28 dezembro 2024

(28/12) Lazer à francesa | O Negro na história do Brasil | Tudo pelo deus Mercado | O Jornal Nacional

 



É preciso diminuir a distância
entre o que se diz e o que se faz,
até que, num dado momento,
a tua fala seja a tua prática.
> Paulo Freire





Os franceses (4) |

Lazer à francesa > Cada povo se diverte à sua maneira. Vejamos alguma coisa a respeito com base nos seguintes tópicos: piquenique, esportes e festas públicas.

Piquenique - A própria palavra tem origem francesa. Vem de piquer (pegar) e nique (coisa sem importância) e dá nome a esse tipo de refeição "composta por uma série de pequenas coisas que podem ser comidas com as mãos, sem o auxílio e pratos e talheres". Constitui-se, por exemplo, de pães, queijos, presuntos, salames, carnes embutidas e patê, sem falar em água e vinho. 

Esportes - O francês é um povo poliesportivo. Em geral, curte dar atenção a vários esportes diferentes, o que inclui principalmente futebol, tênis, esqui, patinação no gelo, o rally Paris-Dacar, o torneio de tênis Roland-Garros e o Tour de France (ciclismo). Particularmente acompanho alguma coisa deste último pela TV, acompanhado por um em cada quatro franceses.

Festas públicas - A mais tradicional festa pública francesa tem a ver com as comemorações da Queda da Bastilha, sendo que nas noites de 13 e 14 de julho são promovidos bailes promovidos pelo corpo de bombeiros em suas casernas, o que inclui grandes espetáculos de fogos de artifício, como o da Torre Eiffel. 

Férias - Enquanto que no verão brasileiro, tradicionalmente busca-se a praia no verão, os franceses tratam de estarem ao ar livre, quer à beira mar, quer à beira de lagos, no campo ou nas montanhas. Em dezembro, início do inverno, Paris é o destino costumeiro de muitas pessoas do Interior do país que tiram alguns dias de férias, movidos pelo interesse de assistirem a exposições de arte ou visitarem museus. Vale citar ainda as colônia de férias no verão, para crianças e adolescentes.
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Fonte | Os Franceses, de Ricardo Corrêa Coelho (Contexto, 2007).

A árvore de Natal é o paraíso dos gatos.




Tudo pelo 
deus Mercado |

"A capa da @folha de hoje traz em destaque que o salário mínimo vai custar R$ 100 bilhões em quatro anos à Previdência. Por que a capa da Folha não diz que uma das taxas de juros mais altas do mundo custou R$ 790 bilhões com juros da dívida pública no acumulado de doze meses? Por que capa da Folha não diz que isenções e desonerações para os ricos custam R$ 540 bilhões por ano? Eles só querem cortar dos mais pobres, querem uma aposentadoria menor do que o salário mínimo? Uma crueldade! Não falam nada sobre os privilégios dos ricos e do sistema financeiro. É impressionante!"

> Lindberg Farias, deputado federal pelo RJ, em texto reproduzido pelo jornalista Juarez Fonseca no Facebook.

Sou "escritor, negro", e não "negro escritor".
José Faro, escritor gaúcho





 Umas & outras |

"Pesquisa revela que a chance de um aluno em uma escola de maioria negra não ter acesso a água potável é cerca de sete vezes maior em comparação com estudantes de escolas com predominância de alunos brancos", de acordo com o Instituto de Água e Saneamento e Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais. Fonte | CartaCapital de 18/dez/24.

4 de maio. O RS entra em pânico com a enchente, sob a indiferença do Jornal Nacional, que simplesmente ignorou a grande tragédia e finalizou a edição desejando "um feliz show" para todos, o assunto do dia... Só. O jornalismo global em ação. E ainda querem concorrer com o YouTube!...

"O rebaixamento [do Athletico Paranaense] voltou a levantar a discussão sobre o calendário do futebol brasileiro, tema que eu tantas vezes discuto neste espaço. O calendário exaustivo, com um sequência de jogos sem tempo suficiente para a recuperação, contribui para o aumento no número de lesões e para a queda no rendimento dos atletas." Afonsinho, em sua coluna em CartaCapital de 18/dez).

O YouTube está engolindo a TV aberta.




Os esquecidos
da História |

Nas boas casas do ramo, o livro Projeto Querino: um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil, do jornalista Tiago Rogero (Ed. Fósforo). Por ocasião do Salão Carioca do Livro, em 2018, que ouviu um questionamento da escritora Conceição Tavares a respeito da participação do negro na história do Brasil: ensina-se sobre a Revolução Farroupilha e nada sobre a revolta dos Malés*. 

