Alexander von Humboldt (1769-1859), naturalista e explorador prussiano, e Euclides da Cunha (1866-1909), escritor e jornalista brasileiro, autor de Os Sertões, em dois depoimentos sobre seu contato com a Amazônia, apresentam diferentes pontos de vista sobre ela.
Humboldt, provavelmente seu mais extraordinário explorador, em carta ao irmão expressa seu encantamento o com o que viu na Amazônia venezuelana: "Corremos de um lado para o outro feito bobos." Seu companheiro de viagem, um botânico de viagem, escreveu sobre seu primeiro contato com a floresta afirmando que "enlouqueceria se as maravilhas não acabassem logo".
Por outro lado, Euclides da Cunha, em viagem à Amazônia para chefiar expedição de demarcação da fronteira entre o Brasil e o Peru, em seu livro póstumo À Margem da História, que trata do ano em que viveu na grande floresta, utiliza termos como "desapontamento", referindo-se ao rio Amazonas, "monotonia", para a paisagem, "desordem" (natureza), "imperfeita" (a flora), "monstruosa" (a fauna), "desprezível", referindo-se a um pássaro e, como se não bastasse, classificou a natureza como "incompleta".
Visões distintas sobre a grande selva, uma de encantamento, outra de desprezo...
Referência:
SALLES, João Moreira Salles. Arrabalde: parte I - A floresta difícil. Piauí, Rio de Janeiro/São Paulo, nov. 2020, p. 44.
Imagem:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Acervo_Museu_do_Senado_(20349015646).jpg Acesso em: 25 nov 2020