio, contanto que no endereço de entrega esteja a rua e o número da casa, salienta. Explica que seguindo-se viagem pela mesma rua, chega-se ao presídio, um dos prédios de maior destaque àquela época, situado nas proximidades onde posteriormente iria ser construída a antiga Usina do Gasômetro (1928) - hoje centro cultural com o mesmo nome.


A Rua Voluntários da Pátria

Refere-se à Voluntários da Pátria, já com esse nome, como um prolongamento da Sete de Setembro. "Essa rua, na qual moram muitos alemães, passa em frente à estação ferroviária, rumo à "vila Navegantes", que pode ser descrita, segundo ele, como uma "cidadezinha alemã, subúrbio de Porto Alegre". 


A Rua dos Andradas

"A Andradas é uma linda rua, larga e com calçadas em ambos os lados. Nela, estão estabelecidas as lojas mais finas: vendas de roupas e modistas, lojas que vendem ouro e prata, os grandes magazines de vestuário, diversas alfaiatarias alemãs, chapelarias de alemães, duas livrarias brasileiras e duas alemãs, que também possuem tipografias, diversos hotéis, a redação do Koseritz Deutschen Zeitung, em suma, é a perfeita rua comercial."

Breitenbach segue suas descrições sobre o centro da cidade, não deixando de mencionar entre outras coisas o Theatro São Pedro, erguido ao lado da antiga Câmara Municipal, a Catedral, o Palácio do Governo e a antiga sede da Assembleia Legislativa, todos situados junto a "uma grande praça", igualmente transformada em "um belo jardim" pelas mãos de um jardineiro... alemão. Fim da série 


Fonte |

Os Viajantes olham Porto Alegre: 1784-1890, de Valter Antônio Noal Filho e Sérgio da Costa Franco (2004).


Mais |

https://cesardorneles4.blogspot.com/2022/05/5-sec-19-e-20-relatos-de-viajantes-e.html

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