"Aí eu parei para pensar que, de fato, tinha ouvido falar sobre a Revolução Farroupilha nas escolas, mas quase nada sobre a Revolta dos Malés, disse o autor para uma matéria a respeito da questão publicada em CartaCapital recentemente. Foi daí que interessou-se a conhecer um pouco mais a respeito da participação das pessoas negras na história do Brasil numa visão mais aprofundada. Na introdução ao livro, Rogero salienta que sua obra é um livro-reportagem, que também faz ligações com o presente.
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* Revolta dos Malés: levante contra a escravidão ocorrido em Salvador nas noites de 24 e 25 de janeiro de 1835, com a participação de 600 escravizados africanos.

Fonte | Histórias que o Brasil não via, de Valerya Borges, matéria publicada em CartaCapital de 18/dez/24. 


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(21/12) Os franceses (3) | A tragédia argentina | Esquerda precisa se reciclar | As Copas de 30 e 34 | A enchente de 1941






21 dezembro 2024

(21/12) Os franceses (3) | A tragédia argentina | Esquerda precisa se reciclar | As Copas de 30 e 34 | A enchente de 1941

 




As pessoas educam para a competição
e esse é o princípio de qualquer guerra.
Quando educarmos para cooperarmos
e sermos solidários uns com os outros,
nesse dia, estaremos a educarmos para a paz.
> Maria Montessori




POVOS | Os franceses (3)

Parles-tu français? > O francês tornou-se língua oficial da França em 1539, sob o reinado do rei Francisco 1º, que a impôs "como idioma em que obrigatoriamente deveriam ser redigidos todos os atos jurídicos e administrativos do Estado, das certidões de batismo aos contratos, inquéritos, testamentos e sentenças judiciais". O alemão, por exemplo, só foi erigido como língua oficial da Alemanha em 1871. Até então não passava de um dos dialetos existentes no país. Na França, antes do francês, usava-se o latim, língua da Igreja, como idioma para as comunicações oficiais. Com o tempo, adquiriu o status de língua internacional, por razões de ordem política e econômica, até que foi superado pelo inglês no séc. 20. De qualquer forma, ainda é uma das línguas mais estudadas no mundo. Curiosidade: muitos termos próprios da informática, de origem inglesa, foram afrancesados. Por exemplo, computer virou ordinateur, mouse virou souris (camundongo), e-mail (eletronic mail) virou courriel (abreviação de courrier élétronique). Povos que respeitam seu idioma é isso aí.

Fonte | Os franceses, de Ricardo Corrêa Coelho (Contexto, 2007)

Na sequência: Lazer à francesa



Noruega se recusa a jogar contra Israel
na eliminatórias da Copa de 26.





POLÍTICA | Esquerda brasileira
precisa se reciclar

"A esquerda brasileira precisa operar uma virada histórica de conteúdo, de prática política e de identidade simbólica, sob penas de ser conduzida à margem. O sentido dessa virada demanda a estruturação orgânica de uma Frente Ampla. Nesse movimento, partidos como PSOL, PT, PCdo|B, PV, PSB, REDE e PDT, que atuam sem plataforma comum e sem discurso capaz de mobilizar a população na luta por reformas, seriam alas de movimento de resistência democrática."

> Marcos Rolim, em seu artigo O que fazer?, publicado no saite ExtraClasse em 11/nov/24.


INTERNACIONAL | A tragédia argentina

Em dezembro completou-se um ano do Governo de Javier Milei, um sujeito de extrema direita. De acordo com o Observatório Social da Universidade Católica da Argentina, 49,9% da população do país está (sobre)vivendo abaixo da linha de pobreza. Isso significa uma situação abaixo da "cesta básica total", que inclui itens básicos como alimentação, moradia, educação, saúde e transporte. A coisa tá ruça para os hermanos... Tal índice atinge 23 milhões de pessoas num país de 47 milhões (2024|). 6 milhões de pessoas sequer têm acesso pleno à "cesta básica alimentar". 7 milhões de aposentados e pensionistas tiveram seus rendimentos congelados. 260 mil postos de trabalho foram perdidos. 

Enfim, este é o governo (?) de um sujeito que considera a justiça social como uma "aberração" e afirma tranquilamente que quer destruir o Estado "a partir de seu interior". De acordo com determinada pesquisa feita em setembro, 65,7% dos argentinos avaliam que "o ódio e a intolerância estão aumentando" em relação ao atual mandatário do país. Não é para menos.

FONTE | Milei completa 1 ano de governo marcado pelo aumento da fome e da extrema pobreza, matéria reproduzida em ICLNotícias em 11/dez/24. Sem indicação de autor.




FUTEBOL | Copas do Mundo de 30 e 34

Confirmadas: A Copa do Mundo de futebol em 2030 terá como sedes Portugal, Espanha e Marrocos, sendo que haverá três partidas inaugurais em Argentina, Uruguai e Paraguai, numa homenagem ao centenário do torneio. A de 2034 será disputada na Arábia Saudita, que poderá ocorrer entre novembro e dezembro devido ao clima. No país, prevê-se a construção de 11 novos estádios e a reforma de outros 4 já existentes.



A enchente de 1941 em Porto Alegre |




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(14/12) Os franceses (2) | ONU: vetos em mãos eternas? | Crianças portuguesas e o português brasileiro | Violência policial | E mais.





14 dezembro 2024

(14/12) Os franceses (2) | ONU: vetos em mãos eternas? | Crianças portuguesas e o português brasileiro | Violência policial | E mais.




O branco acha que o ambiente é "recurso natural" como um almoxarifado aonde você vai e tira as coisas. Para o indígena, é um lugar onde você deve pisar suavemente, porque está cheio de outras presenças. > Ailton Krenak



POVOS | Os franceses (2)

Origens gaulesas > Os franceses consideram os antigos gauleses como seus antepassados e não é por acaso que os romanos designavam o território como sendo a Gália, que acabaram ocupando no séc. 1. "No Segundo Império, sob Napoleão III, o chefe militar gaulês Vercingetorix, que encabeçou a mais resistência à invasão da Gália pelas regiões romanas comandadas por Júlio César, foi transformado em herói nacional (...)." De qualquer forma, antes da existência dos gauleses, a região já havia sido habitada por outros povos desde o Paleolítico, segundo estudos. Em 1940, a 150 km de Bordeaux, quatro rapazes acabaram descobrindo uma caverna com notáveis pinturas pré-históricas de animais, provavelmente de 15.000 a.C. Atualmente a região conta com outros sítios arqueológicos.

Os gauleses era um dos povos celtas e falavam uma língua indo-europeia. Espalharam-se por toda a Europa, chegando até a mesmo à Irlanda. Chamava-se de "gaulês" os povos que habitavam o que atualmente é a França, Bélgica, extremo oeste da Alemanha e norte da Itália. "Uma certa propensão para a exaltação e altercação verbais dos gauleses ainda permanece viva no francês de nosso tempo". Eram grandes bebedores de cerveja, tal como o Asterix das histórias em quadrinhos. Se os franceses de hoje preferem vinho, é por influência dos antigos romanos. Graças aos gauleses, foram inventados o colete de malha de ferro, a espada longa, a invenção do barril e do sabonete, sem falar nas calças compridas - desconhecidas dos romanos, p. ex., que vestiam-se com túnicas. 

Fonte | Os franceses, de Ricardo Corrêa Coelho (Contexto, 2007)

Na sequência: A língua francesa





ONU | Poder de veto 
em mãos eternas?

Como lembra Eduardo Galeano, em seu livro O teatro do bem e do mal: "O poder de veto significa, em última instância, todo o poder. (...) Na ONU, os Estados Unidos compartilham o poder de veto com a Grã-Bretanha, França, Rússia e China: os cinco maiores fabricantes de armas, que graças aos céus zelam pela paz mundial." Pois está na hora de uma democratização do Conselho de Segurança  da entidade, né não? Torná-lo mais representativo em escala mundial. Afinal, por que razão não haja uma cadeira nele para pelo menos um país representante da América Latina e outro da África? A Segunda Guerra se encaminha para um século que aconteceu, senhores!



LÍNGUAS | Curiosidades linguísticas

Não existe, na língua tupi, pronomes possessivos para palavras não possessivas. Não existe, por exemplo, "minha terra", "minha árvore". Porque, para os tupis, não há posse humana de algo que pertence à natureza. As línguas originárias são sábias como seus falantes.
> Franthiescho Ballerini

Algumas línguas, como o francês, baseiam seu sistema numérico no conceito de que temos 20 dedos, o que não é o caso do inglês, que faz distinção: "fingers" = dedos da mão, "toes" = dedos dos pés. Assim, "oitenta" em francês é "quatre-vingts" (quatro vintes) e "noventa" é "quatre-vingt-dix" (quatro vintes dez), o que lembra o antigo conceito gaulês de contagem por vintes. 

Fonte | As línguas do mundo, de Charles Berlitz (Nova Fronteira, 1988)

VIOLÊNCIA Até quando?
"A violência das polícias militares brasileiras já ultrapassou o limite suportável de um estado civilizado. A truculência usual deu lugar à brutalidade letal que é aceita e às vezes estimulada por alguns governadores e desejada por parte da população que se transformará em suas vítimas prediletas." > Celso Augusto Schröder




Crianças portuguesas
empregam termos do português brasileiro |




07 dezembro 2024

(07/12) Os franceses (1) | A morte de Rubens Paiva | Professora baiana é agredida e humilhada | Plataformas digitais: impunidade não!

 




Quando eu tinha nove anos de idade, Star Trek estreou. Eu assisti e saí gritando pela casa: "Vem aqui, mãe! Todos venham rápido! Há uma mulher negra na televisão e ela não é empregada!" Eu soube ali e então que eu poderia ser qualquer coisa que eu quisesse ser." > Whoopy Goldberg 



POVOS | Os franceses (1)

A torre Eiffel > Dentre os inúmeros monumentos de Paris, o mais popular e admirado é sem dúvida a torre Eiffel, embora tenha sido construída para durar apenas o período de duração da Exposição Universal de 1889, ao mesmo tempo em que se celebrava o centenário da Revolução Francesa em grande estilo. Assim, foi montada no Campo de Marte, à margem esquerda do Sena. Durante a construção, não foi bem aceita por muitos arquitetos e artistas da cidade, que a classificaram como uma simples excrescência do parte de Gustave Eiffel, seu construtor. Um manifesto publicado em jornal expressava a indignação contra a torre, que "ameaçava" a história da arte francesa, taxando-a de "inútil e monstruosa". Todavia o sucesso popular foi tão grande que o projeto de desmonte foi deixado de lado e, mais do que isso, acabou virando um símbolo não só de Paris como da França.

Fonte | Os franceses, de Ricardo Corrêa Coelho (Contexto, 2007)

Na sequência: a origem gaulesa do povo francês


HISTÓRIA | A morte de Rubens Paiva

O então deputado federal Rubens Paiva, em 1º de abril de 1964, discursou na Rádio Nacional em favor do presidente João Goulart. Uma fala corajosa em favor da legalidade e contra o golpe cívico-militar já em andamento. Não faltou ainda uma crítica ao então governador Ademar de Barros, de São Paulo, que aderiu ao golpe. Além disso, conclamou trabalhadores e estudantes pela defesa da ordem democrática. Seu destino, se sabe: ser preso, torturado e morto, sendo que seu corpo foi jogado ao mar, a partir de um helicóptero.



FANATISMO | Professora baiana
é agredida e humilhada

Sueli Santana, professora da rede municipal de ensino  de Camaçari, município baiano, adepta do candomblé, sofreu hostilidades por parte de três alunos da mesma família. Além de ser chamada de "bruxa", "demônia", "macumbeira", "satanás" e "feiticeira", faziam questão de colocar uma bíblia em sua mesa, escrever versículos bíblicos no quadro e por dois meses, como se não bastasse, foi apedrejada por elas. Certo dia, ouviu dizer em sala de aula por uma das irmãs: "A única coisa que os negros trouxeram para o Brasil foi a macumba e a maconha". O fato de os pais terem sidos chamados à escola de nada adiantou. Sueli registrou boletim de ocorrência por lesão corporal e injúria, além de encaminhar denúncia ao Ministério Público.

Fonte | "Demônia": Professora é vítima de intolerância religiosa por estudantes em escola na Bahia, matéria publicada no saite de CartaCapital em 27/nov/24.



INTERNET | Plataformas digitais:
impunidade não!

"O discurso da defesa de liberdade de expressão para justificar a circulação de mensagem fraudulenta e de ódio não se sustenta mais. A prerrogativa de opinar é um sustentáculo da democracia e deve ser defendida. Mas tem limites. Mesmo assim, tornou-se um princípio usado de forma distorcida para deixar impune a violação a outros direitos individuais e difusos", afirma editorial recente de jornal. As chamadas big techs não podem, de maneira alguma, continuarem se omitindo diante dessa aberração. Chega de impunidade!

Fonte | Big techs devem ser responsabilizadas, editorial do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em 02/dez/24


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(30/11) Tradição de impunidade | O Zequinha de Porto Alegre | Como será o governo Trump? | Dissonância cognitiva